1ª Vivência ____/ ____/ ____
Caminhada Discipular
Após o
Reavivamento no Espírito Santo iniciamos agora o Temário da Opção Fundamental,
porque tudo o mais que vem pela frente dependerá dessa livre escolha por Jesus
e seu Evangelho.
Rezaremos
a opção fundamental à luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da
Vocação DJC. Assim, todos terão a oportunidade de fazer um grande discernimento
no Espírito Santo para decidirem como vão continuar caminhando no DJC, se no
Siloé ou na Fraternidade Cristã.
Porém,
este Temário também ajudará na maturidade humana e cristã de uma forma geral,
pois a vida exige resposta e o homem, como ser moral dotado de consciência e
liberdade, deve respondê-la com responsabilidade e prontidão em cada momento da
sua história.
Deus não
quer covardes que afundam na frustração existencial. Deus quer homens valentes
que assumam a sua vida e missão, porque este é o caminho da plena realização
humana e cristã. Batizados no Espírito, estamos unidos com Cristo neste grande
momento de decisão livre, consciente e responsável.
Esta
primeira semana é uma introdução geral. Depois iremos aprofundar todos os
temas.
1 - "Vem e segue-me!"
Já
existimos como pessoas humanas desde a concepção. Já existimos como cristãos desde
o batismo. Mas temos uma tarefa: Ser mais... Existimos para ser. Somos para
existir. Quando não cultivamos este “ser mais”, deixamos de existir, passamos
ao “nada”.
“Ser mais”
é “cres-cer”... “Crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”
(2Pd 3,18). Mas, como crescer? O mestre Jesus de Nazaré, na sua Metodologia de
Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD), entendeu que a pessoa só
cresce verdadeiramente numa Caminhada Discipular, seguindo os seus passos, de
passo em passo. Por isso, o primeiro convite que fazia consistia basicamente
num chamado ao seu seguimento: “Vem e segue-me!” Foi isto o que ele disse a
Pedro, André, Thiago, João (Mc 1,16-20), Mateus (Mt 9,9) e muitos outros.
É bonito
ver o dia em que o pobre Mateus, surpreso com o forte e suave convite de Jesus
ao seu seguimento, prontamente levantou-se da coletoria de impostos e começou a
segui-lo com alegria. Aí percebemos como o encontro pessoal com Jesus
entusiasmou e transformou o pobre Mateus e redirecionou toda a sua existência
para uma nova perspectiva, a perspectiva do Discipulado de Jesus Cristo. Quanto
àqueles que o criticavam, Jesus respondeu: “As pessoas que tem saúde não
precisam de médicos, mas só as que estão doentes. Aprendam, pois, o que
significa: ‘Eu quero misericórdia e não o sacrifício’ porque eu não vim para
chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9,12-13).
Jesus
chamava “para que ficassem com ele” (Mc 3,14). Seguir Jesus era fazer parte do
seu círculo de amigos (Jo 1,39). Aí ele os acolhia, curava, ensinava, preparava
para a vida e a missão. Os discípulos de Jesus não cresciam com o tempo, mas
caminhando e convivendo com ele. Quando era necessário, Ele se retirava com os
seus amigos para um lugar à parte.
O tempo
atrofia e apodrece. O que faz a pessoa crescer é a caminhada na convivência com
Cristo, orando, meditando o evangelho e exercitando-se espiritualmente, com
acompanhamento personalizado e na companhia dos irmãos.
Jesus nos
ama e continua nos chamando ao seu seguimento para “sermos mais”. Ante o
chamado do Mestre, precisamos dizer-lhe um SIM corajoso e decidido, e darmos
passos concretos na sua direção. “Vocês já se comportam assim. Continuem
progredindo!” (1Tes 4,1)
A opção
por Jesus Cristo muda a sustentação e o sentido da nossa existência. São Paulo
dizia: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E
esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e por
mim se entregou” (Gl 2,20). “Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava
como lucro, agora considero como perda” (Fil 3,7). Para aquele que optou
realmente por Jesus Cristo somente Ele é o Caminho que conduz para a Verdade e
a Vida! (Jo 4,6)
MOPD Marcos 3,13-19
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2 - A meta é a vida em Cristo
Quem não
sabe para onde vai não chega a lugar nenhum, porque quem não tem objetivo na
vida vive uma vida sem sentido. Por isso a Palavra de Deus é muito clara em
dizer que a vontade de Deus para cada um de nós é que vivamos a plenitude da
vida em Cristo Jesus. Viver em Cristo, esta deve ser a grande meta de toda
nossa existência. Mas isto só é possível se formos batizados no Espírito e
fizermos uma profunda Opção por Ele e o Evangelho. São Paulo sabia por
experiência pessoal que essas são as duas condições principais para vivermos em
abundância. Por isso ele não tardava em formar seus discípulos nesta
perspectiva:
"A
meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do
Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu
desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então, já não seremos como crianças,
jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina,
presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao
erro. Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos
em direção a Cristo, que é a Cabeça. Por isso, não vivam como os pagãos, cuja a
mente é vazia. A inteligência deles se tornou cega, e eles vivem muito longe da
vida de Deus, porque o endurecimento do coração deles é que os mantém na ignorância.
Eles perderam a sensibilidade e se deixaram levar pela libertinagem,
entregando-se com avidez a todo tipo de imoralidade. Não foi assim que vocês
aprenderam a conhecer Cristo, se é que de fato vocês lhe deram ouvidos e se
foram mesmo instruídos segundo a verdade que há em Jesus. Vocês devem deixar de
viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões
enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da
inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na
santidade que vem da verdade" (Ef 4,13-24).
Nas
entrelinhas do ensinamento de São Paulo aos Efésios, vemos que o Batismo no
Espírito e a Opção Fundamental são essenciais para seguirmos Jesus e
alcançarmos a Verdade e a Vida. É no Batismo no Espírito que renovamos a Graça
da Salvação e é pela Opção Fundamental que iniciamos a caminhada discipular
rumo à perfeição.
Batismo no
Espírito e Opção Fundamental estão no início de tudo e favorecem a nossa
maturidade humana e cristã. O Batismo é o impulso que reaviva e põe tudo em
movimento. A Opção é o seu desdobramento ao longo da Caminhada Discipular. Por
isso, ninguém persevera na Opção Fundamental por Jesus se não for batizado no
Espírito. E nenhum batizado no Espírito desenvolve a sua vida cristã de forma
integral se não perseverar no Caminho do Evangelho que é traçado na Opção
Fundamental livre, consciente e responsável. "É preciso que vocês se
renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem
novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade"
(Ef 4,24).
É no
Caminho iniciado com a Opção Fundamental que somos fortalecidos no Espírito
Santo, crescemos na vida interior e Cristo habita o nosso coração através da
fé. Assim, "enraizados e alicerçados no amor, vocês se tornarão capazes de
compreender qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade de
conhecer o amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento, para que vocês
fiquem repletos de toda plenitude de Deus. Deus, por meio do seu poder que age
em nós, pode realizar muito mais do que pedimos ou imaginamos; a ele seja dada
a glória na Igreja e em Jesus Cristo por todas as gerações para sempre.
Amém!" (Ef 3,16-21)
Batismo no
Espírito e Opção Fundamental são, portanto, as duas condições principais para
seguirmos Jesus e crescermos em direção a Ele, até alcançarmos a sua estatura
(Ef 4,13). Tudo começa no Batismo e na Opção Fundamental. O Batismo é Graça de
Deus que nos salva em Cristo, no Espírito. A Opção Fundamental é a liberdade
humana cooperando com Deus e dando passos concretos na sua direção. A salvação
é dom de Deus mas que requer desde os início a livre colaboração
humana.
MOPD Efésios 4,13-24
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3 - Ninguém cresce com o tempo
O
discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo Jesus, passo a passo.
Para tanto, ele deve ser animado por uma Espiritualidade da Caminhada.
O
Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a
não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é,
necessariamente, uma caminhada.
Muitos
católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções,
penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas
particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e
quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E
muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que
viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O
cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e mandamentos
isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é seguir Jesus
na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado adquire sentido
se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu conjunto,
constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por isso que, nos
seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2), porque quem
segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre animado por uma
espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas atividades e
passos no dia a dia.
MOPD João 14,1-7
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4 - Caminhar sempre
Temos
consciência de que sendo Jesus O Caminho da Salvação a vida cristã é necessariamente
uma caminhada que se realiza de forma concreta no seguimento dos seus passos. Esta
consciência nunca pode cair no esquecimento, sob o risco de perdermos o que é
mais importante para nós.
De fato, o
próprio Jesus quis deixar isso muito claro na mente dos seus discípulos quando,
além de se auto-intitular “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, sempre que
encontrava alguém por onde passava, acolhia indiscriminadamente e dizia logo de
início: “Vem e segue-me!” No decorrer da caminhada Ele ia explicando tudo com
muito amor e carinho, depois o pessoal ia entendendo que quem o segue não pode
caminhar nas trevas, porque já possui a luz da vida. Mas logo de início o
convite que gerava todo um direcionamento fundamental era este: “Vem e
segue-me, pois eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!”
O
cristianismo é a religião do seguimento de Jesus de Nazaré e as primeiras
comunidades cristãs entenderam muito bem esta verdade. É tanto que antes de
serem chamados de cristãos, os discípulos eram conhecidos como seguidores do
Caminho, a própria Igreja era chamada de Caminho, porque ser cristão era andar
no Caminho-Jesus. Ou a pessoa entrava nesta caminhada evangélica e era tida
como cristã, ou por mais que dissesse que o fosse, mas não desse os passos
concretos, não era tida como discípula de Jesus.
Ser
cristão ou era de fato ou não era. Era impossível ser cristão só de nome, pois
esta consciência da necessidade de seguir Jesus com passos concretos, de acordo
com o mapa do Evangelho, era muito forte nas primeiras comunidades cristãs.
Hoje cada
vez mais redescobrimos que ser cristão é seguir Jesus, que ser discípulo
significa a mesma coisa que ser seguidor de Jesus, e que quem o segue de
verdade não caminha nas trevas porque já possui a luz da vida. E que toda vez
que por acaso der um passo fora do Evangelho, deverá voltar para o Caminho da
Salvação com os dois pés, sob pena de adentrar por veredas do mundo que nunca
conduzirão para Deus, pois só existe um caminho para o cristão: Jesus de
Nazaré!
Tudo isso
nos ajude a ir superando aquela dicotomia quando se diz: Eu sou católico, mas
não praticante. Eis aí uma grande contradição performativa... Ou se é católico
ou não é. E ser católico é ser universal, ou seja, ser totalmente seguidor de
Jesus de Nazaré: ser todo e unicamente na Igreja que Ele fundou (não ficar
variando entre seitas e alternativas inventadas pelos homens); acolher toda
Palavra de Deus na Bíblia e na Tradição Apostólica (não só parte dela);
procurar viver toda doutrina e todos os sacramentos; amar com amor total a Deus
e ao próximo; ajudar na evangelização de todos os homens e do homem todo.
Nunca podemos
perder esta consciência evangélica tão cara para Jesus e as primeiras
comunidades cristãs, e que o DJC assumiu desde os inícios como sendo o miolo da
sua vocação e missão: reavivar e desenvolver integralmente a vida
cristã-batismal na perspectiva do seguimento de Jesus. Este é o nosso objetivo
geral e é somente colocando-o em prática que estaremos ajudando a Igreja e o
homem de hoje tão tentado pelo neopaganismo.
O
discípulo só cresce numa caminhada discipular, dando passos concretos e sendo
acompanhado dentro de uma Fraternidade. Isto significa que mais do que servir,
a pessoa também deve ser orientada para o seu pleno crescimento cristão.
Caminhar
sempre, desanimar jamais!
MOPD Atos dos Apóstolos 8,26-40
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5 - Reavivamento
Nosso
trabalho de evangelização como Discipulado de Jesus Cristo é ajudar o discípulo
de Jesus a viver segundo o Espírito Santo, pois “os que vivem segundo o
Espírito inclinam-se para aquilo que é próprio do Espírito. Os desejos do
Espírito levam para a vida e a paz” (Rm 8,5).
A vida no
Espírito Santo é o ideal que deve nortear a Caminhada do Discípulo de Jesus.
Sabemos que, por causa das nossas próprias fraquezas, influências negativas do
mundo e tentações do maligno, nem sempre é fácil viver conforme este ideal.
Porém, nunca podemos perdê-lo de vista e jamais deixar de dar passos nessa
direção.
Quando a
pessoa rejeita o ideal de vida no Espírito, entra num “círculo vicioso” de
atrofiamento. Acostuma-se com o “mundo”, justifica facilmente seus erros, cai
nas tentações sem nenhuma resistência, busca compensações nas paixões carnais
desordenadas e nos vícios, troca o certo pelo errado etc. Deste modo, em vez de
progredir, atrofia-se cada vez mais, até chegar ao “nada”, à morte.
Na vida é
assim: a pessoa ou vai pra frente ou pra trás. É impossível estacionar: ou
progride e se realiza plenamente, ou atrofia e morre. Por isso Jesus não tardou
em afirmar que Ele é o Caminho para a Verdade e para a Vida. Ser seu discípulo
é segui-lo e, deste modo, ser plenamente realizado na vocação para a qual Deus
o predestinou. “Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio
de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade” (Ef 1,5).
Antes de
tudo, o discípulo deve REAVIVAR a sua vida cristã. Ou seja, deve renovar a
graça do Batismo.
No Batismo
fomos regenerados pela Graça e renascemos como novas criaturas. Vejamos bem:
foi uma re-ge-ne-ra-ção. Fomos transformados na nossa natureza. Começamos a
participar da natureza divina. Fomos deificados (2Pd 1,4). Mais que criaturas
humanas, renascemos “da água e do Espírito” (Jo 3,6) como filhos amados de
Deus.
Tudo isso
significa que, no Batismo, recebemos verdadeiramente uma nova dignidade: a
dignidade cristã, a dignidade de filhos de Deus. Desde então “o próprio
Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E se somos
filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo”
(Rm 8,16s).
Porém, se
o Batismo é um novo nascimento, significa que devemos crescer. A lógica é esta:
a vida que nasce, se não cresce, morre. Todas as graças do Batismo nos foram
concedidas em forma de semente. Devemos cultivá-las e fazer bom uso delas.
Renovar o
Batismo significa que devemos adentrar em nós mesmos e “despertar” a graça do
Espírito Santo. Quando oramos pedindo a ação do Espírito Santo dentro de nós,
Ele age com poder. Como um vulcão adormecido – foi assim que eu O experimentei
– o Espírito Santo começa a se manifestar e torna-se não só hóspede do nosso
coração, mas Senhor e Santificador de toda nossa vida. Então, a partir de dentro,
Deus começa a nos reavivar. O resultado é que colhemos frutos de vida nova,
dons, milagres e carismas. Já éramos novas criaturas desde quando fomos
batizados. Mas agora, experimentamos e saboreamos de um modo novo o que
significa esta vida nova.
Deus é sábio
em tudo o que faz. Criou-nos sozinho, mas decidiu não nos salvar sozinho.
Criou-nos participantes da construção da nossa história e espera que
supliquemos a ação do Espírito Santo que já habita o nosso ser para só depois
agir com poder. Existem exceções, mas normalmente Deus espera o nosso
consentimento e a nossa súplica. Foi isto o que você fez no Reavivamento no
Espírito Santo. Você já tinha renascido como cristão no Batismo. Mas Deus
queria que você, livre e consciente, orasse e abrisse o coração para o Espírito
Santo lhe reavivar. Então, como Jesus prometeu no diálogo com a Samaritana, do
seu seio jorraram rios de água viva (Jo 7,38).
Durante
todo o Reavivamento, sobretudo no batismo do Espírito Santo, você foi reavivado
como cristão para viver uma vida nova no seguimento do Evangelho. Na oração de
efusão, Jesus lhe batizou não com água, mas com o Espírito Santo e com fogo.
Não foi um novo batismo sacramental. É neste sentido que falamos de batismo do
Espírito Santo: uma renovação da própria graça do sacramento do Batismo e da
Crisma, uma nova unção para você viver uma vida nova cheio de luz, força e
poder. Desta forma, os sinais que acompanham a vida de quem foi reavivado no
Espírito Santo são o maior desejo de oração e de viver na santidade, amor a
Palavra de Deus e aos sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Confissão, zelo
para com tudo que esteja relacionado a Deus, amor ao próximo e compromisso com
a evangelização.
No
Reavivamento você recebeu o Espírito Santo, pois Jesus disse que o Pai Celeste
O concede a todos aqueles que O procuram, batem na porta e O pedem (Lc
11,5-13). As graças do seu batismo espiritual vão se manifestar cada vez mais
no decorrer da caminhada discipular. Padre Raniero Cantalamessa, pregador
oficial do Papa, testemunhou com muita alegria: “Eu tenho duas vidas, uma antes
do Batismo no Espírito e outra depois”. Ele estava se referindo justamente ao
dia em que o seu batismo sacramental foi renovado e depois, no dia seguinte,
começou a perceber grandes mudanças na sua própria vida de padre.
O
Reavivamento no Espírito Santo é de grande importância para o discípulo de
Jesus crescer e ser plenamente realizado como predestinado de Deus. Ao
contrário do “círculo vicioso” do atrofiamento espiritual, o Reavivamento é libertador
e conduz a verdadeira Vida.
Às vezes
queremos ficar empurrando alguém ou até mesmo levar nas costas... Ufa, não
conseguiremos. Só Jesus salva! Só consegue caminhar como discípulo de Jesus
quem foi realmente batizado no Espírito Santo e começou a viver vida nova. Se a
pessoa não nasceu do Espírito ela não conseguirá caminhar na Fraternidade
Cristã. Em vez de empurrá-la, melhor ajudá-la a acolher o Evangelho e ser
realmente batizada no Espírito.
Porém, se
a pessoa fez o Temário do Reavivamento no Espírito Santo e deseja continuar,
nunca se deve julgá-la se vivenciou realmente a Graça do Novo Pentecostes ou
não. Sempre deve permitir que a pessoa continue a caminhada discipular,
respeitando sempre a sua consciência diante de Deus.
MOPD João 3,1-8
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6 - Desenvolvimento Integral
Depois do
Reavivamento vem o DESENVOLVIMENTO INTEGRAL da vida cristã-batismal. Temos
agora toda uma caminhada discipular no seguimento de Jesus pela frente. “Já que
vocês aceitaram Jesus Cristo como Senhor, vivam como cristãos: enraizados nele,
vocês se edificam sobre ele e se apoiam na fé que lhes foi ensinada,
transbordando em ação de graças!” (Col 2,6s).
Nesta
segunda etapa da caminhada o discípulo vai crescendo na “graça e no
conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pd 3,18). Aprofunda o
conhecimento da Palavra de Deus, progride na vida segundo o Espírito, vai
perseverando na fé, na oração, na comunhão fraterna, na vida sacramental, na
doutrina dos apóstolos e também vai exercitando e usando as virtudes, dons e
carismas. O discípulo também vai progredindo no discernimento vocacional,
profissional e existencial, bem como assumindo os seus deveres na Igreja e na
sociedade.
Como vemos
acima, esta etapa é realmente para o desenvolvimento integral do discípulo em
todas as dimensões do seu ser. Paulo elogiava os cristãos colossenses porque
depois de terem sido reavivados no Espírito continuaram progredindo na vida
cristã e no conhecimento de Deus:
Col 1,3
Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre que rezamos por
vocês. 4 De fato, ouvimos falar da fé que vocês têm em Jesus Cristo, e do amor
de vocês por todos os cristãos, 5 por causa da esperança daquilo que para vocês
está reservado no céu. Tal esperança já lhes foi anunciada pela Palavra da
Verdade, o Evangelho, 6 que chegou até vocês. Assim como o Evangelho dá fruto e
cresce no mundo inteiro, o mesmo acontece entre vocês, desde o dia em que
ouviram e conheceram na verdade a graça de Deus. 7 Isso vocês aprenderam de
Epafras, nosso querido companheiro de serviço, que nos substituiu fielmente
como ministro de Cristo. 8 Foi ele quem nos contou sobre o amor com que o
Espírito anima vocês. 9 Por essa razão, desde que ficamos sabendo disso,
rezamos continuamente por vocês. Pedimos que Deus lhes conceda pleno conhecimento
de sua vontade, com toda a sabedoria e discernimento que vêm do Espírito. 10
Desse modo, vocês viverão uma vida digna do Senhor, fazendo tudo o que ele
aprova: darão fruto em toda atividade boa e crescerão no conhecimento de Deus,
11 fortalecidos em todos os sentidos pelo poder de sua glória. Assim vocês
terão perseverança e paciência a toda prova. 12 Com alegria, dêem graças ao
Pai, que permitiu a vocês participarem da herança dos cristãos, na luz.
Mesmo após
ter feito a etapa do Reavivamento, é importante que o discípulo sempre volte à
Fonte e peça para Jesus continuar batizando no seu Espírito. Tendo em vista as
novas circunstâncias que vão surgindo na nossa vida, e a própria possibilidade
de aridez e tibieza, provações e tentações, sempre é importante suplicar o Espírito
Santo para nos renovar e nos encher totalmente, participar ao menos uma vez por
ano de outros Reavivamentos no Espírito e toda semana mergulhar no Siloé.
A vida no
Espírito Santo se realiza no discipulado de Jesus Cristo. Por isso, insisto
nesta última palavra. O Senhor Jesus sempre concede novas efusões do seu
Espírito tendo em vista os novos contextos que vão surgindo e as novas missões
que vamos abraçando. Por isso sempre é necessário voltar à Fonte da Graça para
que o Senhor reavive a sua obra no decurso dos anos (Hab 3,2).
Este
Reavivamento no Espírito Santo permanentemente em plena etapa do
Desenvolvimento Integral é fundamental para o discípulo não ficar seco, frio,
ignorante, orgulhoso e prepotente, ou descambar para fanatismos, racionalismos
e relativismos. Era o mesmo que o Apóstolo Paulo exortava Timóteo fazer:
“Reaviva o dom de Deus que há em ti!” (2Tm 1,6ss)
- Vivências da Opção Fundamental
Este
temário faz parte da etapa do Reavivamento do Método de Evangelização e
Acompanhamento de Discípulos (MEAD) do Discipulado de Jesus Cristo (DJC). Por
isso deve ser ministrado logo após a última vivência do Temário do Reavivamento
no Espírito Santo.
Em vez de
encontros ou estudos, continuamos chamando de “vivências”. Pois o que desejamos
é que cada pessoa possa fazer a experiência do Deus Bendito da Aliança que se
manifesta de modo especial dentro do contexto da vida fraterna. “Onde dois ou
três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles!”
Rezaremos
a opção fundamental à luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da
Vocação DJC. Assim, todos terão a oportunidade de fazer um grande discernimento
no Espírito Santo para decidirem como vão continuar caminhando no DJC, se no
Siloé ou na Fraternidade Cristã.
Porém,
este Temário também ajudará na maturidade humana e cristã de uma forma geral,
pois a vida exige resposta e o homem, como ser moral dotado de consciência e
liberdade, deve respondê-la com responsabilidade e prontidão em cada momento da
sua história.
Deus não
quer covardes que afundam na frustração existencial. Deus quer homens valentes
que assumam a sua vida e missão, porque este é o caminho da plena realização
humana e cristã, "pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de
fortaleza, de amor e de sabedoria" (2Tm 1,7). Batizados no Espírito,
estamos unidos com Cristo neste grande momento de decisão livre, consciente,
responsável e corajosa!
MOPD Colossenses 1,3-12
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7 – Vivencia
Falta fazer
2ª Vivência
____/ ____/ ____
Identidade DJC
Nesta
semana vamos conhecer o conjunto do Movimento Católico de Evangelização
Discipulado de Jesus Cristo. Porque este será o lugar que Deus nos oferece para
sermos e fazermos discípulos de Jesus no Caminho da Palavra de Deus.
Nossa
identidade é a nossa personalidade. O modo como somos e existimos na Igreja e
na sociedade. No DJC nada nasceu por acaso. Tudo foi rezado e gerado no
decorrer da caminhada, desde a inspiração inicial fundante.
1 - Inspiração inicial fundante
A alegoria
da videira verdadeira foi a inspiração inicial fundante do Discipulado de Jesus
Cristo. Meditemos o que Jesus nos ensina nessa alegoria:
João 15,1 «Eu sou a verdadeira
videira, e meu Pai é o agricultor. 2 Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o
corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. 3
Vocês já estão limpos por causa da palavra que eu lhes falei. 4 Fiquem unidos a
mim, e eu ficarei unido a vocês. O ramo que não fica unido à videira não pode
dar fruto. Vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem unidos a mim. 5
Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará
muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. 6 Quem não fica unido a
mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados
no fogo e queimados.»
7 «Se vocês ficam unidos a mim e
minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a
vocês. 8 A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se
tornam meus discípulos. 9 Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam
no meu amor. 10 Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu
amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor.
11 Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de
vocês seja completa.
12 O meu mandamento é este: amem-se
uns aos outros, assim como eu amei vocês. 13 Não existe amor maior do que dar a
vida pelos amigos. 14 Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou
mandando. 15 Eu já não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o
que seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo
o que ouvi de meu Pai. 16 Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que
escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês
permaneça. O Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome. 17
O que eu mando é isto: amem-se uns aos outros.»
Quem é da
Videira não é do mundo!
João 15,18 «Se o mundo odiar vocês,
saibam que odiou primeiro a mim. 19 Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o
que é dele. Mas o mundo odiará vocês, porque vocês não são do mundo, pois eu
escolhi vocês e os tirei do mundo. 20 Lembrem-se do que eu disse: nenhum
empregado é maior do que seu patrão. Se perseguiram a mim, vão perseguir vocês
também; se guardaram a minha palavra, vão guardar também a palavra de vocês. 21
Farão isso a vocês por causa de meu nome, pois não reconhecem aquele que me
enviou.
22 Se eu não tivesse vindo e não
tivesse falado para eles, eles não seriam culpados de pecado. Mas agora eles
não têm nenhuma desculpa do seu próprio pecado. 23 Quem me odeia, odeia também
a meu Pai. 24 Se eu não tivesse feito no meio deles obras como nenhum outro
fez, eles não seriam culpados de pecado. Mas eles viram o que eu fiz, e apesar
disso odiaram a mim e a meu Pai. 25 Desse modo se realiza o que está escrito na
Lei deles: ‘Odiaram-me sem motivo’.
26 O Advogado, que eu mandarei para
vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele
vier, dará testemunho de mim. 27 Vocês também darão testemunho de mim, porque
vocês estão comigo desde o começo.»
2 - Dimensões da
vida cristã-batismal
Jesus
sempre chamou as pessoas ao seu seguimento. Segui-lo é estar com ele. Melhor
ainda, é conviver com ele e os irmãos, como os ramos unidos ao tronco da
videira. A vida cristã iniciada no batismo (Mt 28,19; Rm 6,1-11) e reavivada
continuamente na oração realiza-se na prática no seguimento de Jesus Cristo. Na
Bíblia, vida cristã-batismal, vida no Espírito Santo, seguimento e discipulado
de Jesus Cristo são sinônimos.
Meditando
a alegoria da “videira verdadeira” (Jo 15,1-17), o Espírito Santo nos revela
que o Discipulado de Jesus Cristo possui quatro dimensões fundamentais:
Espiritualidade, Testemunho, Apostolado e Eclesialidade.
- Primeira Dimensão: Espiritualidade
Como os ramos unidos ao tronco da
videira, devemos viver em comunhão com Deus. Esta experiência de salvação é a
grande bênção que recebemos no batismo, na qual devemos permanecer por toda
vida. Sem a Graça de Deus não podemos permanecer bons, nem fazer nada de bom!
A essência da espiritualidade cristã
consiste nessa intimidade com Jesus. Participamos da sua própria vida, missão e
amizade. Daí a insistência dele: “Assim como meu Pai me amou, eu também amei
vocês: permaneçam no meu amor” (Jo 15,9).
- Segunda e Terceira Dimensões:
Testemunho e Apostolado
A espiritualidade, a vivência do amor
divino que salva e santifica, desabrocha necessariamente em frutos de amor a
Deus e aos irmãos, ou seja, em Testemunho e Apostolado. O Pai celeste é
glorificado justamente quando somos discípulos de Jesus e produzimos muitos
frutos (Jo 15,8).
O Testemunho caracteriza-se pelo
nosso exemplo de vida cristã e é sustentado pelos frutos de santidade. Já o
Apostolado é o nosso serviço de evangelização na Igreja e na Sociedade, a
partir do carisma que recebemos do Espírito Santo.
- Quarta Dimensão: Eclesialidade
Os cristãos, unidos a Cristo como os
ramos ao tronco da árvore, formam entre si um só corpo. Pela graça do Espírito
de Cristo, formam um “só coração e uma só alma”, que é a Igreja. Ao mesmo tempo
que Jesus convida a permanecer no seu amor, também nos ensina o seu mandamento:
“Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12). A Igreja é a
comunidade de amor dos Discípulos de Jesus, fundamentada na própria comunhão de
amor da Trindade Santa.
É impossível estar ligado a Cristo
sem permanecer interligado com os outros irmãos. O cristão é, necessariamente,
Igreja. É membro da Igreja justamente porque é membro de Cristo. Portanto, é impossível
ser cristão sem ser Igreja.
A espiritualidade, o testemunho e o
apostolado são vivenciados dento da grande família eclesial, na graça do amor.
Essas dimensões da vida
cristã-batismal são quatro colunas que podem ser comparadas com as quatro
pernas de uma cadeira. Faltando uma das pernas a cadeira balança e desmorona.
Assim acontece com a vida cristã: se faltar uma das suas dimensões fundamentais
constitutivas, ela cai, enfraquece, atrofia e morre...
3 - Vocação e Carisma
A Vocação
é o chamado de Deus para o DJC no seio da Igreja que ecoa insistentemente nas
profundezas da nossa alma, arde no nosso peito e nos inquieta enquanto não o
respondemos com toda a nossa vida.
A vocação do
Discipulado de Jesus Cristo é SER e FAZER Discípulos Missionários no Caminho da
Palavra de Deus: “Meu Pai é glorificado quando vocês são meus discípulos e
produzem muitos frutos!” (Jo 15,8)
O carisma
é o dom coletivo que Deus nos concedeu para colocarmos a serviço do seu Reino
como DJC. Assim, tudo que fazemos deve levar a marca do carisma DJC, do estilo
DJC.
Na força
da vocação, o carisma do DJC no seio da Igreja é ser:
- Movimento Católico de Evangelização
Na
atmosfera da Graça do Concílio Vaticano II, nascemos do mover do Espírito no
coração do Pe. Marcos Oliveira ainda quando ele coordenava a Capela N. Sra. do
Carmo em Pacoti, Ceará. A moção desde os inícios sempre foi esta: ajudar os
católicos a serem católicos verdadeiros para que sejam felizes de verdade e
ajudem a Igreja a salvar o mundo. Sob o impulso desta moção (Gl 5,1), num
processo cíclico, mas sempre para frente e para o alto, coordenava a
comunidade, foi para o seminário, evangelizava, fez a monografia teológica e a
colocou em prática logo no primeiro ano de ministério sacerdotal (Jubileu do
Ano 2000), nascendo desta forma o Movimento Discipulado de Jesus Cristo (DJC).
