Temário 2 - Irmanação / Opção Fundamental



1ª Vivência ____/ ____/ ____

Caminhada Discipular


Após o Reavivamento no Espírito Santo iniciamos agora o Temário da Opção Fundamental, porque tudo o mais que vem pela frente dependerá dessa livre escolha por Jesus e seu Evangelho.
Rezaremos a opção fundamental à luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da Vocação DJC. Assim, todos terão a oportunidade de fazer um grande discernimento no Espírito Santo para decidirem como vão continuar caminhando no DJC, se no Siloé ou na Fraternidade Cristã.
Porém, este Temário também ajudará na maturidade humana e cristã de uma forma geral, pois a vida exige resposta e o homem, como ser moral dotado de consciência e liberdade, deve respondê-la com responsabilidade e prontidão em cada momento da sua história.
Deus não quer covardes que afundam na frustração existencial. Deus quer homens valentes que assumam a sua vida e missão, porque este é o caminho da plena realização humana e cristã. Batizados no Espírito, estamos unidos com Cristo neste grande momento de decisão livre, consciente e responsável.
Esta primeira semana é uma introdução geral. Depois iremos aprofundar todos os temas.

1 - "Vem e segue-me!"

Já existimos como pessoas humanas desde a concepção. Já existimos como cristãos desde o batismo. Mas temos uma tarefa: Ser mais... Existimos para ser. Somos para existir. Quando não cultivamos este “ser mais”, deixamos de existir, passamos ao “nada”.
“Ser mais” é “cres-cer”... “Crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo” (2Pd 3,18). Mas, como crescer? O mestre Jesus de Nazaré, na sua Metodologia de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD), entendeu que a pessoa só cresce verdadeiramente numa Caminhada Discipular, seguindo os seus passos, de passo em passo. Por isso, o primeiro convite que fazia consistia basicamente num chamado ao seu seguimento: “Vem e segue-me!” Foi isto o que ele disse a Pedro, André, Thiago, João (Mc 1,16-20), Mateus (Mt 9,9) e muitos outros.

É bonito ver o dia em que o pobre Mateus, surpreso com o forte e suave convite de Jesus ao seu seguimento, prontamente levantou-se da coletoria de impostos e começou a segui-lo com alegria. Aí percebemos como o encontro pessoal com Jesus entusiasmou e transformou o pobre Mateus e redirecionou toda a sua existência para uma nova perspectiva, a perspectiva do Discipulado de Jesus Cristo. Quanto àqueles que o criticavam, Jesus respondeu: “As pessoas que tem saúde não precisam de médicos, mas só as que estão doentes. Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não o sacrifício’ porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9,12-13).
Jesus chamava “para que ficassem com ele” (Mc 3,14). Seguir Jesus era fazer parte do seu círculo de amigos (Jo 1,39). Aí ele os acolhia, curava, ensinava, preparava para a vida e a missão. Os discípulos de Jesus não cresciam com o tempo, mas caminhando e convivendo com ele. Quando era necessário, Ele se retirava com os seus amigos para um lugar à parte.
O tempo atrofia e apodrece. O que faz a pessoa crescer é a caminhada na convivência com Cristo, orando, meditando o evangelho e exercitando-se espiritualmente, com acompanhamento personalizado e na companhia dos irmãos.
Jesus nos ama e continua nos chamando ao seu seguimento para “sermos mais”. Ante o chamado do Mestre, precisamos dizer-lhe um SIM corajoso e decidido, e darmos passos concretos na sua direção. “Vocês já se comportam assim. Continuem progredindo!” (1Tes 4,1)
A opção por Jesus Cristo muda a sustentação e o sentido da nossa existência. São Paulo dizia: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e por mim se entregou” (Gl 2,20). “Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava como lucro, agora considero como perda” (Fil 3,7). Para aquele que optou realmente por Jesus Cristo somente Ele é o Caminho que conduz para a Verdade e a Vida! (Jo 4,6)

MOPD Marcos 3,13-19
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2 - A meta é a vida em Cristo

Quem não sabe para onde vai não chega a lugar nenhum, porque quem não tem objetivo na vida vive uma vida sem sentido. Por isso a Palavra de Deus é muito clara em dizer que a vontade de Deus para cada um de nós é que vivamos a plenitude da vida em Cristo Jesus. Viver em Cristo, esta deve ser a grande meta de toda nossa existência. Mas isto só é possível se formos batizados no Espírito e fizermos uma profunda Opção por Ele e o Evangelho. São Paulo sabia por experiência pessoal que essas são as duas condições principais para vivermos em abundância. Por isso ele não tardava em formar seus discípulos nesta perspectiva:
"A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então, já não seremos como crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro. Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça. Por isso, não vivam como os pagãos, cuja a mente é vazia. A inteligência deles se tornou cega, e eles vivem muito longe da vida de Deus, porque o endurecimento do coração deles é que os mantém na ignorância. Eles perderam a sensibilidade e se deixaram levar pela libertinagem, entregando-se com avidez a todo tipo de imoralidade. Não foi assim que vocês aprenderam a conhecer Cristo, se é que de fato vocês lhe deram ouvidos e se foram mesmo instruídos segundo a verdade que há em Jesus. Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade" (Ef 4,13-24).
Nas entrelinhas do ensinamento de São Paulo aos Efésios, vemos que o Batismo no Espírito e a Opção Fundamental são essenciais para seguirmos Jesus e alcançarmos a Verdade e a Vida. É no Batismo no Espírito que renovamos a Graça da Salvação e é pela Opção Fundamental que iniciamos a caminhada discipular rumo à perfeição.
Batismo no Espírito e Opção Fundamental estão no início de tudo e favorecem a nossa maturidade humana e cristã. O Batismo é o impulso que reaviva e põe tudo em movimento. A Opção é o seu desdobramento ao longo da Caminhada Discipular. Por isso, ninguém persevera na Opção Fundamental por Jesus se não for batizado no Espírito. E nenhum batizado no Espírito desenvolve a sua vida cristã de forma integral se não perseverar no Caminho do Evangelho que é traçado na Opção Fundamental livre, consciente e responsável. "É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade" (Ef 4,24).
É no Caminho iniciado com a Opção Fundamental que somos fortalecidos no Espírito Santo, crescemos na vida interior e Cristo habita o nosso coração através da fé. Assim, "enraizados e alicerçados no amor, vocês se tornarão capazes de compreender qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade de conhecer o amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento, para que vocês fiquem repletos de toda plenitude de Deus. Deus, por meio do seu poder que age em nós, pode realizar muito mais do que pedimos ou imaginamos; a ele seja dada a glória na Igreja e em Jesus Cristo por todas as gerações para sempre. Amém!" (Ef 3,16-21)
Batismo no Espírito e Opção Fundamental são, portanto, as duas condições principais para seguirmos Jesus e crescermos em direção a Ele, até alcançarmos a sua estatura (Ef 4,13). Tudo começa no Batismo e na Opção Fundamental. O Batismo é Graça de Deus que nos salva em Cristo, no Espírito. A Opção Fundamental é a liberdade humana cooperando com Deus e dando passos concretos na sua direção. A salvação é dom de Deus mas que requer desde os início a livre colaboração humana.  

MOPD Efésios 4,13-24
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3 - Ninguém cresce com o tempo

O discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo Jesus, passo a passo. Para tanto, ele deve ser animado por uma Espiritualidade da Caminhada.
O Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é, necessariamente, uma caminhada.
Muitos católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções, penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e mandamentos isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é seguir Jesus na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado adquire sentido se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu conjunto, constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por isso que, nos seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2), porque quem segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre animado por uma espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas atividades e passos no dia a dia.

MOPD João 14,1-7
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4 - Caminhar sempre

Temos consciência de que sendo Jesus O Caminho da Salvação a vida cristã é necessariamente uma caminhada que se realiza de forma concreta no seguimento dos seus passos. Esta consciência nunca pode cair no esquecimento, sob o risco de perdermos o que é mais importante para nós.
De fato, o próprio Jesus quis deixar isso muito claro na mente dos seus discípulos quando, além de se auto-intitular “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, sempre que encontrava alguém por onde passava, acolhia indiscriminadamente e dizia logo de início: “Vem e segue-me!” No decorrer da caminhada Ele ia explicando tudo com muito amor e carinho, depois o pessoal ia entendendo que quem o segue não pode caminhar nas trevas, porque já possui a luz da vida. Mas logo de início o convite que gerava todo um direcionamento fundamental era este: “Vem e segue-me, pois eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!”
O cristianismo é a religião do seguimento de Jesus de Nazaré e as primeiras comunidades cristãs entenderam muito bem esta verdade. É tanto que antes de serem chamados de cristãos, os discípulos eram conhecidos como seguidores do Caminho, a própria Igreja era chamada de Caminho, porque ser cristão era andar no Caminho-Jesus. Ou a pessoa entrava nesta caminhada evangélica e era tida como cristã, ou por mais que dissesse que o fosse, mas não desse os passos concretos, não era tida como discípula de Jesus.
Ser cristão ou era de fato ou não era. Era impossível ser cristão só de nome, pois esta consciência da necessidade de seguir Jesus com passos concretos, de acordo com o mapa do Evangelho, era muito forte nas primeiras comunidades cristãs.
Hoje cada vez mais redescobrimos que ser cristão é seguir Jesus, que ser discípulo significa a mesma coisa que ser seguidor de Jesus, e que quem o segue de verdade não caminha nas trevas porque já possui a luz da vida. E que toda vez que por acaso der um passo fora do Evangelho, deverá voltar para o Caminho da Salvação com os dois pés, sob pena de adentrar por veredas do mundo que nunca conduzirão para Deus, pois só existe um caminho para o cristão: Jesus de Nazaré!
Tudo isso nos ajude a ir superando aquela dicotomia quando se diz: Eu sou católico, mas não praticante. Eis aí uma grande contradição performativa... Ou se é católico ou não é. E ser católico é ser universal, ou seja, ser totalmente seguidor de Jesus de Nazaré: ser todo e unicamente na Igreja que Ele fundou (não ficar variando entre seitas e alternativas inventadas pelos homens); acolher toda Palavra de Deus na Bíblia e na Tradição Apostólica (não só parte dela); procurar viver toda doutrina e todos os sacramentos; amar com amor total a Deus e ao próximo; ajudar na evangelização de todos os homens e do homem todo.
Nunca podemos perder esta consciência evangélica tão cara para Jesus e as primeiras comunidades cristãs, e que o DJC assumiu desde os inícios como sendo o miolo da sua vocação e missão: reavivar e desenvolver integralmente a vida cristã-batismal na perspectiva do seguimento de Jesus. Este é o nosso objetivo geral e é somente colocando-o em prática que estaremos ajudando a Igreja e o homem de hoje tão tentado pelo neopaganismo.
O discípulo só cresce numa caminhada discipular, dando passos concretos e sendo acompanhado dentro de uma Fraternidade. Isto significa que mais do que servir, a pessoa também deve ser orientada para o seu pleno crescimento cristão.
Caminhar sempre, desanimar jamais!