O DJC nasceu do mover do Espírito que nos colocou em movimento de vida cristã e
missão permanente no seio da Igreja Católica Apostólica Romana. Esta é a
primeira visão que temos de nós mesmos e por isso somos um Movimento Católico
de Evangelização, sempre ligado na Videira – João 15 (Palavra de Deus e
Eucaristia).
- Rede Católica de Evangelização
Somos um
só DJC, aonde cada organismo é um ponto importante de uma grande rede de
evangelização. Avante! A nossa cidade é a nossa missão! Unidade e proatividade!
Todos juntos, ao mesmo tempo e por todos os lados, sendo discípulos e fazendo
discípulos de Jesus aonde estivermos, com quem estivermos e da forma que
pudermos! Juntos somos mais, juntos somos fortes! Hoje, o nome da caridade é
evangelização (Bento XVI). Fortalecidos na unidade a evangelização é a nossa
prioridade!
- Escola de Jesus
Como nosso
nome já diz, Dis-ci-pu-la-do de Jesus Cristo, somos a escola aonde Jesus é o
mestre, a Bíblia é o livro, o Espírito Santo é o pedagogo e a Igreja é Mãe e
Mestra. Somos alunos de Jesus e ao mesmo tempo auxiliamos na formação de novos
discípulos missionários no caminho da Palavra de Deus. Olhando para o exemplo
de Jesus Cristo e de São Paulo, aprendemos um Método de Evangelização e
Acompanhamento de Discípulos (MEAD) que se realiza na prática na forma de uma
Caminhada Discipular, com disciplina pessoal e comunitária, sempre seguindo
Jesus Cristo, o único Caminho que conduz para a Verdade e a Vida. Por isso é
muito importante manter o DJC nos trilhos do MEAD porque desta forma
conseguimos ser e fazer discípulos missionários no Caminho da Palavra de Deus.
- Família em oração e em missão
Apesar de
estarmos espalhados em diversas localidades, nós somos uma grande família em
oração e em missão de forma permanente. Diariamente, com Santa Maria e São
Paulo, no Espírito Santo, em Nome de Jesus, todos orando por todos e
intercedendo pela humanidade em torno da Rádio Família em Oração. Porque, da
mesma forma que no Mar Vermelho, a intercessão parte na frente abrindo os
caminhos da Graça de Deus no meio do povo. Interceder é amar. O Amor salva!
Quando todos oram por todos, todos recebem a oração de todos (Santo Agostinho).
Não duvidemos do poder da oração de muitos (Francisco).
4 - Espiritualidade
A
Espiritualidade que anima e sustenta a Vocação DJC é a Espiritualidade Pascal
da Caminhada, assim resumida:
Seguir Jesus Salvador,
Caminho, Verdade e Vida
(Palavra - Eucaristia),
Na Graça do Espírito Santo,
Com Santa Maria de Nazaré e São Paulo
Apóstolo,
Para a glória de Deus Pai!
- Amizade com o Espírito Santo
O Espírito
Santo é a nossa Esperança. Por isso temos que cultivar antes e acima de tudo a
amizade com Ele.
Somos uma
pessoa... Fulano, independentemente de ser magro ou gordo, pobre ou rico, é uma
pessoa boa… Você não classifica alguém como bom ou ruim pelo que vê por fora,
mas pelo que ela é por dentro e manifesta no seu comportamento diário.
Pessoa não
é só o corpo físico que que se vê por fora. Antes, é aquilo que é por dentro e
então é que se manifesta na forma de uma personalidade: atitudes, pensamentos,
sentimentos, vontade, mentalidade.
Deus é
Pessoa. Aliás, um só Deus, mas Três Pessoas Divinas: Pai, Filho e Espírito
Santo. E, portanto, cada uma das Pessoas Divinas possui uma personalidade, com
características próprias que as individualizam e as diferenciam uma da outra,
embora todas as Três tenham a mesma natureza divina e formem entre si um só
Deus Uno e Trino.
Portanto,
o Espírito Santo, embora não tenha corpo, é uma Pessoa. Jesus diz que Ele é o
nosso Advogado, o Paráclito. É o Espírito da Verdade que se coloca ao nosso
lado e nos encaminha para a Verdade. Porém, como Pessoa, o Espírito Santo
espera que queiramos a sua presença na nossa vida e espera mesmo que o
convidemos a estar com a gente.
Quando
clamamos pela sua presença, Ele vem e se manifesta. Porque todo advogado só
advoga em favor de quem pede o seu serviço. Portanto, se queremos ter uma vida
no Espírito Santo, precisamos ter três cuidados logo de partida:
- Não entristecê-Lo (Ef 4,30). Não
ignorá-lo como Pessoa. Ele vai embora quando não é acolhido, Ele vai
embora quando é rejeitado.
- Não blasfemar contra Ele (Mt
12,31). Recusa deliberada da salvação oferecida por Ele em Jesus. “Semelhante
endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eternal”. (CIC 1864)
- Bater na porta e suplicá-Lo ao Pai,
em Nome de Jesus (Lc 11,5-13). Insistência que significa desejo, abertura
interior e determinação. “Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem!”
5 - MEAD
Da
resposta ao chamado de Deus nasce o nosso Objetivo Geral Metodológico e
Estratégico: Reavivar e Desenvolver Integralmente a vida cristã-batismal na
perspectiva do seguimento de Jesus.
O DJC
imita Jesus e São Paulo. Temos certeza que “Ser e Formar discípulos no Caminho
da Palavra de Deus” é a solução para o mundo de hoje como foi lá nos inícios do
cristianismo quando a Luz brilhou nas trevas e os povos conheceram a Salvação.
O mundo de
hoje marcado pelo secularismo, relativismo e niilismo, cultura da morte,
desestruturação da família e crises diversas, precisa urgentemente da
manifestação dos verdadeiros discípulos de Jesus. A salvação do mundo de hoje
passa pela evangelização, formação e acompanhamento de discípulos de Jesus.
O Método
de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD) é fundamental para o DJC
ser DJC. Sempre devemos evangelizar com misericórdia, unção e mistagogia. Mas
sem o MEAD o DJC se esvai e morremos na praia, porque o Discípulo de Jesus só
cresce Caminhando com os irmãos no Espírito e na Palavra de Deus, passo a
passo, de temário em temário.
O MEAD se
realiza na prática, na forma de uma Caminhada Discipular, cíclica, mas sempre
pra frente e para o alto, sem queimar etapa e sem atolar, porque é pra frente
que se anda. Primeiro reavivar, depois desenvolver integralmente a vida
cristã-batismal do discípulo de Jesus, sempre na perspectiva do seguimento de
Jesus Cristo.
Os
Temários do DJC, todos calcados na Palavra de Deus, guiam a Caminhada
Discipular e promovem o Reavivamento e Desenvolvimento integral do Discípulo.
Assim, basta seguir os Temários e tudo caminhará nos trilhos do MEAD.
Quem entra
no Cenáculo / Fraternidade Cristã, desde os inícios é necessário adquirir os
seis Temários do DJC, um após o outro, a cada três meses. Nem queimar Temário e
nem ficar atolado. É pra frente que se anda!
Caminhar pra valer:
A cada três meses, um Temário.
Pra cada discípulo, um Temário.
Toda semana, uma Vivência.
Toda semana, uma Vistoria.
Todo dia, uma Meditação Orante da
Palavra de Deus.
É pra frente que se anda! Quando
alguém desiste e retorna, sempre continua de onde ficou.
6 - Estrutura básica do DJC
- Níveis do DJC:
Nível Geral
Nível Local
Nível Extensional
- Níveis dos Específicos do DJC:
(Discipulados de Jovens, Adultos e
Casais; Apostolados das Artes, Bênção e Infraestrutura; Projeto Kairós)
Específico Geral
Específico Local
Específico Extensional
- Níveis da Missão:
Missão Geral
Missão Local
3ª Vivência
____/ ____/ ____
Espiritualidade
da Caminhada
Nessa
semana rezaremos a altíssima vocação cristã para a qual Deus nos chama e a
Espiritualidade da Caminhada que sustenta e dá perene vigor à mesma.
A Opção
Fundamental é fruto do Batismo no Espírito e culmina no Mandato Missionário. A
Espiritualidade é a Graça de Deus que nos sustenta na vida e na missão, sempre
no Caminho do Evangelho de Jesus.
1 - Caminho Santo
Caminho da
idéia de vida em movimento, vida em construção, vida sendo realmente vivida com
sentido, rumo à sua plena realização. De fato, Deus criou o homem à sua imagem
e semelhança para ser parecido com Ele, deixando de lado as concupiscências
enganosas, renovando-se pela transformação espiritual da sua mente e
revestindo-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da
verdade (Ef 4,22-24).
O homem
nasce como um projeto a “vir-a-ser” plenamente realizado em Deus, por Deus e
para Deus, mas também com a sua participação, com os seus passos e esforços
cíclicos, sempre pra frente e para o alto. Por isso a palavra caminho é tão
simbólica e tão presente nas Sagradas Escrituras. Porque para o homem ser
plenamente realizado e ter vida plena ele precisa caminhar, ele precisa seguir um
caminho na vida. Isto não é elementar. Caminhar é fundamental. Quem não
caminha, atrofia e morre.
Na
natureza não é só a vida humana que deve caminhar. Também a vida vegetal e a
vida animal devem seguir um curso teleológico e alcançar a sua finalidade. Mas
o homem deve caminhar mais ainda, porque sua vida transcende o aquém da matéria
e da história e só será plenamente realizada na eternidade com Deus. O homem é
um peregrino. O problema é que nem todos caminham no rumo certo, e por isso não
serão realizados em Deus, na justiça e na santidade que vem da Verdade (Ef
4,24).
A Palavra
de Deus exorta que os pagãos andam à mercê de suas idéias frívolas. Por isso
têm o entendimento obscurecido e, indolentes, entregam-se à prática de toda
espécie de impureza. Não foi para isto que nos tornamos discípulos de
Cristo!
Há quem
diga: “Companheiro não há caminho, o caminho se faz ao caminhar!” Isto é
relativismo secularista próprio da cultura pagã impregnada pelo
existencialismo. Desde os tempos dos profetas se dizia que nos tempos
messiânicos a esperança ia florescer e haveria um Caminho Santo por onde os
redimidos e libertados pelo Senhor seguiriam adiante, gritando de alegria,
cheios de alegria eterna (Is 35,8-10). Deus não iria chamar o homem para a felicidade
eterna e deixá-lo à mercê das trevas do mundo, aonde muitos caminhos conduzem
para o erro e para a morte, e não para a vida.
Jesus veio
fazer a vontade do Pai que quer a salvação de todos os homens e do homem todo.
Ser salvo é ser saudável e plenamente realizado em Deus. Por isso, Jesus
chamava todos à fé e à conversão para viverem vida nova em Deus e dizia que Ele
mesmo é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,1-6).
Jesus é o
Caminho… Devemos segui-Lo! Jesus é a Verdade… Devemos acolhê-lo nas Sagradas
Escrituras! Jesus é a Vida… Devemos vivê-lo na Eucaristia!
Os
primeiros cristãos desde os tempos dos Apóstolos entenderam que, sendo Jesus o
Caminho que conduz para a Verdade e a Vida, então ser cristão significa seguir
Jesus, imitando o seu exemplo, meditando os seus ensinamentos e acolhendo a sua
graça. O cristão é um seguidor de Jesus ou não é cristão de verdade.
A
espiritualidade dos primeiros cristãos era uma espiritualidade da caminhada com
Jesus, uma espiritualidade da imitação de Cristo, do seguimento de Jesus, e por
isso era uma espiritualidade cristocêntrica. Que possamos também dizer o mesmo
que São Paulo dizia: “Já não sou eu que vivo. É cristo que vive em mim. E esta
vida presente na carne eu a vivo pela Graça de Jesus que me amou e por mim se
entregou!” (Gl 2)
Jesus
Cristo era o único fundamento dos primeiros cristãos e ninguém ousava colocar
outro no seu lugar (1Cor 3,11). Os primeiros cristãos só tinham um Caminho:
JESUS CRISTO. Só tinham uma Verdade: JESUS CRISTO. Só tinham uma
Vida: JESUS CRISTO!
Esta centralidade
de Jesus Cristo na vida dos primeiros cristãos evidencia-se no fato de que a
própria Igreja era chamada de Caminho. Como os primeiros cristãos eram conhecidos
como seguidores de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, então a
comunidade dos cristãos, que é a Igreja, era conhecida por todos, até pelos
pagãos e perseguidores, como O Caminho, ou então como a Igreja do Caminho. Isto
está muito presente no livro dos Atos dos Apóstolos:
- Atos 9,1: Saulo recebe autorização
para prender quem pertencesse ao Caminho, quer homens, quer mulheres.
- Atos 16,17: Paulo anunciava o
Caminho da Salvação.
- Atos 22,4: Paulo confessa que antes
da conversão, perseguiu a Igreja do Caminho até a morte, prendendo e lançando
na prisão homens e mulheres.
O ser humano
precisa caminhar para ser plenamente realizado à imagem e semelhança de Deus.
Jesus é o Caminho Santo que conduz para a Verdade e para a Vida. Ser cristão é
seguir Jesus. A Igreja também é Caminho, porque aqueles que seguem Jesus formam
entre si uma comunidade de fé, esperança e amor e tornam-se conhecidos como
seguidores do Caminho ou membros da comunidade do Caminho.
A vida que
nasce deve crescer e frutificar. O cristão nasce no batismo e só cresce e
frutifica na Caminhada Discipular, seguindo Jesus com os irmãos na Igreja,
deixando de lado as concupiscências enganosas, renovando-se pela transformação
espiritual da sua mente e revestindo-se do homem novo, criado segundo Deus, na
justiça e santidade da verdade (Ef 4,22-24).
MOPD Efésios 4,17-24
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2 - Primazia da Espiritualidade
Deus nos
chama a uma altíssima vocação em Cristo Jesus. Sem a sua Graça jamais
poderíamos dar passos nessa direção. Por isso que a Espiritualidade da
Caminhada é tão importante, porque é o próprio Deus que faz em nós o QUERER e o
FAZER. Tudo é obra da Graça de Deus!
Espiritualidade
não é só quando reservamos um tempo para oração pessoal ou comunitária. A
Espiritualidade é caminhar e viver a vida toda no Espírito
Santo. Porém, para vivermos a vida toda na Graça do Espírito Santo
precisamos dos momentos de oração. Por isso é que se diz: a oração é o coração
da espiritualidade.
Sem a
graça de Deus não somos nada, sem o Espírito de Deus tudo se esvai. O Espírito
Santo é a nossa força, a nossa luz e a nossa Esperança. No Discipulado de Jesus
Cristo a primazia é sempre do Espírito Santo porque ninguém pode dizer que
Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo!
Esta vida
nova no Espírito Santo foi muito bem explicada por Jesus a Nicodemos. (Jo
3,1ss) Para entrar no Reino de Deus, que é o Reino da paz, alegria, liberdade,
vida, justiça e amor, é necessário nascer de novo, é necessário nascer do alto.
Nicodemos não entendeu como era este nascer de novo. Então Jesus explicou: “Eu
garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do
Espírito. Quem nasce da carne é carne, quem nasce do Espírito é espírito. Não
se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto.” (Jo 3,5-7)
Nascer da
carne significa nascer da carne humana (é criatura humana), com tudo de bom que
a natureza humana tem, mas também com a sua concupiscência herdada do pecado
original. Também significa nascer do mundo, ser mundano, ser fechado para Deus
e escravo das obras deste mundo e do príncipe deste mundo. Quem nasce da carne,
é carne. Não tem a vida de Deus.
Nascer do
Espírito significa nascer do alto, nascer de Deus e ser filho de Deus mediante
a fé em Jesus Salvador e o batismo, sacramento da fé. Quem nasce do Espírito é
espírito, porque passa a viver uma vida nova como filho de Deus, vive em comunhão
com Deus. Vive a vida no corpo no princípio do espírito em comunhão com o
Espírito de Deus.
O mundano
é fechado para Deus. A nova criatura vive em comunhão com Deus. Esta é a grande
diferença. O modo pelo qual se dá o novo nascimento é através da fé em Jesus e
o batismo. Foi Ele quem o Pai enviou como Salvador. Quem o acolhe recebe a
salvação e se torna filho de Deus. Pela fé a pessoa renuncia Satanás, o pecado
e o mundo e acolhe a Graça de Deus em Jesus. Não despreza o Sacrifício redentor
do Calvário como muitos o fazem hoje em dia, influenciados pelo secularismo,
relativismo e muitas outras ideologias pagãs. Porque não existe salvação fora
de Jesus e o homem é salvo somente pela fé em Jesus, e o batismo. Não existe
outro caminho. Não existe outro Nome pelo qual possamos ser salvos a não ser o
Nome de Jesus. Por isso é importante guardarmos bem o que Jesus ensinou a
Nicodemos, a fim de que também fixemos os nossos olhos e nosso coração naquele
que é o Autor e o Consumador da nossa fé!
“Assim como Moisés levantou a
serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja
levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna!” (Jo
3,14-15)
“Pois Deus amou de tal forma o mundo,
que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra,
mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. Quem
acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque
não acreditou no nome do Filho único de Deus.” (Jo 3,1621)
Pois bem,
filhos e filhas de Deus. Quem nasce da carne, é carne é carnal, é mundano. Não
tem a salvação, não tem comunhão com Deus, não participa da Nova Aliança. E
quem nasce do Espírito é espírito. Vive uma vida nova, já é cidadão do Reino de
Deus, já está salvo. Porém, queremos terminar lembrando algo muito importante
que Jesus disse a Nicodemos e que muitas vezes passa despercebido. Se nascemos
do Espírito, se vivemos no Espírito, devemos caminhar e viver sob o impulso do
Espírito! Porque pode acontecer de nascer para uma vida nova mas depois
retornar ao homem velho. Pode acontecer de sair do mundo e depois voltar para o
mundo.
O Espírito
Santo é o vento de Deus (pneuma). “O vento sopra onde quer, você ouve o
barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma
coisa com quem nasceu do Espírito!” (Jo 3,8) Quem nasceu do Espírito vive sob o
impulso do vento do Espírito. Você não sabe para onde vai, mas guiado pelo
Espírito você com certeza vai chegar a Jesus e nele será plenamente feliz na
Graça e na Paz. Quem nasce da carne é guiado pelo vento do mundo. É como uma
biruta de aeroporto, pra lá e pra cá, “maria-vai-com-as-outras”. E acaba no
vazio, na miséria, na morte, no inferno.
Por isso,
é necessário nascer do Espírito: Conversão e salvação pela fé em Jesus –
sacramento do Batismo – reavivamento do batismo, mas também é fundamental
deixar-se ser levado pelo vento do Espírito como um barco à vela em alto mar.
Com certeza chegará no porto seguro do Reino de Deus, que é paz, alegria,
justiça e vida em abundância.
A ênfase é
esta, se você nasceu de novo, agora caminhe sob o impulso do vento do Espírito!
A
espiritualidade é a principal dimensão da vida cristã-batismal. O discípulo de
Jesus coloca a espiritualidade em primeiro lugar porque as outras três
dimensões do testemunho, apostolado e eclesialidade dependem dela. Aspira viver
no Espírito e caminhar sob o impulso do Espírito. Coopera com Ele dando passos
concatenados entre si no seguimento de Jesus e na comunhão da Igreja. Então o
próprio Espírito conduz o discípulo no Caminho da Verdade e da Vida, mantendo-o
sempre livre e vivo, porque foi para a liberdade que Cristo nos libertou e
aonde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade!
A
espiritualidade é a vida toda vivida no princípio do espírito em comunhão com o
Espírito de Deus.
MOPD João 3,5-7
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3 - Foi para a Liberdade
que Cristo nos libertou
A Carta
aos Gálatas contém o núcleo do Evangelho da Graça. Evangelho este que possui a
força que salva e transforma a humanidade. Por isso, “maldito seja quem
anunciar um evangelho diferente!” (Gl 1,8)
Cristo nos
libertou… Cristo Jesus nos libertou se refere ao dom da salvação, libertação e
vida nova. Ele nos libertou do mal. Paulo mesmo dá o seu testemunho. Era
ignorante e perseguidor. Vivia nas trevas. Mas desde que encontrou Jesus
começou a viver uma vida nova. Todos passaram a dar glória por tudo que o
Senhor fez na vida dele (Gl 1,13-23). Não existe milagre maior do que o milagre
da libertação do homem velho para a nova criatura (novo nascimento). Libertação
da morte, trevas, vícios, maldade, vazio interior…
E Paulo
proclamava: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E esta vida que
agora vivo, eu a vivo pela fé naquele que me amou e por mim se entregou!” (Gl
2,20) Você já foi liberto? Este também deve ser o seu louvor!
Cristo nos
libertou para a liberdade! O cristianismo é a religião da liberdade, porque só
existe vida e amor no campo da liberdade. Por isso o grande milagre da nossa
salvação passa pela nossa conversão livre e consciente. Como na vida de Paulo,
Jesus nos liberta respeitando a nossa liberdade. Deus espera a nossa resposta.
Não somos
mais escravos. Somos filhos e herdeiros. E a prova de que somos filhos é que Deus
derramou no nosso coração o Espírito do seu Filho pelo qual clamamos “Abba!
Pai!” (Gl 4,6-7) Agora precisamos permanecer na liberdade do Espírito. Porém,
muitas coisas querem nos escravizar para que voltemos a ser escravos, para que
não vivamos realmente como filhos e filhas de Deus. Coisas que vão atrofiando a
Graça, expulsando a Graça até nos escravizar novamente: Lei (preceitos
religiosos ou culturais quando desnecessários), mundo, demônios, fraquezas,
doenças interiores… Mas o que nos escraviza mesmo, é isto o que Paulo está
enfatizando nesta Carta, é a religião artificial, os meros preceitos religiosos
e culturais, porque você pensa que está fazendo tudo, cumprindo tudo, mas não
está mergulhando realmente na Graça de Deus. Você cumpre a Lei, o ritual, mas
não mergulha. Vai ao poço mas não bebe da água da vida. Continua sedento,
atrofia, morre...
Neste
contexto da Carta aos Gálatas, Paulo estava falando da circuncisão, que era um
preceito cultural-religioso previsto na Lei do Antigo Testamento para todos
judeus. Porém, Jesus veio e salvou a todos pela Cruz e a Graça do Espírito. De
modo que a circuncisão não era mais necessária e obrigatória, como muitas
outras Leis do Antigo Testamento também se tornaram obsoletas e desnecessárias.
Porém, os
cristãos que vieram do judaísmo queriam obrigar os cristãos vindos do paganismo
a se circuncidarem à força, porque se não fizessem a circuncisão na carne,
diziam eles, não seriam salvos. E muitos gálatas, por medo da condenação,
acabavam se circuncidando e desta forma, colocavam mais confiança (fé e
esperança) na circuncisão da carne do que em Jesus Salvador. Acabavam,
portanto, se afastando da Nova Aliança no Sangue e no Espírito de Jesus e
voltavam para a escravidão da Lei. Como hoje muita gente pode colocar mais fé
nos costumes que vão surgindo do que em Jesus e no Espírito. Desta forma acabam
se afastando do Evangelho da Graça e voltando à escravidão. Deixam de viver
como filhos e herdeiros de Deus e começam a viver uma vida sem graça.
Por isso
Paulo exorta os gálatas a não abandonarem o Evangelho da Graça. Se foram
libertos da escravidão pela Graça de Deus mediante a fé em Jesus e o batismo,
assim como ele foi, então não podem abandonar este Evangelho da Graça de Deus.
Não podem renascer na Graça e morrer na carne e no mundo, como viviam
antigamente. “Sejam firmes e não se submetam ao jugo da escravidão. Nós, de
fato, aguardamos no Espírito a esperança de nos tornarmos justos mediante a fé,
porque em Jesus Cristo, o que conta não é a circuncisão ou a não-circuncisão,
mas a fé que age por meio do amor!” (Gl 5,1.5)
MOPD Gálatas 5,1-6
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4 - Onde está o Espírito
do Senhor está a liberdade
Qual a
solução para tudo isso, para que não nos submetamos novamente ao jugo da
escravidão? Paulo responde prontamente: Deixar o Espírito Santo circuncidar o
nosso coração e caminhar nele e por Ele, como está escrito:
- Rm 2,29: O que faz ser verdadeiro filho
de Abraão é a circuncisão do coração na observância da Palavra de Deus.
- Gl 5,25: “Se vivemos pelo Espírito,
caminhemos também sob o impulso do Espírito!”
- 2Cor 3,1-18: “Não há dúvida de que
vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com
tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas
de carne, isto é, em vossos corações. Ele é que nos fez aptos para ser
ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra
mata, mas o Espírito vivifica. Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito
do Senhor, aí há liberdade.”
Isto!
Fomos salvos por Jesus de todo tipo de escravidão. Foi para Liberdade que Ele
nos libertou. Só existe Liberdade e vida nova no Espírito de Jesus
Ressuscitado. Se deixamos de viver no caminho da Palavra de Deus e do Espírito
Santo e confiamos mais em costumes ou até mesmo superstições, mais cedo ou mais
tarde voltamos ao jugo da escravidão, ao mundo, fraquezas da carne, trevas,
vícios. Por isso devemos ser dóceis ao Espírito Santo no nosso dia a dia. Nossa
religião deve ser espiritualidade, sempre pautada na Palavra de Deus e na Graça
do Espírito de Jesus. Porque aquela religião dos meros preceitos acaba
escravizando também, porque você cumpre os preceitos, a Lei, mas não vive o
Evangelho e não bebe do Espírito.
Se vivemos
no Espírito de verdade, então caminhemos sob o impulso do Espírito. É Ele quem
nos move. É Ele quem nos guia e nos acompanha no seguimento de Jesus e na
comunhão da Igreja, sempre no Caminho da Palavra de Deus.
É claro
que vamos viver tudo o que a nossa religião ensina, porque tudo na Igreja
Católica está de acordo com o Evangelho da Graça de Deus. Porém, mais do que
costumes católicos ou religião católica, nós queremos a espiritualidade
católica. Queremos mergulhar no Espírito para permanecer no Espírito! Caminhar
sob o impulso do Espírito, vencendo as obras da carne e crescer nos seus frutos
de santidade. (Gl 5,19.22)
Caminhar
sob o impulso do Espírito significa ser sensível à sua presença, à sua voz, às
suas moções tanto no Magistério da Igreja como também na experiência de Deus no
dia a dia (visões, manifestações, dons, carismas).
O Espírito
Santo de Pentecostes não entra em contradição. O mesmo Espírito que guia a
Igreja é também o que nos move em meio às muitas atividades da vida. De modo
que quando me abro para a Graça do Espírito de Deus no meio do século, com
certeza também haverei de viver no Corpo Místico de Cristo que subsiste na
história através da Igreja Católica Apostólica Romana. Isto se verifica, por
exemplo, na unidade da fé presente tanto no Magistério oficial da Igreja como
no sentido da fé e dos carismas de todo Povo de Deus (sensus fidei).
“O Povo santo de Deus participa
também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo,
sobretudo pela vida de fé e de caridade oferecendo a Deus o sacrifício de
louvor, fruto dos lábios que confessam o Seu nome (cfr. Hebr. 13,15). A totalidade
dos fiéis que receberam a unção do Santo (cfr. Jo. 2, 20 e 27), não pode
enganar-se na fé; e esta sua propriedade peculiar manifesta-se por meio do
sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando este, «desde os Bispos até ao
último dos leigos fiéis», manifesta consenso universal em matéria de fé e
costumes. Com este sentido da fé, que se desperta e sustenta pela acção do
Espírito de verdade, o Povo de Deus, sob a direcção do sagrado magistério que
fielmente acata, já não recebe simples palavra de homens mas a verdadeira
palavra de Deus (cfr. 1 Tess. 2,13), adere indefectivelmente à fé uma vez
confiada aos santos (cfr. Jud. 3), penetra-a mais profundamente com juízo
acertado e aplica-a mais totalmente na vida.” (Concílio Vaticano II, LG 12)
Desta
forma, o caminhar sob o impulso do Espírito nos livra de toda escravidão e nos
conduz cada vez para uma vida nova, plenamente realizada em Jesus Salvador e na
comunhão da Igreja. Por isso a Nova Aliança não é só no Sangue do Cordeiro, mas
na Graça do Espírito Santo. Jesus nos salvou e libertou na Cruz. Mas para
permanecermos livres precisamos da Graça do Espírito Santo.
Muita
gente acolhe a Salvação na Cruz. Mas esquece de viver no Caminho do Evangelho e
sob o impulso do Espírito, e volta à escravidão! Até tem boa intenção e boa
vontade. Cumpre os preceitos, mas não mergulha na Graça e não se deixa ser
guiado pelo Espírito que sopra pra lá e pra cá. Portanto, meus irmãos, semeemos
no chão da nossa vida no Espírito Santo e vamos colher vida em abundância, vida
eterna (Gl 6,8).
MOPD Segunda Carta aos Coríntios
3,1-18 _________________________
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5 - Espiritualidade Pascal
O Espírito
Santo é o dom pascal por excelência. Ele conduz à verdadeira liberdade e a
verdadeira vida. Mas não confundir liberdade do Espírito com libertinagem. A
carne conduz para a libertinagem que promove bagunça, indisciplina, corrupção e
morte.
Páscoa, do
hebraico “pesach”, significa passagem. Seja a passagem libertadora de Deus na
nossa vida, seja a nossa passagem da escravidão para a liberdade. A
espiritualidade cristã é essencialmente pascal. Porque o Deus Bendito da
Aliança é aquele que sempre nos põe em movimento, fazendo-nos sempre passar
para uma vida bem melhor, para uma terra aonde correm leite e mel.
Nossa
primeira páscoa foi a da criação, quando o Criador nos livrou do nada e nos
chamou à existência. "Aquele que É" fez com que existíssemos à sua
imagem e semelhança para que pudéssemos viver em comunhão com Ele. Sinal de
que, quando viramos as costas para Ele, deixamos de existir. "Aquele que
É" nos livrou do nada. Sem "Aquele que É" voltamos ao nada,
fazemos da nossa vida um nada.
O povo se corrompeu
no pecado e tornou-se escravo no Egito. "Aquele que É" escutou o seu
clamor, viu o seu sofrimento e desceu para libertá-lo. Pela liderança de Moisés
favoreceu que o povo saísse da terra da escravidão para Canaã, a Terra da
Liberdade. Como a idolatria sempre é o começo da destruição de um povo, Deus
disse para Moisés que, uma vez libertado da escravidão, o povo deveria adorá-lo
para não fazer pactos com ídolos e voltar a ser escravo. Mas o povo ignorante e
ingrato nem sempre adorou o Deus Verdadeiro em espírito e em verdade. E por
isso Israel conheceu sucessivos períodos de escravidão.
A páscoa
nova e definitiva foi selada no Sangue do Cordeiro, Jesus Cristo, que ofereceu
a sua vida pela nossa salvação. Morreu na cruz para nos justificar e ressuscitou
no terceiro dia para permanecer no meio de nós. Jesus Cristo vive, reina e é o
Senhor! Mediante a fé nos tornamos partícipes da vida de Jesus e começamos a
viver a vida eterna no aqui e agora da nossa história. Doravante, é mediante a
fé que somos salvos em Jesus e com ele vencemos o pecado, os demônios e a
morte.
A
espiritualidade da caminhada é essencialmente uma espiritualidade pascal, de
modo que ser cristão é estar sempre em movimento no Caminho Santo que conduz
para a Verdade e a Vida. A parte que nos cabe fazer é acreditar em Jesus,
acreditar no seu amor, a ele se entregar como Nosso Senhor e Salvador, e se
colocar em movimento. Se assim fazemos, fazemos o principal, porque Deus mesmo
vem em nosso auxílio e favorece a abertura do Mar Vermelho e tudo mais que seja
necessário para que então sejamos plenamente realizados.
Páscoa é
passagem para algo melhor. Que a força da ressurreição de Jesus continue nos
impulsionando sempre para o alto e para frente. Com ele morremos para o pecado,
com ele ressuscitamos para uma vida nova mediante o poder da fé e a graça do
batismo (cf. Col 2,9-15).
A páscoa
perene é na graça do Espírito do Cristo Ressuscitado. Sem o Espírito Santo
morremos na praia, esvaímos no deserto. É no Espírito de Cristo, e somente nele
e por ele, que todos vivemos a verdadeira vida de filhos e filhas de Deus, a
quem clamamos “Aba Pai!”.
Rm 8,1 Agora, porém, já não existe
nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. 2 A lei do Espírito,
que dá a vida em Jesus Cristo, nos libertou da lei do pecado e da morte. 11 Se
o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, aquele que
ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também para os corpos mortais de vocês,
por meio do seu Espírito que habita em vocês. 12 Portanto, irmãos, nós somos
devedores, mas não dos instintos egoístas para vivermos de acordo com eles. 13
Se vocês vivem segundo os instintos egoístas, vocês morrerão; mas se com a
ajuda do Espírito fazem morrer as obras do corpo, vocês viverão. 14 Todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 E vocês não
receberam um Espírito de escravos para recair no medo, mas receberam um
Espírito de filhos adotivos, por meio do qual clamamos: Abba! Pai! 16 O próprio
Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 E se somos
filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo,
uma vez que, tendo participado dos seus sofrimentos, também participaremos da
sua glória.
MOPD Romanos 8,1-17
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6 – Espiritualidade Paulina
A
Espiritualidade do DJC também é paulina.
O Apóstolo
Paulo, pelo que viveu e ensinou, é exemplo de discípulo de Jesus Cristo. Cheio
de humildade, mas consciente do que a misericórdia realizou na sua vida disse:
“Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo Jesus” (1Cor 4,16).
“Agradeço aquele que me deu força, a
Jesus Cristo nosso Senhor que me considerou digno de confiança tomando-me para o
seu serviço, apesar de eu ter sido um blasfemo perseguidor insolente. Mas
obtive misericórdia porque eu agia sem saber longe da fé. Sim ele me concedeu
com maior abundância a sua graça junto com a fé e o amor que estão em Jesus
Cristo. Esta palavra é segura e digna de ser acolhida por todos: Jesus Cristo
veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o primeiro. Mas
exatamente por causa disto eu obtive misericórdia. Jesus Cristo quis mostrar
toda a sua generosidade primeiro em mim como exemplo para os que depois iriam
acreditar nele, a fim de terem a vida eterna! Ao Rei dos séculos, ao Deus
incorruptível, invisível e único, honra e glória para sempre. Amém!”
4ª Vivência
____/ ____/ ____
Fraternidade Cristã
O Discípulo
de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos no Espírito Santo e na
Palavra de Deus. Durante esta semana vamos meditar sobre estas três realidades,
a começar pela importância da Fraternidade Cristã dentro do projeto salvífico
de Deus.
Vendo o
exemplo de Jesus que sempre formou discípulos em comunidade, no DJC todo
Discípulo de Jesus precisa caminhar em uma Fraternidade Cristã conforme
meditaremos a seguir.
1 - Juntos na Caminhada Discipular
Do modelo
apresentando por Jesus e São Paulo nas Sagradas Escrituras, e a partir da nossa
própria experiência, temos a certeza que o Discípulo só cresce no Caminho da
Palavra de Deus, na Graça do Espírito Santo e vivendo em comunidade.
Jesus, na
sua infinita sabedoria, sempre ensinou os seus discípulos a serem irmãos e a
formarem comunidade de amor entre si. Existe um desígnio profundo no coração de
Deus para que não caminhemos isolados, para que não sejamos individualistas, porque
isto é muito prejudicial para a nossa dimensão humana e espiritual, e ao mesmo
tempo favorável para as obras do Inimigo e fraquezas humanas. Por isso, Jesus
mesmo formou comunidade com os seus discípulos. Eles saíam evangelizando as
multidões, mas ao mesmo tempo tinham seus momentos internos de oração, partilha
e fraternidade.
Em tudo,
Jesus nos dá o exemplo a seguir! Desta forma, logo que subiu aos céus, os seus
discípulos permaneceram em oração, com os apóstolos e a Virgem Maria. Foi no
contexto da vida em comunidade que o Espírito Santo foi derramado no dia de
Pentecostes (At 1 – 2). E cheios do Espírito Santo, todos perseveram como
irmãos na doutrina dos apóstolos, na fração do pão e nas orações. E a cada dia
o Senhor ia acrescentando novos discípulos à comunidade dos cristãos. Tudo isso
está registrado nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, que é o
Evangelho do Espírito Santo agindo no mundo através da Igreja de Jesus.
Disse
Jesus: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou ali no meio
deles!" (Mt 18,20) A vida em comunidade faz parte do projeto de Deus.
Apesar desta ou daquela dificuldade, é melhor viver em fraternidade do que
isolado. Com o tempo, todos vão crescendo na graça de Deus e se ajudando.
O Inimigo
faz de tudo para destruir a Fraternidade Cristã, sobretudo nos seus inícios.
Mas com fé, esperança e amor, com o tempo ele é derrotado e o projeto de Deus
vai sendo realizado.
Tomé era
um homem isolado. Ele só fez a experiência da ressurreição quando começou a participar
da Fraternidade Cristã. O Salmista já rezava: “Como é bom os irmãos viverem
unidos, porque aí o Senhor envia a sua bênção, a vida em plenitude!” (Sl 133)
Um
Discipulador e um Discípulo já são uma Fraternidade. A esse respeito basta
lembrar a Fraternidade Cristã de Felipe com o eunuco etíope (At 8,26-40).
Felipe se dedicou de corpo e alma à evangelização do eunuco que desejava
entender a Palavra de Deus mas não tinha ninguém para ajudá-lo. Felipe não
perdeu tempo, não esperou que mais gente aparecesse pra depois começar a
evangelizar. Imediatamente começou a caminhar com o eunuco e salvou aquela vida
para o Reino de Deus.
Às vezes
não evangelizamos uma pessoa que quer porque ficamos esperando que venha aquela
que não quer. Com Felipe aprendamos a evangelizar aproveitando toda
oportunidade e formando Fraternidade mesmo que seja com um só discípulo. A
gente caminha com quem vem, a gente não espera por quem não veio!
A vida
comunitária é muito importante para o discípulo sempre reavivar e desenvolver
integralmente a sua vida cristã-batismal no caminho da Palavra de Deus. A
caminhada é do discípulo com Jesus. Mas a vida comunitária é suporte para
perseverar. Por isso, zelem pela caminhada pessoal no dia a dia, mas nunca
esqueçam da importância do encontro semanal, mesmo que a Fraternidade seja
formada só pelo Discipulador e um Discípulo. Esse Discípulo será semente de
outros e assim a Palavra de Deus vai se expandindo e salvando novas pessoas
para além do que possamos calcular ou imaginar.
2 - Fraternidade coopera na salvação
Deus tem
um plano de salvação elaborado com muito amor desde quando criou o universo e o
homem à sua imagem e semelhança. Este plano foi reformulado depois que o homem
cometeu o pecado. Então o plano de salvação passou a ser também um plano de
restauração, redenção e santificação, sempre pelo único Mediador entre Ele e os
homens, Jesus Cristo.
Neste plano
salvífico, como em todo plano operacional, as partes não se excluem, mas se
complementam. Assim, para alcançar o seu objetivo, para que todos homens sejam
salvos, cheguem ao conhecimento da verdade e tenham vida plena, Deus tem várias
maneiras e meios de agir e conta inclusive com a participação do próprio homem
no seu processo de restauração, redenção e santificação.
Para
entendermos a existência da Mediação Salvífica de Cristo e ao mesmo tempo os
outros meios que Deus utiliza dentro do seu plano de salvação, sempre é bom
lembrar a máxima de Santo Agostinho: "O Deus que nos criou sozinho não nos
salva sozinho!"
O Mediador
de toda salvação é Jesus que na Cruz do Calvário deu a vida por nós. Porém,
associados a Cristo, Deus tem outras maneiras de salvar, Deus tem outros
cooperadores, mas sempre em Cristo Jesus, o Salvador por excelência. Por isso
que no plano salvífico de Deus, sempre em Cristo Jesus, as partes não se
excluem, mas se ajudam e se complementam. É aí que entendemos, por exemplo, a
ação do Espírito Santo e ao mesmo tempo o ministério maternal da Santíssima
Virgem Maria. O Espírito Santo opera a santificação das almas. Mas isso não
impede de, ao mesmo tempo, Nossa Senhora interceder, estender as suas mãos
imaculadas e abençoar os filhos que Jesus lhe confiou. Por que Jesus Salvador
ao mesmo tempo que envia o Espírito Santo também elegeu a sua Mãe para ser a
nossa Mãe. No plano de Deus, em Jesus Salvador, as partes não se excluem, mas
se ajudam e se complementam. No final o grande objetivo é que todos homens
sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.
Nesta
mesma perspectiva também devemos considerar a ajuda que devemos dar na
realização da obra de Deus. É Deus quem salva em Jesus, mas sempre com diversos
meios e nossa cooperação. Por isso Jesus, na sua divina sabedoria, antes de
subir aos céus deixou a Igreja, a comunidade dos seus discípulos, o seu Corpo Místico,
para continuar a sua missão na terra. Só Jesus é o Salvador. Mas ele continua
salvando através de nós, a sua Igreja.
Isto não diminui
em nada a Mediação de Cristo entre Deus e os homens. Porque tudo é feito com
Cristo, por Cristo e em Cristo, como rezamos em toda Santa Missa. De modo que,
se eu cumpro com a minha missão, muitos serão salvos por Jesus através de mim.
Se eu enterro os talentos, muitos se perderão por conta da minha preguiça e
omissão.
A Igreja
deve ser um ambiente de amor, fé e esperança aonde todos que nasceram de novo
possam crescer e se desenvolver plenamente na sua vida cristã-batismal.
Queremos, portanto, refletir agora sobre a importância da vida em fraternidade
presente dentro do plano salvífico de Deus e do Discipulado de Jesus Cristo.
Já vimos
que Deus não quis nos salvar sozinho. Agora queremos enfocar que Deus também
não quis nos salvar de forma isolada, mas como povo, como seu povo, como
Igreja, como Discipulado de Jesus Cristo. Às vezes somos tentados a menosprezar
os diversos meios que Deus utiliza para nos salvar em Cristo Jesus, como Maria,
a Igreja e ajuda do irmão. Deus sabe o que faz e o homem não sabe o que diz! Se
Ele quis nos salvar assim, então é porque o melhor é assim!
3 - Clima favorável: Espírito Santo,
oração e fraternidade
As pessoas
evangelizadas são como sementes destinadas a crescer na vida nova em Jesus
Cristo. Toda semente precisa de um clima favorável para desabrochar e se
desenvolver até atingir a sua plena realização e dar novos frutos... A semente
da Palavra de Deus semeada pelos evangelizadores no “chão” do coração das
pessoas também precisa de um clima favorável para realizar com poder a sua
missão. Numa palavra, este clima favorável só é possível onde reinam, em
primeiro lugar, o Amor de Deus (Espírito Santo), depois o amor a Deus (oração)
e o amor aos irmãos (fraternidade). Por isso, em sintonia com o plano salvífico
de Deus, o Discipulado de Jesus Cristo possui as Fraternidades Cristãs.
A primeira
e fundamental atitude de uma Fraternidade Cristã é abrir-se para o reinado do
Espírito Santo. Pois “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho
que clama: Abba, Pai” (Gl 3,6). Encontrando abertura no grupo e em cada
coração, o Espírito Santo prossegue a sua missão, desbravando caminhos de vida
nova e conduzindo todos os discípulos para a plena salvação em Jesus.
Movida
pelo Espírito de Deus, a Fraternidade Cristã vai criando uma harmonia
espiritual que desabrocha em oração. E na oração, cada vez mais profusamente,
os discípulos mergulham sempre mais no amor salvífico de Deus que cura,
liberta, salva, ilumina e capacita para o testemunho e para a missão.
A experiência
do amor de Deus na oração conduz espontaneamente a Fraternidade para o amor
entre os irmãos. Os discípulos se sentem um só coração e uma só alma no
Espírito Santo de Jesus. E “vejam como é bom, como é agradável os irmãos
viverem unidos. Porque aí Javé manda a bênção, a vida para sempre!” (Sl
133,1.3)
O grupo
cristão só cresce e se desenvolve integralmente alicerçado no amor até formar uma
verdadeira irmandade em Cristo Jesus, porque DEUS É AMOR. Por isso, desde os
inícios, os responsáveis pela Fraternidade Cristã devem zelar por esta
convivência saudável sob a égide da Graça de Deus, tendo em vista que os
demônios, as fraquezas humanas, as energias negativas e as influências mundanas
vão fazer de tudo para atrapalhar.
Na
natureza existe o ciclo natural que favorece a vida acontecer com toda a sua
beleza, frutos e harmonia. Na Fraternidade Cristã do Discipulado de Jesus
Cristo deve haver um “ciclo sobrenatural” que seja um verdadeiro ambiente
favorável para todos reavivarem e desenvolverem integralmente a sua vida
cristã-batismal.
Neste
“ciclo sobrenatural” o Espírito Santo vai suscitando a graça da oração pessoal
e comunitária. A oração, além de fazer experimentar o amor a Deus, também
conduz para o amor aos irmãos. Assim, os irmãos em paz e harmonia cada vez mais
se abrem ao Divino Espírito Santo que vai cada vez mais realizando a obra de
Deus, e assim sucessivamente. Em tudo isso, vemos que a Graça é de Deus, mas é
extremamente necessária nossa participação. Por isso, perseveremos todos juntos
na estrada de Jesus!
4 - Caminhar em uma Fraternidade
Cristã de Temário em Temário
Como já
havíamos dito, é caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do
Espírito Santo e com a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce
em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a
estatura do seu Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas sem
rumo, sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida, com
meta e passos concatenados entre si. “A meta é que todos juntos nos encontremos
unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o
homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de
Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e
para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela
astúcia com que eles nos induzem ao erro.” (Ef 4,13-14)
Fomos
justificados pela fé em Jesus e lavados no seu preciosíssimo Sangue. Aquele que
foi salvo precisa ser santo! Precisamos continuar o processo da nossa
santificação cooperando com a Graça de Deus de passo a passo, de temário em temário,
sempre meditando a Palavra de Deus e procurando viver de acordo com ela.
A
Fraternidade Cristã será um ambiente comunitário favorável para o crescimento
de todos, aonde um vai ajudar o outro e Deus vai ajudar a todos. Mas por se
tratar de seres humanos, poderão surgir alguns desencontros que serão superados
no amor, na compreensão recíproca e no perdão. Tudo isso está previsto na
Palavra de Deus:
Rm 12,1 Irmãos, pela misericórdia de
Deus, peço que vocês ofereçam os próprios corpos como sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus. Esse é o culto autêntico de vocês. 2 Não se amoldem às
estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de
distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o
que é perfeito.
3 Em nome da graça que me foi
concedida, eu digo a cada um de vocês: não tenham de si mesmos conceito maior
do que convém, mas um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus
concedeu a cada um.
9 Que o amor de vocês seja sem
hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem; 10 no amor fraterno, sejam
carinhosos uns com os outros, rivalizando na mútua estima. 11 Quanto ao zelo,
não sejam preguiçosos; sejam fervorosos de espírito, servindo ao Senhor. 12
Sejam alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração.
13 Sejam solidários com os cristãos em suas necessidades e se aperfeiçoem na
prática da hospitalidade.
14 Abençoem os que perseguem vocês;
abençoem e não amaldiçoem. 15 Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os
que choram. 16 Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela
mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas. Não se considerem
sábios. 17 Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja
fazer o bem a todos os homens. 18 Se for possível, no que depende de vocês,
vivam em paz com todos. 19 Amados, não façam justiça por própria conta, mas
deixem a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: «A mim pertence a vingança;
eu mesmo vou retribuir.» 20 Mas, se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer;
se tiver sede, dê-lhe de beber; desse modo, você fará o outro corar de
vergonha. 21 Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem.
Um
Discipulador mais um Discípulo já são uma Fraternidade. Mas pode acontecer de a
Fraternidade ser formada por mais gente. Quando isso acontecer, importante
superar alguns desencontros no amor fraterno e na Graça de Deus.
Caminhar
sempre, desanimar jamais! Porém, quando não puder ir mesmo para o encontro,
justifica a ausência e faz o temário em casa, porque a caminhada não pode
parar.
Para o
discípulo crescer e ser plenamente realizado é fundamental seguir Jesus com os
irmãos, na Graça do Espírito Santo e iluminado pela Palavra de Deus, de passo a
passo, de temário em temário. Os Temários do DJC ajudam o discípulo a fazer a
caminhada discipular com os irmãos, pois todos eles são calcados na Palavra de
Deus.
Lembramos:
Tudo isso é para o bem do próprio discípulo e para a glória de Deus. Por isso não
podem faltar a presença nos encontros, a superação de alguns problemas de
relacionamento através da caridade fraterna, diálogo, oração e perdão, e o uso
dos Temários.
Repetimos:
Quando não puder ir para o encontro, justifica a ausência e faz o Temário em
casa, porque a caminhada discipular não pode parar. Os seis Temários ajudam a
manter o fio da meada da caminhada, porque as vezes acontecem coisas que
realmente impedem a presença do Discípulo no Encontro. Por isso é fundamental a
aquisição dos Temários. É um investimento barato para o bem do próprio
discípulo. São seis Temários calcados na Palavra de Deus que ajudarão a
direcionar a Caminhada Discipular no seguimento de Jesus. Este é o segundo.
Depois desse faltam só mais quatro Temários, sendo um Temário a cada três
meses.
5 - Siloé
Além da
Fraternidade Cristã o DJC possui o Siloé que é, na prática, a Fraternidade
aberta para o povo em geral.
A cura do
cego de nascença (João 9) é um exemplo para nós. Para vivermos uma vida nova e
abundante precisamos ser humildes, confiantes na fé e mergulhar no Siloé de
Deus.
Jesus
Cristo ordenou: “Vai a Siloé e lava-te!” O cego foi, lavou-se e voltou enxergando.
Mais que uma cura simplesmente, aquele homem veio à luz, nasceu para uma vida
nova em Cristo Jesus. Uns não “entendiam”, outros não queriam “ver”. Nem os que
o conheciam, nem os chefes do povo, nem mesmo seus familiares. Porém, contra
fatos não há argumentos. No mais profundo do seu ser aquele homem curado
experimentou que Deus é Amor e possui uma Palavra de Poder que dissipa as
trevas e faz a bênção acontecer.
Tendo
conhecido a Deus por experiência de salvação, mesmo sofrendo incompreensões e
perseguições, ele não se deixou manipular nem mesmo por seus familiares e
amigos e continuou caminhando de claridade em claridade. Por fim, ante a
pergunta decisória de Jesus – “Você acredita em mim?” – ele professou: “Eu
acredito”, e prostrou-se em adoração aceitando Jesus como seu Senhor e
Salvador” (v. 37). O homem curado já não conhecia Jesus apenas por ouvir falar.
Passou a conviver com Ele numa mística comunhão de amor e fidelidade. Para ele,
Jesus agora era uma Pessoa, um grande amigo, melhor ainda, Senhor e Salvador da
sua vida.
Aquela
piscina na qual o cego se lavou chamava-se Siloé. Como diz o Evangelho, Siloé
quer dizer “O Enviado”(v. 7). Enviado é um título messiânico de Jesus que
aponta para a sua missão. Jesus foi o grande Enviado do Pai Celeste para nos
salvar na graça do Espírito Santo. Portanto, por disposição da Divina
Providência, aquela piscina construída anos atrás por pessoas anônimas fazia
referência ao próprio Jesus. Justamente por isso ele a utilizou. Então, quando
mandou o cego lavar-se na piscina de Siloé Jesus, através de um símbolo, estava
fazendo referência a si mesmo e à sua missão. Não foi aquela água natural que
curou o cego, mas a água viva do próprio Cristo Jesus. Deus sempre faz uso de
símbolos e sinais para nos remeter às realidades divinas. Ainda hoje Ele os
utiliza no Batismo e nos outros sacramentos da fé e sacramentais da Igreja.
Jesus é o
Siloé do Pai. E sabemos que muito mais que uma piscina, Ele é o oceano infinito
da Graça de Deus. Veio para um julgamento “a fim de que os que não
vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos” (v. 39). Deus tem um projeto de
salvação para todos nós. Que a nossa resposta seja uma atitude de fé, entrega e
adoração. Reconhecendo-nos mendigos da sua misericórdia, mergulhemos mais e
mais no oceano do seu amor. “Ele resiste aos soberbos, mas dá a graça aos
humildes” (1Pd 5,5).
O Siloé é
o encontro de oração semanal do DJC Extensional sempre aberto para todas as
pessoas. Aos siloelitas que estão chegando, este encontro favorece a
experiência da ressurreição e do amor de Deus que cura, salva e liberta. Aos
discípulos perseverantes, ajuda-os ser plenamente cristãos e cheios das bênçãos
divinas.
O Siloé é
mistagógico, pois na sua essência, favorece o mergulho na Graça e no mistério
salvífico de Deus. Portanto, tudo no Siloé deve favorecer este mergulho
espiritual: acolhimento das pessoas, ambientação, som, cânticos, pregação e
orações, etc
A Água
Viva da Graça de Deus é o Espírito Santo. Mergulhar em Jesus significa,
portanto, mergulhar no Espírito Santo, do qual Ele possui a plenitude e deseja
que sejamos totalmente embebidos. O Siloé é por tudo isso, um mergulho
trinitário com fé e na oração, e manifesta-se como um reavivamento semanal para
todos os discípulos de Jesus.
6 - Seguir Jesus no meio da multidão
No
Evangelho vemos que todos são chamados a seguir Jesus, sem exceção. Alguns
foram chamados a seguir como apóstolos, outros, a grande maioria, como
multidões de cristãos e cristãs. “Numerosas multidões da Galiléia, da Decápole,
de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do rio Jordão começaram a seguir
Jesus.” (Mt 4,25)
Estas
multidões de cristãos e cristãs também fizeram, de certa forma, a sua decisão
fundamental por Jesus e o Reino de Deus. E esta decisão das multidões por Ele
também é muito importante por isso, logo em seguida, Jesus ministrou o Sermão
das Bem-aventuranças no alto da montanha, conforme está em Lucas 5,1-10:
1 Jesus viu as multidões, subiu à
montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a
ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4
Felizes os aflitos, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque
possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão
saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem
insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por
causa de mim. 12 Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a
recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de
vocês.»
O Sermão
da Montanha é a constituição do povo de Deus e deve direcionar a vida de todos
cristãos. Todo cristão, sem exceção, deve viver unido a Cristo e ser sal da
terra e luz do mundo.
Lc 5,13 «Vocês são o sal da terra.
Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais
nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. 14 Vocês são a
luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15
Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la
no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também:
que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras
que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.»
Vemos no
Evangelho que todos são chamados por Jesus a segui-lo no espírito das
bem-aventuranças para que no final todos “sejam perfeitos como é perfeito o Pai
de vocês que está no céu.”
Este
chamado à perfeição é para todos, não só para os apóstolos. Um chamado para todos
seguidores e seguidoras de Jesus, não só para quem vai caminhar num pequeno
grupo, mas para toda multidão. Por isso no DJC existe a opção de seguir Jesus
no meio da multidão. São os siloelitas, que se encontram semanalmente para
unidade, oração, escuta da Palavra e também podem ajudar no trabalho de
evangelização.
Os
siloelitas vão crescendo de mergulho em mergulho a cada Siloé, de graça em
graça, de claridade em claridade, como o cego de nascença que foi curado por
Jesus e depois saiu evangelizando e dando o seu testemunho de fé no meio da
multidão (Jo 9).
É
importante sempre considerar isso no DJC. Incentivamos todos a entrar em uma
Fraternidade Cristã porque isto favorece o aprofundamento, o acompanhamento
personalizado e a organização dos batalhões do Exército de Deus. Porém, se por
conta do chamado ou circunstâncias da vida a pessoa quer seguir Jesus como
siloelita, como um discípulo no meio da multidão, devemos acolher a decisão e
continuar caminhando com esta pessoa no Grau de Participação de Siloelita.
Quando a pessoa
formaliza a opção fundamental para seguir Jesus dentro de uma Fraternidade
Cristã do DJC, aumentam os encontros e a pessoa será acompanhada por um
Discipulador, a quem deve amar e considerar como diretor espiritual.
Se a pessoa não está consciente ou decidida a assumir esta nova forma de
caminhar, será atropelada pelos novos compromissos e poderá deixar de caminhar
totalmente, até como siloelita, o que seria muito ruim para sua vida
espiritual.
Em tempo:
Depois desse Temário da Irmanação / Opção Fundamental, você vai decidir se vai
caminhar como siloelita no meio da multidão ou se vai formalizar a opção
fundamental para caminhar e ser acompanhado em uma Fraternidade Cristã. Que
Deus abençoe o seu discernimento.
O
siloelita não formaliza a opção fundamental no papel, mas celebra esta decisão
dentro do seu coração, para continuar crescendo de claridade em claridade
dentro do Siloé até ser perfeito como o Pai Celeste é perfeito. No momento que
o siloelita desejar entrar em um Fraternidade Cristã, o que sempre
incentivamos, basta dizer que o DJC terá o prazer em acolher e orientar nesse
novo caminho de desenvolvimento integral da vida cristã-batismal.
Em tempo:
O Siloé é o encontro de oração semanal do DJC Extensional. As Missões não têm o
Siloé pois se dedicam a uma obra própria dentro do DJC. Por isso os Discípulos
das Missões procurem sempre participar do Siloé de um DJC Extensional mais próximo
da sua casa. Isto favorece o reavivamento permanente e a unidade DJC.
MOPD Lc 5,13-48
5ª Vivência
____/ ____/ ____
A vida fraterna
O
Discípulo de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos no Espírito
Santo e na Palavra de Deus. Dada a importância, durante esta semana vamos
continuar meditando sobre a Fraternidade Cristã.
1 - Ombro amigo de Deus
Relembramos
que a Igreja deve ser um ambiente de amor, fé e esperança aonde todos que nasceram
de novo possam crescer e se desenvolver plenamente na sua vida cristã-batismal.
Já vimos
que Deus não quis nos salvar sozinho, mas sempre com ma nossa cooperação.
Refletimos também que Ele não quis nos salvar de forma isolada, mas como povo,
como seu povo, como Igreja, como Discipulado de Jesus Cristo. Deus sabe o que
faz e o homem não o que diz! Se Ele quis nos salvar assim, então é porque o
melhor é sempre assim!
- As pessoas evangelizadas são como
sementes destinadas a crescer na vida nova em Jesus Cristo. Toda semente
precisa de um clima favorável para desabrochar e se desenvolver até atingir a
sua plena realização e dar novos frutos...
- A semente da Palavra de Deus
semeada pelos evangelizadores no “chão” do coração das pessoas também precisa
de um clima favorável para realizar com poder a sua missão. Numa palavra, este
clima favorável só é possível onde reinam, em primeiro lugar, o Amor de Deus
(Espírito Santo), depois o amor a Deus (oração) e o amor aos irmãos
(fraternidade). Por isso, em sintonia com o plano salvífico de Deus, o
Discipulado de Jesus Cristo possui as Fraternidades Cristãs.
Dada a
importância do tema, convido para continuarmos refletindo durante esta semana sobre
a vida em comunidade com um texto que adaptei da Congregação para os Institutos
de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Se os padres e as
freiras que são consagrados precisam do amparo de uma comunidade, também os
leigos e leigas precisam, pois a vida no corre-corre do dia a dia também é
pesada, fragmenta e muitas vezes deixa a pessoa esfacelada, como vaso quebrado
ou água derramada pelo chão.
O homem é
um ser social. Sozinho o homem vira bicho, o homem fica louco. Deus quis que os
discípulos de Jesus não vivessem isolados, mas formassem comunidade e vivessem
em fraternidade. Dentro do plano salvífico de Deus visualizo muito a Virgem
Maria como colo maternal de Deus e a comunidade como ombro amigo de Deus. A
vida em comunidade é um ombro amigo de Deus, é um amparo de Deus para os seus
filhos perseverarem até o fim, porque aquele que perseverar até o fim é que
será salvo. É por isso que, mesmo sabendo da importância do Siloé para acolher
e evangelizar o povo de um modo geral, incentivamos todos para, além do Siloé,
caminhar em uma Fraternidade Cristã.
2 - O dom da comunhão
e da fraternidade
A Igreja
ensina:
Antes de
ser uma construção humana, a Fraternidade Cristã é um dom do Espírito. De fato,
é do amor de Deus difundido nos corações por meio do Espírito que a
Fraternidade Cristã se origina e por ele se constrói como uma verdadeira
família reunida no nome do Senhor.
Não se
pode compreender, portanto, a Fraternidade Cristã sem partir do fato de ela ser
dom do Alto, de seu mistério e de seu radicar-se no coração mesmo da Trindade
santa e santificante, que a quer como parte do mistério da Igreja, para a vida
do mundo.
Criando o
ser humano à própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus
criador que se revelou como Amor, Trindade, comunhão, chamou o homem a entrar
em íntima relação com Ele e à comunhão interpessoal, isto é, à fraternidade
universal.
Essa é
mais alta vocação do homem: entrar em comunhão com Deus e com os outros homens,
seus irmãos.
Esse
desígnio de Deus foi comprometido pelo pecado que quebrou todo o tipo de
relação: entre o gênero humano e Deus, entre o homem e a mulher, entre irmão e
irmã, entre os povos, entre a humanidade e a criação.
Em seu
grande amor, o Pai mandou seu Filho para que, novo Adão, reconstituísse e
levasse toda a criação à plena unidade. Ele, vindo entre nós, constituíu o início
do novo povo de Deus chamando ao redor de si apóstolos e discípulos, homens e
mulheres, parábola viva da família humana reunida em unidade. A eles anunciou a
fraternidade universal no Pai que nos fez seus familiares, filhos seus e irmãos
entre nós. Assim ensinou a igualdade na fraternidade e a reconciliação no
perdão. Inverteu as relações de poder e de domínio, dando ele mesmo exemplo de
como servir e colocar-se no último lugar. Durante a última ceia, confiou-lhes o
mandamento novo do amor mútuo: « Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis
uns aos outros; como eu vos tenho amado, assim amai-vos também vós uns aos
outros» (Jo 13, 34; Cf. 15, 12); instituíu a Eucaristia que, fazendo-nos
comungar no único pão e no único cálice, alimenta o amor mútuo. Dirigiu-se
então ao Pai pedindo, como sintese de seus desejos, a unidade de todos conforme
o modelo da unidade trinitária: «Meu Pai, que es estejam em nós, assim como tu
estás em mim e eu em ti; que eles sejam um!» (Jo 17, 21).