MOPD Atos dos Apóstolos 8,26-40
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5 - Reavivamento

Nosso trabalho de evangelização como Discipulado de Jesus Cristo é ajudar o discípulo de Jesus a viver segundo o Espírito Santo, pois “os que vivem segundo o Espírito inclinam-se para aquilo que é próprio do Espírito. Os desejos do Espírito levam para a vida e a paz” (Rm 8,5).
A vida no Espírito Santo é o ideal que deve nortear a Caminhada do Discípulo de Jesus. Sabemos que, por causa das nossas próprias fraquezas, influências negativas do mundo e tentações do maligno, nem sempre é fácil viver conforme este ideal. Porém, nunca podemos perdê-lo de vista e jamais deixar de dar passos nessa direção.
Quando a pessoa rejeita o ideal de vida no Espírito, entra num “círculo vicioso” de atrofiamento. Acostuma-se com o “mundo”, justifica facilmente seus erros, cai nas tentações sem nenhuma resistência, busca compensações nas paixões carnais desordenadas e nos vícios, troca o certo pelo errado etc. Deste modo, em vez de progredir, atrofia-se cada vez mais, até chegar ao “nada”, à morte.
Na vida é assim: a pessoa ou vai pra frente ou pra trás. É impossível estacionar: ou progride e se realiza plenamente, ou atrofia e morre. Por isso Jesus não tardou em afirmar que Ele é o Caminho para a Verdade e para a Vida. Ser seu discípulo é segui-lo e, deste modo, ser plenamente realizado na vocação para a qual Deus o predestinou. “Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade” (Ef 1,5).
Antes de tudo, o discípulo deve REAVIVAR a sua vida cristã. Ou seja, deve renovar a graça do Batismo.
No Batismo fomos regenerados pela Graça e renascemos como novas criaturas. Vejamos bem: foi uma re-ge-ne-ra-ção. Fomos transformados na nossa natureza. Começamos a participar da natureza divina. Fomos deificados (2Pd 1,4). Mais que criaturas humanas, renascemos “da água e do Espírito” (Jo 3,6) como filhos amados de Deus.
Tudo isso significa que, no Batismo, recebemos verdadeiramente uma nova dignidade: a dignidade cristã, a dignidade de filhos de Deus. Desde então “o próprio Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo” (Rm 8,16s).
Porém, se o Batismo é um novo nascimento, significa que devemos crescer. A lógica é esta: a vida que nasce, se não cresce, morre. Todas as graças do Batismo nos foram concedidas em forma de semente. Devemos cultivá-las e fazer bom uso delas.
Renovar o Batismo significa que devemos adentrar em nós mesmos e “despertar” a graça do Espírito Santo. Quando oramos pedindo a ação do Espírito Santo dentro de nós, Ele age com poder. Como um vulcão adormecido – foi assim que eu O experimentei – o Espírito Santo começa a se manifestar e torna-se não só hóspede do nosso coração, mas Senhor e Santificador de toda nossa vida. Então, a partir de dentro, Deus começa a nos reavivar. O resultado é que colhemos frutos de vida nova, dons, milagres e carismas. Já éramos novas criaturas desde quando fomos batizados. Mas agora, experimentamos e saboreamos de um modo novo o que significa esta vida nova.
Deus é sábio em tudo o que faz. Criou-nos sozinho, mas decidiu não nos salvar sozinho. Criou-nos participantes da construção da nossa história e espera que supliquemos a ação do Espírito Santo que já habita o nosso ser para só depois agir com poder. Existem exceções, mas normalmente Deus espera o nosso consentimento e a nossa súplica. Foi isto o que você fez no Reavivamento no Espírito Santo. Você já tinha renascido como cristão no Batismo. Mas Deus queria que você, livre e consciente, orasse e abrisse o coração para o Espírito Santo lhe reavivar. Então, como Jesus prometeu no diálogo com a Samaritana, do seu seio jorraram rios de água viva (Jo 7,38).
Durante todo o Reavivamento, sobretudo no batismo do Espírito Santo, você foi reavivado como cristão para viver uma vida nova no seguimento do Evangelho. Na oração de efusão, Jesus lhe batizou não com água, mas com o Espírito Santo e com fogo. Não foi um novo batismo sacramental. É neste sentido que falamos de batismo do Espírito Santo: uma renovação da própria graça do sacramento do Batismo e da Crisma, uma nova unção para você viver uma vida nova cheio de luz, força e poder. Desta forma, os sinais que acompanham a vida de quem foi reavivado no Espírito Santo são o maior desejo de oração e de viver na santidade, amor a Palavra de Deus e aos sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Confissão, zelo para com tudo que esteja relacionado a Deus, amor ao próximo e compromisso com a evangelização.
No Reavivamento você recebeu o Espírito Santo, pois Jesus disse que o Pai Celeste O concede a todos aqueles que O procuram, batem na porta e O pedem (Lc 11,5-13). As graças do seu batismo espiritual vão se manifestar cada vez mais no decorrer da caminhada discipular. Padre Raniero Cantalamessa, pregador oficial do Papa, testemunhou com muita alegria: “Eu tenho duas vidas, uma antes do Batismo no Espírito e outra depois”. Ele estava se referindo justamente ao dia em que o seu batismo sacramental foi renovado e depois, no dia seguinte, começou a perceber grandes mudanças na sua própria vida de padre.
O Reavivamento no Espírito Santo é de grande importância para o discípulo de Jesus crescer e ser plenamente realizado como predestinado de Deus. Ao contrário do “círculo vicioso” do atrofiamento espiritual, o Reavivamento é libertador e conduz a verdadeira Vida.
Às vezes queremos ficar empurrando alguém ou até mesmo levar nas costas... Ufa, não conseguiremos. Só Jesus salva! Só consegue caminhar como discípulo de Jesus quem foi realmente batizado no Espírito Santo e começou a viver vida nova. Se a pessoa não nasceu do Espírito ela não conseguirá caminhar na Fraternidade Cristã. Em vez de empurrá-la, melhor ajudá-la a acolher o Evangelho e ser realmente batizada no Espírito.
Porém, se a pessoa fez o Temário do Reavivamento no Espírito Santo e deseja continuar, nunca se deve julgá-la se vivenciou realmente a Graça do Novo Pentecostes ou não. Sempre deve permitir que a pessoa continue a caminhada discipular, respeitando sempre a sua consciência diante de Deus.

MOPD João 3,1-8
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6 - Desenvolvimento Integral

Depois do Reavivamento vem o DESENVOLVIMENTO INTEGRAL da vida cristã-batismal. Temos agora toda uma caminhada discipular no seguimento de Jesus pela frente. “Já que vocês aceitaram Jesus Cristo como Senhor, vivam como cristãos: enraizados nele, vocês se edificam sobre ele e se apoiam na fé que lhes foi ensinada, transbordando em ação de graças!” (Col 2,6s).
Nesta segunda etapa da caminhada o discípulo vai crescendo na “graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pd 3,18). Aprofunda o conhecimento da Palavra de Deus, progride na vida segundo o Espírito, vai perseverando na fé, na oração, na comunhão fraterna, na vida sacramental, na doutrina dos apóstolos e também vai exercitando e usando as virtudes, dons e carismas. O discípulo também vai progredindo no discernimento vocacional, profissional e existencial, bem como assumindo os seus deveres na Igreja e na sociedade.
Como vemos acima, esta etapa é realmente para o desenvolvimento integral do discípulo em todas as dimensões do seu ser. Paulo elogiava os cristãos colossenses porque depois de terem sido reavivados no Espírito continuaram progredindo na vida cristã e no conhecimento de Deus:
Col 1,3 Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre que rezamos por vocês. 4 De fato, ouvimos falar da fé que vocês têm em Jesus Cristo, e do amor de vocês por todos os cristãos, 5 por causa da esperança daquilo que para vocês está reservado no céu. Tal esperança já lhes foi anunciada pela Palavra da Verdade, o Evangelho, 6 que chegou até vocês. Assim como o Evangelho dá fruto e cresce no mundo inteiro, o mesmo acontece entre vocês, desde o dia em que ouviram e conheceram na verdade a graça de Deus. 7 Isso vocês aprenderam de Epafras, nosso querido companheiro de serviço, que nos substituiu fielmente como ministro de Cristo. 8 Foi ele quem nos contou sobre o amor com que o Espírito anima vocês. 9 Por essa razão, desde que ficamos sabendo disso, rezamos continuamente por vocês. Pedimos que Deus lhes conceda pleno conhecimento de sua vontade, com toda a sabedoria e discernimento que vêm do Espírito. 10 Desse modo, vocês viverão uma vida digna do Senhor, fazendo tudo o que ele aprova: darão fruto em toda atividade boa e crescerão no conhecimento de Deus, 11 fortalecidos em todos os sentidos pelo poder de sua glória. Assim vocês terão perseverança e paciência a toda prova. 12 Com alegria, dêem graças ao Pai, que permitiu a vocês participarem da herança dos cristãos, na luz.
Mesmo após ter feito a etapa do Reavivamento, é importante que o discípulo sempre volte à Fonte e peça para Jesus continuar batizando no seu Espírito. Tendo em vista as novas circunstâncias que vão surgindo na nossa vida, e a própria possibilidade de aridez e tibieza, provações e tentações, sempre é importante suplicar o Espírito Santo para nos renovar e nos encher totalmente, participar ao menos uma vez por ano de outros Reavivamentos no Espírito e toda semana mergulhar no Siloé.
A vida no Espírito Santo se realiza no discipulado de Jesus Cristo. Por isso, insisto nesta última palavra. O Senhor Jesus sempre concede novas efusões do seu Espírito tendo em vista os novos contextos que vão surgindo e as novas missões que vamos abraçando. Por isso sempre é necessário voltar à Fonte da Graça para que o Senhor reavive a sua obra no decurso dos anos (Hab 3,2).
Este Reavivamento no Espírito Santo permanentemente em plena etapa do Desenvolvimento Integral é fundamental para o discípulo não ficar seco, frio, ignorante, orgulhoso e prepotente, ou descambar para fanatismos, racionalismos e relativismos. Era o mesmo que o Apóstolo Paulo exortava Timóteo fazer: “Reaviva o dom de Deus que há em ti!” (2Tm 1,6ss)