Entregando-se,
depois, à vontade do Pai, no mistério pascal realizou aquela unidade que havia
ensinado os discípulos viverem e que havia pedido ao Pai. Com sua morte de cruz
destruíu o muro de separação entre povos, reconciliando todos na unidade (Cf.
Ef 2, 14-16), ensinando-nos assim que a comunhão e a unidade são o fruto da
condivisão de seu mistério de morte.
A vinda do
Espírito Santo, primeiro dom aos que têm fé, realizou a unidade querida por
Cristo. Efundido sobre os discípulos reunidos no cenáculo com Maria, deu
visibilidade à Igreja que, desde o primeiro momento, se caracteriza como fraternidade
e comunhão, na unidade de um só coração e de uma só alma (Cf. At 4, 32).
Essa
comunhão é o vínculo da caridade que une entre si todos os membros do mesmo
Corpo de Cristo, e o Corpo com sua Cabeça. A mesma presença vivificante do
Espírito Santo constrói em Cristo a coesão orgânica: Ele unifica a Igreja na
comunhão e no ministério; Ele a coordena e rege com diversos dons hierárquicos
e carismáticos que se complementam entre si; Ele a embeleza com seus frutos.
3 - A Fraternidade Cristã,
lugar de fraternização
Do dom da
comunhão nasce a tarefa da construção da fraternidade, isto é, do tornar-se
irmãos e irmãs numa determinada comunidade onde se é chamado a viver juntos. Da
aceitação admirada e agradecida da realidade da comunhão divina, que é comunicada
a pobres criaturas, provém a convicção do esforço necessário para fazê-la
sempre mais visível através da construção de comunidades « plenas de alegria e
de Espírito Santo. » (At 13, 52).
Também em
nosso tempo e para nosso tempo é necessário retomar essa obra «divino-humana»
da edificação de comunidades de irmãos e de irmãs, tendo presente as condições
típicas destes anos, nos quais a renovação teológica, canônica, social e
estrutural, influíu fortemente na fisionomia e na vida da Fraternidade Cristã.
E a partir
de algumas situações concretas que se deseja oferecer indicações úteis para
sustentar o esforço por uma contínua renovação evangélica das comunidades.
4 - Espiritualidade e oração comum
Em seu
primário componente místico toda a autêntica comunidade cristã aparece «em si
mesma como uma realidade teologal, objeto de contemplação». Daí se segue que a
Fraternidade Cristã é, antes de tudo, um mistério que deve ser contemplado e
acolhido com coração agradecido numa límpida dimensão de fé.
Quando se
esquece essa dimensão mística e teoIogal, que põe em contato com o mistério da
comunhão divina presente e comunicada à comunidade, chega-se irremediavelmente
a esquecer também as razões profundas do «fazer comunidade», da paciente
construção da vida fraterna. Ela pode, às vezes, parecer superior às forças
humanas, além de um inútil desperdício de energias, em especial para pessoas
intensamente empenhadas na ação e condicionadas por uma cultura ativista e
individualista.
O mesmo
Cristo que os chamou convoca cada dia seus irmãos e suas irmãs para falar-lhes
e para uni-los a Ele e entre si na Eucaristia, para torná-los sempre mais seu
Corpo vivo e visível, animado pelo Espírito, em caminho para o Pai.
A oração
em comum, que foi sempre considerada a base de toda a vida comunitária, parte
da contemplação do Mistério de Deus, grande e sublime, da admiração por sua
presença operante nos momentos mais significativos de nossas familias
religiosas como também na humilde e cotidiana realidade de nossas comunidades.
Como uma
resposta à advertência do Senhor: «Vigiai e orai» (Lc 21, 36), a Fraternidade
Cristã deve ser vigilante e empregar o tempo necessário para cuidar da
qualidade de sua vida. Por vezes os discípulos e discípulas «não têm tempo» e
seu dia corre o risco de ser muito angustiado e ansioso e, portanto, de acabar
por cansar e esgotar. De fato, a Fraternidade Cristã segue o ritmo de um
horário para dar determinados tempos para a oração e, especialmente, para que
se possa aprender a dar tempo para Deus (vacare Deo) .
A oração
deve ser entendida também como tempo para estar com o Senhor a fim de que possa
agir em nós e, entre as distrações e os trabalhos, possa invadir nossa vida,
confortá-la e guiá-la. Para que, afinal, toda a nossa existência possa
realmente pertencer-lhe.
Não deve
faltar em ninguém a convicção de que a Fraternidade Cristã se constrói a partir
da Liturgia, sobretudo da celebração da Eucaristia e de outros Sacramentos.
Entre esses merece renovada atenção o Sacramento da Reconciliação, através do
qual o Senhor reaviva nossa união com Ele e com os irmãos.
À imitação
da primeira comunidade de Jerusalém (Cf. At 2, 42), a Palavra, a Eucaristia, a
oração comum, a assiduidade e a fidelidade ao ensinamento dos Apóstolos e de
seus sucessores põem em contato com as grandes obras de Deus. Nesse contexto,
elas se tornam luminosas e geram louvor, ação de graças, alegria, união dos
corações, apoio nas comuns dificuldades da convivência cotidiana, mútuo reforço
na fé.
Infelizmente
a diminuição dos presbíteros pode tornar, em alguns lugares, impossível a
participação cotidiana na Santa Missa. Isso deve levar a compreender, sempre
mais profundamente, o grande dom da Eucaristia e a colocar no centro da vida o
Santo Mistério do Corpo e Sangue do Senhor, vivo e presente na comunidade para
sustentá-la e animá-la em seu caminho para o Pai. Daí vem a necessidade de que
cada casa tenha como centro da Fraternidade Cristã seu oratório,
onde seja possível alimentar a própria espiritualidade eucarística por meio da
oração e da adoração.
É, de
fato, em torno da Eucaristia, celebrada ou adorada, «cume e fonte» de toda a
atividade da Igreja, que se constrói a comunhão dos corações, premissa para
qualquer crescimento na fraternidade. «È aqui que deve encontrar sua origem
qualquer tipo de educação para o espírito de comunidade».
A oração
em comum alcança toda a sua eficácia quando está intimamente ligada à oração
pessoal. Oração comum e oração pessoal, de fato, estão em estreita relação e
são complementares entre si. Em toda a parte, mas especialmente em certas
regiões e culturas, é necessário sublinhar mais a importância da interioridade,
da relação filial com o Pai, do diálogo íntimo e esponsal com Cristo, do
aprofundamento pessoal do que foi celebrado e vivido na oração comunitária, do
silêncio interior e exterior que deixa espaço para que a Palavra e o Espírito
possam regenerar as profundezas mais escondidas. O discípulo que vive em
Fraternidade Cristã, alimenta sua vida, quer com o constante colóquio pessoal
com Deus quer com o louvor e a intercessão comunitária.
A oração
em comum tem sido enriquecida, nestes anos, por diversas formas de expressão e
de participação.
Particularmente
frutuosa para muitas Fraternidades Cristãs tem sido a partilha da Meditação
Orante da Palavra de Deus e das reflexões sobre a Palavra de Deus, como também
a comunicação das próprias experiências de fé e das preocupações apostólicas. A
diferença de idade, de formação ou de caráter aconselham prudência em exigi-la
indistintamente de toda a comunidade: é bom lembrar que não se podem apressar
os tempos de realização.
Onde é
praticada com espontaneidade e com o comum consenso, tal partilha nutre a fé e
a esperança, assim como a estima e a confiança mútua, favorece a reconciliação
e alimenta a solidariedade fraterna na oração.
Como para
a oração pessoal, também para a oração comunitária valem as palavras do Senhor:
«Orai sempre cessar» (Lc 18, 1; Cf. 1 Ts 5, 7) A Fraternidade Cristã vive, de
fato, constantemente diante de seu Senhor, de cuja presença deve ter contínua
consciência. Todavia, a oração em comum tem seus ritmos cuja frequência (cotidiana,
semanal, mensal, anual) é fixada pelo direito próprio de cada instituto.
A oração
em comum, que requer fidelidade a um horário, exige também e sobretudo a
perseverança: «Para que pela perseverança e pela consolação que nos vem das
Escrituras, conservemos viva nossa esperança (...), para que com um só coração
e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Rm 15,
4-6).
A
fidelidade e a perseverança ajudarão também a superar criativamente e com sabedoria
algumas dificuldades, típicas de algumas comunidades, tais como a diversidade
de trabalhos e, portanto, de horário, a sobrecarga absorvente, as diversas
fadigas.
A oração à
Bem-aventurada Virgem Maria, animada pelo amor que nos leva a imitá-la, faz com
que sua presença exemplar e materna seja de grande ajuda na fidelidade
cotidiana à oração (Cf. At 1, 14), tornando-se vínculo de comunhão para a
Fraternidade Cristã.
A Mãe do
Senhor contribuirá para configurar as Fraternidades Cristãs ao modelo de «sua»
família, a Família de Nazaré, lugar ao qual as Fraternidades Cristãs devem com
frequência transportar-se espiritualmente, porque lá o Evangelho da comunhão e
da fraternidade foi vivido de modo admirável.
Também o
impulso apostólico é sustentado e alimentado pela oração comum. Por um lado,
ela é uma força misteriosa transformante, que abraça todas as realidades para
redimir e ordenar o mundo. Por outro lado, encontra seu estímulo no ministério
apostólico: em suas alegrias e nas dificuldades cotidianas. Estas se
transformam em ocasião para procurar e descobrir a presença e a ação do Senhor.
As
Fraternidades Cristãs mais apostólicas e mais evangelicamente vivas são aquelas
que têm uma rica experiência de oração.
Num
momento como o nosso, em que se assiste a um novo despertar da busca do transcendente,
as Fraternidades Cristãs podem se tornar lugares privilegiados onde se
experimentam os caminhos que levam a Deus.
«Como
família unida no nome do Senhor (Fraternidade Cristã) é, por sua natureza, o
lugar onde a experiência de Deus deve particularmente poder se realizar em sua
plenitude e poder se comunicar aos outros»: antes de tudo aos próprios irmãos
de comunidade.
Os
discípulos de Jesus, homens e mulheres, faltarão a esse encontro com a
história, não respondendo à «busca de Deus» de nossos contemporâneos,
induzindo-os talvez a buscar em outros lugares, por caminhos errados, como
saciar sua fome de Absoluto?
5 – Liberdade pessoal e
construção da Fraternidade
«Carregai
os fardos uns dos outros; assim cumprireis a lei de Cristo» (Gl 6, 2). Em toda
a dinâmica comunitária, Cristo, em seu mistério pascal, permanece o modelo de
como se constrói a unidade. O mandamento do amor mútuo tem, de fato, nele a
fonte, o modelo e a medida: devemos amar-nos como Ele nos amou. E Ele nos amou
até dar a vida. Nossa vida é participação na caridade de Cristo, em seu amor ao
Pai e aos irmãos, um amor esquecido de si mesmo.
Mas tudo
isso não é conforme à natureza do «homem velho» que deseja, sim, a comunhão e a
unidade, mas não pretende nem está disposto a pagar-lhe o preço, em termos de
esforço e de dedicação pessoal. O caminho que vai do homem velho, que tende a
fechar-se em si mesmo, ao homem novo, que se doa aos outros, é longo e
cansativo. Os santos fundadores insistiram realisticamente sobre as
dificuldades e sobre as ciladas dessa passagem, conscientes como estavam de que
a comunidade não se pode improvisar. Ela não é coisa espontânea nem realização
que se consiga em breve tempo.
Para viver
como irmãos e irmãs é necessário um verdadeiro caminho de libertação interior.
Como Israel, libertado do Egito, tornou-se Povo de Deus depois de ter feito uma
longa caminhada no deserto sob a guia de Moisés, assim a Fraternidade Cristã
inserida na Igreja, povo de Deus, é construída por pessoas que Cristo libertou
e fez capazes de amar de seu jeito, através do dom de seu Amor libertador e da
aceitação cordial daqueles que Ele dá como seus guias.
O amor de
Cristo, difundido em nossos corações, impele a amar os irmãos e as irmãs até o
assumir suas fraquezas, seus problemas, suas dificuldades. Numa palavra: até a
doar-nos a nós mesmos.
Cristo dá
à pessoa duas fundamentais certezas: a de ser infinitamente amada e de poder
amar sem limites. Nada como a cruz de Cristo pode dar, de modo pleno e definitivo,
essas certezas e a liberdade que delas deriva. Graças a elas, o discípulo se
liberta progressivamente da necessidade de colocar-se no centro de tudo e de
possuir o outro e do medo de doar-se aos irmãos; aprende, ao contrário, a amar
como Cristo a amou, com aquele amor que agora é derramado em seu coração e a
faz capaz de esquecer-se e de doar-se como fez seu Senhor.
Em virtude
desse amor nasce a Fraternidade Cristã como um conjunto de pessoas livres e
libertadas pela cruz de Cristo.
Esse
caminho de libertação que conduz à plena comunhão e à liberdade dos filhos de
Deus exige, porém, a coragem da renuncia a si mesmo na aceitação e no
acolhimento do outro, a partir da autoridade.
Notou-se,
em mais de um lugar, que isso constituíu um dos pontos mais fracos do período
de renovação destes anos. Aumentaram os conhecimentos, estudaram-se diversos
aspectos da vida comum, mas cuidou-se menos do esforço ascético, necessário e
insubstituível para qualquer libertação capaz de fazer de um grupo de pessoas
uma fraternidade cristã.
A comunhão
é um dom oferecido que exige também uma resposta, um paciente tirocínio e um
combate para superar o espontaneismo e a instabilidade dos desejos. O altíssimo
ideal comunitário comporta necessariamente a conversão de qualquer atitude que
causasse obstáculo à comunhão.
A
Fraternidade Cristã sem mística não tem alma, mas sem ascese não tem corpo.
Exige-se «sinergia» (cooperação) entre o dom de Deus e o esforço pessoal para
construir uma comunhão encarnada, isto é, para dar carne o consistência à graça
e ao dom da comunhão fraterna.
É
necessário admitir que esse assunto causa problema hoje, tanto junto aos jovens
como junto aos adultos. Muitas vezes os jovens provêm de uma cultura que
aprecia excessivamente a subjetividade e a busca da realização pessoal,
enquanto os adultos ou estão ancorados em estruturas do passado ou vivem certo
desencanto diante do «assembleismo» dos anos passados, fonte de verbalismo e de
incerteza.
Se é
verdade que a comunhão não existe sem a oblatividade de cada um, é necessário
que se afastem desde o início as ilusões de que tudo deve vir dos outros; é
necessário que se ajude a descobrir com gratidão quanto lá se recebeu e se
está, de fato, recebendo dos outros. É bom preparar os jovens, desde o início,
para serem construtores e não somente consumidores da Fraternidade Cristã; para
serem responsáveis um pelo crescimento do outro; para estarem abertos e
disponíveis a receber um o dom do outro, capazes de ajudar e ser ajudados, de
substituir e ser substituídos.
Uma vida
comum, fraterna e partilhada, tem um natural fascínio sobre os jovens, mas
depois o perseverar nas reais condições de vida pode se tornar um pesado fardo.
A formação inicial deve, pois, levar a uma tomada de consciência dos
sacrifícios exigidos pelo viver em Fraternidade Cristã, a uma sua aceitação em
vista de um relacionamento alegre e verdadeiramente fraterno e a todas as
outras atitudes típicas de um homem interiormente livre. Quando alguém se perde
pelos irmãos, se encontra a si mesmo.
É necessário,
além disso, lembrar sempre que a realização dos discípulos e discípulas passa
através de suas Fraternidades Cristãs. Quem procura viver uma vida
independente, separada da Fraternidade Cristã, certamente não adentrou o
caminho seguro da perfeição do próprio estado.
Enquanto a
sociedade ocidental aplaude a pessoa independente que sabe realizar-se por si
mesma, o individualista seguro de si mesmo, o Evangelho exige pessoas que, como
o grão de trigo, sabem morrer a si mesmas para que renasça a vida fraterna.
Assim a
Fraternidade Cristã se torna uma «Schola Amori » (escola de amor) para jovens e
adultos, uma escola onde se aprende a amar a Deus, a amar os irmãos e as irmãs
com quem se vive, a amar a humanidade necessitada da misericórdia de Deus e da
solidariedade fraterna.
6 - Continuação
O ideal
comunitário não deve fazer esquecer que toda a realidade cristã se edifica
sobre a fraqueza humana. A «comunidade ideal», perfeita, ainda não existe: a
perfeita comunhão dos santos é meta na Jerusalém celeste.
O nosso é
o tempo da edificação e da construção contínua: sempre é possível melhorar e
caminhar juntos para a Fraternidade Cristã que sabe viver o perdão e o amor. As
comunidades, na verdade, não podem evitar todos os conflitos. A unidade que
devem construir é uma unidade que se estabelece a preço da reconciliação. A
situação de imperfeição da Fraternidade Cristã não deve desencorajar.
As
comunidades retomam cotidianamente o caminho, sustentadas pelo ensinamento dos
Apóstolos: «amai-vos uns aos outros com afeto fraterno, rivalizando em
estimar-vos mutuamente» (Rm 12, 10); «tende os mesmos sentimentos uns para com
os outros» (Rm 12, 16); «acolhei-vos, por isso, uns aos outros como Cristo vos
acolheu» (Rm 15, 7); «corrigi-vos um ao outro» (Rm 15, 14); «esperai uns pelos
outros» (1 Cor 11, 33); «por meio da caridade estejais a serviço uns dos
outros» (Gl 5, 13); «confortai-vos mutuamente» (1 Ts 5, 11); «suportando-vos
mutuamente com amor» (Ef 4,2); «sede, pelo contrário, benévolos uns para com os
outros, misericordiosos, perdoando-vos mutuamente » (Ef 4, 32); «sede submissos
uns aos outros no temor de Cristo» (Ef 5, 21); «orai uns pelos outros» (Tg 5,
16); «revesti-vos todos de humildade uns para com os outros» (1 Pd 5, 5);
«estejamos em comunhão uns com os outros» ( 1 Jo 1, 7); «não nos cansemos a
fazer o bem a todos, sobretudo aos nossos irmãos na fé» (Gl 6, 9-10).
Para
favorecer a comunhão dos espíritos e dos corações daqueles que, são chamados a
viver juntos numa Fraternidade Cristã, parece oportuno recordar a necessidade
de cultivar as qualidades requeridas em todas as relações humanas: educação,
gentileza, sinceridade, controle de si mesmo, delicadeza, senso de humorismo e
espírito de partilha.
Os
documentos do Magistério destes anos são ricos de sugestões e assinalações
úteis para a convivência comunitária, como: a alegre simplicidade, a clareza e
a confiança recíprocas, a capacidade de diálogo, a adesão sincera a uma
benéfica disciplina comunitária.
Não se
pode esquecer, enfim, que a paz e o gosto de estar juntos são um dos sinais do
Reino de Deus. A alegria de viver, mesmo em meio às dificuldades do caminho
humano e espiritual e aos aborrecimentos cotidianos, já faz parte do Reino.
Essa alegria é fruto do Espírito e envolve a simplicidade da existência e o
tecido monótono do cotidiano. Uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade
que se apaga. Muito rapidamente os membros serão tentados a procurar em outros
lugares o que não podem encontrar em casa. Uma fraternidade rica de alegria é
um verdadeiro dom do Alto aos irmãos que sabem pedi-lo e que sabem aceitar-se
empenhando-se na vida fraterna com confiança na ação do Espírito. Realizam-se
assim as palavras do Salmo: «como é bom, como é agradável os irmãos morarem
juntos... Aí o Senhor dá sua benção e a vida para sempre» (Sl 133, 1-3),
«porque quando vivem juntos fraternalmente, reúnem-se na assembléia da Igreja,
sentem-se concordes na caridade e num só querer».
Esse
testemunho de alegria constitui uma grandíssima atração para a vida religiosa, uma
fonte de novas vocações e um sustentáculo para a perseverança. É muito
importante cultivar essa alegria na comunidade religiosa: a sobrecarga de
trabalho pode apagá-la, o zelo excessivo por algumas causas pode fazê-la cair
no esquecimento, o contínuo interrogar-se sobre a própria identidade e sobre o
próprio futuro pode ofuscá-la.
Mas o
saber fazer festa juntos, o conceder-se momentos de distensão pessoal e
comunitária, o tomar distância de quando em quando do próprio trabalho, o
alegrar-se nas alegrias do irmão, a atenção solícita às necessidades dos irmãos
e irmãs, o empenho confiante no trabalho apostólico, o afrontar com
misericórdia as situações, o ir ao encontro do amanhã com a esperança de
encontrar sempre, e em qualquer caso, o Senhor: tudo isso alimenta a
serenidade, a paz, a alegria. E se torna força na ação apostólica.
A alegria
é um esplêndido testemunho do caráter evangélico de uma Fraternidade Cristã,
ponto de chegada de um caminho não isento de tribulação, mas possível, porque
sustentado pela oração: «Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes
na oração» (Rm 12, 12).
Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, 1994
Adaptado à linguagem do DJC pelo Pe.
Marcos Oliveira. Em vez de religiosos, colocamos discípulos. Em vez de
comunidade religiosa, colocamos Fraternidade Cristã.
6ª Vivência
____/ ____/ ____
Pão da Verdade
Discipulado
não é só o encontro semanal. O Discípulo de Opção Fundamental só cresce
caminhando com os irmãos na Palavra de Deus todo dia, guiado pelo Espírito
Santo, passo a passo, de temário em temário.
Refletimos
bastante sobre a importância da vida fraterna. Nessas duas semanas vamos
enfocar o alimento da caminhada, o Pão da Verdade e da Vida.
1 - No Caminho da Verdade e da Vida
Ninguém
cresce com o tempo... O discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo
Jesus com os irmãos, de passo a passo. Para tanto, ele deve ser animado por uma
Espiritualidade da Caminhada.
O
Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a
não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é,
necessariamente, uma caminhada.
Muitos
católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções,
penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas
particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e
quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E
muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que
viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O
cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e
mandamentos isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é
seguir Jesus na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado
adquire sentido se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu
conjunto, constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por
isso que, nos seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2),
porque quem segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre
animado por uma espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas
atividades e passos no dia a dia.
Na
Espiritualidade da Caminhada o primeiro alimento diário do cristão é a
Meditação Orante da Palavra de Deus. O cristão só tem uma Verdade que o ilumina
e liberta todas as dimensões da sua vida: o próprio Jesus e seu evangelho.
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará!” (Jo 8,32) Por causa desta
Verdade, ele renuncia a tudo o mais que entre em contradição com ela. Neste
sentido, quem segue Jesus não caminha nas trevas porque possui a Luz da Vida.
Na sua
oração sacerdotal em favor dos seus discípulos, erguendo os olhos ao céu, Jesus
rezou: “Pai, consagra-os com a Verdade: a Verdade é a tua Palavra. Assim como
tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. Em favor deles eu me
consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a Verdade” (Jo
17,17-19). Nossa decisão por Cristo inclui a fé e a adesão total ao seu
Evangelho. Devemos ser consagrados na sua Verdade e não caminhar nas trevas da
mentira e da ignorância. Aqui na terra, a Igreja Católica é o alicerce e a
coluna da Verdade, pois está a serviço da Palavra de Deus e do seu Reino de
amor e salvação (1Tm 3,16).
A Missa
dominical é o centro da semana do discípulo de Jesus. Jesus mesmo é a Vida, a
salvação, a cura, a libertação, a paz e a alegria que toda criatura humana
anseia desde as profundezas do seu coração e veio justamente para que todos
tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Escolher a Cristo significa
sempre optar pela vida e nunca pela morte.
De um modo
especial, é no sacramento da Eucaristia que Jesus, vida da humanidade, continua
fazendo-nos a sua entrega de amor: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem
come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria
carne, para que o mundo tenha vida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue
vive em mim e eu vivo nele. E como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo
Pai, assim, aquele que me receber como alimento viverá por mim” (Jo 6,51ss).
Jesus
confiou à sua Igreja o sublime sacramento do seu Corpo e do seu Sangue para que
todas as gerações pudessem ter acesso a salvação. Toda vez que a Igreja celebra
a Santa Missa, fazemos a memória da páscoa e o único sacrifico de Cristo na
cruz é atualizado para remissão dos nossos pecados. Se o salário do pecado é a
morte, a graça da Eucaristia é a vida em comunhão com Jesus. “Eu vivo nele e
ele passa a viver em mim!”
O cristão
não faz um monte de coisas ou fica dando passos desconcatenados entre si, sem
rumo, sem objetivo, sem sentido e sem crescimento. O cristão elege Jesus como
seu Senhor e Salvador, entra na comunidade dos discípulos que é a Igreja, segue
Jesus na companhia dos irmãos e é sustentando pela Graça de Deus na Palavra da
Verdade e no Sacramento da Eucaristia, o Pão da Vida.
É assim,
caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do Espírito Santo e com
a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce em estatura,
sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a estatura do seu
Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas soltas, sem rumo,
sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida! “A meta é
que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho
de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu
desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados
pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos
pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro.” (Ef
4,13-14)
2 - O Pão da Verdade
A
caminhada discipular, para não ficar seca no chão batido dos passos concretos,
às vezes em meio a dificuldades que normalmente aparecem na vida de qualquer
pessoa, como provações, tentações e crises diversas, deve ser – a caminhada
discipular – sempre animada por uma espiritualidade da caminhada.
Como se
cultiva realmente tal espiritualidade da caminhada, tão necessária para manter
no rumo do Evangelho e conceder força e luz? No episódio dos discípulos de
Emaús temos um exemplo dado pelo próprio Jesus, que é o nosso mestre maior na
evangelização e acompanhamento de discípulos.
Os dois
discípulos de Emaús estavam tristes, abatidos e frustrados. Jesus, com quem
tinham convivido durante três anos; de quem eram testemunhas de que por onde
passara só tinha feito bem, milagres e sinais; Jesus que tinha se tornado a razão
da existência deles, fora crucificado e sepultado.
A vida
deles já não tinha sentido e muito menos força para continuar caminhando.
Apesar de Jesus já ter objetivamente ressuscitado dos mortos, para eles ainda
estava sepultado, pois ainda não haviam feito a experiência da páscoa da
ressurreição. A fé deles ainda estava crucificada e por isso andavam se
arrastando na caminhada.
Eis que
Jesus Ressuscitado vai ao encontro deles e começa a pregar a Palavra de Deus
com muita unção e parresia. E o coração dos dois, sem que se dessem conta, ia
ardendo à medida que Jesus lhes falava. Sua fé ia sendo despertada, sua fé ia
ressuscitando. Isto é fundamental. Logo de início, além de ajudar a pessoa a
entrar de fato no seguimento de Jesus, temos que dar para ela a Palavra de
Deus. Esta Palavra é que vai abrindo caminhos de vida nova, aquecendo,
orientando, iluminando e ressuscitando, gerando a nova criatura cheia de
esperança e amor.
No DJC,
damos esta Palavra principalmente através das pregações do Siloé e nas
Meditações Orante das Fraternidades. A pessoa vai para um local de acordo com o
que aquele local oferece. Na Fraternidade do DJC não podemos trair a nossa
missão. Ela é essencialmente um grupo de Meditação Orante da Palavra de Deus e
acompanhamento de discípulos. As pessoas devem gostar de ir porque encontram a
Palavra de Deus e acompanhamento. Se oferecermos tudo, mas não a Palavra, com o
tempo o pessoal pode até ir por causa de outras coisas, mas não por causa da
Palavra. E aqueles que gostariam de recebê-la, vão procurá-la em outros
lugares. Isto não significa que não podemos ter várias maneiras criativas para
pescar novas pessoas ou motivar quem já está na caminhada. Mas uma vez na
caminhada discipular, o principal sempre será a pregação da Palavra com
autoridade e unção, e a Meditação Orante da mesma tanto nos encontros de
Fraternidades e Ministérios, como no próprio dia-a-dia do discípulos.
A Palavra
de Deus pregada ou meditada, deve se transformar em luz para a nossa vida e
lâmpada para os nossos passos. Ela deve ser sempre a base e o referencial da
nossa formação cristã, bem como o combustível das nossas orações e a espada
contra os demônios e suas obras. Isto faz com que nosso DJC não balance de um
lado para o outro ao sabor dos ventos que sopram pra todos os lados na
sociedade. E para melhorar, nossa vida com a Palavra dá-se dentro do grande
horizonte doutrinário da Igreja de Jesus, ela que é sobre a face da terra a
coluna e a base da verdade.
Por isso,
com muita unção e parresia, temos que fazer o melhor para pregar e meditar a
Palavra de Deus. Isto também inclui repassar para os discípulos nas
Fraternidades os Temários do DJC.
Eu afirmo
por experiência própria: a Palavra de Deus, se acolhida com mística, com
predisposição interior para mastigá-la e saboreá-la, seja na pregação, seja na
meditação orante, nunca se torna velha e cansativa, pois ela é sempre uma boa
nova para as atuais circunstâncias da nossa vida. Por isso é necessário
orientar os discípulos sobre o modo como deverão acolher a Palavra de Deus, e
eles mesmos também vão experimentar que ela é sempre viva e eficaz.
São Bernardo
de Claraval dizia:
Guarda a Palavra de Deus: são felizes
os que a amam!
Guarda a Palavra de Deus, de modo que
ela penetre no mais íntimo de tua alma.
Guarda a Palavra de Deus, de modo que
ela penetre nos teus sentimentos e nos teus costumes.
Alimenta tua alma com a Palavra de
Deus, e tua alma se deleitará com fartura.
Não esqueças de comer o teu pão, para
que teu coração não perca o ânimo, mas sacia tua alma com este alimento
saboroso: a Palavra de Deus.
Se guardares a Palavra de Deus, ela,
certamente, te guardará!
Em tempo:
Toda semana haja encontros
sistemáticos para oração, irmandade, partilha, formação e acompanhamento
personalizado. No DJC, o discípulo só não pode ficar perdido na massa ou só
servindo, sem ser verdadeiramente acompanhado no rumo do seu pleno crescimento
espiritual. Temos esta responsabilidade dentro da Igreja: ajudar os discípulos
a serem verdadeiros católicos, seguidores de Jesus.
O encontro da Fraternidade
Cristã na oração, no amor fraterno e na partilha da Palavra é um
verdadeiro alimento espiritual para a caminhada discipular. A caminhada
discipular não é só no encontro semanal. Mas este encontro semanal é muito
importante para balizar e alimentar a própria caminhada.
Além do encontro da Fraternidade
Cristã é muito importante o mergulho semanal no Siloé. Quem caminha na
Fraternidade de uma Missão do DJC também procure participar do Siloé toda
semana.
3 - Palavra de Deus, fonte de oração
A Igreja
ensina:
A oração não se reduz ao brotar
espontâneo dum impulso interior: para orar, é preciso querer. Tampouco basta
saber o que a Escritura revela sobre a oração: é preciso também aprender a
rezar. Ora, é através duma transmissão viva (a Tradição sagrada), que o
Espírito Santo, na «Igreja crente e orante», ensina os filhos de Deus a orar.