- Vivências da Opção Fundamental

Este temário faz parte da etapa do Reavivamento do Método de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD) do Discipulado de Jesus Cristo (DJC). Por isso deve ser ministrado logo após a última vivência do Temário do Reavivamento no Espírito Santo.
Em vez de encontros ou estudos, continuamos chamando de “vivências”. Pois o que desejamos é que cada pessoa possa fazer a experiência do Deus Bendito da Aliança que se manifesta de modo especial dentro do contexto da vida fraterna. “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles!”
Rezaremos a opção fundamental à luz da Palavra de Deus, do Magistério da Igreja e da Vocação DJC. Assim, todos terão a oportunidade de fazer um grande discernimento no Espírito Santo para decidirem como vão continuar caminhando no DJC, se no Siloé ou na Fraternidade Cristã.
Porém, este Temário também ajudará na maturidade humana e cristã de uma forma geral, pois a vida exige resposta e o homem, como ser moral dotado de consciência e liberdade, deve respondê-la com responsabilidade e prontidão em cada momento da sua história.
Deus não quer covardes que afundam na frustração existencial. Deus quer homens valentes que assumam a sua vida e missão, porque este é o caminho da plena realização humana e cristã, "pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria" (2Tm 1,7). Batizados no Espírito, estamos unidos com Cristo neste grande momento de decisão livre, consciente, responsável e corajosa!

MOPD Colossenses 1,3-12
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7 – Vivencia
Falta fazer




2ª Vivência ____/ ____/ ____

Identidade DJC


Nesta semana vamos conhecer o conjunto do Movimento Católico de Evangelização Discipulado de Jesus Cristo. Porque este será o lugar que Deus nos oferece para sermos e fazermos discípulos de Jesus no Caminho da Palavra de Deus.
Nossa identidade é a nossa personalidade. O modo como somos e existimos na Igreja e na sociedade. No DJC nada nasceu por acaso. Tudo foi rezado e gerado no decorrer da caminhada, desde a inspiração inicial fundante.

1 - Inspiração inicial fundante

A alegoria da videira verdadeira foi a inspiração inicial fundante do Discipulado de Jesus Cristo. Meditemos o que Jesus nos ensina nessa alegoria:

João 15,1 «Eu sou a verdadeira videira, e meu Pai é o agricultor. 2 Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. 3 Vocês já estão limpos por causa da palavra que eu lhes falei. 4 Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Vocês também não poderão dar fruto, se não ficarem unidos a mim. 5 Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. 6 Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados.»

7 «Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. 8 A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos. 9 Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor. 10 Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11 Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa.

12 O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. 13 Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. 14 Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando. 15 Eu já não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai. 16 Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça. O Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome. 17 O que eu mando é isto: amem-se uns aos outros.»

Quem é da Videira não é do mundo!

João 15,18 «Se o mundo odiar vocês, saibam que odiou primeiro a mim. 19 Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que é dele. Mas o mundo odiará vocês, porque vocês não são do mundo, pois eu escolhi vocês e os tirei do mundo. 20 Lembrem-se do que eu disse: nenhum empregado é maior do que seu patrão. Se perseguiram a mim, vão perseguir vocês também; se guardaram a minha palavra, vão guardar também a palavra de vocês. 21 Farão isso a vocês por causa de meu nome, pois não reconhecem aquele que me enviou.

22 Se eu não tivesse vindo e não tivesse falado para eles, eles não seriam culpados de pecado. Mas agora eles não têm nenhuma desculpa do seu próprio pecado. 23 Quem me odeia, odeia também a meu Pai. 24 Se eu não tivesse feito no meio deles obras como nenhum outro fez, eles não seriam culpados de pecado. Mas eles viram o que eu fiz, e apesar disso odiaram a mim e a meu Pai. 25 Desse modo se realiza o que está escrito na Lei deles: ‘Odiaram-me sem motivo’.

26 O Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim. 27 Vocês também darão testemunho de mim, porque vocês estão comigo desde o começo.»

2 - Dimensões da
vida cristã-batismal

Jesus sempre chamou as pessoas ao seu seguimento. Segui-lo é estar com ele. Melhor ainda, é conviver com ele e os irmãos, como os ramos unidos ao tronco da videira. A vida cristã iniciada no batismo (Mt 28,19; Rm 6,1-11) e reavivada continuamente na oração realiza-se na prática no seguimento de Jesus Cristo. Na Bíblia, vida cristã-batismal, vida no Espírito Santo, seguimento e discipulado de Jesus Cristo são sinônimos.
Meditando a alegoria da “videira verdadeira” (Jo 15,1-17), o Espírito Santo nos revela que o Discipulado de Jesus Cristo possui quatro dimensões fundamentais: Espiritualidade, Testemunho, Apostolado e Eclesialidade.

- Primeira Dimensão: Espiritualidade

Como os ramos unidos ao tronco da videira, devemos viver em comunhão com Deus. Esta experiência de salvação é a grande bênção que recebemos no batismo, na qual devemos permanecer por toda vida. Sem a Graça de Deus não podemos permanecer bons, nem fazer nada de bom!

A essência da espiritualidade cristã consiste nessa intimidade com Jesus. Participamos da sua própria vida, missão e amizade. Daí a insistência dele: “Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor” (Jo 15,9).

- Segunda e Terceira Dimensões: Testemunho e Apostolado

A espiritualidade, a vivência do amor divino que salva e santifica, desabrocha necessariamente em frutos de amor a Deus e aos irmãos, ou seja, em Testemunho e Apostolado. O Pai celeste é glorificado justamente quando somos discípulos de Jesus e produzimos muitos frutos (Jo 15,8).

O Testemunho caracteriza-se pelo nosso exemplo de vida cristã e é sustentado pelos frutos de santidade. Já o Apostolado é o nosso serviço de evangelização na Igreja e na Sociedade, a partir do carisma que recebemos do Espírito Santo.

- Quarta Dimensão: Eclesialidade

Os cristãos, unidos a Cristo como os ramos ao tronco da árvore, formam entre si um só corpo. Pela graça do Espírito de Cristo, formam um “só coração e uma só alma”, que é a Igreja. Ao mesmo tempo que Jesus convida a permanecer no seu amor, também nos ensina o seu mandamento: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12). A Igreja é a comunidade de amor dos Discípulos de Jesus, fundamentada na própria comunhão de amor da Trindade Santa.

É impossível estar ligado a Cristo sem permanecer interligado com os outros irmãos. O cristão é, necessariamente, Igreja. É membro da Igreja justamente porque é membro de Cristo. Portanto, é impossível ser cristão sem ser Igreja.

A espiritualidade, o testemunho e o apostolado são vivenciados dento da grande família eclesial, na graça do amor.

Essas dimensões da vida cristã-batismal são quatro colunas que podem ser comparadas com as quatro pernas de uma cadeira. Faltando uma das pernas a cadeira balança e desmorona. Assim acontece com a vida cristã: se faltar uma das suas dimensões fundamentais constitutivas, ela cai, enfraquece, atrofia e morre...

3 - Vocação e Carisma

A Vocação é o chamado de Deus para o DJC no seio da Igreja que ecoa insistentemente nas profundezas da nossa alma, arde no nosso peito e nos inquieta enquanto não o respondemos com toda a nossa vida.
A vocação do Discipulado de Jesus Cristo é SER e FAZER Discípulos Missionários no Caminho da Palavra de Deus: “Meu Pai é glorificado quando vocês são meus discípulos e produzem muitos frutos!” (Jo 15,8)
O carisma é o dom coletivo que Deus nos concedeu para colocarmos a serviço do seu Reino como DJC. Assim, tudo que fazemos deve levar a marca do carisma DJC, do estilo DJC.
Na força da vocação, o carisma do DJC no seio da Igreja é ser:

- Movimento Católico de Evangelização

Na atmosfera da Graça do Concílio Vaticano II, nascemos do mover do Espírito no coração do Pe. Marcos Oliveira ainda quando ele coordenava a Capela N. Sra. do Carmo em Pacoti, Ceará. A moção desde os inícios sempre foi esta: ajudar os católicos a serem católicos verdadeiros para que sejam felizes de verdade e ajudem a Igreja a salvar o mundo. Sob o impulso desta moção (Gl 5,1), num processo cíclico, mas sempre para frente e para o alto, coordenava a comunidade, foi para o seminário, evangelizava, fez a monografia teológica e a colocou em prática logo no primeiro ano de ministério sacerdotal (Jubileu do Ano 2000), nascendo desta forma o Movimento Discipulado de Jesus Cristo (DJC). O DJC nasceu do mover do Espírito que nos colocou em movimento de vida cristã e missão permanente no seio da Igreja Católica Apostólica Romana. Esta é a primeira visão que temos de nós mesmos e por isso somos um Movimento Católico de Evangelização, sempre ligado na Videira – João 15 (Palavra de Deus e Eucaristia).