O Espírito Santo é a «água viva» que,
no coração orante, «jorra para a vida eterna». É Ele quem nos ensina a
recolhê-la na própria Fonte: Jesus Cristo. Ora, há na vida cristã mananciais
onde Cristo nos espera para nos dar a beber o Espírito Santo.
A Igreja «exorta com ardor e
insistência todos os fiéis [...] a que aprendam "a sublime ciência de
Jesus Cristo" (Fl 3, 8) pela leitura frequente das divinas Escrituras
[...]. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser
acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem,
porque "a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os
divinos oráculos"».
Os Padres espirituais, parafraseando
Mt 7, 7, resumem assim as disposições do coração, alimentado pela Palavra de
Deus na oração: «Procurai na leitura e achareis na meditação; batei à porta na
oração e ela abrir-se-vos-á na contemplação».
A missão de Cristo e do Espírito
Santo que, na liturgia sacramental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o
mistério da salvação, prossegue no coração de quem ora. Os Padres espirituais
comparam, por vezes, o coração a um altar. A oração interioriza e assimila a
liturgia, durante e depois da sua celebração. Mesmo quando vivida «no segredo»
(Mt 6, 6), a oração é sempre oração da Igreja; é comunhão com a Santíssima
Trindade.
Entra-se na oração como se entra na
liturgia: pela porta estreita da fé. Através dos sinais da sua presença, é a
face do Senhor que nós buscamos e desejamos, é a sua Palavra que nós queremos
escutar e guardar.
O Espírito Santo, que nos ensina a
celebrar a liturgia na expectativa do regresso de Cristo, educa-nos para orar
na esperança. E vice-versa, a oração da Igreja e a prece pessoal nutrem em nós
a esperança. Particularmente os salmos, com a sua linguagem concreta e variada,
ensinam-nos a fixar em Deus a nossa esperança: «Esperei no Senhor com toda a
confiança, e Ele atendeu-me. Ouviu o meu clamor» (Sl 40, 2). «Que o Deus da
esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de
esperança pela força do Espírito Santo» (Rm 15, 13).
«A esperança não engana, porque o
amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
dado» (Rm 5, 5). A oração, formada pela vida litúrgica, vai haurir tudo no amor
com que fomos amados em Cristo e que nos dá a graça de Lhe corresponder, amando
como Ele amou. O amor é a fonte da oração; quem bebe dessa fonte atinge os
cumes da oração:
«Eu Vos amo, ó meu Deus, e o meu
único desejo é amar-Vos até ao último suspiro da minha vida. Amo-Vos, ó meu
Deus infinitamente amável, e antes quero morrer a amar-Vos do que viver sem Vos
amar. Amo-Vos, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente
[...] Meu Deus: Se a minha língua não pode dizer a todo o momento que Vos amo,
quero que o meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro» (Santa...
Aprendemos a orar em certos momentos,
escutando a Palavra do Senhor e participando no seu mistério pascal. Mas a cada
momento, nos acontecimentos de cada dia, o seu Espírito é-nos oferecido para
fazer brotar a oração. O ensinamento de Jesus sobre a oração ao nosso Pai está
na mesma linha que o ensino sobre a providência: o tempo está nas mãos do Pai;
é no presente que nós O encontramos; não ontem nem amanhã, mas hoje: – «Quem
dera ouvísseis hoje a sua voz; não endureçais os vossos corações» (Sl 95, 7-8).
Orar nos acontecimentos de cada dia e
de cada instante é um dos segredos do Reino, revelados aos «pequeninos», aos
servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. É justo e bom orar para que
a vinda do Reino da justiça e da paz influencie a marcha da história; mas
também é importante levedar pela oração a massa das humildes situações
quotidianas. Todas as formas de oração podem ser esse fermento a que o Senhor
compara o Reino (9).
Resumindo:
É por meio duma transmissão viva,
pela Tradição, que, na Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a
orar.
A Palavra de Deus, a liturgia da
Igreja, as virtudes da fé, da esperança e da caridade são fontes da oração.
(Catecismo da Igreja, 2650ss)
4 - Salmos, escola de oração
Somente pela
oração fincamos as raízes da nossa existência em Deus, a Fonte da Vida.
O que
sustenta o Discípulo no seguimento de Jesus é a Espiritualidade da Caminhada. É
sob a moção do Espírito Santo que o discípulo persevera, mergulha nas
profundezas do amor e da verdade de Deus e assim permanece na liberdade dos
filhos e filhas de Deus.
A
espiritualidade cristã não é feita de momentos estanques, mas de passos
concatenados entre si que, no seu conjunto, fortalecem a vida interior e a
comunhão com Cristo Jesus. A espiritualidade não é só quando reservamos tempo
para a oração, mas é a vida toda vivida na Graça de Deus. Porém, justamente
para vivermos a vida toda em comunhão com Deus, é que precisamos dos momentos
de oração. Por isso a oração é o coração da Espiritualidade da Caminhada, de
modo que é impossível viver no amor de Deus se não tivermos uma vida de
oração.
É sempre
importante lembrar que a “oração não se reduz ao brotar espontâneo dum impulso
interior: para orar, é preciso querer. Tão pouco basta saber o que a Escritura
revela sobre a oração: é preciso também aprender a rezar... O Espírito Santo é
a ‘água viva’ que, no coração orante, ´jorra para a vida eterna´. É Ele quem
nos ensina a recolhê-la na própria Fonte: Jesus Cristo” (CIC, 2650s).
O livro
dos Salmos ou Saltério é um verdadeiro formulário de orações que nos ajuda a
rezar com a Palavra de Deus. Bento XVI ensina:
Os Salmos ensinam a rezar. Neles, a
Palavra de Deus transforma-se em palavra de oração — e são as palavras do
Salmista inspirado — que se torna também palavra do orante que recita os
Salmos. Estas são a beleza e a particularidade deste livro bíblico: as preces
nele contidas, diversamente de outras orações que encontramos na Sagrada
Escritura, não estão inseridas numa trama narrativa que especifica o seu
sentido e a sua função.
Os Salmos são dados ao fiel
precisamente como texto de oração, que tem como única finalidade tornar-se a
oração daqueles que os assumem e com eles se dirigem a Deus. Dado que são uma
Palavra de Deus, quem recita os Salmos fala a Deus com as palavras que o
próprio Deus nos concedeu, dirige-se a Ele com as palavras que Ele mesmo nos
doa. Deste modo, recitando os Salmos aprendemos a rezar. Eles constituem uma
escola de oração.
Algo de análogo acontece quando a
criança começa a falar, ou seja, a expressar as próprias sensações, emoções e
necessidades, com palavras que não lhe pertencem de modo inato, mas que ela
aprende dos seus pais e de quem vive ao seu redor. Aquilo que a criança quer
manifestar é a sua própria vivência, mas o instrumento expressivo pertence a
outros; e ela apropria-se do mesmo gradualmente, as palavras recebidas dos pais
tornam-se as suas palavras e através destas palavras aprende também um modo de
pensar e de sentir, acede a um inteiro mundo de conceitos, e nele cresce,
relaciona-se com a realidade, com os homens e com Deus. Finalmente, a língua
dos seus pais tornou-se a sua língua, ela fala com palavras recebidas de
outros, que já se tornaram as suas palavras.
Assim acontece com a oração dos
Salmos. Eles são-nos doados para que aprendamos a dirigir-nos a Deus, a
comunicarmos com Ele, a falar-lhe de nós com as suas palavras, a encontrar uma
linguagem para o encontro com Deus. E, através de tais palavras, será possível
também conhecer e aceitar os critérios do seu agir, aproximar-se ao mistério
dos seus pensamentos e dos seus caminhos (cf. Is 55, 8-9), de maneira a crescer
cada vez mais na fé e no amor. Do mesmo modo como as nossas palavras não são
apenas palavras, mas ensinam-nos um mundo real e conceitual, assim também estas
preces nos ensinam o Coração de Deus, pelo que não só podemos falar com Deus,
mas podemos aprender quem é Deus e, aprendendo a falar com Ele, aprendemos como
ser homens, como sermos nós mesmos.
- Oração em meio à tormenta
Quem aqui
já passou por aflições? Quem aqui já experimentou a tormenta? O Salmo 57 é uma
oração no meio da aflição:
- “Piedade, Senhor, piedade, pois em
vós se abriga a minh'alma! De vossas asas, à sombra, me achego, até que passe a
tormenta, Senhor!”
Em meio à
tormenta, tal qual como uma galinha com os seus pintinhos, Deus é nosso abrigo
e proteção. Este bom hábito de correr para Deus nos livra dos demônios, vícios
e falsos amigos.
- “Lanço um grito ao Senhor Deus
Altíssimo, a este Deus que me dá todo o bem. Que me envie do céu sua ajuda e
confunda os meus opressores! Deus me envie sua graça e verdade!”
Gritar a
Deus, pedir ajuda aos céus, confundir os opressores... Só Deus, e mais ninguém,
nos dá todo bem. Porque em meio às aflições aparecem outras alternativas que
descartam ou distanciam do Deus Único e Verdadeiro. Por isso é necessário
gritar a Ele e confundir os opressores que querem continuar oprimindo e
desviando do caminho da vida.
O que
pedir em meio às aflições? O salmista nos ensina: Pedir que Deus nos envie sua
graça e verdade. Graça da salvação, bênção da divina providência, santidade,
pão de cada dia. Verdade que nos ilumina e liberta, porque quem segue Jesus
possui a luz da vida, por que quem conhece a verdade consegue enxergar uma luz
no fim do túnel, o sentido da vida, a razão da esperança.
- “Eu me encontro em meio a leões,
que, famintos, devoram os homens; os seus dentes são lanças e flechas, suas
línguas, espadas cortantes. Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória
refulja na terra!”
Estamos em
meio a leões visíveis, os obreiros da maldade, gananciosos, falsos, fuxiqueiros
e enganadores. Mas também em meio a leões invisíveis, os demônios de Satanás
que tentam, confundem, infestam, destroem e oprimem.
Os seus dentes,
tanto dos leões visíveis como dos leões invisíveis, são lanças e flechas, suas
línguas, espadas cortantes. Não podemos ser ingênuos e deixar que lanças,
flechas e espadas do mal nos firam e arrasem. Precisamos viver em Deus e ser
envolvidos pela glória da sua Presença. Nada melhor do que todo rezar diante do
Santíssimo ou ao menos com a Meditação Orante da Palavra de Deus.
- “Prepararam um laço a meus pés, e
assim oprimiram minh'alma; uma cova me abriram à frente, mas na mesma acabaram
caindo.”
Armadilhas
são colocadas, os inimigos maquinam e oprimem a nossa alma com tristezas,
angústias e decepções. Precisamos vigiar para não cair. Pedir força a Deus para
não esmorecer. Com o tempo o mal por si mesmo se destrói. Assim nos ensina a
experiência da vida. Assim nos ensina a Palavra de Deus: “Prepararam um laço a
meus pés, e assim oprimiram minh'alma; uma cova me abriram à frente, mas na
mesma acabaram caindo.” Quem escolhe o caminho da maldade sempre será um
fracassado e cava a própria cova!
- “Meu coração está pronto, meu Deus,
está pronto o meu coração! Vou cantar e tocar para vós: desperta, minh'alma,
desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora! Vou louvar-vos,
Senhor, entre os povos, dar-vos graças, por entre as nações! Vosso amor é mais
alto que os céus, mais que as nuvens a vossa verdade! Elevai-vos, ó Deus, sobre
os céus, vossa glória refulja na terra!”
xxx
Por fim,
meus irmãos, rezar sempre, louvar a Deus, adorá-lo, bendizer o seu Santo Nome.
Dar glória somente a Ele e confiar no seu imenso amor. Orar nunca é demais.
Porque a oração que brota do coração sempre nos coloca na presença d’Ele e nos
une a Ele. Orando nos colocamos sob a proteção das asas de Deus como os
pintinhos junto à galinha. Sem oração estamos expostos a todos os tipos de
perigos (flechas, lanças e espadas) e com certeza iremos fracassar.
Repito:
orar nunca é demais, nos conserva no bem e nos livra do mal! Devemos orar
sempre, para quando a tormenta chegar, sejamos vitoriosos. É pela oração que
fincamos a âncora da esperança em Deus. Sabendo que aquele que perseverar até o
fim é que será salvo, a oração é fundamental para a vida cristã.
MOPD Salmo 57
_______________________________
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5 - Veneração da Palavra de Deus
“A Igreja sempre venerou as Sagradas
Escrituras da mesma forma que o Corpo de Cristo” (Concílio Vaticano II).
O grande
Salmo 119 demonstra de diversas maneiras como existe uma proximidade muito
grande entre a Opção Fundamental, o respeito e a prática diária das Sagradas
Escrituras. O Discípulo vive da Palavra e de acordo com a Palavra: “Como é doce
ao meu paladar a tua promessa, é mais doce do que o mel em minha boca! Com teus
preceitos sou capaz de discernir e detestar qualquer caminho mal. Quanto eu amo
a tua vontade! Eu medito nela o dia todo. Tua Palavra é lâmpada para os meus pés,
e luz no meu caminho. Javé, aceita os votos que pronuncio, e ensina-me as tuas
normas. Aplico o meu coração em praticar os teus estatutos; essa é a minha
recompensa para sempre” (Sl 119,97ss).
Somos o
Discipulado de Jesus Cristo. Nossa vocação e missão é SER e FORMAR discípulos
(Jo 15). Por isso temos o carisma da Palavra de Deus tanto na nossa
espiritualidade como no nosso trabalho de evangelização, por que a Bíblia
Sagrada tem “o poder de nos comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé
em Jesus Cristo” e ela “é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para
educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para
toda boa obra” (2Tm 3,15-16).
A devoção
pela Bíblia Sagrada se torna visível no modo como a guardamos e a transportamos
com zelo, respeito e alegria no nosso cotidiano. O andar com a Bíblia nos ajuda
a andar e viver de acordo com a Bíblia. A prática da Meditação Orante da
Palavra de Deus e celebrações com leituras feitas diretamente da Bíblia Sagrada
nos ajudam a criar toda uma espiritualidade bíblica e toda uma intimidade com o
conjunto dos Livros Sagrados. Andar com a Bíblia, interpretando-a sempre no
horizonte doutrinário da Igreja Católica, significa andar com o Poder de Deus,
o grande auxílio de que necessitamos seja para sermos discípulos, seja para
formarmos novos discípulos de Jesus no decorrer da caminhada.
A devoção
pela Bíblia faz parte da Espiritualidade do DJC. Ela é o livro de cabeceira e
de mochila do discípulo de Jesus.
Com a
Bíblia (católica e completa) na mão e os pés na missão, é desta forma que Deus
nos chama desde os inícios da nossa história como DJC. Portanto, o DJC é o
movimento da Palavra de Deus.
6 - De temário em temário
Para Jesus
Discipulado é formação. Mas não é formação só no sentido de aprender por
aprender. É formação no sentido vivencial que gera desenvolvimento integral e a
vida eterna mediante o conhecimento místico de Deus. Podemos ver esta
compreensão de Jesus sobre o discipulado no Evangelho de João:
João 17,1 Jesus ergueu os olhos ao
céu e disse: «Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho
glorifique a ti, 2 pois lhe deste poder sobre todos os homens, para que ele dê
a vida eterna a todos aqueles que lhe deste. 3 Ora, a vida eterna é esta: que
eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus
Cristo. 4 Eu te glorifiquei na terra, completei a obra que me deste para fazer.
5 E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha junto de ti
antes que o mundo existisse.»
O
conhecimento do discípulo é orante, intelectual, comunitário e vivencial ao
mesmo tempo, unindo mística, teologia e experiência no decorrer da caminhada
discipular. Tudo isso ajuda o discípulo a viver a vida eterna aqui na terra,
pois a vida eterna é esta, é conhecer o Deus Verdadeiro e aquele que ele enviou
para nos salvar, Jesus Cristo (Jo 17,3).
Os
Temários do DJC são um guia pra caminhada discipular, não são propriamente
livros de sala de aula. Os Temários vão explanando temas, orientando a
caminhada discipular de forma gradual, pro discípulo ir crescendo no Caminho da
Palavra de Deus e começar a viver a vida eterna já aqui na terra. Aquilo que
for meditado durante a semana, o discípulo irá partilhar no encontro semanal e
pedir para Deus realizar a Graça na sua vida. O que Deus revela na sua Palavra
ele deseja realizar na vida do Discípulo.
É assim,
no Caminho da Palavra de Deus, movido pelo Espírito Santo e na companhia dos
irmãos que o discípulo vai crescendo de forma integral e já vivendo a vida
eterna. Por isso, independentemente do nível cultural, idade ou tempo de
caminhada na Igreja... todos iniciam a Caminhada DJC no Temário do Reavivamento
no Espírito Santo e seguem adiante passo a passo, de temário em temário, sem
atropelar etapas e sem ficar estagnado nas mesmas.
É pra
frente que se anda! Por isso o discípulo não pode queimar temários, mas também
não pode ficar preso, atolado ou olhando para trás. Porque discipulado não é
formação abstrata de aprender por aprender, é formação orante e vivencial no
Caminho da Palavra de Deus, passo a passo, de temário em temário, sempre pra
frente e para o alto!
Todos
precisam desse crescimento. Por isso todos, sem exceção, seguem o ritmo dos
mesmos temários, sem atropelar e sem estagnar. Se por acaso alguém der um
tempo, respeita-se. Quando esta pessoa retornar, acolhe-se calorosamente, e ela
continuará a caminhada do temário em que ficou, porque passo dado é passo dado,
é pra frente que se anda!
Quando
acontecer de alguém não souber ler ou ter alguma limitação, mesmo assim deverá
adquirir o Temário, pois algum irmão poderá ajudar esta pessoa em casa. A
aquisição do temário lembrará o ritmo da caminhada para esta pessoa e que ela
tem o mesmo valor que os outros discípulos. Os seis Temários dão o ritmo da
caminhada discipular, por isso são sempre obrigatórios para todos, sem exceção.
É um pequeno investimento a cada três meses que concorrerá grandemente para o
crescimento do discípulo ao longo da jornada.
Este é o
sentido da obrigatoriedade geral dos temários para todos, sem exceção. De modo
que, sem temário, a pessoa não pode caminhar no Cenáculo e na Fraternidade
Cristã.
Discipulado
é a escola de Jesus. Os temários são necessários pra todos entenderem e
entrarem no ritmo da caminhada na Palavra de Deus. Além do mais os Temários não
são reaproveitáveis, porque cada discípulo deverá escrever as anotações e remas
nos mesmos, e guardá-los como diário espiritual no qual Deus vai orientado de
forma processual no decorrer da caminhada. O responsável também irá fazer a
vistoria semanal e assinar em cada Temário. Por isso eles sempre são de uso
pessoal e não são reaproveitáveis por outra pessoa.
- Vistoria semanal
Em tempo:
Toda semana uma Vivência
Todo Discípulo um Temário
Todo dia uma MOPD
Durante a
semana todos deverão ler as reflexões e meditar as leituras bíblicas indicadas
para cada dia. No dia da vivência irão orar no Espírito, partilhar os remas e
anotações da semana e assim, com a ajuda do responsável, aprofundarão o conhecimento
de Deus que favorece a vida eterna, o reavivamento permanente e o
desenvolvimento integral da vida cristã-batismal. Por isso, cada pessoa deve
adquirir o seu temário pessoal, pois o mesmo será muito útil para o seu
crescimento espiritual e para o acompanhamento personalizado.
O
responsável não esqueça de fazer a vistoria semanal antes ou depois do
encontro. Se a pessoa fez ao menos uma Meditação Orante da Palavra de Deus
coloca "SIM" na tabela. Se não fez nada, coloca "NÃO". Este
é um olhar semanal de acompanhamento que ajuda o discípulo a se manter
crescendo no Caminho da Palavra de Deus. Mas também ajuda o responsável a
lembrar e ver como está a caminhada de cada discípulo e aonde estão caminhando.
Como o
nome já diz, é uma vistoria, não é um julgamento e nem mesmo uma interpretação
do que o discípulo escreveu. Eu nem leio o que os meus discípulos escrevem.
Apenas vejo se estão rezando o temário ou não. Tudo mais fica entre o discípulo
e Jesus.
Vistoria
parece simples, mas é muito importante pra dar ritmo, organização e rumo na
caminhada discipular. Por isso o responsável também deverá enviar a tabela da
vistoria toda semana para os articuladores, conselheiros e acompanhantes. DJC é
escola, toda escola tem dessas coisas. Parece burocracia, mas não é. A vistoria
é ferramenta de acompanhamento semanal simples, mas eficaz!
7ª Vivência
____/ ____/ ____
Pão da Vida
Discipulado
não é só o encontro semanal. O Discípulo de Opção Fundamental só cresce
caminhando com os irmãos na Palavra de Deus todo dia, guiado pelo Espírito
Santo, passo a passo, de temário em temário.
Refletimos
bastante sobre a importância da vida fraterna e o Pão da Verdade. Nessa semana
vamos enfocar o Pão da Vida.
1 - No Caminho da Verdade e da Vida
Como refletimos
semana passada...
Ninguém
cresce com o tempo... O discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo
Jesus com os irmãos, de passo a passo. Para tanto, ele deve ser animado por uma
Espiritualidade da Caminhada.
O
Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a
não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é,
necessariamente, uma caminhada.
Muitos
católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções,
penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas
particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e
quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E
muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que
viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O
cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e
mandamentos isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é
seguir Jesus na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado
adquire sentido se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu
conjunto, constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por
isso que, nos seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2),
porque quem segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre
animado por uma espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas
atividades e passos no dia a dia.
Na
Espiritualidade da Caminhada o primeiro alimento diário do cristão é a
Meditação Orante da Palavra de Deus. O cristão só tem uma Verdade que o ilumina
e liberta todas as dimensões da sua vida: o próprio Jesus e seu evangelho.
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará!” (Jo 8,32) Por causa desta
Verdade, ele renuncia a tudo o mais que entre em contradição com ela. Neste
sentido, quem segue Jesus não caminha nas trevas porque possui a Luz da Vida.
Na sua
oração sacerdotal em favor dos seus discípulos, erguendo os olhos ao céu, Jesus
rezou: “Pai, consagra-os com a Verdade: a Verdade é a tua Palavra. Assim como
tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. Em favor deles eu me
consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a Verdade” (Jo
17,17-19). Nossa decisão por Cristo inclui a fé e a adesão total ao seu
Evangelho. Devemos ser consagrados na sua Verdade e não caminhar nas trevas da
mentira e da ignorância. Aqui na terra, a Igreja Católica é o alicerce e a
coluna da Verdade, pois está a serviço da Palavra de Deus e do seu Reino de
amor e salvação (1Tm 3,16).
A Missa
dominical é o centro da semana do discípulo de Jesus. Jesus mesmo é a Vida, a
salvação, a cura, a libertação, a paz e a alegria que toda criatura humana
anseia desde as profundezas do seu coração e veio justamente para que todos
tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Escolher a Cristo significa
sempre optar pela vida e nunca pela morte.
De um modo
especial, é no sacramento da Eucaristia que Jesus, vida da humanidade, continua
fazendo-nos a sua entrega de amor: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem
come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria
carne, para que o mundo tenha vida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue
vive em mim e eu vivo nele. E como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo
Pai, assim, aquele que me receber como alimento viverá por mim” (Jo 6,51ss).
Jesus
confiou à sua Igreja o sublime sacramento do seu Corpo e do seu Sangue para que
todas as gerações pudessem ter acesso a salvação. Toda vez que a Igreja celebra
a Santa Missa, fazemos a memória da páscoa e o único sacrifico de Cristo na
cruz é atualizado para remissão dos nossos pecados. Se o salário do pecado é a
morte, a graça da Eucaristia é a vida em comunhão com Jesus. “Eu vivo nele e
ele passa a viver em mim!”
O cristão
não faz um monte de coisas ou fica dando passos desconcatenados entre si, sem
rumo, sem objetivo, sem sentido e sem crescimento. O cristão elege Jesus como
seu Senhor e Salvador, entra na comunidade dos discípulos que é a Igreja, segue
Jesus na companhia dos irmãos e é sustentando pela Graça de Deus na Palavra da
Verdade e no Sacramento da Eucaristia, o Pão da Vida.
É assim,
caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do Espírito Santo e com
a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce em estatura,
sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a estatura do seu
Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas soltas, sem rumo,
sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida! “A meta é que
todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de
Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu
desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças,
jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina,
presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao
erro.” (Ef 4,13-14)
2 - Deus Conosco
A oração
consiste fundamentalmente num relacionamento vivo e pessoal com Deus.
Colocar-se na sua Presença, acatá-lo com reverência, acolher o seu reinado e,
então, tudo de bom é acrescentado. Desta forma, é oportuno pararmos para
meditar sobre a Presença Sacramental de Deus na Eucaristia. Foi Ele mesmo quem
a instituiu. Se assim o fez, é claro que Ele tem um grande propósito e muitas
bênçãos reservadas para nós no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Deus
não dá murro em ponta de faca. No seu plano, tudo tem um sentido, tudo tem um
propósito, tudo é providência, nada é por acaso,
Ao longo
das reflexões estamos vendo que a oração cristã não é um palavrório, mas um
relacionamento vivo, livre, consciente e amoroso com o Deus Bendito da Aliança,
Pai, Filho e Espírito Santo. Nesta mística comunhão de amor, crescemos na
amizade com Deus, Ele é glorificado e nós, abençoados. Nesta perspectiva,
oração não é nem forçar a mente e tampouco forçar os sentimentos. Isto só nos
cansa e o resultado é que passamos a fugir da oração como se fosse apenas um
fardo a mais que temos a carregar. Jesus, ao contrário, nos convida a ir até
Ele para descansarmos, pois Ele é manso e humilde de coração. Na vida temos uma
cruz a carregar, a cruz da nossa missão e da nossa responsabilidade. Mas a
oração não deve ser cruz, mas descanso. É o momento da gente refontizar a vida
na Fonte da Vida, descansar um pouco para então podermos ir adiante na nossa
vida e missão. Saco seco não se põe de pé.
O que
caracteriza a religião cristã é que o homem não pode se salvar sozinho. Devemos
fazer a nossa parte como se tudo só dependesse da gente. Mas no final, somos
salvos mesmo é pela graça de Deus. O homem não tem como chegar até Deus com as
suas próprias forças, então Deus vem até Ele cheio de amor e misericórdia.
Compete ao homem sair do chiqueiro de porcos e voltar para casa. Mas, como na
parábola do Filho Pródigo, antes mesmo de chegar, Deus o avista ao longe e
corre para abraçá-lo e levá-lo para o aconchego do lar.
Os deuses
pagãos viviam no panteão e se escondiam do homem, largados à sua própria
miséria na terra. Até se divertiam entre si às custas disso. Na Revelação
Divina desde os tempos de Abrão, o Deus Único e Verdadeiro vem ao encontro do
homem e se manifesta, propondo-lhe um pacto de salvação, uma aliança de
misericórdia e a sua bênção como herança. Por isso, Ele é o Deus Bendito da
Aliança, o Deus Amigo e Salvador do homem, a quem Ele criou à sua imagem e
semelhança precisamente para que pudesse viver em comunhão com Ele. Este é o
nosso Deus que começou a se revelar a Abraão e se manifestou plenamente na
pessoa de Jesus de Nazaré. O Deus que nos tempos de Moisés ouviu o clamor do
seu povo que era escravo no Egito, viu o seu sofrimento e desceu para
libertá-lo. O Deus dos Profetas e dos Sábios, de João Batista, Maria e de José
que caminha com o seu povo e o ajuda a chegar à Terra Prometida.
Deus criou
o homem na sua amizade. Foi o pecado quem tirou do coração do homem o Temor de
Deus e por sua vez colocou o medo de Deus. O Diabo estava e continua por detrás
de tudo aquilo que afasta a criatura do seu Criador. Mas Deus nunca se esqueceu
do homem porque o pai nunca se esquece do filho amado, mesmo que ele tenha ido
embora de forma ingrata e idolátrica. Por isso, apesar de tudo, Deus sempre
quis conviver novamente com homem e ia manifestando esta sua vontade ao longo
da história da salvação. Precisava de um tempo para vir pessoalmente ao homem,
porque o homem precisava de um tempo para se arrepender e livre e consciente
acolher o dom da salvação. Por Deus, tudo seria refeito em fração de segundos.
Mas o homem precisa fazer a sua parte, precisa dar os seus passos, pois isto
tem a ver com lei da liberdade. Para nos ter com Ele, Deus até interfere nas
leis da natureza e faz milagres, sinais do seu amor e do seu poder, porém,
jamais interfere na lei da liberdade, pois isto anularia a dignidade do próprio
homem. Relacionamento de amor só existe na liberdade, e é precisamente este
relacionamento que Deus quer estabelecer com o homem.
Já na
primeira bênção que Deus ensinou para os seus sacerdotes ministrarem sobre o
povo ele manifestava este seu desejo de novamente se relacionar com homem face
a face, assim como era no paraíso antes do pecado original, assim como será na
Pátria da Eternidade, após o arrebatamento final. “Vocês abençoarão os filhos
de Israel assim: ‘Javé o abençoe e guarde! Javé lhe mostre seu ROSTO brilhante
e tenha piedade de você! Javé lhe mostre seu ROSTO e lhe conceda a paz!’ Assim
invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm
6,22-27). Na plenitude dos tempos, quando Deus discerniu que o tempo chegara,
que uma Virgem Imaculada estava totalmente preparada para recebê-lo em nome do
seu povo, Deus enviou o seu Filho ao mundo na pessoa de Jesus de Nazaré (Gl
4,4). No mistério da encarnação, Deus arma a sua tenda e vem morar no meio de
nós (Jo 1,14). Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23), o Rosto Humano de Deus,
de modo que quem o vê, vê o Pai (Jo 14,9). A Salvação em pessoa vem ao encontro
do homem porque o homem, mesmo que fizesse de tudo, jamais conseguiria chegar
até Ele com as suas próprias forças.
3 - A Eucaristia
Jesus é
Deus Conosco que veio nos salvar para que todos tenham vida em abundância e
cheguem ao conhecimento da verdade. Ele dedicou toda a sua vida para realizar a
obra do Pai, a nossa salvação.
Mas Deus
quis mais... O amor sempre pensa em como permanecer presente na vida do amado.
Foi então que Jesus, após cumprir a sua missão salvífica que veio realizar na
terra, e antes de voltar para o Pai, instituiu o sacramento do seu Corpo e do
seu Sangue para que desta forma, o homem peregrino na história, pudesse continuar
tendo acesso a Ele. A instituição da Eucaristia é o prolongamento da Encarnação
de Deus na história da humanidade, no tempo da Igreja. Na Eucaristia temos
Jesus Cristo, o Salvador e Redentor do gênero humano.
Sobre o
Sacramento da Eucaristia, Deus também já tinha manifestado este seu desejo ao
longo da história da salvação. No Antigo testamento vemos tudo isso em forma de
figura, porque a realidade seria somente quando Jesus viesse ao mundo. De modo
especial, podemos nos lembrar do maná, o pão que caiu do céu e alimentava o
povo de Israel na travessia do deserto rumo à terra prometida (Ex 16). O maná
era uma figura da Eucaristia. Lembramo-nos também daquele pão misterioso que
confortou e alimentou o profeta Elias quando Jesabel e seus soldados estavam à
sua procura para prendê-lo e matá-lo. Na força daquele pão que o anjo trouxe do
céu, Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a Montanha de
Deus, foi salvo da morte , fez a experiência de Deus e continuou a sua missão
profética (1Rs 19). O pão que alimentou Elias também era uma figura da
Eucaristia.
No Novo
Testamento Jesus vai falar com todo realismo que Ele é o Pão da Vida no grande
capítulo 6 do seu Evangelho segundo João. Vale a pena ler todo capítulo de
ponta a ponta com calma e devoção. Aí Jesus enfatiza que o Pão que Ele nos dá
como alimento é a sua própria Carne. Que o Vinho Santo que Ele nos dá como
bebida é o seu próprio Sangue. Ou seja, Jesus nos diz que no Pão e no Vinho
consagrados temos o seu próprio Corpo e o seu próprio Sangue. Corpo e Sangue
significa a totalidade da vida de uma pessoa. Jesus nos diz que na Eucaristia
temos toda a sua vida que se dá para nós como alimento para que então possamos
viver. A mãe se dá como alimento para o filho que amamenta. Jesus se dá como
alimento para nós na Eucaristia, da mesma forma quando, uma vez por todas, se
entregou para a nossa salvação no patíbulo da cruz. Jesus dizia que que come
deste Pão e quem bebe deste Cálice permanece nele e Ele permanece em nós.
Tudo isto
é muito profundo. Mas as palavras de Jesus são realistas em todo o capítulo 6
de São João. É tanto que os judeus, e até mesmo muitos dos seus discípulos,
ficaram escandalizados com tanto realismo. Alguns foram embora, murmurando
entre si, porque essas palavras de Jesus eram duras demais. Quem as podia
compreender? De fato, ninguém pode compreender a Eucaristia. Mas sabemos que
somente Aquele que transformou a água em vinho também pode mudar o pão no seu
Corpo e o vinho no seu Sangue. Diante da Eucaristia, nossa atitude de fé seja a
mesma de Pedro. Quando Jesus os interrogou se eles também queriam ir embora,
Ele disse cheio de fé: “A quem iremos Senhor, somente tu tens Palavra de Vida
Eterna?”
4 - Sacramento da Nova Aliança
Tudo que
Jesus explicou na sinagoga de Cafarnaum (João 6), Ele colocou em prática no
Cenáculo de Jerusalém, na noite que antecedeu a sua crucifixão no Calvário. Ele
sabia que estava chegando a hora do seu sacrifício redentor da humanidade no
patíbulo da Cruz. Então, para que o mesmo sacrifício, a partir da cruz, pudesse
continuar sendo atualizado pelos seus sacerdotes em benefício de todos os
homens, de todos os tempos e de todos lugares que se sucederiam ao longo da
história, até o dia da sua segunda vinda, Ele reuniu os seus apóstolos no Cenáculo
e celebrou a primeira missa. Naquela ocasião especial, tomou um pão e, tendo
pronunciado a bênção, o partiu e disse: “Tomem e comam, isto é o meu corpo”. Em
seguida, tomou um cálice, agradeceu e deu a eles, dizendo: “Bebam dele todos,
pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de
muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26,26ss).
Jesus
concluiu aquele ritual de consagração do Pão e do Vinho dizendo por duas vezes:
“Façam isto em memória de mim” (1Cor 11,24-26). Memória na Bíblia é anamnese,
isto é, atualização daquilo que está sendo celebrado. O desejo de Jesus,
portanto, era que os seus Apóstolos continuassem celebrando aquele ritual
eucarístico para que desta forma a mesma graça do seu sacrifício de entrega na
cruz continuasse alcançando todas as pessoas ao longo da história, e não se
limitasse às pessoas vivas naquela época que estavam em Jerusalém. Uma graça
tão grande, que custou o preço do seu Sangue derramado na Cruz, não podia se
limitar a um pequeno espaço e tempo da história, mas deveria alcançar a terra
inteira e se prolongar na história até a sua segunda vinda. Por isso São Paulo
explicava aos cristãos de Corinto: “Todas as vezes que vocês comem deste pão e
bebem deste cálice, estão anunciando a morte (redentora) do Senhor, até que ele
venha” (1Cor 11,26).
Naquele
dia Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia e também o Sacerdócio. Os seus
Sacerdotes, por Ele ordenados, haveriam de poder continuar consagrando o Pão e
o Vinho no seu Corpo e no seu Sangue. A Igreja, com exceção da Sexta-feira da
Paixão, desde então, obediente à vontade do seu Mestre, celebra o Santo
Sacrifício da Missa todos os dias, em todas as horas e minutos, em diversos
lugares do mundo.
A Igreja
vive da Eucaristia e a Eucaristia é a Salvação da humanidade. Até a segunda
vinda do Salvador, é pela graça da Eucaristia que somos salvos e todos os
outros sacramentos giram em torno dela. Por isso a Eucaristia é o Santíssimo
Sacramento, o Sacramento dos Sacramentos, porque a Eucaristia é Jesus.
É fundamental
o discípulo de Jesus participar da Missa todo domingo, como sem falta, sob pena
de pecado mortal, como veremos amanhã.
5 - Obrigação do Domingo
O
Catecismo da Igreja Católica ensina:
2180. O mandamento da Igreja
determina e precisa a lei do Senhor: «No domingo e nos outros dias festivos de
preceito, os fiéis têm obrigação de participar na missa». «Cumpre o preceito de
participar na missa quem a ela assiste onde quer que se celebre em rito
católico, quer no próprio dia festivo quer na tarde do antecedente».
2181. A Eucaristia dominical
fundamenta e sanciona toda a prática cristã. É por isso que os fiéis têm
obrigação de participar na Eucaristia nos dias de preceito, a menos que estejam
justificados, por motivo sério (por exemplo, doença, obrigação de cuidar de
crianças de peito) ou dispensados pelo seu pastor. Os que deliberadamente
faltam a esta obrigação cometem um pecado grave.
2182. A participação na celebração
comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo
e à sua Igreja. Os fiéis atestam desse modo a sua comunhão na fé e na caridade.
Juntos, dão testemunho da santidade de Deus e da sua esperança na salvação. E
reconfortam-se mutuamente, sob a ação do Espírito Santo.
2183. «Se for impossível a
participação na celebração eucarística por falta de ministro sagrado ou por
outra causa grave, recomenda-se muito que os fiéis tomem parte na liturgia da
Palavra, se a houver na igreja paroquial ou noutro lugar sagrado, celebrada
segundo as prescrições do bispo diocesano, ou consagrem um tempo conveniente à
oração pessoal ou em família ou em grupos de famílias, conforme a
oportunidade».
2184. Tal como Deus «repousou no
sétimo dia, depois de todo o trabalho que realizara» (Gn 2, 2), assim a vida
humana é ritmada pelo trabalho e pelo repouso. A instituição do Dia do Senhor
contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente, que
lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa.
2185. Aos domingos e outros dias
festivos de preceito, os fiéis abstenham-se de trabalhos e negócios que impeçam
o culto devido a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor, a prática das obras
de misericórdia ou o devido repouso do espírito e do corpo. As necessidades
familiares ou uma grande utilidade social constituem justificações legítimas em
relação ao preceito do descanso dominical. Mas os fiéis estarão atentos a que
legítimas desculpas não introduzam hábitos prejudiciais à religião, à vida de
família e à saúde. «O amor da verdade procura o ócio santo: a necessidade do
amor aceita o negócio justo».
2186. Os cristãos que dispõem de
tempos livres lembrem-se dos seus irmãos que têm as mesmas necessidades e os
mesmos direitos, e não podem descansar por motivos de pobreza e de miséria. O
domingo é tradicionalmente consagrado, pela piedade cristã, às boas obras e aos
serviços humildes dos doentes, enfermos e pessoas de idade. Os cristãos também
santificarão o domingo prestando à sua família e vizinhos tempo e cuidados difíceis
de prestar nos outros dias da semana. O domingo é um tempo de reflexão, de
silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida
interior e cristã.
2187. Santificar os domingos e festas
de guarda exige um esforço comum. Todo o cristão deve evitar impor a outrem,
sem necessidade, o que possa impedi-lo de guardar o Dia do Senhor. Quando os
costumes (desporto, restaurantes, etc.) e as obrigações sociais (serviços
públicos, etc.) reclamam de alguns um trabalho dominical, cada um fica com a
responsabilidade de um tempo suficiente de descanso. Os fiéis estarão atentos,
com moderação e caridade, para evitar os excessos e violências originados às
vezes nas diversões de massa. Não obstante as pressões de ordem económica, os
poderes públicos preocupar-se-ão em assegurar aos cidadãos um tempo destinado
ao repouso e ao culto divino. Os patrões têm obrigação análoga para com os seus
empregados.
6 - Adorar Jesus Eucarístico
A grande
bênção de Deus é Jesus Salvador. E Jesus está no meio de nós no sacramento da
Eucaristia. Então, a maior de todas as bênçãos é a Bênção do Santíssimo
Sacramento. Cada comunhão que fazemos na Missa, por si mesma, já é a grande
bênção cujas graças são incontáveis. Além disso, toda as vezes que nos
colocamos diante do sacrário, é diante de Jesus mesmo que estamos nos
colocando. Ele permanece prisioneiro por amor a nós. Ele é o Sol da Justiça que
nos cura com os seus raios, como dizia o profeta Zacarias: “Para vocês que
temem a Javé brilhará o Sol da Justiça, que cura com os seus raios!” (3,20)
Temer a
Deus é diferente de ter medo de Deus. Temor é dom do Espírito Santo que nos faz
acatar a Majestade de Deus com reverência, respeitar sua Presença, colocar-se
humilde e agradecido diante dele como criatura diante do seu Criador. “Para
vocês que temem a Javé brilhará o Sol da Justiça, que cura com os seus raios!”
Diante da Revelação de Deus sobre a grandeza que é a Eucaristia, temer
significa correr para os seus pés, recebê-la como alimento, adorar e
contemplar. É importante cultivar esta dádiva.
Precisamos
ter o bom hábito de sempre nos colocar na presença do Rei. Sem concentração.
Sem forçar sentimentos. Apenas se colocar na presença dele com gratidão,
atenção, respeito e reverência. Olhar para Ele, e deixar Ele olhar amorosamente
para nós, assim como acontecia com aquele humilde camponês da Paróquia de Santo
Cura D’Ars. Dar-lhe tempo. Colocar-se ao lado dele com Nossa Senhora. Meditar a
sua Palavra diante da sua presença. Falar para Ele da nossa vida, apresentar-lhe
nossos agradecimentos e pedidos. Como o sol bronzeia a pessoa que a ele se
expõe, o Sol da Justiça também aquece, ilumina, conforta e cura aqueles que se
colocam diante dele. Nossa parte é se colocar de corpo e alma na presença de
Jesus. Ele mesmo, que é manso e humilde coração, nos acolhe e nos envolve no seu
amor.
Nele está
a Fonte da Vida, na sua luz contemplamos a Luz! Jesus é o Caminho, a Verdade e
a Vida! Ele se dá em alimento para nós nas Sagradas Escrituras (Pão da Verdade)
e na Eucaristia (Pão da Vida)
9ª Vivência
____/ ____/ ____
Opção Fundamental
Cada grau
de participação no DJC é uma evolução humana e espiritual, rumo à santidade,
porque esta é a vontade de Deus a nosso respeito: "Sede santos como eu sou
Santo!"
Uma
ascensão dos campos do corpo e da alma para viver cada vez mais em espírito, no
Espírito. Mas tudo começa pra valer na Opção Fundamental. Às vezes pensamos que
a Opção Fundamental é o passo mais simples na caminhada discipular enquanto que,
na verdade, é o passo mais importante. Tudo mais depende dessa Opção
Fundamental que Deus requer da nossa parte e que ele sempre respeita.
1 - O homem,
uma unidade pluridimensional
Queremos
iniciar a reflexão sobre a Opção Fundamental a partir do sujeito que deverá
fazê-la livre e consciente na Presença de Deus, porque sem estes dois atributos
da liberdade e da consciência não existe Opção Fundamental verdadeira que
redunde em crescimento espiritual.
O ponto de
partida é sempre a Palavra de Deus. Por isso peço para você meditar 1
Tessalonicenses 5,23-24: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que
todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá.
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!”
Conforme
está escrito, Deus nos chama à santidade. Ser plenamente humano. Ser tão bom
como éramos antes do pecado original. Ser santo é ser bom. Ser santo é ser
verdadeiramente feliz e realizado na Graça de Deus.
O homem
chamado à santidade é uma UNIDADE PLURIDIMENSIONAL. Ou seja, a criatura humana
possui três dimensões antropológicas constitutivas do seu ser:
Espírito – Pneuma
Alma – Psiqué
Corpo – Soma
O espírito
(pneuma) é a primeira e principal dimensão do ser humano, que o faz ir além do
aspecto físico e animal, ir além do mundo, transcendendo sempre na direção
sobrenatural de Deus. É através do espírito que o homem se relaciona com Deus e
é nas profundezas do espírito que Deus se relaciona com o homem.
Só Deus
consegue ir às profundezas do nosso ser, só Deus pode conhecer e se relacionar
com o nosso espírito no solo sagrado da consciência e da razão. O homem não tem
espírito. O homem é espírito enquanto renasceu na Graça e vive em comunhão com
Deus através da fé e do amor, da razão e da consciência.
A alma
(psiqué) é a dimensão da inteligência, vontade e emoções. É ela que anima o
nosso corpo, daí porque o homem é um animal, ou seja, um ser animado.
Porém,
para o homem ser feliz de verdade, sua alma deve ser alimentada pelo espírito,
pela Graça e pela Verdade de Deus. Caso contrário, ficaremos só no espaço da
inteligência natural e dos sentimentos. O homem não deve ser só um ser animal
racional. Para ser plenamente realizado, ele deve transcender a vida animal
natural e viver a vida espiritual, que é sobrenatural.
Se o homem
viver só das emoções naturais ele vai se animalizando até se corromper na carne
(sarx). Mas se ele viver na comunhão com Deus, ele vai se tornando um ser
espiritual plenamente realizado na Graça de Deus. A alma pode tender para a
carne (sarx) ou para o espírito (pneuma). Dependendo da inclinação, seremos um
ser carnal ou espiritual.
Quando a
alma humana rejeita a Graça de Cristo e se fecha totalmente para ele, o homem
se torna um ser carnal mundano, ignorante e egoísta. Vai atrofiando e se
corrompendo cada vez mais nos seus instintos carnais, paixões desordenadas,
baixarias e imundícies, até chegar à morte, pois o salário do pecado é a morte.
Quem nasce
da carne é carne, mas quem nasce do Espírito é espírito (Jo 3). Por isso
precisamos muito do Batismo no Espírito para não apodrecermos na carne, mas
vivermos vida nova em Jesus, o nosso Salvador.
O corpo é
o aspecto material e visível do homem, a sua personalidade, o seu rosto, o modo
como ele existe no tempo e no espaço. É através do corpo que vemos, ouvimos,
falamos, sentimos, agimos e nos relacionamos com as outras pessoas no cenário
da história e da sociedade. O homem não tem um corpo. O homem é corpo, com uma
personalidade própria e irrepetível para cada indivíduo, ao mesmo tempo que
todos os homens têm a mesma dignidade humana.
Vivemos no
corpo. Que o nosso corpo seja animado pela alma, no espírito. Se formos
animados só pela inteligência do mundo, vontade humana e emoções, vamos nos
corrompendo até apodrecermos na carne, porque feridos pelo pecado, nossa inteligência
nem sempre alcança a verdade, a nossa vontade nem sempre é a melhor para a
nossa verdadeira felicidade e nossas emoções nem sempre são equilibradas e
ordenadas para o verdadeiro bem.
Precisamos
viver esta vida presente no corpo não só na força da alma natural, na alma
psíquica, mas no espírito, sempre transcendendo para o amor e a verdade de
Deus, porque aí Deus nos alimenta com o pão do céu e nos ilumina. Então temos a
força e a luz para sermos plenamente realizados na vocação para a qual Ele mesmo
nos chamou, que é a santidade. Como dizia São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou
eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim!” (Gl 2,20)
MOPD 1 Tessalonicenses 5,23-24
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2 - Opção Fundamental
livre e consciente
Para ser
feliz e plenamente realizado o homem deve ser conservado irrepreensível nessas
três dimensões do seu ser, espírito, alma e corpo. Como está escrito, o Deus
que nos chamou para a felicidade e a santidade é FIEL e realizará tudo isso
(1Tes 5,23s). Porém, como ele nos criou à sua imagem e semelhança, ele mesmo é
o primeiro a respeitar a nossa liberdade.
Cristo nos
libertou para que sejamos verdadeiramente livres. Que essa liberdade, porém,
não se torne desculpa para vivermos servindo os instintos carnais (Gl 5,1.13s).
É Deus quem nos dá a Graça para sermos plenamente realizados, mas devemos
cooperar com ele, com toda nossa liberdade e consciência através da Opção
Fundamental e atos concretos que testifiquem e fortaleçam esta Opção
Fundamental por Ele no dia a dia da nossa existência corpórea.
Quando
fazemos nossa Opção Fundamental por Deus, fazemos realmente a escolha
fundamental de viver no princípio do espírito, em sintonia com o Espírito de
Deus. Quando fazemos a Opção Fundamental pelo mundo e suas ilusões, decidimos
viver na escravidão da carne e em sintonia com o príncipe deste mundo, que é
Satanás.
Gl 5,16 Por isso é que lhes digo:
vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos carnais
desejam. 17 Porque os instintos carnais têm desejos que estão contra o
Espírito, e o Espírito contra os instintos carnais; os dois estão em conflito,
de modo que vocês não fazem o que querem. 18 Mas, se forem conduzidos pelo
Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei. 19 Além disso, as obras dos
instintos carnais são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, 20
idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão,
sectarismo, 21 inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito o
que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. 22 Mas o
fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé,
23 mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei. 24 Os que
pertencem a Cristo crucificaram os instintos carnais junto com suas paixões e
desejos. 25 Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do
Espírito. 26 Não sejamos ambiciosos de glória, provocando-nos mutuamente e
tendo inveja uns dos outros.
Tudo
depende da Opção Fundamental que fazemos na vida. Se vivemos a vida no corpo
animados pelo princípio do espírito humano em comunhão com o Espírito de Deus
seremos plenamente realizados na Graça de Deus. Mas se decidimos viver a vida
presente no corpo animados pelas ilusões desse mundo e fechados na carne, não
teremos a vida.
MOPD Gálatas 5,16-26
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3 - Somos o que decidimos ser
Nós
cooperamos com a Graça de Deus seguindo Jesus, sendo discípulo de Jesus.
Discipulado é seguir Jesus de passo a passo e deixar-se ser modelado pelo
Espírito de Jesus no corpo, na alma e no espírito.
Cada grau de
participação no DJC é uma evolução humana e espiritual. Uma ascensão dos campos
do corpo e da alma para viver cada vez mais em espírito, no Espírito. Mas tudo
começa pra valer na Opção Fundamental. Às vezes pensamos que a opção
fundamental é o passo mais simples na caminhada discipular enquanto que, na
verdade, é o passo mais importante, porque tudo mais depende dessa Opção
Fundamental que Deus requer da nossa parte e que ele sempre respeita.
Convido
para relermos Mateus 9,9-13:
Partindo dali, Jesus viu um homem
chamado Mateus, que estava sentado na coletoria. Disse-lhe: Vem e segue-me! O
homem levantou-se e o seguiu. Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem,
numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus
discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come
vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?" Jesus, ouvindo isto,
respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim
os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a
misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os
pecadores."
O episódio
do chamado de Mateus ilumina a Opção Fundamental. Jesus não chama quem já é
santo, perfeito e formado. Ele chama pecadores: "Eu não vim chamar os
justos, mas os pecadores." Porém, é necessário que o pecador escute o
chamado de Cristo, seja tocado pelo seu amor e decida conviver com ele e seguir
os seus passos. Jesus não chama o pecador para o pecado. Jesus chama para viver
vida nova com ele, fora do mundo e do pecado.
Mateus
escutou o chamado de Jesus, levantou-se e o seguiu. Mateus conheceu o amor de
Deus e fez a sua Opção Fundamental por Jesus e seu evangelho.
Após o
Reavivamento no Espírito Santo a pessoa é chamada por Jesus a fazer a sua Opção
Fundamental. Sem o encontro pessoal com Jesus e o batismo no Espírito a opção
fundamental nunca é bem feita. Só faz Opção Fundamental de verdade quem decide
deixar o mundo e seguir Jesus. Mateus teve que se levantar para seguir Jesus
Cristo. Mateus ainda não era santo e formado. Mas depois que encontrou Jesus
teve que fazer a sua opção fundamental por Ele e segui-lo. Só assim ele foi
evoluindo, crescendo em santidade e no conhecimento de Deus. É fundamental a
pessoa encontrar Jesus e ser batizada no Espírito para fazer uma verdadeira
Opção Fundamental.
Quanto a
nós, não devemos julgar. Compete a nós convidar para o Reavivamento no Espírito
Santo e Opção Fundamental. Compete a nós evangelizar. Sempre vamos confiar na
opção da pessoa. Nunca vamos julgar se fez de verdade ou não. É sempre algo
entre Mateus e Jesus!
A pessoa
não faz a Opção Fundamental por que já é santa, perfeita e formada. A pessoa
faz pra crescer em santidade no Caminho da Palavra de Deus. Porém, só faz Opção
Fundamental de verdade quem encontrou Jesus e foi batizado no Espírito durante
o Reavivamento no Espírito Santo.
A Opção
Fundamental é o passo mais importante da Caminhada Discipular. Tudo mais que vem
pela frente depende dessa Opção. Por isso quem vai fazer a Opção Fundamental
deve rezar bastante para dar o grande passo com muita consciência e liberdade.
Lá na frente quem desanimou, está na noite escura da acídia ou da tentação, o
remédio é pedir o Espírito Santo e renovar a Opção Fundamental no sacrário do
seu coração.
- Liberdade rima com maturidade
O
Discípulo só cresce se for batizado no Espírito e fizer uma verdadeira Opção
por Jesus e pelo Evangelho. Aqui vemos a rica colaboração entre a graça de Deus
e liberdade humana.
A Opção
Fundamental é a escolha primeira que direcionará a nossa vida por este ou
aquele caminho, e que também subordinará todas as outras alternativas que
aparecerão na trajetória da nossa existência. Ou seja, tudo o mais que vou
decidir na minha vida, o próprio modo como vou viver, vai depender da Opção
Fundamental que eu fiz. Desde coisas simples: se vou ou não a uma festa, se
compro ou não uma revista. Até coisas mais importantes como o exercício da
cidadania, permanecer no amor ou no ódio, o modo como vou criar os meus filhos,
a maneira como devo namorar ou manter a vida conjugal, etc. A minha vida deve
ser coerente com a Opção Fundamental que eu fiz!
A Opção
Fundamental está no início de tudo e interfere em todas dimensões da nossa vida
pessoal, familiar e comunitária. Por isso ela é tão importante. Ela molda o
nosso estilo de vida e constrói a nossa personalidade. A pessoa é aquilo que
optou ser... Em última análise, o homem não é produto do meio em que vive ou de
um destino traçado antes mesmo de ser concebido, mas o resultado da sua Opção
Fundamental.
O homem é
essencialmente um ser de escolhas porque é livre e consciente. Responsável
pelas suas decisões, pelo seu SIM ou pelo seu NÃO, o homem é um ser moral. No
plano natural a moralidade é o que o diferencia dos outros animais.
A
maturidade humana é alcançada quando a pessoa é responsável e coerente com as
suas próprias decisões. Antes disso, temos uma criança, um adolescente, uma
pessoa imatura que ainda precisa crescer e assumir a responsabilidade da sua
própria vida e também pela vida dos seus dependentes. O animal não tem
possibilidade de escolhas verdadeiras visto que é limitado por seus instintos.
Já a pessoa humana consegue transcender as determinações naturais e culturais e
fazer escolhas por isto ou por aquilo, seja certo ou errado. Por isso somente o
homem é verdadeiramente livre e quanto mais maduro for, mais livre será.
Liberdade não tem nada a ver com libertinagem, irresponsabilidade ou
acomodação. Liberdade rima com maturidade, capacidade de fazer opções
conscientes e ser responsável por elas.
A Opção
Fundamental ajuda o homem a ser maduro, a sair do campo da carne para o campo
do espírito, no Espírito de Deus, de forma gradual, livre, consciente e
responsável!
MOPD Mateus, 9,9-13
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4 - Opção pelo Amor na Verdade
Deus se
propõe. Deus não impõe e nem se impõe! O relacionamento que Ele deseja ter com
a gente dá-se no horizonte da liberdade e no plano da consciência, até chegar
ao nosso coração. O Amor respeita a liberdade do amado, sobretudo no que se
refere no amor a Ele, porque não existe amor verdadeiro fora da liberdade.
No shemá
(= Ouça, Israel!), está presente a Opção Fundamental que devemos fazer por
Deus, a qual é uma opção de amor: “Ouça, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Portanto, ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda
a sua alma, com todo seu entendimento e com toda a sua força” (Dt 6,4-5). E
Jesus acrescentou: “E ame ao seu próximo como a si mesmo!” (Mc 12,28-34;). Deus
nos propõe uma aliança radical de amor com Ele (aliança vertical) e de amor
fraterno com o próximo (aliança horizontal)... Amá-lo com todo coração, alma,
entendimento e força. E ao próximo como a si mesmo!
Aquele que
faz a Opção Fundamental por Jesus está decidindo realmente que vai amar a Deus
acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. É uma opção radical e exclusiva
para uma aliança de amor radical e exclusiva. “Vocês não sabem que amizade com
o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus”
(Tg 4,4).
Aquele que
opta por Jesus decide encaminhar toda a sua existência no rumo da Verdade e da
Vida (Jo 14,6). Significa que vai seguir os passos de Jesus e aprender com o
seu exemplo de vida. É impossível percorrer dois caminhos ao mesmo tempo. Ou
vai pela esquerda ou pela direita, ou vai por aqui ou por acolá. Você não pode
optar por Cristo e seguir o caminho de Satanás. Isto seria uma incoerência
terrível e desmiolada! “Quem diz que está com Deus deve comportar-se como Jesus
se comportou” (1Jo 2,6).
A Opção
Fundamental por Jesus Cristo é, por natureza, radical e exclusiva. Aquele que
se faz discípulo de Jesus pertence única e exclusivamente a Jesus e só tem um
caminho na vida: o próprio Jesus, o seu Evangelho e a sua Igreja. A imitação de
Cristo vai plasmando uma vida nova na fé semelhante ao que o Apóstolo Paulo
dizia: “Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim. Esta vida que agora
vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim!”
(Gl 2,20)
O
importante é acertar o alvo da glória de Deus e da nossa plena realização
humana. Optar por Cristo e segui-lo! Pode até levar topada ou queda. Pode até
se cansar, sentar um pouco e depois continuar. Mas o importante é que, um passo
após outro, a caminhada no seguimento de Cristo está sendo feita e levará
infalivelmente ao Reino de Deus. Disso resulta que o importante não é só
caminhar, mas caminhar no Caminho que é Cristo, caminhar seguindo os seus
passos. Depois, mesmo que a pessoa caia ou tropece, Deus vê que ela está caminhando,
que ela optou verdadeiramente por Cristo e isto sempre será levado em conta.
“Aquele que perseverar até o fim será salvo!”
Uma pessoa
não chega ao céu ou ao inferno com apenas um passo. Vai depender do caminho que
escolheu, da Opção Fundamental que fez durante a sua vida. Por exemplo: se a
pessoa caminhou sempre no seguimento de Jesus e levar uma queda bem perto da
morte, será que vai para o inferno? Tenho certeza de que o Pai das
Misericórdias vai levar em conta mais a Opção Fundamental que fez e na qual deu
passos durante toda a sua vida do que a fraqueza de última hora!
Da mesma
forma, embora nunca devamos justificar os pecados, devemos sempre olhar mais a
Opção Fundamental de uma pessoa do que este ou aquele passo tropo que tenha
dado. Mas é claro: se eu insisto em sempre dar passos errados e até mesmo a me
acostumar com o pecado, então, na verdade, já saí ou estou saindo da Opção
Fundamental por Cristo e adentrando por outros caminhos... Posso dizer que fiz
Opção por Cristo, mas o modo como estou vivendo está demonstrando justamente o
contrário, que fiz a opção pelo pecado e pelo mundo.
Então,
Opção Fundamental por Jesus não é só questão de intenção ou de palavra, mas
algo bem concreto e real, que exige realmente passos concretos no Caminho do Evangelho.
Deve ser uma Opção pelo Amor de verdade e na Verdade. “Não amemos com palavras
nem com a língua, mas com obras e de verdade” (1Jo 3,18). “Vocês não sabem que
amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é
inimigo de Deus” (Tg 4,4). “Quem diz que está com Deus deve comportar-se como
Jesus se comportou” (1Jo 2,6). "Ama (de verdade e na Verdade) e faze o que
quiseres!" (Santo Agostinho) Amor sem verdade vira sentimentalismo.
MOPD Tiago 4,1-10
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5 - Opção fundamental
e os comportamentos concretos
A Igreja
ensina sobre a opção fundamental e os comportamentos concretos que devem
acompanhá-la na Encíclica Veritatis Splendor de São João Paulo II:
O
interesse pela liberdade, hoje particularmente sentido, induz muitos estudiosos
de ciências, quer humanas quer teológicas, a desenvolver uma análise mais
profunda da sua natureza e dos seus dinamismos. Salienta-se acertadamente que a
liberdade não é só a escolha desta ou daquela ação particular; mas é também,
dentro duma tal escolha, decisão sobre si mesmo e determinação da própria vida
a favor ou contra o Bem, a favor ou contra a Verdade, em última análise, a
favor ou contra Deus. Justamente se destaca a elevada importância de algumas
opções, que dão «forma» a toda a vida moral de um homem, configurando-se como o
sulco dentro do qual poderão encontrar espaço e incremento as demais escolhas
quotidianas particulares.
Alguns
autores, porém, propõem uma revisão bem mais radical da relação entre pessoa e
atos. Falam de uma «liberdade fundamental», mais profunda e diversa da
liberdade de escolha, fora da qual não se poderiam compreender nem julgar
corretamente os atos humanos. De acordo com esses autores, o papel chave na
vida moral deveria ser atribuído a uma «opção fundamental», atuada por aquela liberdade
fundamental, com que a pessoa decide globalmente de si própria, não através de
uma escolha determinada e consciente a nível reflexo, mas de maneira
«transcendental» e «atemática». Os atos particulares, derivados desta opção,
constituiriam somente tentativas parciais e nunca decisivas de exprimi-la,
seriam apenas «sinais» ou sintomas dela. Objeto imediato destes atos — diz-se —
não é o Bem absoluto (diante do qual se exprimiria, a nível transcendental, a
liberdade da pessoa), mas são os bens particulares (também chamados
«categoriais»). Ora, segundo a opinião de alguns teólogos, nenhum destes bens,
por sua natureza parciais, poderia determinar a liberdade do homem como pessoa
na sua totalidade, mesmo que o homem só pudesse exprimir a própria opção fundamental,
mediante a sua realização ou a sua recusa.