- Rede Católica de Evangelização

Somos um só DJC, aonde cada organismo é um ponto importante de uma grande rede de evangelização. Avante! A nossa cidade é a nossa missão! Unidade e proatividade! Todos juntos, ao mesmo tempo e por todos os lados, sendo discípulos e fazendo discípulos de Jesus aonde estivermos, com quem estivermos e da forma que pudermos! Juntos somos mais, juntos somos fortes! Hoje, o nome da caridade é evangelização (Bento XVI). Fortalecidos na unidade a evangelização é a nossa prioridade!

- Escola de Jesus

Como nosso nome já diz, Dis-ci-pu-la-do de Jesus Cristo, somos a escola aonde Jesus é o mestre, a Bíblia é o livro, o Espírito Santo é o pedagogo e a Igreja é Mãe e Mestra. Somos alunos de Jesus e ao mesmo tempo auxiliamos na formação de novos discípulos missionários no caminho da Palavra de Deus. Olhando para o exemplo de Jesus Cristo e de São Paulo, aprendemos um Método de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD) que se realiza na prática na forma de uma Caminhada Discipular, com disciplina pessoal e comunitária, sempre seguindo Jesus Cristo, o único Caminho que conduz para a Verdade e a Vida. Por isso é muito importante manter o DJC nos trilhos do MEAD porque desta forma conseguimos ser e fazer discípulos missionários no Caminho da Palavra de Deus.

- Família em oração e em missão

Apesar de estarmos espalhados em diversas localidades, nós somos uma grande família em oração e em missão de forma permanente. Diariamente, com Santa Maria e São Paulo, no Espírito Santo, em Nome de Jesus, todos orando por todos e intercedendo pela humanidade em torno da Rádio Família em Oração. Porque, da mesma forma que no Mar Vermelho, a intercessão parte na frente abrindo os caminhos da Graça de Deus no meio do povo. Interceder é amar. O Amor salva! Quando todos oram por todos, todos recebem a oração de todos (Santo Agostinho). Não duvidemos do poder da oração de muitos (Francisco). 

4 - Espiritualidade

A Espiritualidade que anima e sustenta a Vocação DJC é a Espiritualidade Pascal da Caminhada, assim resumida:

Seguir Jesus Salvador,
Caminho, Verdade e Vida
(Palavra - Eucaristia),
Na Graça do Espírito Santo,
Com Santa Maria de Nazaré e São Paulo Apóstolo,
Para a glória de Deus Pai!

- Amizade com o Espírito Santo

O Espírito Santo é a nossa Esperança. Por isso temos que cultivar antes e acima de tudo a amizade com Ele.
Somos uma pessoa... Fulano, independentemente de ser magro ou gordo, pobre ou rico, é uma pessoa boa… Você não classifica alguém como bom ou ruim pelo que vê por fora, mas pelo que ela é por dentro e manifesta no seu comportamento diário.
Pessoa não é só o corpo físico que que se vê por fora. Antes, é aquilo que é por dentro e então é que se manifesta na forma de uma personalidade: atitudes, pensamentos, sentimentos, vontade, mentalidade.
Deus é Pessoa. Aliás, um só Deus, mas Três Pessoas Divinas: Pai, Filho e Espírito Santo. E, portanto, cada uma das Pessoas Divinas possui uma personalidade, com características próprias que as individualizam e as diferenciam uma da outra, embora todas as Três tenham a mesma natureza divina e formem entre si um só Deus Uno e Trino.
Portanto, o Espírito Santo, embora não tenha corpo, é uma Pessoa. Jesus diz que Ele é o nosso Advogado, o Paráclito. É o Espírito da Verdade que se coloca ao nosso lado e nos encaminha para a Verdade. Porém, como Pessoa, o Espírito Santo espera que queiramos a sua presença na nossa vida e espera mesmo que o convidemos a estar com a gente.
Quando clamamos pela sua presença, Ele vem e se manifesta. Porque todo advogado só advoga em favor de quem pede o seu serviço. Portanto, se queremos ter uma vida no Espírito Santo, precisamos ter três cuidados logo de partida:

- Não entristecê-Lo (Ef 4,30). Não ignorá-lo como Pessoa.  Ele vai embora quando não é acolhido, Ele vai embora quando é rejeitado.

- Não blasfemar contra Ele (Mt 12,31). Recusa deliberada da salvação oferecida por Ele em Jesus. “Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eternal”. (CIC 1864)

- Bater na porta e suplicá-Lo ao Pai, em Nome de Jesus (Lc 11,5-13). Insistência que significa desejo, abertura interior e determinação. “Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem!”

5 - MEAD

Da resposta ao chamado de Deus nasce o nosso Objetivo Geral Metodológico e Estratégico: Reavivar e Desenvolver Integralmente a vida cristã-batismal na perspectiva do seguimento de Jesus.

O DJC imita Jesus e São Paulo. Temos certeza que “Ser e Formar discípulos no Caminho da Palavra de Deus” é a solução para o mundo de hoje como foi lá nos inícios do cristianismo quando a Luz brilhou nas trevas e os povos conheceram a Salvação.
O mundo de hoje marcado pelo secularismo, relativismo e niilismo, cultura da morte, desestruturação da família e crises diversas, precisa urgentemente da manifestação dos verdadeiros discípulos de Jesus. A salvação do mundo de hoje passa pela evangelização, formação e acompanhamento de discípulos de Jesus.
O Método de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos (MEAD) é fundamental para o DJC ser DJC. Sempre devemos evangelizar com misericórdia, unção e mistagogia. Mas sem o MEAD o DJC se esvai e morremos na praia, porque o Discípulo de Jesus só cresce Caminhando com os irmãos no Espírito e na Palavra de Deus, passo a passo, de temário em temário.
O MEAD se realiza na prática, na forma de uma Caminhada Discipular, cíclica, mas sempre pra frente e para o alto, sem queimar etapa e sem atolar, porque é pra frente que se anda. Primeiro reavivar, depois desenvolver integralmente a vida cristã-batismal do discípulo de Jesus, sempre na perspectiva do seguimento de Jesus Cristo.
Os Temários do DJC, todos calcados na Palavra de Deus, guiam a Caminhada Discipular e promovem o Reavivamento e Desenvolvimento integral do Discípulo. Assim, basta seguir os Temários e tudo caminhará nos trilhos do MEAD.
Quem entra no Cenáculo / Fraternidade Cristã, desde os inícios é necessário adquirir os seis Temários do DJC, um após o outro, a cada três meses. Nem queimar Temário e nem ficar atolado. É pra frente que se anda!

Caminhar pra valer:
A cada três meses, um Temário.
Pra cada discípulo, um Temário.
Toda semana, uma Vivência.
Toda semana, uma Vistoria.
Todo dia, uma Meditação Orante da Palavra de Deus.

É pra frente que se anda! Quando alguém desiste e retorna, sempre continua de onde ficou.

6 - Estrutura básica do DJC

- Níveis do DJC:
Nível Geral
Nível Local
Nível Extensional

- Níveis dos Específicos do DJC:
(Discipulados de Jovens, Adultos e Casais; Apostolados das Artes, Bênção e Infraestrutura; Projeto Kairós)
Específico Geral
Específico Local
Específico Extensional

- Níveis da Missão:
Missão Geral
Missão Local



3ª Vivência ____/ ____/ ____

Espiritualidade
da Caminhada


Nessa semana rezaremos a altíssima vocação cristã para a qual Deus nos chama e a Espiritualidade da Caminhada que sustenta e dá perene vigor à mesma.
A Opção Fundamental é fruto do Batismo no Espírito e culmina no Mandato Missionário. A Espiritualidade é a Graça de Deus que nos sustenta na vida e na missão, sempre no Caminho do Evangelho de Jesus.

1 - Caminho Santo

Caminho da idéia de vida em movimento, vida em construção, vida sendo realmente vivida com sentido, rumo à sua plena realização. De fato, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança para ser parecido com Ele, deixando de lado as concupiscências enganosas, renovando-se pela transformação espiritual da sua mente e revestindo-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade (Ef 4,22-24).
O homem nasce como um projeto a “vir-a-ser” plenamente realizado em Deus, por Deus e para Deus, mas também com a sua participação, com os seus passos e esforços cíclicos, sempre pra frente e para o alto. Por isso a palavra caminho é tão simbólica e tão presente nas Sagradas Escrituras. Porque para o homem ser plenamente realizado e ter vida plena ele precisa caminhar, ele precisa seguir um caminho na vida. Isto não é elementar. Caminhar é fundamental. Quem não caminha, atrofia e morre.
Na natureza não é só a vida humana que deve caminhar. Também a vida vegetal e a vida animal devem seguir um curso teleológico e alcançar a sua finalidade. Mas o homem deve caminhar mais ainda, porque sua vida transcende o aquém da matéria e da história e só será plenamente realizada na eternidade com Deus. O homem é um peregrino. O problema é que nem todos caminham no rumo certo, e por isso não serão realizados em Deus, na justiça e na santidade que vem da Verdade (Ef 4,24).
A Palavra de Deus exorta que os pagãos andam à mercê de suas idéias frívolas. Por isso têm o entendimento obscurecido e, indolentes, entregam-se à prática de toda espécie de impureza. Não foi para isto que nos tornamos discípulos de Cristo! 
Há quem diga: “Companheiro não há caminho, o caminho se faz ao caminhar!” Isto é relativismo secularista próprio da cultura pagã impregnada pelo existencialismo. Desde os tempos dos profetas se dizia que nos tempos messiânicos a esperança ia florescer e haveria um Caminho Santo por onde os redimidos e libertados pelo Senhor seguiriam adiante, gritando de alegria, cheios de alegria eterna (Is 35,8-10). Deus não iria chamar o homem para a felicidade eterna e deixá-lo à mercê das trevas do mundo, aonde muitos caminhos conduzem para o erro e para a morte, e não para a vida.
Jesus veio fazer a vontade do Pai que quer a salvação de todos os homens e do homem todo. Ser salvo é ser saudável e plenamente realizado em Deus. Por isso, Jesus chamava todos à fé e à conversão para viverem vida nova em Deus e dizia que Ele mesmo é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,1-6).
Jesus é o Caminho… Devemos segui-Lo! Jesus é a Verdade… Devemos acolhê-lo nas Sagradas Escrituras! Jesus é a Vida… Devemos vivê-lo na Eucaristia!
Os primeiros cristãos desde os tempos dos Apóstolos entenderam que, sendo Jesus o Caminho que conduz para a Verdade e a Vida, então ser cristão significa seguir Jesus, imitando o seu exemplo, meditando os seus ensinamentos e acolhendo a sua graça. O cristão é um seguidor de Jesus ou não é cristão de verdade.
A espiritualidade dos primeiros cristãos era uma espiritualidade da caminhada com Jesus, uma espiritualidade da imitação de Cristo, do seguimento de Jesus, e por isso era uma espiritualidade cristocêntrica. Que possamos também dizer o mesmo que São Paulo dizia: “Já não sou eu que vivo. É cristo que vive em mim. E esta vida presente na carne eu a vivo pela Graça de Jesus que me amou e por mim se entregou!” (Gl 2)
Jesus Cristo era o único fundamento dos primeiros cristãos e ninguém ousava colocar outro no seu lugar (1Cor 3,11). Os primeiros cristãos só tinham um Caminho: JESUS CRISTO. Só tinham uma Verdade: JESUS CRISTO. Só tinham uma Vida: JESUS CRISTO!
Esta centralidade de Jesus Cristo na vida dos primeiros cristãos evidencia-se no fato de que a própria Igreja era chamada de Caminho. Como os primeiros cristãos eram conhecidos como seguidores de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, então a comunidade dos cristãos, que é a Igreja, era conhecida por todos, até pelos pagãos e perseguidores, como O Caminho, ou então como a Igreja do Caminho. Isto está muito presente no livro dos Atos dos Apóstolos:

- Atos 9,1: Saulo recebe autorização para prender quem pertencesse ao Caminho, quer homens, quer mulheres.

- Atos 16,17: Paulo anunciava o Caminho da Salvação.

- Atos 22,4: Paulo confessa que antes da conversão, perseguiu a Igreja do Caminho até a morte, prendendo e lançando na prisão homens e mulheres.

O ser humano precisa caminhar para ser plenamente realizado à imagem e semelhança de Deus. Jesus é o Caminho Santo que conduz para a Verdade e para a Vida. Ser cristão é seguir Jesus. A Igreja também é Caminho, porque aqueles que seguem Jesus formam entre si uma comunidade de fé, esperança e amor e tornam-se conhecidos como seguidores do Caminho ou membros da comunidade do Caminho.
A vida que nasce deve crescer e frutificar. O cristão nasce no batismo e só cresce e frutifica na Caminhada Discipular, seguindo Jesus com os irmãos na Igreja, deixando de lado as concupiscências enganosas, renovando-se pela transformação espiritual da sua mente e revestindo-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade (Ef 4,22-24).

MOPD Efésios 4,17-24
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2 - Primazia da Espiritualidade

Deus nos chama a uma altíssima vocação em Cristo Jesus. Sem a sua Graça jamais poderíamos dar passos nessa direção. Por isso que a Espiritualidade da Caminhada é tão importante, porque é o próprio Deus que faz em nós o QUERER e o FAZER. Tudo é obra da Graça de Deus!
Espiritualidade não é só quando reservamos um tempo para oração pessoal ou comunitária. A Espiritualidade é caminhar e viver a vida toda no Espírito Santo.  Porém, para vivermos a vida toda na Graça do Espírito Santo precisamos dos momentos de oração. Por isso é que se diz: a oração é o coração da espiritualidade.
Sem a graça de Deus não somos nada, sem o Espírito de Deus tudo se esvai. O Espírito Santo é a nossa força, a nossa luz e a nossa Esperança. No Discipulado de Jesus Cristo a primazia é sempre do Espírito Santo porque ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo!
Esta vida nova no Espírito Santo foi muito bem explicada por Jesus a Nicodemos. (Jo 3,1ss) Para entrar no Reino de Deus, que é o Reino da paz, alegria, liberdade, vida, justiça e amor, é necessário nascer de novo, é necessário nascer do alto. Nicodemos não entendeu como era este nascer de novo. Então Jesus explicou: “Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito. Quem nasce da carne é carne, quem nasce do Espírito é espírito. Não se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto.” (Jo 3,5-7)
Nascer da carne significa nascer da carne humana (é criatura humana), com tudo de bom que a natureza humana tem, mas também com a sua concupiscência herdada do pecado original. Também significa nascer do mundo, ser mundano, ser fechado para Deus e escravo das obras deste mundo e do príncipe deste mundo. Quem nasce da carne, é carne. Não tem a vida de Deus.
Nascer do Espírito significa nascer do alto, nascer de Deus e ser filho de Deus mediante a fé em Jesus Salvador e o batismo, sacramento da fé. Quem nasce do Espírito é espírito, porque passa a viver uma vida nova como filho de Deus, vive em comunhão com Deus. Vive a vida no corpo no princípio do espírito em comunhão com o Espírito de Deus.
O mundano é fechado para Deus. A nova criatura vive em comunhão com Deus. Esta é a grande diferença. O modo pelo qual se dá o novo nascimento é através da fé em Jesus e o batismo. Foi Ele quem o Pai enviou como Salvador. Quem o acolhe recebe a salvação e se torna filho de Deus. Pela fé a pessoa renuncia Satanás, o pecado e o mundo e acolhe a Graça de Deus em Jesus. Não despreza o Sacrifício redentor do Calvário como muitos o fazem hoje em dia, influenciados pelo secularismo, relativismo e muitas outras ideologias pagãs. Porque não existe salvação fora de Jesus e o homem é salvo somente pela fé em Jesus, e o batismo. Não existe outro caminho. Não existe outro Nome pelo qual possamos ser salvos a não ser o Nome de Jesus. Por isso é importante guardarmos bem o que Jesus ensinou a Nicodemos, a fim de que também fixemos os nossos olhos e nosso coração naquele que é o Autor e o Consumador da nossa fé!

“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna!” (Jo 3,14-15)

“Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus.” (Jo 3,1621)
Pois bem, filhos e filhas de Deus. Quem nasce da carne, é carne é carnal, é mundano. Não tem a salvação, não tem comunhão com Deus, não participa da Nova Aliança. E quem nasce do Espírito é espírito. Vive uma vida nova, já é cidadão do Reino de Deus, já está salvo. Porém, queremos terminar lembrando algo muito importante que Jesus disse a Nicodemos e que muitas vezes passa despercebido. Se nascemos do Espírito, se vivemos no Espírito, devemos caminhar e viver sob o impulso do Espírito! Porque pode acontecer de nascer para uma vida nova mas depois retornar ao homem velho. Pode acontecer de sair do mundo e depois voltar para o mundo.
O Espírito Santo é o vento de Deus (pneuma). “O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito!” (Jo 3,8) Quem nasceu do Espírito vive sob o impulso do vento do Espírito. Você não sabe para onde vai, mas guiado pelo Espírito você com certeza vai chegar a Jesus e nele será plenamente feliz na Graça e na Paz. Quem nasce da carne é guiado pelo vento do mundo. É como uma biruta de aeroporto, pra lá e pra cá, “maria-vai-com-as-outras”. E acaba no vazio, na miséria, na morte, no inferno.
Por isso, é necessário nascer do Espírito: Conversão e salvação pela fé em Jesus – sacramento do Batismo – reavivamento do batismo, mas também é fundamental deixar-se ser levado pelo vento do Espírito como um barco à vela em alto mar. Com certeza chegará no porto seguro do Reino de Deus, que é paz, alegria, justiça e vida em abundância.
A ênfase é esta, se você nasceu de novo, agora caminhe sob o impulso do vento do Espírito!
A espiritualidade é a principal dimensão da vida cristã-batismal. O discípulo de Jesus coloca a espiritualidade em primeiro lugar porque as outras três dimensões do testemunho, apostolado e eclesialidade dependem dela. Aspira viver no Espírito e caminhar sob o impulso do Espírito. Coopera com Ele dando passos concatenados entre si no seguimento de Jesus e na comunhão da Igreja. Então o próprio Espírito conduz o discípulo no Caminho da Verdade e da Vida, mantendo-o sempre livre e vivo, porque foi para a liberdade que Cristo nos libertou e aonde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade!
A espiritualidade é a vida toda vivida no princípio do espírito em comunhão com o Espírito de Deus.