Deste
modo, chega-se a introduzir uma distinção entre a opção fundamental e as
escolhas deliberadas de um comportamento concreto, uma distinção que, nalguns
autores, assume a forma de uma separação, já que eles restringem expressamente
o «bem» e o «mal» moral à dimensão transcendental própria da opção fundamental,
qualificando como «justas» ou «erradas» as escolhas de comportamentos
particulares «intramundanos», isto é, referentes às relações do homem consigo
próprio, com os outros e com o mundo das coisas. Parece assim delinear-se, no
interior do agir humano, uma cisão entre dois níveis de moralidade: por um
lado, a ordem do bem e do mal que depende da vontade, e, por outro, os
comportamentos determinados, que são julgados como moralmente justos ou
errados, somente em função de um cálculo técnico da proporção entre bens e
males «pré-morais» ou «físicos», que efetivamente resultam da ação. E isto até
ao ponto de um comportamento concreto, mesmo escolhido livremente, ser considerado
como um processo simplesmente físico, e não segundo os critérios próprios de um
ato humano. O resultado a que se chega, é reservar a qualificação propriamente
moral da pessoa à opção fundamental, subtraindo-a total ou parcialmente à
escolha dos atos particulares, dos comportamentos concretos.
Não há
dúvida que a doutrina moral cristã, em suas mesmas raízes bíblicas, reconhece a
importância específica de uma opção fundamental que qualifica a vida moral e
que compromete radicalmente a liberdade diante de Deus. Trata-se da escolha da
fé, da obediência da fé (cf. Rm 16,26), pela qual «o homem entrega-se total e
livremente a Deus prestando "a Deus revelador o obséquio pleno da
inteligência e da vontade"». Esta fé, que opera mediante a caridade (cf.
Ga 5,6), provém do mais íntimo do homem, do seu «coração» (cf. Rm 10,10), e daí
é chamada a frutificar nas obras (cf. Mt 12,33-35 Lc 6,43-45 Rm 8,5-8 Ga 5,22).
No Decálogo ao início dos diversos mandamentos, aparece a cláusula fundamental:
«Eu sou o Senhor, teu Deus...» (Ex 20,2), a qual, imprimindo o sentido original
às múltiplas e variadas prescrições particulares, assegura à moral da Aliança
uma fisionomia de globalidade, unidade e profundidade. A opção fundamental de
Israel refere-se então ao mandamento fundamental (cf. Jos 24,14-25 Ex 19,3-8 Mi
6,8). Também a moral da Nova Aliança está dominada pelo apelo fundamental de
Jesus para O «seguir» — assim diz Ele ao jovem: «Se queres ser perfeito (...)
vem e segue-me» (Mt 19,21) —: a este apelo, o discípulo responde com uma
decisão e escolha radical. As parábolas evangélicas do tesouro e da pérola
preciosa, pela qual se vende tudo o que se possui, são imagens eloquentes e
efetivas do carácter radical e incondicionado da opção exigida pelo Reino de
Deus. A radicalidade da escolha de seguir Jesus está maravilhosamente expressa
nas suas palavras: «O que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que
perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á» (Mc 8,35).
O apelo de
Jesus «vem e segue-Me» indica a máxima exaltação possível da liberdade do homem
e, ao mesmo tempo, atesta a verdade e a obrigação de atos de fé e de decisões
que se podem designar como opção fundamental. Uma análoga exaltação da
liberdade humana, encontramo-la nas palavras de S. Paulo: «Vós, irmãos, fostes
chamados à liberdade» (Ga 5,13). Mas o Apóstolo acrescenta imediatamente uma
grave admoestação: «Não tomeis, porém, a liberdade como pretexto para servir a
carne». Nesta advertência, ressoam as suas palavras precedentes: «Cristo nos
libertou, para que permaneçamos livres. Ficai, portanto, firmes e não vos
submetais outra vez ao jugo da escravidão» (Ga 5,1).
O apóstolo
Paulo convida-nos à vigilância: a liberdade está sempre ameaçada pela insídia
da escravidão. E é precisamente este o caso de um ato de fé — no sentido de uma
opção fundamental — que seja separado da escolha dos atos particulares,
conforme opinavam as tendências acima recordadas.
Estas
tendências são, pois, contrárias ao ensinamento bíblico, que concebe a opção
fundamental como uma verdadeira e própria escolha da liberdade e une
profundamente uma tal escolha com os atos particulares. Pela opção fundamental,
o homem é capaz de orientar a sua vida e tender, com a ajuda da graça, para o
seu fim, seguindo o apelo divino. Mas esta capacidade exercita-se, de facto,
nas escolhas particulares de atos determinados, pelos quais o homem se conforma
deliberadamente com a vontade, a sabedoria e a lei de Deus. Portanto, deve-se
afirmar que a chamada opção fundamental, na medida em que se diferencia de uma
intenção genérica e, por conseguinte, ainda não determinada numa forma
vinculante da liberdade, realiza-se sempre através de escolhas conscientes e
livres. Precisamente por isso, ela fica revogada quando o homem compromete a sua
liberdade em escolhas conscientes de sentido contrário, relativas a matéria
moral grave.
Separar a
opção fundamental dos comportamentos concretos, significa contradizer a
integridade substancial ou a unidade pessoal do agente moral no seu corpo e
alma. Uma opção fundamental, que não considere explicitamente as
potencialidades que põe em ato e as determinações que a exprimem, não se ajusta
à finalidade racional imanente ao agir do homem e a cada uma das suas escolhas
deliberadas. Na verdade, a moralidade dos atos humanos não se deduz somente da
intenção, da orientação ou opção fundamental, interpretada no sentido de uma
intenção vazia de conteúdos vinculantes bem determinados ou de uma intenção à
qual não corresponda um esforço real nas distintas obrigações da vida moral. A
moralidade não pode ser julgada, se se prescinde da conformidade ou oposição da
escolha deliberada de um comportamento concreto relativamente à dignidade e à
vocação integral da pessoa humana. Cada escolha implica sempre uma referência da
vontade deliberada aos bens e aos males, indicados pela lei natural como bens a
praticar e males a evitar. No caso dos preceitos morais positivos, a prudência
tem sempre a função de verificar a sua oportunidade numa determinada situação,
por exemplo tendo em conta outros deveres quem sabe mais importantes ou
urgentes. Mas os preceitos morais negativos, ou seja, os que proíbem alguns
atos ou comportamentos concretos como intrinsecamente maus, não admitem
qualquer legítima excepção; eles não deixam nenhum espaço moralmente aceitável
para a «criatividade» de qualquer determinação contrária. Uma vez reconhecida,
em concreto, a espécie moral de uma ação proibida por uma regra universal, o
único ato moralmente bom é o de obedecer à lei moral e abster-se da ação que
ela proíbe.
Deve-se
acrescentar aqui uma importante consideração pastoral. Pela lógica das posições
acima descritas, o homem poderia, em virtude de uma opção fundamental,
permanecer fiel a Deus, independentemente da conformidade ou não de algumas das
suas escolhas e dos seus atos determinados com as normas ou regras morais
específicas. Devido a uma opção originária pela caridade, o homem poderia
manter-se moralmente bom, perseverar na graça de Deus, alcançar a própria
salvação, mesmo se alguns dos seus comportamentos concretos fossem deliberada e
gravemente contrários aos mandamentos de Deus, reafirmados pela Igreja.
Na
verdade, o homem não se perde só pela infidelidade àquela opção fundamental,
pela qual ele se entregou «total e deliberadamente a Deus». Em cada pecado mortal
cometido deliberadamente, ele ofende a Deus que deu a lei e torna-se, portanto,
culpável perante toda a lei (cf. Jc 2,8-11); mesmo conservando-se na fé, ele
perde a «graça santificante», a «caridade» e a «bem-aventurança eterna». «A graça
da justificação — ensina o Concílio de Trento —, uma vez recebida, pode ser
perdida não só pela infidelidade que faz perder a mesma fé, mas também por
qualquer outro pecado mortal».
MOPD Segunda Carta aos Coríntios
5,1-10 _________________________
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6 - Pecado mortal e venial
A Igreja continua
ensinando sobre a opção fundamental e os comportamentos concretos que devem
acompanhá-la na Encíclica Veritatis Splendor de São João Paulo II:
As
considerações em torno da opção fundamental induziram, como acabamos de ver,
alguns teólogos a submeterem também a profunda revisão a distinção tradicional
entre pecados mortais e pecados veniais. Eles sublinham que a oposição à lei de
Deus, que causa a perda da graça santificante — e, no caso de morte neste
estado de pecado, a eterna condenação — pode ser somente o fruto de um ato que
empenhe a pessoa na sua totalidade, isto é, um ato de opção fundamental.
Segundo esses teólogos, o pecado mortal, que separa o homem de Deus,
verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um nível da liberdade que
não é identificável com um ato de escolha, nem alcançável com consciência
reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil, pelos menos
psicologicamente, aceitar o fato de que um cristão, que quer permanecer unido a
Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e
repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma «matéria» dos seus atos. Seria
igualmente difícil aceitar que o homem é capaz, num breve espaço de tempo, de
romper radicalmente o ligame de comunhão com Deus e, sucessivamente, converter-se
a Ele por uma sincera penitência. É necessário, portanto, — dizem — medir a
gravidade do pecado mais pelo grau de empenho da liberdade da pessoa que
realiza um ato do que pela matéria de tal ato.
A
Exortação Apostólica pós-sinodal Reconciliatio et paenitentia reiterou a
importância e a permanente atualidade da distinção entre pecados mortais e
veniais, conforme a tradição da Igreja. E o Sínodo dos Bispos de 1983, donde
procedia tal Exortação, «não só reafirmou tudo o que foi proclamado no Concílio
de Trento sobre a existência e a natureza dos pecados mortais e veniais, mas
quis ainda lembrar que é pecado mortal aquele que tem por objeto uma matéria
grave e que, conjuntamente, é cometido com plena advertência e consentimento
deliberado».
A afirmação
do Concílio de Trento não considera só a «matéria grave» do pecado mortal, mas
lembra também, como sua condição necessária, «a plena advertência e o
consentimento deliberado». De resto, quer na teologia moral quer na prática
pastoral, são bem conhecidos os casos onde um ato grave, por causa da sua
matéria, não constitui pecado mortal devido à falta de plena advertência ou do
consentimento deliberado de quem o realiza. Por outro lado, «há-de evitar-se
reduzir o pecado mortal a um ato de "opção fundamental" — como hoje
em dia se costuma dizer — contra Deus», entendendo com isso quer um desprezo
explícito e formal de Deus e do próximo, quer uma recusa implícita e não
reflexa do amor. «Dá-se, efetivamente, o pecado mortal também quando o homem,
sabendo e querendo, por qualquer motivo escolhe alguma coisa gravemente
desordenada. Com efeito, numa escolha assim já está incluído um desprezo do
preceito divino, uma rejeição do amor de Deus para com a humanidade e para com
toda a criação: o homem afasta-se de Deus e perde a caridade. A orientação
fundamental pode, pois, ser radicalmente modificada por atos particulares.
Podem, sem dúvida, verificar- -se situações muito complexas e obscuras sob o
ponto de vista psicológico, que influem na imputabilidade subjetiva do pecador.
Mas, da consideração da esfera psicológica, não se pode passar para a
constituição de uma categoria teológica, como é precisamente a da "opção
fundamental", entendendo-a de tal modo que, no plano objetivo, mudasse ou
pusesse em dúvida a concepção tradicional de pecado mortal».
Deste
modo, a separação entre opção fundamental e escolhas deliberadas de
determinados comportamentos — desordenados em si próprios ou nas circunstâncias
— que não a poriam em causa, supõe o desconhecimento da doutrina católica sobre
o pecado mortal: «Com toda a tradição da Igreja, chamamos pecado mortal a este
ato, pelo qual o homem, com liberdade e advertência rejeita Deus, a sua lei, a
aliança de amor que Deus lhe propõe, preferindo voltar-se para si mesmo, para
qualquer realidade criada e finita, para algo contrário ao querer divino
(conversio ad creaturam). Isto pode acontecer de modo direto e formal, como nos
pecados de idolatria, apostasia e ateísmo; ou de modo equivalente, como em
qualquer desobediência aos mandamentos de Deus em matéria grave».
A relação
entre a liberdade do homem e a lei de Deus, que encontra a sua sede íntima e
viva na consciência moral, manifesta-se e realiza-se nos atos humanos. É
precisamente através dos seus atos que o homem se aperfeiçoa como homem, como homem
chamado a procurar espontaneamente o seu Criador e a chegar livremente, pela
adesão a Ele, à perfeição total e beatífica.
Os atos
humanos são atos morais, porque exprimem e decidem a bondade ou malícia do
homem que realiza aqueles atos. Eles não produzem apenas uma mudança do estado
das coisas externas ao homem, mas, enquanto escolhas deliberadas, qualificam
moralmente a pessoa que os faz e determinam a sua profunda fisionomia
espiritual, como sublinha sugestivamente S. Gregório de Nissa: «Todos os seres
sujeitos a transformação nunca ficam idênticos a si próprios, mas passam
continuamente de um estado a outro por uma mudança que sempre se dá, para o bem
ou para o mal (...) Ora, estar sujeito a mudança é nascer continuamente (...)
Mas aqui o nascimento não acontece por uma intervenção alheia, como se dá nos
seres corpóreos (...) Aquele é o resultado de uma livre escolha e nós somos
assim, de certo modo, os nossos próprios pais, ao criarmo-nos como queremos, e,
pela nossa escolha, dotarmo-nos da forma que queremos».
A
moralidade dos atos é definida pela relação da liberdade do homem com o bem
autêntico. Um tal bem é estabelecido como lei eterna pela Sabedoria de Deus,
que ordena cada ser para o seu fim: esta lei eterna é conhecida tanto pela razão
natural do homem (e assim é «lei natural»), como — de modo integral e perfeito
— através da revelação sobrenatural de Deus (sendo assim chamada «lei divina»).
O agir é moralmente bom quando as escolhas da liberdade são conformes ao
verdadeiro bem do homem e exprimem, desta forma, a ordenação voluntária da
pessoa para o seu fim último, isto é, o próprio Deus: o bem supremo, no Qual o
homem encontra a sua felicidade plena e perfeita.
A pergunta
inicial da conversa do jovem com Jesus: «Que devo fazer de bom para alcançar a
vida eterna?» (Mt 19,16), põe imediatamente em evidência o nexo essencial entre
o valor moral de um ato e o fim último do homem. Na sua resposta, Jesus
confirma a convicção do seu interlocutor: a realização de atos bons, mandados
por Aquele que «só é bom», constitui a condição indispensável e o caminho para
a bem-aventurança eterna: «Se queres entrar na vida eterna, cumpre os
mandamentos» (Mt 19,17). A resposta de Jesus com o apelo aos mandamentos
manifesta também que o caminho para o fim último está assinalado pelo respeito
das leis divinas que tutelam o bem humano. Só o ato conforme ao bem pode ser
caminho que conduz à vida.
A
ordenação racional do ato humano para o bem na sua verdade e a procura
voluntária deste bem, conhecido pela razão, constituem a moralidade. Portanto,
o agir humano não pode ser considerado como moralmente bom só porque destinado
a alcançar este ou aquele objetivo que persegue, ou simplesmente porque a
intenção do sujeito é boa. O agir é moralmente bom, quando atesta e exprime a
ordenação voluntária da pessoa para o fim último e a conformidade da ação
concreta com o bem humano, tal como é reconhecido na sua verdade pela razão. Se
o objeto da ação concreta não está em sintonia com o verdadeiro bem da pessoa,
a escolha de tal ação torna a nossa vontade e nós próprios moralmente maus e,
portanto, põe-nos em contraste com o nosso fim último, o bem supremo, isto é, o
próprio Deus.
O cristão,
pela Revelação de Deus e pela fé, conhece a «novidade» que caracteriza a
moralidade dos seus atos; estes são chamados a exprimir a coerência ou a sua
falta relativamente àquela dignidade e vocação, que lhe foram dadas pela graça:
em Jesus Cristo e no Seu Espírito, o cristão é «criatura nova», filho de Deus,
e, mediante os seus atos, manifesta a sua conformidade ou discordância com a
imagem do Filho que é o primogénito entre muitos irmãos (cf. Rm 8,29), vive a
sua fidelidade ou infidelidade ao dom do Espírito e abre-se ou fecha-se à vida
eterna, à comunhão de visão, de amor e de bem-aventurança com Deus Pai, Filho e
Espírito Santo. 123 Cristo «forma-nos à sua imagem — escreve S. Cirilo de
Alexandria —, de modo a fazer brilhar em nós os traços da sua natureza divina
mediante a santificação, a justiça, e a retidão de uma vida conforme à virtude (...)
Assim, a beleza desta imagem incomparável resplandece em nós, que estamos em
Cristo, e nos revelamos pessoas de bem pelas nossas obras».
Neste
sentido, a vida moral possui um essencial carácter «teleológico», visto que
consiste na ordenação deliberada dos atos humanos para Deus, sumo bem e fim
(telos) último do homem. Comprova-o, mais uma vez, a pergunta do jovem a Jesus:
«Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?». Mas esta ordenação ao fim
último não é uma dimensão subjetivista, que depende só da intenção. Ela
pressupõe que aqueles atos sejam em si próprios ordenáveis a um tal fim,
enquanto conformes ao autêntico bem moral do homem, tutelado pelos mandamentos.
É o que lembra Jesus na resposta ao jovem: «Se queres entrar na vida eterna,
cumpre os mandamentos» (Mt 19,17).
Evidentemente
deve ser uma ordenação racional e livre, consciente e deliberada, baseado na
qual o homem é «responsável» dos seus atos e está sujeito ao juízo de Deus,
juiz justo e bom, que premeia o bem e castiga o mal, como nos lembra o apóstolo
Paulo: «Todos, com efeito, havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito,
enquanto estava no corpo» (2Co 5,10).
MOPD Mateus 19,16-26
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10ª Vivência
____/ ____/ ____
Coragem,
vem ser cristão!
São João
Paulo II diz que “o esplendor da Verdade brilha em todas as obras do Criador,
particularmente no homem criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26): a
verdade ilumina a inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste modo,
é levado a conhecer e amar o Senhor.”
Nessa
semana queremos refletir sobre as condições para seguir Jesus, o Caminho, a
Verdade e a Vida. Jesus não engana o discípulo e é muito realista desde os
inícios. Porém, ele garante que se Deus nos chama a uma altíssima vocação, Ele
mesmo vem em nosso auxílio para podermos realizá-la. De fato, conforme a sua
benevolência, Deus faz em nós o QUERER e o FAZER (Fl 2,12s). Por isso,
continuemos confiando na Graça de Deus e seguindo os passos de Jesus sem nos
desviarmos nem pela direita e nem pela esquerda. Coragem, vem ser cristão!
1 - Entrar pela porta do
Reino e perseverar
Vemos que
só a intenção da Opção Fundamental não é suficiente para a salvação. Devemos
dar passos concretos que levam a Deus, acolhendo a Graça, praticando o bem e
renunciando o pecado. De modo que, no decorrer da caminhada, sempre devemos
renovar a nossa opção fundamental por Deus, ao mesmo tempo que lutamos contra o
pecado e pedimos perdão quando cairmos em matéria grave. A meditação orante da
Palavra de Deus, o sacramento da confissão e a Eucaristia são costumeiros na
vida de quem fez uma verdadeira opção por Jesus e seu Evangelho.
Deus criou
o homem pluridimensional (espírito, alma e corpo) e livre. Sendo assim, o ser
humano é responsável pelos seus atos e decisões, sobretudo pela Opção
Fundamental que fizer na vida. É na opção fundamental que a liberdade humana se
realiza de forma concreta e dá sentido à sua existência. Se decide para viver a
vida em espírito, no Espírito de Deus, será feliz. Mas, se decide viver a vida
na carne, fechado no seu mundo, será infeliz. A salvação é dom de Deus, mas
passa por uma livre escolha do ser humano.
Jesus não
engana ninguém e ensina que largo e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e
são muitos que entram por ele. Enquanto que é estreito o caminho que conduz à
verdadeira vida, e são poucos que por ele entram.
A decisão
fundamental por Deus é chamada no Evangelho de porta estreita (Mt 7,13s),
porque realmente o ser humano deverá renunciar muitas paixões carnais
desordenadas e seduções do mundo para viver a vida em Deus, em espírito, no
Espírito. Além de entrar pela porta estreita, também deverá sempre renovar a
Opção Fundamental para se manter no caminho do Reino, porque há quem entre pela
porta estreita e volte atrás. Aquele que perseverar até o fim é que será salvo!
Por isso,
para que a nossa Opção Fundamental não fique no plano das intenções enquanto
que nossa vida vai dando passos concretos para o “nada”, a Igreja ensina que esta
mesma opção fundamental por Deus é seguida de passos concretos que conduzem a
Deus, tirando a vida da carne para o espírito. Em outras palavras, se digo que
fiz a Opção Fundamental por Jesus, mas os meus passos são no caminho do mundo,
na verdade, não fiz Opção por ele, porque meus passos mundanos desmentem o que
estou dizendo. Realmente, nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor” entrará no
Reino do céu, mas aquele que escutar e praticar a Palavra de Deus! (Mt 7,21).
Nós somos
o que optamos ser na Graça do Espírito Santo. A Opção Fundamental é ato supremo
da liberdade humana auxiliada pela Graça de Deus que conduz o homem para a
maturidade e verdadeira felicidade.
Não tenha
medo de tudo que refletimos até agora. Realmente, importa ser batizado, entrar
pela Porta do reino e perseverar. Batismo no Espírito e Opção Fundamental são
im-pres-cin-dí-veis! "Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá. A graça
de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!” (1Tes 5,24)
MOPD Mateus 7,13-14
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2 - Seguir Jesus com alegria
Tendo
criado o homem livre e consciente, Deus sempre se relaciona com cada um de nós
no amor e na liberdade. São duas condições que Ele não abre mão, pois isto tem
a ver com a nossa dignidade e plena realização humana e cristã.
Por isso,
ao vir ao mundo realizar a vontade do Pai, que quer que todos sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade, Jesus sempre respeitou a dignidade de cada
pessoa humana desde os inícios do relacionamento com Ele, desde o primeiro
olhar, desde o primeiro chamado. Em Jesus Deus nunca impõe, sempre propõe, pois
foi para a liberdade que Cristo no libertou e onde está o Espírito do Senhor aí
está a liberdade.
O
discipulado de Jesus propriamente dito começa na Opção Fundamental por Ele e o
Reino de Deus. Jesus chama, “Vem e segue-me”, mas espera a resposta e a decisão
de cada um e de cada uma para segui-lo, ou não.
Meditemos
o Evangelho:
Mateus 4,18 Jesus andava à beira do
mar da Galiléia, quando viu dois irmãos: Simão, também chamado Pedro, e seu
irmão André. Estavam jogando a rede no mar, pois eram pescadores. 19 Jesus
disse para eles: «Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de homens.» 20 Eles
deixaram imediatamente as redes, e seguiram a Jesus. 21 Indo mais adiante,
Jesus viu outros dois irmãos: Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca
com seu pai Zebedeu, consertando as redes. E Jesus os chamou. 22 Eles deixaram
imediatamente a barca e o pai, e seguiram a Jesus. 23 Jesus andava por toda a
Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e
curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24 E a fama de Jesus
espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes atingidos por
diversos males e tormentos: endemoninhados, epiléticos e paralíticos. E Jesus
os curou. 25 Numerosas multidões da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da
Judéia e do outro lado do rio Jordão começaram a seguir Jesus.
Neste
Evangelho vemos que Jesus chama a todos, desde aqueles que serão apóstolos,
como Pedro, Tiago e João, mas também as multidões: “Numerosas multidões da
Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do rio Jordão
começaram a seguir Jesus" (Mt 4,25). Tudo isto é muito didático e
significativo. O que faz a pessoa ser discípulo de Jesus é o chamado de Deus,
pois Ele nos ama e nos chama por primeiro, e a decisão, a Opção Fundamental por
Ele e o seu Reino de amor e de salvação. Com isto o discípulo entra em um
caminho de crescimento. Irá crescer de passo em passo convivendo com Jesus e os
irmãos, na escuta da Palavra e na graça do Espírito Santo. Mas no início de
tudo está a Opção Fundamental livre, consciente e amorosa por Jesus, pois Ele é
o Caminho, a Verdade e a Vida.
A Opção
Fundamental é, como o nome já diz, fundamental. É fundamental inclusive para
Deus, pois Ele não pode fazer nada se não decidirmos por Ele. Deus poderia nos
forçar a sermos dele, até nos seduz para isto, mas prefere esperar nossa
resposta, pois o amor exige a liberdade, caso contrário, não é amor de verdade.
Como dizia o profeta Jeremias: “Seduziste-me, Senhor, e EU ME DEIXEI SEDUZIR!”
Além de ser
fundamental para Deus, esta Opção também é fundamental para nós. A pessoa só
cresce se quiser crescer. Vamos evangelizar com parresia, semear muito para
colher muito, pois quem semeia pouco colhe pouco, interceder pelas pessoas que
evangelizamos pois os demônios entram em ação para confundir o discernimento do
chamado, incentivar, motivar... Devemos fazer a nossa parte da melhor forma
como se tudo dependesse só de nós, mas no final, temos que esperar e acolher a
decisão da pessoa se ela quer seguir Jesus, ou não. Jesus e São Paulo faziam
assim. Hoje não podemos fazer diferente, pois o discipulado começa de verdade é
na Opção Fundamental.
O Batismo
no Espírito reaviva, mas quem coloca a pessoa no Caminho de Cristo é a Opção
Fundamental. “Vem e segue-me!”, dizia Jesus, porque tudo o mais depende da
Opção Fundamental!
Hoje
queremos reforçar o lembrete da alegria porque, como nos lembra o Papa
Francisco, “A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles
que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do
pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo,
renasce sem cessar a alegria.” (Evangelii Gaudium,1)
O próprio
Senhor Jesus também enfatizava esta alegria do Evangelho: “Se vocês ficam
unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será
concedido a vocês. A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos
frutos e se tornam meus discípulos. Assim como meu Pai me amou, eu também amei
vocês: permaneçam no meu amor. Se vocês obedecem aos meus mandamentos,
permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e
permaneço no seu amor. Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em
vocês, e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15,7ss).
Seguir
Jesus com alegria, sim, com murmuração, não! Como dizia São Paulo: “Continuem
trabalhando com temor e tremor, para a salvação de vocês. De fato, é Deus que
desperta em vocês a vontade e a ação, conforme a sua benevolência. Façam tudo
sem murmurações e sem críticas, para serem inocentes e íntegros, como perfeitos
filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde vocês
brilham como astros no mundo, apegando-se firmemente à Palavra da vida... Eu
fico contente e me alegro com todos vocês. Assim, também vocês fiquem contentes
e se alegrem comigo” (Fl 2,12ss).
MOPD João 15,7-11
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3 - Recomeçar sempre
com humildade
Além da
alegria, é muito importante seguir Jesus com humildade, porque só o humilde
caminha de verdade (Santa Tereza). O humilde caminha de verdade porque caminha
com os pés no chão da realidade, caminha na Verdade. Ele sabe dos seus valores
mas também das suas limitações. Já o orgulhoso é cheio de ilusões e pensa que
sabe tudo e já é perfeito. Isto lhe fecha no seu mundo de trevas e corrupção.
Deus eleva
o humilde e derruba o orgulhoso da sua prepotência e soberba. Quem quer seguir
Jesus deve ser muito humilde para acolher a Verdade e a Vida em Cristo Jesus e
deixar-se ser modelado pela Graça de Deus no decorrer da caminhada.
Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reno de Deus!
O humilde
caminha na verdade e por isso sempre recomeça a caminhar após uma queda ou
tropeço. No segundo livro de SAMUEL, capítulos 11 e 12, encontramos a história
da queda de Davi. O mesmo ungido que venceu Golias e tornou-se o grande rei de
Israel, agora cai pela força do seu próprio pecado. O que venceu Golias com
cinco pedrinhas, agora tropeça na pedra do próprio pecado...
O pecado
sempre começa pela mente, entra no coração, fermenta os pensamentos e
sentimentos e só depois se torna um fato consumado. Uma vez consumado, gera a
queda, gera a morte. Por isso precisamos vigiar sempre, porque por detrás do
pecado estão nossa concupiscência, as seduções do mundo e tentações de Satanás
e seus demônios.
Com Davi
aconteceu assim. Numa tarde, levantando-se da cama, foi passear no terraço do
palácio. Viu uma mulher muito bonita tomando banho. Era Betsabéia, esposa de
Urias. Davi fez com que ela fosse levada ao seu encontro e adulterou com ela. O
pecado endurece o coração e vai crescendo dentro do pecador que não se
arrepende. Depois vamos ver Davi tramando um pecado muito maior do que o
adultério, a morte de Urias, para então ficar com Betsabéia. E assim aconteceu.
Deus não
aprovou o erro de Davi e a espada da morte entrou na sua família. O pecado
sempre gera consequências negativas. O salário do pecado sempre é a morte. Por
isso, Deus e a Igreja insistem na necessidade do arrependimento e da conversão
permanente. Até Davi caiu. Nós também podemos cair e temos consciência de que
já caímos muitas vezes.
Mas o
projeto de Deus não pode parar nem em nós e nem através de nós. Por isso se faz
necessário sempre recomeçar, reconhecendo o pecado, pedindo perdão e fazendo de
tudo para não pecar mais. Sempre recomeçar crendo no amor de Deus e confiando
na sua misericórdia!
Podemos
recomeçar sempre após a queda porque Deus está disposto a nos perdoar. Se Deus
não fosse misericordioso não tínhamos como ter esperança. Mas ele foi
misericordioso com o Davi arrependido e também será misericordioso com cada um
de nós, desde que nos arrependamos e coloquemos os nossos pés dentro do seu
projeto de salvação.
Da
linhagem de Davi nasceu Jesus, o Salvador da Humanidade e Rei Eterno, conforme
Deus prometera. Permitamos que o projeto de Deus também não pare no nosso
pecado. Peçamos perdão, isto é tudo, e Ele nos perdoará. Quando decidimos
recomeçar após o pecado, Deus também recomeça a operar na nossa vida com a sua
Graça.
Não
deveríamos errar o alvo e pecar, mas quem diz que não tem pecado é mentiroso.
Nessa terra ninguém consegue caminhar sem escorregar. Recomeçar com humildade
faz parte da opção fundamental.
MOPD Segundo livro de Samuel
11,1-17______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4 - Onde está o teu tesouro,
aí estará o teu coração!
No Sermão
da Montanha Jesus continua orientando os seus discípulos e as multidões acerca
de como deverão viver. Vemos que a Opção Fundamental está subjacente ao modo de
vida que escolhemos viver, pois onde está o nosso tesouro aí está o nosso
coração.
Coração
significa o centro dos sentimentos mas também a sede da vontade e das decisões.