MOPD João 3,5-7
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3 - Foi para a Liberdade
que Cristo nos libertou

A Carta aos Gálatas contém o núcleo do Evangelho da Graça. Evangelho este que possui a força que salva e transforma a humanidade. Por isso, “maldito seja quem anunciar um evangelho diferente!” (Gl 1,8)
Cristo nos libertou… Cristo Jesus nos libertou se refere ao dom da salvação, libertação e vida nova. Ele nos libertou do mal. Paulo mesmo dá o seu testemunho. Era ignorante e perseguidor. Vivia nas trevas. Mas desde que encontrou Jesus começou a viver uma vida nova. Todos passaram a dar glória por tudo que o Senhor fez na vida dele (Gl 1,13-23). Não existe milagre maior do que o milagre da libertação do homem velho para a nova criatura (novo nascimento). Libertação da morte, trevas, vícios, maldade, vazio interior…
E Paulo proclamava: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé naquele que me amou e por mim se entregou!” (Gl 2,20) Você já foi liberto? Este também deve ser o seu louvor!
Cristo nos libertou para a liberdade! O cristianismo é a religião da liberdade, porque só existe vida e amor no campo da liberdade. Por isso o grande milagre da nossa salvação passa pela nossa conversão livre e consciente. Como na vida de Paulo, Jesus nos liberta respeitando a nossa liberdade. Deus espera a nossa resposta.
Não somos mais escravos. Somos filhos e herdeiros. E a prova de que somos filhos é que Deus derramou no nosso coração o Espírito do seu Filho pelo qual clamamos “Abba! Pai!” (Gl 4,6-7) Agora precisamos permanecer na liberdade do Espírito. Porém, muitas coisas querem nos escravizar para que voltemos a ser escravos, para que não vivamos realmente como filhos e filhas de Deus. Coisas que vão atrofiando a Graça, expulsando a Graça até nos escravizar novamente: Lei (preceitos religiosos ou culturais quando desnecessários), mundo, demônios, fraquezas, doenças interiores… Mas o que nos escraviza mesmo, é isto o que Paulo está enfatizando nesta Carta, é a religião artificial, os meros preceitos religiosos e culturais, porque você pensa que está fazendo tudo, cumprindo tudo, mas não está mergulhando realmente na Graça de Deus. Você cumpre a Lei, o ritual, mas não mergulha. Vai ao poço mas não bebe da água da vida. Continua sedento, atrofia, morre...
Neste contexto da Carta aos Gálatas, Paulo estava falando da circuncisão, que era um preceito cultural-religioso previsto na Lei do Antigo Testamento para todos judeus. Porém, Jesus veio e salvou a todos pela Cruz e a Graça do Espírito. De modo que a circuncisão não era mais necessária e obrigatória, como muitas outras Leis do Antigo Testamento também se tornaram obsoletas e desnecessárias.
Porém, os cristãos que vieram do judaísmo queriam obrigar os cristãos vindos do paganismo a se circuncidarem à força, porque se não fizessem a circuncisão na carne, diziam eles, não seriam salvos. E muitos gálatas, por medo da condenação, acabavam se circuncidando e desta forma, colocavam mais confiança (fé e esperança) na circuncisão da carne do que em Jesus Salvador. Acabavam, portanto, se afastando da Nova Aliança no Sangue e no Espírito de Jesus e voltavam para a escravidão da Lei. Como hoje muita gente pode colocar mais fé nos costumes que vão surgindo do que em Jesus e no Espírito. Desta forma acabam se afastando do Evangelho da Graça e voltando à escravidão. Deixam de viver como filhos e herdeiros de Deus e começam a viver uma vida sem graça.
Por isso Paulo exorta os gálatas a não abandonarem o Evangelho da Graça. Se foram libertos da escravidão pela Graça de Deus mediante a fé em Jesus e o batismo, assim como ele foi, então não podem abandonar este Evangelho da Graça de Deus. Não podem renascer na Graça e morrer na carne e no mundo, como viviam antigamente. “Sejam firmes e não se submetam ao jugo da escravidão. Nós, de fato, aguardamos no Espírito a esperança de nos tornarmos justos mediante a fé, porque em Jesus Cristo, o que conta não é a circuncisão ou a não-circuncisão, mas a fé que age por meio do amor!” (Gl 5,1.5)
MOPD Gálatas 5,1-6
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4 - Onde está o Espírito
do Senhor está a liberdade

Qual a solução para tudo isso, para que não nos submetamos novamente ao jugo da escravidão? Paulo responde prontamente: Deixar o Espírito Santo circuncidar o nosso coração e caminhar nele e por Ele, como está escrito:

- Rm 2,29: O que faz ser verdadeiro filho de Abraão é a circuncisão do coração na observância da Palavra de Deus.

- Gl 5,25: “Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito!”

- 2Cor 3,1-18: “Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” 

Isto! Fomos salvos por Jesus de todo tipo de escravidão. Foi para Liberdade que Ele nos libertou. Só existe Liberdade e vida nova no Espírito de Jesus Ressuscitado. Se deixamos de viver no caminho da Palavra de Deus e do Espírito Santo e confiamos mais em costumes ou até mesmo superstições, mais cedo ou mais tarde voltamos ao jugo da escravidão, ao mundo, fraquezas da carne, trevas, vícios. Por isso devemos ser dóceis ao Espírito Santo no nosso dia a dia. Nossa religião deve ser espiritualidade, sempre pautada na Palavra de Deus e na Graça do Espírito de Jesus. Porque aquela religião dos meros preceitos acaba escravizando também, porque você cumpre os preceitos, a Lei, mas não vive o Evangelho e não bebe do Espírito.
Se vivemos no Espírito de verdade, então caminhemos sob o impulso do Espírito. É Ele quem nos move. É Ele quem nos guia e nos acompanha no seguimento de Jesus e na comunhão da Igreja, sempre no Caminho da Palavra de Deus.
É claro que vamos viver tudo o que a nossa religião ensina, porque tudo na Igreja Católica está de acordo com o Evangelho da Graça de Deus. Porém, mais do que costumes católicos ou religião católica, nós queremos a espiritualidade católica. Queremos mergulhar no Espírito para permanecer no Espírito! Caminhar sob o impulso do Espírito, vencendo as obras da carne e crescer nos seus frutos de santidade. (Gl 5,19.22)
Caminhar sob o impulso do Espírito significa ser sensível à sua presença, à sua voz, às suas moções tanto no Magistério da Igreja como também na experiência de Deus no dia a dia (visões, manifestações, dons, carismas).
O Espírito Santo de Pentecostes não entra em contradição. O mesmo Espírito que guia a Igreja é também o que nos move em meio às muitas atividades da vida. De modo que quando me abro para a Graça do Espírito de Deus no meio do século, com certeza também haverei de viver no Corpo Místico de Cristo que subsiste na história através da Igreja Católica Apostólica Romana. Isto se verifica, por exemplo, na unidade da fé presente tanto no Magistério oficial da Igreja como no sentido da fé e dos carismas de todo Povo de Deus (sensus fidei).

“O Povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade oferecendo a Deus o sacrifício de louvor, fruto dos lábios que confessam o Seu nome (cfr. Hebr. 13,15). A totalidade dos fiéis que receberam a unção do Santo (cfr. Jo. 2, 20 e 27), não pode enganar-se na fé; e esta sua propriedade peculiar manifesta-se por meio do sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando este, «desde os Bispos até ao último dos leigos fiéis», manifesta consenso universal em matéria de fé e costumes. Com este sentido da fé, que se desperta e sustenta pela acção do Espírito de verdade, o Povo de Deus, sob a direcção do sagrado magistério que fielmente acata, já não recebe simples palavra de homens mas a verdadeira palavra de Deus (cfr. 1 Tess. 2,13), adere indefectivelmente à fé uma vez confiada aos santos (cfr. Jud. 3), penetra-a mais profundamente com juízo acertado e aplica-a mais totalmente na vida.” (Concílio Vaticano II, LG 12)

Desta forma, o caminhar sob o impulso do Espírito nos livra de toda escravidão e nos conduz cada vez para uma vida nova, plenamente realizada em Jesus Salvador e na comunhão da Igreja. Por isso a Nova Aliança não é só no Sangue do Cordeiro, mas na Graça do Espírito Santo. Jesus nos salvou e libertou na Cruz. Mas para permanecermos livres precisamos da Graça do Espírito Santo.
Muita gente acolhe a Salvação na Cruz. Mas esquece de viver no Caminho do Evangelho e sob o impulso do Espírito, e volta à escravidão! Até tem boa intenção e boa vontade. Cumpre os preceitos, mas não mergulha na Graça e não se deixa ser guiado pelo Espírito que sopra pra lá e pra cá. Portanto, meus irmãos, semeemos no chão da nossa vida no Espírito Santo e vamos colher vida em abundância, vida eterna (Gl 6,8).

MOPD Segunda Carta aos Coríntios 3,1-18 _________________________  _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 - Espiritualidade Pascal

O Espírito Santo é o dom pascal por excelência. Ele conduz à verdadeira liberdade e a verdadeira vida. Mas não confundir liberdade do Espírito com libertinagem. A carne conduz para a libertinagem que promove bagunça, indisciplina, corrupção e morte. 
Páscoa, do hebraico “pesach”, significa passagem. Seja a passagem libertadora de Deus na nossa vida, seja a nossa passagem da escravidão para a liberdade. A espiritualidade cristã é essencialmente pascal. Porque o Deus Bendito da Aliança é aquele que sempre nos põe em movimento, fazendo-nos sempre passar para uma vida bem melhor, para uma terra aonde correm leite e mel.
Nossa primeira páscoa foi a da criação, quando o Criador nos livrou do nada e nos chamou à existência. "Aquele que É" fez com que existíssemos à sua imagem e semelhança para que pudéssemos viver em comunhão com Ele. Sinal de que, quando viramos as costas para Ele, deixamos de existir. "Aquele que É" nos livrou do nada. Sem "Aquele que É" voltamos ao nada, fazemos da nossa vida um nada.
O povo se corrompeu no pecado e tornou-se escravo no Egito. "Aquele que É" escutou o seu clamor, viu o seu sofrimento e desceu para libertá-lo. Pela liderança de Moisés favoreceu que o povo saísse da terra da escravidão para Canaã, a Terra da Liberdade. Como a idolatria sempre é o começo da destruição de um povo, Deus disse para Moisés que, uma vez libertado da escravidão, o povo deveria adorá-lo para não fazer pactos com ídolos e voltar a ser escravo. Mas o povo ignorante e ingrato nem sempre adorou o Deus Verdadeiro em espírito e em verdade. E por isso Israel conheceu sucessivos períodos de escravidão.
A páscoa nova e definitiva foi selada no Sangue do Cordeiro, Jesus Cristo, que ofereceu a sua vida pela nossa salvação. Morreu na cruz para nos justificar e ressuscitou no terceiro dia para permanecer no meio de nós. Jesus Cristo vive, reina e é o Senhor! Mediante a fé nos tornamos partícipes da vida de Jesus e começamos a viver a vida eterna no aqui e agora da nossa história. Doravante, é mediante a fé que somos salvos em Jesus e com ele vencemos o pecado, os demônios e a morte.
A espiritualidade da caminhada é essencialmente uma espiritualidade pascal, de modo que ser cristão é estar sempre em movimento no Caminho Santo que conduz para a Verdade e a Vida. A parte que nos cabe fazer é acreditar em Jesus, acreditar no seu amor, a ele se entregar como Nosso Senhor e Salvador, e se colocar em movimento. Se assim fazemos, fazemos o principal, porque Deus mesmo vem em nosso auxílio e favorece a abertura do Mar Vermelho e tudo mais que seja necessário para que então sejamos plenamente realizados.
Páscoa é passagem para algo melhor. Que a força da ressurreição de Jesus continue nos impulsionando sempre para o alto e para frente. Com ele morremos para o pecado, com ele ressuscitamos para uma vida nova mediante o poder da fé e a graça do batismo (cf. Col 2,9-15).
A páscoa perene é na graça do Espírito do Cristo Ressuscitado. Sem o Espírito Santo morremos na praia, esvaímos no deserto. É no Espírito de Cristo, e somente nele e por ele, que todos vivemos a verdadeira vida de filhos e filhas de Deus, a quem clamamos “Aba Pai!”.

Rm 8,1 Agora, porém, já não existe nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. 2 A lei do Espírito, que dá a vida em Jesus Cristo, nos libertou da lei do pecado e da morte. 11 Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que habita em vocês. 12 Portanto, irmãos, nós somos devedores, mas não dos instintos egoístas para vivermos de acordo com eles. 13 Se vocês vivem segundo os instintos egoístas, vocês morrerão; mas se com a ajuda do Espírito fazem morrer as obras do corpo, vocês viverão. 14 Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 E vocês não receberam um Espírito de escravos para recair no medo, mas receberam um Espírito de filhos adotivos, por meio do qual clamamos: Abba! Pai! 16 O próprio Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 E se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo, uma vez que, tendo participado dos seus sofrimentos, também participaremos da sua glória.

MOPD Romanos 8,1-17 _______________________________  _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 – Espiritualidade Paulina

A Espiritualidade do DJC também é paulina.
O Apóstolo Paulo, pelo que viveu e ensinou, é exemplo de discípulo de Jesus Cristo. Cheio de humildade, mas consciente do que a misericórdia realizou na sua vida disse: “Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo Jesus” (1Cor 4,16).

“Agradeço aquele que me deu força, a Jesus Cristo nosso Senhor que me considerou digno de confiança tomando-me para o seu serviço, apesar de eu ter sido um blasfemo perseguidor insolente. Mas obtive misericórdia porque eu agia sem saber longe da fé. Sim ele me concedeu com maior abundância a sua graça junto com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo. Esta palavra é segura e digna de ser acolhida por todos: Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o primeiro. Mas exatamente por causa disto eu obtive misericórdia. Jesus Cristo quis mostrar toda a sua generosidade primeiro em mim como exemplo para os que depois iriam acreditar nele, a fim de terem a vida eterna! Ao Rei dos séculos, ao Deus incorruptível, invisível e único, honra e glória para sempre. Amém!”






4ª Vivência ____/ ____/ ____

Fraternidade Cristã


O Discípulo de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos no Espírito Santo e na Palavra de Deus. Durante esta semana vamos meditar sobre estas três realidades, a começar pela importância da Fraternidade Cristã dentro do projeto salvífico de Deus.
Vendo o exemplo de Jesus que sempre formou discípulos em comunidade, no DJC todo Discípulo de Jesus precisa caminhar em uma Fraternidade Cristã conforme meditaremos a seguir.

1 - Juntos na Caminhada Discipular

Do modelo apresentando por Jesus e São Paulo nas Sagradas Escrituras, e a partir da nossa própria experiência, temos a certeza que o Discípulo só cresce no Caminho da Palavra de Deus, na Graça do Espírito Santo e vivendo em comunidade.
Jesus, na sua infinita sabedoria, sempre ensinou os seus discípulos a serem irmãos e a formarem comunidade de amor entre si. Existe um desígnio profundo no coração de Deus para que não caminhemos isolados, para que não sejamos individualistas, porque isto é muito prejudicial para a nossa dimensão humana e espiritual, e ao mesmo tempo favorável para as obras do Inimigo e fraquezas humanas. Por isso, Jesus mesmo formou comunidade com os seus discípulos. Eles saíam evangelizando as multidões, mas ao mesmo tempo tinham seus momentos internos de oração, partilha e fraternidade.
Em tudo, Jesus nos dá o exemplo a seguir! Desta forma, logo que subiu aos céus, os seus discípulos permaneceram em oração, com os apóstolos e a Virgem Maria. Foi no contexto da vida em comunidade que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (At 1 – 2). E cheios do Espírito Santo, todos perseveram como irmãos na doutrina dos apóstolos, na fração do pão e nas orações. E a cada dia o Senhor ia acrescentando novos discípulos à comunidade dos cristãos. Tudo isso está registrado nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, que é o Evangelho do Espírito Santo agindo no mundo através da Igreja de Jesus.
Disse Jesus: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou ali no meio deles!" (Mt 18,20) A vida em comunidade faz parte do projeto de Deus. Apesar desta ou daquela dificuldade, é melhor viver em fraternidade do que isolado. Com o tempo, todos vão crescendo na graça de Deus e se ajudando.
O Inimigo faz de tudo para destruir a Fraternidade Cristã, sobretudo nos seus inícios. Mas com fé, esperança e amor, com o tempo ele é derrotado e o projeto de Deus vai sendo realizado.
Tomé era um homem isolado. Ele só fez a experiência da ressurreição quando começou a participar da Fraternidade Cristã. O Salmista já rezava: “Como é bom os irmãos viverem unidos, porque aí o Senhor envia a sua bênção, a vida em plenitude!” (Sl 133)
Um Discipulador e um Discípulo já são uma Fraternidade. A esse respeito basta lembrar a Fraternidade Cristã de Felipe com o eunuco etíope (At 8,26-40). Felipe se dedicou de corpo e alma à evangelização do eunuco que desejava entender a Palavra de Deus mas não tinha ninguém para ajudá-lo. Felipe não perdeu tempo, não esperou que mais gente aparecesse pra depois começar a evangelizar. Imediatamente começou a caminhar com o eunuco e salvou aquela vida para o Reino de Deus.
Às vezes não evangelizamos uma pessoa que quer porque ficamos esperando que venha aquela que não quer. Com Felipe aprendamos a evangelizar aproveitando toda oportunidade e formando Fraternidade mesmo que seja com um só discípulo. A gente caminha com quem vem, a gente não espera por quem não veio!
A vida comunitária é muito importante para o discípulo sempre reavivar e desenvolver integralmente a sua vida cristã-batismal no caminho da Palavra de Deus. A caminhada é do discípulo com Jesus. Mas a vida comunitária é suporte para perseverar. Por isso, zelem pela caminhada pessoal no dia a dia, mas nunca esqueçam da importância do encontro semanal, mesmo que a Fraternidade seja formada só pelo Discipulador e um Discípulo. Esse Discípulo será semente de outros e assim a Palavra de Deus vai se expandindo e salvando novas pessoas para além do que possamos calcular ou imaginar.    

2 - Fraternidade coopera na salvação

Deus tem um plano de salvação elaborado com muito amor desde quando criou o universo e o homem à sua imagem e semelhança. Este plano foi reformulado depois que o homem cometeu o pecado. Então o plano de salvação passou a ser também um plano de restauração, redenção e santificação, sempre pelo único Mediador entre Ele e os homens, Jesus Cristo.
Neste plano salvífico, como em todo plano operacional, as partes não se excluem, mas se complementam. Assim, para alcançar o seu objetivo, para que todos homens sejam salvos, cheguem ao conhecimento da verdade e tenham vida plena, Deus tem várias maneiras e meios de agir e conta inclusive com a participação do próprio homem no seu processo de restauração, redenção e santificação.
Para entendermos a existência da Mediação Salvífica de Cristo e ao mesmo tempo os outros meios que Deus utiliza dentro do seu plano de salvação, sempre é bom lembrar a máxima de Santo Agostinho: "O Deus que nos criou sozinho não nos salva sozinho!"
O Mediador de toda salvação é Jesus que na Cruz do Calvário deu a vida por nós. Porém, associados a Cristo, Deus tem outras maneiras de salvar, Deus tem outros cooperadores, mas sempre em Cristo Jesus, o Salvador por excelência. Por isso que no plano salvífico de Deus, sempre em Cristo Jesus, as partes não se excluem, mas se ajudam e se complementam. É aí que entendemos, por exemplo, a ação do Espírito Santo e ao mesmo tempo o ministério maternal da Santíssima Virgem Maria. O Espírito Santo opera a santificação das almas. Mas isso não impede de, ao mesmo tempo, Nossa Senhora interceder, estender as suas mãos imaculadas e abençoar os filhos que Jesus lhe confiou. Por que Jesus Salvador ao mesmo tempo que envia o Espírito Santo também elegeu a sua Mãe para ser a nossa Mãe. No plano de Deus, em Jesus Salvador, as partes não se excluem, mas se ajudam e se complementam. No final o grande objetivo é que todos homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.
Nesta mesma perspectiva também devemos considerar a ajuda que devemos dar na realização da obra de Deus. É Deus quem salva em Jesus, mas sempre com diversos meios e nossa cooperação. Por isso Jesus, na sua divina sabedoria, antes de subir aos céus deixou a Igreja, a comunidade dos seus discípulos, o seu Corpo Místico, para continuar a sua missão na terra. Só Jesus é o Salvador. Mas ele continua salvando através de nós, a sua Igreja.
Isto não diminui em nada a Mediação de Cristo entre Deus e os homens. Porque tudo é feito com Cristo, por Cristo e em Cristo, como rezamos em toda Santa Missa. De modo que, se eu cumpro com a minha missão, muitos serão salvos por Jesus através de mim. Se eu enterro os talentos, muitos se perderão por conta da minha preguiça e omissão.
A Igreja deve ser um ambiente de amor, fé e esperança aonde todos que nasceram de novo possam crescer e se desenvolver plenamente na sua vida cristã-batismal. Queremos, portanto, refletir agora sobre a importância da vida em fraternidade presente dentro do plano salvífico de Deus e do Discipulado de Jesus Cristo.
Já vimos que Deus não quis nos salvar sozinho. Agora queremos enfocar que Deus também não quis nos salvar de forma isolada, mas como povo, como seu povo, como Igreja, como Discipulado de Jesus Cristo. Às vezes somos tentados a menosprezar os diversos meios que Deus utiliza para nos salvar em Cristo Jesus, como Maria, a Igreja e ajuda do irmão. Deus sabe o que faz e o homem não sabe o que diz! Se Ele quis nos salvar assim, então é porque o melhor é assim! 