O que elegemos como mais valioso para a nossa vida será portanto, aonde estará
centrado o nosso coração, o nosso olhar, as nossas ações, pensamentos e
investimentos. Direcionaremos todo nosso tempo e força para o que é mais
valioso para nós. Se for Deus, o amaremos acima de todas as coisas com todo
nosso coração, como toda nossa alma e com toda nossa vontade. Se for o dinheiro
(mamom) ou outros ídolos que o mundo oferece também faremos o mesmo.
Mt 6,19 «Não ajuntem riquezas aqui na
terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam.
20 Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os
ladrões não assaltam nem roubam. 21 De fato, onde está o seu tesouro, aí estará
também o seu coração. 22 A lâmpada do corpo é o olho. Se o olho é sadio, o
corpo inteiro fica iluminado. 23 Se o olho está doente, o corpo inteiro fica na
escuridão. Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será grande a escuridão!
24 Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro,
ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e às
riquezas.»
No
Evangelho acima se fala mais da opção fundamental pelo dinheiro a quem o idólatra passa a dedicar toda a sua vida numa
verdadeira consagração de tudo que é, e de tudo o que tem, ao deus Mamon. Se
preciso for, sacrifica a sua própria vida e a vida de outros pelo deus
dinheiro. Isto acontece muito hoje em dia. Vemos pessoas muito ricas ou com
muitos títulos, mas que não são felizes de verdade e nem constroem a verdadeira
alegria da sua família e da sociedade. Pessoas que vivem para TER e esquecem de
SER.
O sentido
da vida não está nos bens materiais. Importante sempre vigiar contra a cobiça e
a ganância pra não perder a sobriedade diante dos bens materiais porque a
cobiça é ignorância e idolatria (Col 3,5).
Porém, existem outros tipos de opções fundamentais que também são
verdadeiras ignorâncias e idolatrias e afastam do Deus Único e Verdadeiro, como
o futebol, partido político, vícios, ideologias, artistas, o próprio eu ou
outra pessoa. Só em Deus temos a vida e a liberdade. Fora de Deus o homem só
encontra a morte e a escravidão. Por isso Jesus nos ensina a direcionarmos toda
nossa existência para a vontade de Deus e confiarmos plenamente na sua Divina
Providência.
Mt 6,25 «Por isso é que eu lhes digo:
não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que
vestir. Afinal, a vida não vale mais do que a comida? E o corpo não vale mais
do que a roupa? 26 Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem
ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Será que
vocês não valem mais do que os pássaros? 27 Quem de vocês pode crescer um só
centímetro, à custa de se preocupar com isso? 28 E por que vocês ficam
preocupados com a roupa? Olhem como crescem os lírios do campo: eles não
trabalham nem fiam. 29 Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua
glória, jamais se vestiu como um deles. 30 Ora, se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, muito mais ele fará por
vocês, gente de pouca fé! 31 Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que
vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? 32 Os pagãos é que ficam
procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês
precisam de tudo isso. 33 Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de
Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. 34
Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas
preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade.»
É isto a
opção fundamental genuinamente cristã. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar
e tudo o mais nos será acrescentado! É o
mesmo que São Paulo vai ensinar aos cristãos colossenses:
Col 3,1 “Se vocês foram ressuscitados
com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de
Deus. 2 Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. 3 Vocês estão
mortos, e a vida de vocês está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo se
manifestar, ele que é a nossa vida, então vocês também se manifestarão com ele
na glória. 5 Façam morrer aquilo que em vocês pertence à terra: fornicação,
impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria.”
O idólatra
do dinheiro ou outros ídolos não vive, mas é possuído pelos ídolos. Trabalho,
estudo, lazer, tudo isto é importante, desde que não se torne uma escravidão
que tire do caminho da salvação. Quem só tem tempo para o trabalho, estudo e
lazer já está dando passos no caminho da idolatria. Deve redirecionar a sua
vida para o Deus Vivo antes que seja tarde demais. Também devem fazer morrer a
fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça, que é uma idolatria.
Temos que fazer a nossa parte para vivermos com dignidade, inclusive reservando
tempo para o trabalho, estudo e lazer. Mas de tal forma que isto não nos tire
do Caminho de Deus e da convivência com os irmãos na comunidade.
MOPD Mateus 6,19-24
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5 - “Filhinhos, cuidado
com os ídolos...”
Estamos
nos preparando para a opção fundamental por Jesus dentro do DJC. Isto nos
coloca de frente com a questão da idolatria porque a adoração dos ídolos vazios
também nos torna vazios, fere a nossa dignidade, escraviza, cega e corrompe.
Voltamos ao tema da idolatria porque ela é muito sorrateira e presente no mundo
em que vivemos. Se não vigiarmos, tornamo-nos idólatras sem nos darmos conta de
tanta ignorância e escravidão. A idolatria atrofia nossa vida com Deus e
dispersa a Opção Fundamental. Ela é a serpente sempre à espreita querendo dar o
bote e nos envenenar. Por isso, "filhinhos, cuidado com os ídolos..."
(1Jo 5,21)
A
idolatria sempre foi combatida na Bíblia Sagrada e gerou muitos males para o
povo de Deus, inclusive os exílios da Assíria e da Babilônia. Porque a essência
da idolatria é trocar a glória do Deus Vivo pela glória dos ídolos imundos
fabricados pelos homens e pelos demônios. Existe uma correlação muito grande
entre a idolatria e os males que recaem sobre a sociedade, de tal modo que a
idolatria é tida como fonte de toda corrupção e de todo mal. Porque você vive
conforme a quem você adora. Se adoramos a Deus, cumprimos a sua Palavra e temos
a vida. Se adoramos os ídolos, imitamos os seus exemplos, obedecemos ao que
ensinam e temos a morte.
Meditemos
a Palavra de Deus no Primeiro Livro dos Reis:
1Rs 17,6 No ano nove do reinado de
Oséias, o rei da Assíria tomou Samaria e deportou os israelitas para a Assíria.
7 Tudo isso aconteceu porque os israelitas pecaram contra Javé seu Deus, que os
havia tirado da terra do Egito e libertado da opressão do Faraó, rei do Egito.
Eles adoraram outros deuses, 8 e seguiram os costumes das nações que Javé havia
expulsado diante deles. 9 Os israelitas fizeram contra Javé seu Deus coisas que
não deveriam ter feito: construíram para si lugares altos em todas as suas
cidades, tanto nas torres de vigia como nas cidades fortificadas; 10 levantaram
para si estelas e postes sagrados sobre todas as colinas altas e debaixo de
toda árvore frondosa; 11 queimaram incenso em todos os lugares altos, como
faziam as nações que Javé havia expulsado diante deles; cometeram ações más,
provocando a ira de Javé; 12 adoraram os ídolos, embora Javé tivesse dito: «Não
façam isso». 13 Javé tinha advertido Israel e Judá, por meio de todos os
profetas e videntes, dizendo: «Convertam-se do seu mau comportamento, e
obedeçam aos meus mandamentos e estatutos, de acordo com toda a Lei que dei a
seus antepassados e que lhes transmiti através de meus servos, os profetas». 14
Eles, porém, não obedeceram e foram mais teimosos ainda que seus antepassados,
que não tinham acreditado em Javé seu Deus. 15 Desprezaram os estatutos dele e
a aliança que ele havia feito com seus antepassados, bem como as advertências
que lhes havia feito. Correram atrás de ídolos vazios, e se esvaziaram,
imitando as nações vizinhas, coisa que Javé lhes tinha proibido. 16 Rejeitaram
todos os mandamentos de Javé seu Deus; fabricaram ídolos de metal fundido, os
dois bezerros de ouro; fizeram um poste sagrado; adoraram todo o exército do
céu e prestaram culto a Baal. 17 Sacrificaram no fogo seus filhos e filhas,
praticaram a adivinhação e a magia, e se venderam para praticar o mal diante de
Javé, provocando a ira dele. 18 Então Javé ficou irritado contra Israel, e o
atirou para longe de si. Restou apenas a tribo de Judá..
Em
Ezequiel capítulo 20 Deus continua mostrando que existe uma correlação muito
grande entre a idolatria e os males que nos atormentam. Da mesma forma que o
povo de Israel cometeu muitas idolatrias seguindo os maus costumes da sua
época, hoje existem outros tipos de idolatrais que são tão ruins como aquelas
de antigamente.
São João
termina a sua primeira carta exortando-nos a vigiar contra todos tipos de
idolatrias (1Jo 5,21). Para fazermos uma verdadeira Opção Fundamental por Jesus
importa renunciar todos tipos de idolatrias, sejam elas quais forem, porque não
podemos beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios, não podemos
participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1Cor 10,14-22). Está
escrito:
1Cor 10,14 Por isso, amados, fujam da
idolatria. 15 Falo a vocês como a pessoas sensatas; julguem vocês mesmos o que
estou dizendo. 16 O cálice da bênção que nós abençoamos, não é comunhão com o
sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? 17
E como há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois
participamos todos desse único pão. 18 Considerem o povo de Israel: quando
comem as vítimas sacrificadas, não estão eles em comunhão com o altar? 19 E o
que quero eu dizer com isso? Que a carne sacrificada aos ídolos seja alguma
coisa? Ou que os próprios ídolos sejam alguma coisa? 20 Não! O que digo é o
seguinte: aquilo que os pagãos sacrificam, eles o sacrificam aos demônios, e não
a Deus. Ora, eu não quero que vocês entrem em comunhão com os demônios. 21
Vocês não podem beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podem
participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. 22 Ou queremos provocar o
ciúme do Senhor? Seríamos nós mais fortes do que ele?
Quando o
Apóstolo Paulo nos exorta a fugir da idolatria, é fugir mesmo, é se colocar
fora, pois não podemos pactuar com a idolatria, com nenhum tipo de idolatria
(1Cor 10,14). Ele espera que sejamos sensatos, tenhamos discernimento e
possamos julgar por nós mesmos quais são as idolatrias do mundo moderno que
devemos repugnar para não manchar a nossa aliança única e exclusiva com o
Senhor Jesus.
Procurei
na internet uma notícia sobre grupos de pessoas que passam várias semanas apenas
para garantir uma vaga no show do seu ídolo. Essas notícias vez por outra
aparecem na mídia e as pessoas até se orgulham por tanto sacrifício pelo seu
ídolo. Vemos como o mundo exalta e bate palmas para a idolatria. Existe toda
uma construção, porque por detrás, o próprio ídolo, os seus empresários e os
meios de comunicação ganham fortunas às custas dos idólatras. Na notícia que
encontrei, os fãs fizeram uma grande movimentação pelas ruas e na internet para
que a banda de ídolos fizesse uma apresentação extra, uma vez que nem todos
conseguiram entrar no show. Sob “pressão” os empresários organizaram um show
extra em consideração aos fãs tão "fiéis". Não importa o tempo que se
gasta, nem quanto é o valor do ingresso e tampouco se vão voltar vivos pra casa
ou não. O que importa é estar frente a frente com o ídolo, mesmo que seja um
ídolo vazio e depois deixe a vida vazia e sem sentido.
Notícias
semelhantes encontramos no que se refere ao mundo do futebol, artistas de
novelas, partidos políticos, produtos do mercado, padres artistas, etc Existem
muitos tipos de idolatrias. Essas que apontei acima estão muito presentes na
vida do povo, só porque muitos nem se dão conta que são idólatras e como isso
está gerando muito mal e corrupção a curto, médio e longo prazos. Porque o deus
desse mundo obscureceu a inteligência deles a fim de que não vejam brilhar a
luz do Evangelho (2Cor 4,4).
A
idolatria troca a glória do Deus Verdadeiro pelos ídolos fabricados pelo mundo.
É assim que as pessoas vão se desviando e o mal vai entrando nos corações, na
família e na sociedade em geral, porque em vez de viver segundo Deus, passam a
viver segundo os ídolos.
A
idolatria fez Saul se rebelar contra Deus e desprezá-lo. Aí começou a sua
ruína: «O que é que Javé prefere? Que lhe ofereçam holocaustos e sacrifícios,
ou que obedeçam à sua palavra? Obedecer vale mais do que oferecer sacrifícios.
Ser dócil é mais importante do que a gordura de carneiros. A rebelião é um
pecado de feitiçaria, e a obstinação é um crime de idolatria. Você rejeita a
palavra de Javé. Por isso, ele rejeita você como rei» (1Sm 15,22-23). Por isso,
muito cuidado com todo tipo de idolatria!
A Opção
Fundamental implica a sensatez, o discernimento e a renúncia de todo ídolo,
seja ele qual for. Não dá pra fazer a opção fundamental por Jesus com ídolos no
coração. Não dá pra ser Discípulo de Opção Fundamental se sacrificando pelos
ídolos do mundo (artista, futebol, partido político, dinheiro etc) e não sendo
capaz de oferecer a Jesus o próprio corpo como sacrifício vivo santo e
agradável a Ele. Porque a Opção Fundamental exige a renúncia de todos os ídolos
e não se amoldar ao mundo, mas transformar-se pela renovação da mente, “a fim
de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o
que é perfeito” (Rm 12,1-2).
MOPD Primeiro livro dos Reis 17,6-18
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6 - Vivendo a radicalidade
do Evangelho com equilíbrio
A Opção
Fundamental por Jesus não é algo romântico ou só intencional. Para ser
verdadeira, tal opção meche com as nossas escolhas, com os nossos pensamentos e
com as nossas práticas no decorrer da caminhada e em meio às mais diferentes
circunstâncias da vida. Por isso ela nos coloca no caminho da cruz, porque não
há outro caminho que conduza à ressurreição a não ser o caminho da cruz. Não se
trata de masoquismo, de sofrer por sofrer. É a morte do homem velho para que
nasça o homem novo. É a renúncia de tudo aquilo que nos impede de seguir os
passos de Jesus, de viver na Verdade e de ter a bênção da Vida em plenitude.
São Paulo dizia: “Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava como lucro,
agora considero como perda. Esqueço-me do que fica para trás e avanço para o
que está na frente. Lanço-me em direção à meta, em vista do prêmio do alto, que
Deus nos chama a receber em Cristo Jesus” (Fil 3,7.13s). E Santo Agostinho:
“Ser cristão sempre foi e será um desafio à nossa coragem. Não é cristão quem é
covarde!"
Jesus, por
sua vez, disse a todos seus seguidores:
Mt 8,16 «Eis que eu envio vocês como
ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples
como as pombas. 17 Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês
aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. 18 Vocês vão ser levados
diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para
eles e para as nações. 19 Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como
ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o
que vocês devem dizer. 20 Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o
Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês.
21 O irmão entregará à morte o
próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus
pais, e os matarão. 22 Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome.
Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando perseguirem
vocês numa cidade, fujam para outra. 24 O discípulo não está acima do mestre,
nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo basta ser como o seu
mestre, e para o servo ser como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu o dono da
casa, quanto mais os que são da casa dele!»
26 «Não tenham medo deles, pois não
há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto
que não venha a ser conhecido. 27 O que digo a vocês na escuridão, repitam à
luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. 28
Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo
contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno!
29 Não se vendem dois pardais por
alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do
Pai de vocês. 30 Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados.
31 Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo
aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho
dele diante do meu Pai que está no céu. 33 Aquele, porém, que me renegar diante
dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu.»
34 «Não pensem que eu vim trazer paz
à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o
filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do
homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que
a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim,
não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de
mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua
vida por causa de mim, vai encontrá-la.»
Mc 8,34 Então Jesus chamou a multidão
e os discípulos. E disse: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la;
mas, quem perde a sua vida por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. 36
Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria
vida? 37 Que é que um homem poderia dar em troca da própria vida? 38 Se alguém
se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e
pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória
do seu Pai com seus santos anjos.»
"Quem
quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me”, dizia Jesus no Evangelho.
Mas cuidado, advertia o Apóstolo Paulo, porque “há muitos que são inimigos da
cruz de Cristo. O fim deles é a perdição; o deus deles é o ventre, sua glória
está no que é vergonhoso, e seus pensamentos em coisas da terra” (Fil 3,18s).
"A
linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se
salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1,18). Engana-se quem pensa que
ser discípulo de Jesus é optar pela tristeza. Muito pelo contrário. Não existe
alegria maior do que estar no Caminho da Verdade e da Vida. Um discípulo triste
é um triste discípulo. A alegria é dom do Espírito Santo que supera toda falsa
alegria de Satanás e do mundo. A alegria do Evangelho é uma alegria profunda
que nunca acaba, porque gera um estado de paz e alegria. “Eu disse isso a vocês
para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”
(Jo 15,11). Quer ser feliz de verdade? Seja discípulo de Jesus!
O mundo
não entende a linguagem do Evangelho e da Cruz. Mas o seguimento radical de
Jesus é o único Caminho que conduz para a plena realização humana e cristã. Não
tenha medo de seguir Jesus. Ele ama os que elege e capacita os que escolhe,
porquê é Fiel aquele que nos chama pelo nome e nunca nos abandona nas estradas
da vida e da missão.
Todo
discípulo, sem exceção, deve ter a coragem de seguir o caminho da Cruz, porque
não há outro caminho que conduza à salvação. Não é o caminho da tristeza e do
masoquismo. É o caminho da alegria, da fé, da humildade, do amor, da renúncia
do que é contrário ao projeto de Deus e da responsabilidade com a Missão que
Ele nos confiou.
Devemos
guardar o Evangelho com muita seriedade dentro do coração. Porém, é claro, isto
não nos desobriga dos nossos deveres naturais e civis, de modo que devemos
viver a radicalidade do Evangelho com equilíbrio. Ser radical como cristão não
significa ser fanático ou desequilibrado. A radicalidade cristã consiste em
fazer uma séria Opção Fundamental por Jesus e decidir realmente seguir os seus
passos, guiado pelo mapa do Evangelho e Doutrina da Igreja. É uma radicalidade
que consagra a vida a Deus como hóstia viva agradável a ele e liberta de toda
idolatria.
Por
exemplo, quem é consagrado no celibato vai viver a radicalidade do Evangelho de
uma forma bem diferente de quem não é consagrado. Porque o consagrado, por
natureza, deixou uma família particular para viver numa comunidade de
consagração e toda a sua vida é regida por esta consagração de vida total no
celibato. Quem vive no século, tem uma profissão, escola, filhos para cuidar
etc Então, tem deveres naturais e civis para com os seus pais ou filhos, por
exemplo, que um consagrado não tem. Por isso, vai viver a mesma radicalidade do
Evangelho mas em harmonia com os seus deveres naturais e civis na família e na
sociedade.
O
cumprimento desses deveres naturais e civis justifica ausência ou até mesmo
mudança de ministério, etc Uma mãe não pode deixar seu filho doente no
hospital, ou o seu esposo, para se dedicar integralmente a missão
evangelizadora, como se fosse uma consagrada no celibato. Um pai de família não
poderá abdicar de todos os seus bens materiais uma vez que tem que pensar no
sustento dos filhos, que Deus mesmo colocou sob a sua responsabilidade. Mas o
que Jesus quer mesmo para todos aqui, quer sejam consagrados ou não, é a
radicalidade de deixar o que é mundano para viver a graça do Evangelho, a
radicalidade de optar por Ele mesmo que alguém seja contra. É esta a
radicalidade que não pode faltar na vida de nenhum discípulo. Disso ele não
abre mão, seja consagrado ou não. Agora, a forma de viver esta radicalidade da
opção fundamental, vai ser diferente entre quem é consagrado no celibato e quem
não é.
Essa
radicalidade vai se manifestar, por exemplo, na forma como o discípulo se
veste. Seja consagrado ou não, o discípulo de Jesus deve se vestir com
modéstia, não abraçar os modismos do mundo. Vai se vestir com gala pra ir pra
fraternidade e sobretudo pro Siloé e pra Missa, porque ele sabe da importância
de estar presença do Senhor Jesus, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Quem é
do mundo se veste com gala para o mundo. Já o discípulo de Jesus se asseia e se
veste bem para ir ao encontro de oração. E assim por diante...
Falei da
roupa porque a roupa é o cartão pelo qual uma pessoa se apresenta, e o
discípulo deve apresentar-se bem, deve apresentar-se como discípulo de Jesus,
pois vimos no Evangelho que ele é um embaixador de Cristo no meio dos homens.
“Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me
enviou!” (Mt 10,40) Portanto nem deve envergonhar-se e nem deve envergonhar o
Senhor Jesus. Mas existem muitas outras coisas importantes que o discípulo
deverá viver, por causa de Jesus e do Evangelho, sem se preocupar com o que os
outros acham. Para ele o mais importante é agradar ao Senhor Jesus e viver com
Ele, porque tudo mais é esterco diante do bem superior que é o Cristo que nos
amou e nos salvou.
MOPD Lucas 14,25-27
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11ª Vivência
____/ ____/ ____
Disciplina Cristã
A Opção
Fundamental é fruto do Batismo no Espírito e culmina no Mandato Missionário.
Ela coloca o discípulo de Jesus no caminho da maturidade cristã até atingir a
estatura e a mentalidade de Jesus.
Meditamos
ao longo de várias semanas que o Discípulo de Jesus só cresce caminhando com os
irmãos no Espirito Santo e na Palavra de Deus. Para tanto, para que esta
caminhada aconteça o discípulo deve acolher a disciplina pessoal e comunitária.
Porque a graça supõe a natureza, Deus mesmo requer a nossa cooperação e sem
disciplina a corda arrebenta.
1 - Disciplina Pessoal
A
Disciplina faz parte da essência do Discipulado de Jesus Cristo e deve fazer
parte da vida de cada Discípulo.
Trata-se
de ser Discípulo Orante e Piedoso, para depois ser um bom Discípulo
Missionário, foi o que São Paulo escreveu ao jovem Timóteo, seu colaborador na
missão:
“Você se comportará como bom servidor
de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que você
tem seguido. Rejeite, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas.
Exercite-se na piedade. Vale pouco o exercício corporal, ao passo que a piedade
é proveitosa para tudo, pois contém a promessa da vida presente e futura. Esta
palavra é fiel e digna de toda aceitação. De fato, se nós trabalhamos e
lutamos, é porque depositamos a nossa esperança no Deus vivo, salvador de todos
os homens, principalmente dos que tem fé. Proclame e ensine essas coisas. Que
ninguém o despreze por ser jovem. Quanto a você mesmo, seja para os fiéis um
modelo na palavra, na conduta, no amor, na fé, na pureza. Esperando pela minha
chegada, dedique-se à leitura, animação e ensinamento. Não descuide o dom da
graça que há em você e que lhe foi dado através da profecia, juntamente com a imposição
das mãos do grupo dos presbíteros. Cuide bem dessas coisas e persevere nelas, a
fim de que o seu progresso fique manifesto diante de todos. Vigie a si mesmo e
ao ensinamento, e seja perseverante. Desse modo você salvará a si mesmo e aos
seus ouvintes.” (1Tm 4,6-16)
“Fortifique-se sempre na graça que
está em Jesus Cristo. O que você ouviu de mim na presença de muitas
testemunhas, transmita-o a homens de confiança que, por sua vez, estejam em
grau de ensiná-lo a outros. Participe dos sofrimentos como bom soldado de Jesus
Cristo. Ao se alistar no exército, ninguém se deixará envolver pelas questões
da vida civil, se quiser satisfazer a que o alistou no regimento. Do mesmo
modo, um atleta não receberá a coroa se não tiver lutado conforme as regras. O
agricultou que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.” (2Tm
2,1-6)
Para
colocar em prática os conselhos de São Paulo, crescer como cristão e ser um bom
Discípulo Missionário, Timóteo precisou de disciplina e perseverança. O mesmo
deve fazer cada Discípulo, para que não aconteça de ajudar na salvação dos
outros, mas ele mesmo venha a perder a salvação e ser uma pessoa frustrada. Era
o que São Paulo dizia a Timóteo: “O agricultou que trabalha deve ser o primeiro
a participar dos frutos!”
Subtende-se
que Disciplina Cristã é mais do que um cronograma. É um projeto de vida com
ideal, foco, compromissos estabelecidos. É um caminho a ser feito passo a
passo, com rumo e mística no seguimento de Jesus.
Desta
forma, em primeiro lugar, é importante que cada Discípulo de Jesus sempre
cultive a sua Disciplina Pessoal.
A
Disciplina Pessoal ajuda o Discípulo a ter um tempo para cada coisa, a cultivar
as quatro dimensões da vida cristã-batismal, a ser uma pessoa de oração em meio
ao corre-corre do dia a dia.
Sem
disciplina, a corda arrebenta! Quanto mais compromisso o Discípulo tem, mas
tempo ele deve reservar para a oração. Porque a oração é o coração da
espiritualidade. E a espiritualidade é a dimensão que sustenta as outras três
dimensões do testemunho, do apostolado e da eclesialidade.
O zelo do
Discípulo nasce da oração. É rezando que a gente faz a experiência de Deus e o
Espírito Santo toca fogo no nosso coração. A chama viva do amor de Deus é sarça
ardente que nos aquece, purifica e afervora, mas sem destruir a nossa dignidade
humana.
Logo de
início, na sua Disciplina Pessoal é importante o Discípulo reservar tempo para
o encontro da Fraternidade Cristã, Siloé, Missa dominical, confissão anual,
Meditação Orante da Palavra de Deus diariamente, adoração a Jesus Eucarístico
semanalmente, evangelização, leitura espiritual do temário, escola, profissão,
família, namoro, casamento, lazer, exercício físico, descanso... Existe um
tempo pra cada coisa e o tempo de Deus não pode ser sobejo!
2 - Casas do DJC,
aconchego do Coração de Jesus
A
Disciplina Pessoal é vivida dentro da Disciplina Comunitária.
O DJC
possui uma Disciplina Comunitária fixa pois isto ajuda a garantir a vivência da
nossa vocação e missão: Ser e Fazer Discípulos Missionários no Caminho da
Palavra de Deus.
A
Disciplina Comunitária do DJC começa pela casa, a qual deve ser um aconchego do
Coração de Jesus com a labareda do Espírito Santo sempre acesa:
Mt 11,28 Venham para mim todos vocês
que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso.
29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de
coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga
é suave e o meu fardo é leve.»
Cada casa
do DJC é o local onde Jesus Palavra – Eucaristia mora com Maria e acolhe os
seus irmãos, os discípulos e o povo em geral, no calor do Espírito Santo, para
proteger, salvar, santificar e formar no decorrer da caminhada discipular.
É mais do
que um prédio bonito e bem arrumado. É o Discipulado de Jesus Cristo e assim
deve ser identificado com nossa logo, assim deve ser zelado, amado e conhecido.
Portanto deve ser belo, simples, acolhedor e estruturado para bem cumprir com a
sua finalidade de casa e escola de Jesus.
Cada casa
do DJC é um centro de espiritualidade cristã, o lugar do discipulado
permanente, aonde os irmãos de Jesus convivem com Ele e entre si, porque aí o
Senhor derrama a sua bênção e a vida para sempre.
Não
esqueçam de manter casas do DJC abertas, com adoração eucarística e plantões de
acolhida, aconselhamento, cura e libertação, confissões, cinema, lanchonete,
livraria etc Além das atividades de evangelização como Siloé e Fraternidades.
3 - Horário comum
das Casas do DJC
Como meditamos
ontem, cada casa do DJC deve ser aconchego do Coração amoroso de Jesus
Salvador. “Aconchego é um abrigo, um amparo, um conforto. A palavra aconchego,
ou conchego, é um substantivo masculino singular e deriva da palavra
aconchegar. O termo se refere a um local confortável, acolhedor, agradável, que
protege, que promove bem estar.”
Jesus
formou os primeiros discípulos no aconchego da sua casa e do seu coração. Na
verdade, a casa é a extensão do coração:
Jo 1,35 João aí estava de novo, com
dois discípulos. 36 Vendo Jesus que ia passando, apontou: «Eis aí o Cordeiro de
Deus.» 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram a Jesus. 38 Jesus
virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: «O que é que vocês estão
procurando?» Eles disseram: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?» 39
Jesus respondeu: «Venham, e vocês verão.» Então eles foram e viram onde Jesus
morava. E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos
quatro horas da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram
as palavras de João e seguiram a Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o seu próprio
irmão Simão, e lhe disse: «Nós encontramos o Messias (que quer dizer Cristo).»
42 Então André apresentou Simão a Jesus. Jesus olhou bem para Simão e disse:
«Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas (que quer dizer
Pedra).»
A
Disciplina do horário comum favorece que cada DJC seja um lugar de irmandade,
acolhimento, oração e formação dos discípulos no dia a dia, não só nos
encontros formais. Mas também garante que exista um tempo pra cada atividade,
conforme veremos a seguir:
- Diariamente
05h às 07h, Silêncio / Contemplação /
Laudes
12h, Hora Média
17h, Vésperas / Missa / Ângelus
18h, Terço Mariano (Quando não tem
Missa)
22h, Encerramento das atividades
- Domingos
Dia de Espiritualidade, Santa Missa, etc
- Segundas-feiras
19h, Conselho Geral
(meses ímpares)
19h, Corpo de Apostolado
(segunda semana)
19h, Fraternidade de Aliança
(quarta semana)
- Terças-feiras
19h, Discipulado de Adultos
- Quartas-feiras
19h, Siloé
- Quintas-feiras
19h, Discipulado de Casais
19h, Missão Família em Oração
- Sextas-feiras
08h, Adoração Eucarística no silêncio
de Maria
19h, Apostolados das Artes, Bênção e
Infraestrutura
19h, Missão Musical
- Sábados
17h, Discipulado de Jovens
19h, Projeto Kairós
O horário
comum das Casas do DJC preserva e indica a finalidade do DJC. É um horário
flexível, mas indica que toda casa do DJC deve ser um aconchego favorável à
vida e missão do DJC.
4 - Roteiro do Cenáculo, Fraternidade
Cristã e Ministério
O roteiro da Fraternidade Cristã faz
parte da Disciplina Comum do DJC. Dá rumo, garante o essencial e gera
entendimento entre todos.
Dirigente:
Todos juntos: Articulador ou seu
Delegado
Separados: Evangelista, Discipulador
ou Coordenador
18:00h – Devoção Mariana para quem
estiver na Casa do DJC
18:30h – Ambientação, ornamentação,
som. A Cruz e a Bíblia devem estar no centro e em destaque.
Colocar a leitura bíblica do dia no
grupo zap com antecedência.
Fazer vistoria dos Temários.
19:00h – Oração inicial
Adoração e súplica fervorosa ao
Espírito Santo (Todos juntos)
19:30h – Graça e Paz / Oferta na
cestinha quando o Organismo é Missão. Quando não é Missão essa oferta é no
Siloé.
xxx
19:35h – Palavra de Deus e partilha
do estudo da semana (separados)
20:30h – Oração final à luz da
Palavra de Deus (separados)
xxx
21:00h – Pai Nosso / Ave Maria
Avios
Parabéns
Despedida
(todos juntos)
5 - Roteiro do Siloé
Dirigente: Acompanhante da Extensão
ou seu Delegado
6 - Vistoria e Inspeção
Vistoria dos discípulos e Inseção dos
orgaõs arecem burocracia, mas são uma necessidade.
Gera disciplima e responsabioidade
Não é um jugamento, é uma vistoria
Cooca sim ou não
Osto ajuda no acompanhamento do
disciuko e do orgços toda semana
Ajuda a lembrar de todos
Ajuda a ir orgagonzanado e sandendo
quem e quem e aonde cada um se enbcontr e como está caminhando
Fuch da visrtruia
Fich do inspeção
Coocra aqui