3 - Clima favorável: Espírito Santo,
oração e fraternidade

As pessoas evangelizadas são como sementes destinadas a crescer na vida nova em Jesus Cristo. Toda semente precisa de um clima favorável para desabrochar e se desenvolver até atingir a sua plena realização e dar novos frutos... A semente da Palavra de Deus semeada pelos evangelizadores no “chão” do coração das pessoas também precisa de um clima favorável para realizar com poder a sua missão. Numa palavra, este clima favorável só é possível onde reinam, em primeiro lugar, o Amor de Deus (Espírito Santo), depois o amor a Deus (oração) e o amor aos irmãos (fraternidade). Por isso, em sintonia com o plano salvífico de Deus, o Discipulado de Jesus Cristo possui as Fraternidades Cristãs.
A primeira e fundamental atitude de uma Fraternidade Cristã é abrir-se para o reinado do Espírito Santo. Pois “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abba, Pai” (Gl 3,6). Encontrando abertura no grupo e em cada coração, o Espírito Santo prossegue a sua missão, desbravando caminhos de vida nova e conduzindo todos os discípulos para a plena salvação em Jesus.
Movida pelo Espírito de Deus, a Fraternidade Cristã vai criando uma harmonia espiritual que desabrocha em oração. E na oração, cada vez mais profusamente, os discípulos mergulham sempre mais no amor salvífico de Deus que cura, liberta, salva, ilumina e capacita para o testemunho e para a missão.
A experiência do amor de Deus na oração conduz espontaneamente a Fraternidade para o amor entre os irmãos. Os discípulos se sentem um só coração e uma só alma no Espírito Santo de Jesus. E “vejam como é bom, como é agradável os irmãos viverem unidos. Porque aí Javé manda a bênção, a vida para sempre!” (Sl 133,1.3)
O grupo cristão só cresce e se desenvolve integralmente alicerçado no amor até formar uma verdadeira irmandade em Cristo Jesus, porque DEUS É AMOR. Por isso, desde os inícios, os responsáveis pela Fraternidade Cristã devem zelar por esta convivência saudável sob a égide da Graça de Deus, tendo em vista que os demônios, as fraquezas humanas, as energias negativas e as influências mundanas vão fazer de tudo para atrapalhar.
Na natureza existe o ciclo natural que favorece a vida acontecer com toda a sua beleza, frutos e harmonia. Na Fraternidade Cristã do Discipulado de Jesus Cristo deve haver um “ciclo sobrenatural” que seja um verdadeiro ambiente favorável para todos reavivarem e desenvolverem integralmente a sua vida cristã-batismal.
Neste “ciclo sobrenatural” o Espírito Santo vai suscitando a graça da oração pessoal e comunitária. A oração, além de fazer experimentar o amor a Deus, também conduz para o amor aos irmãos. Assim, os irmãos em paz e harmonia cada vez mais se abrem ao Divino Espírito Santo que vai cada vez mais realizando a obra de Deus, e assim sucessivamente. Em tudo isso, vemos que a Graça é de Deus, mas é extremamente necessária nossa participação. Por isso, perseveremos todos juntos na estrada de Jesus!

4 - Caminhar em uma Fraternidade Cristã de Temário em Temário

Como já havíamos dito, é caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do Espírito Santo e com a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a estatura do seu Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas sem rumo, sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida, com meta e passos concatenados entre si. “A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro.” (Ef 4,13-14)
Fomos justificados pela fé em Jesus e lavados no seu preciosíssimo Sangue. Aquele que foi salvo precisa ser santo! Precisamos continuar o processo da nossa santificação cooperando com a Graça de Deus de passo a passo, de temário em temário, sempre meditando a Palavra de Deus e procurando viver de acordo com ela.
A Fraternidade Cristã será um ambiente comunitário favorável para o crescimento de todos, aonde um vai ajudar o outro e Deus vai ajudar a todos. Mas por se tratar de seres humanos, poderão surgir alguns desencontros que serão superados no amor, na compreensão recíproca e no perdão. Tudo isso está previsto na Palavra de Deus:

Rm 12,1 Irmãos, pela misericórdia de Deus, peço que vocês ofereçam os próprios corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse é o culto autêntico de vocês. 2 Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito.

3 Em nome da graça que me foi concedida, eu digo a cada um de vocês: não tenham de si mesmos conceito maior do que convém, mas um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus concedeu a cada um.

9 Que o amor de vocês seja sem hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem; 10 no amor fraterno, sejam carinhosos uns com os outros, rivalizando na mútua estima. 11 Quanto ao zelo, não sejam preguiçosos; sejam fervorosos de espírito, servindo ao Senhor. 12 Sejam alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. 13 Sejam solidários com os cristãos em suas necessidades e se aperfeiçoem na prática da hospitalidade.

14 Abençoem os que perseguem vocês; abençoem e não amaldiçoem. 15 Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram. 16 Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas. Não se considerem sábios. 17 Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. 18 Se for possível, no que depende de vocês, vivam em paz com todos. 19 Amados, não façam justiça por própria conta, mas deixem a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: «A mim pertence a vingança; eu mesmo vou retribuir.» 20 Mas, se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber; desse modo, você fará o outro corar de vergonha. 21 Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem.

Um Discipulador mais um Discípulo já são uma Fraternidade. Mas pode acontecer de a Fraternidade ser formada por mais gente. Quando isso acontecer, importante superar alguns desencontros no amor fraterno e na Graça de Deus.
Caminhar sempre, desanimar jamais! Porém, quando não puder ir mesmo para o encontro, justifica a ausência e faz o temário em casa, porque a caminhada não pode parar.
Para o discípulo crescer e ser plenamente realizado é fundamental seguir Jesus com os irmãos, na Graça do Espírito Santo e iluminado pela Palavra de Deus, de passo a passo, de temário em temário. Os Temários do DJC ajudam o discípulo a fazer a caminhada discipular com os irmãos, pois todos eles são calcados na Palavra de Deus.

Lembramos: Tudo isso é para o bem do próprio discípulo e para a glória de Deus. Por isso não podem faltar a presença nos encontros, a superação de alguns problemas de relacionamento através da caridade fraterna, diálogo, oração e perdão, e o uso dos Temários.

Repetimos: Quando não puder ir para o encontro, justifica a ausência e faz o Temário em casa, porque a caminhada discipular não pode parar. Os seis Temários ajudam a manter o fio da meada da caminhada, porque as vezes acontecem coisas que realmente impedem a presença do Discípulo no Encontro. Por isso é fundamental a aquisição dos Temários. É um investimento barato para o bem do próprio discípulo. São seis Temários calcados na Palavra de Deus que ajudarão a direcionar a Caminhada Discipular no seguimento de Jesus. Este é o segundo. Depois desse faltam só mais quatro Temários, sendo um Temário a cada três meses.    

5 - Siloé

Além da Fraternidade Cristã o DJC possui o Siloé que é, na prática, a Fraternidade aberta para o povo em geral.
A cura do cego de nascença (João 9) é um exemplo para nós. Para vivermos uma vida nova e abundante precisamos ser humildes, confiantes na fé e mergulhar no Siloé de Deus.
Jesus Cristo ordenou: “Vai a Siloé e lava-te!” O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Mais que uma cura simplesmente, aquele homem veio à luz, nasceu para uma vida nova em Cristo Jesus. Uns não “entendiam”, outros não queriam “ver”. Nem os que o conheciam, nem os chefes do povo, nem mesmo seus familiares. Porém, contra fatos não há argumentos. No mais profundo do seu ser aquele homem curado experimentou que Deus é Amor e possui uma Palavra de Poder que dissipa as trevas e faz a bênção acontecer.
Tendo conhecido a Deus por experiência de salvação, mesmo sofrendo incompreensões e perseguições, ele não se deixou manipular nem mesmo por seus familiares e amigos e continuou caminhando de claridade em claridade. Por fim, ante a pergunta decisória de Jesus – “Você acredita em mim?” – ele professou: “Eu acredito”, e prostrou-se em adoração aceitando Jesus como seu Senhor e Salvador” (v. 37). O homem curado já não conhecia Jesus apenas por ouvir falar. Passou a conviver com Ele numa mística comunhão de amor e fidelidade. Para ele, Jesus agora era uma Pessoa, um grande amigo, melhor ainda, Senhor e Salvador da sua vida.
Aquela piscina na qual o cego se lavou chamava-se Siloé. Como diz o Evangelho, Siloé quer dizer “O Enviado”(v. 7). Enviado é um título messiânico de Jesus que aponta para a sua missão. Jesus foi o grande Enviado do Pai Celeste para nos salvar na graça do Espírito Santo. Portanto, por disposição da Divina Providência, aquela piscina construída anos atrás por pessoas anônimas fazia referência ao próprio Jesus. Justamente por isso ele a utilizou. Então, quando mandou o cego lavar-se na piscina de Siloé Jesus, através de um símbolo, estava fazendo referência a si mesmo e à sua missão. Não foi aquela água natural que curou o cego, mas a água viva do próprio Cristo Jesus. Deus sempre faz uso de símbolos e sinais para nos remeter às realidades divinas. Ainda hoje Ele os utiliza no Batismo e nos outros sacramentos da fé e sacramentais da Igreja.
Jesus é o Siloé do Pai. E sabemos que muito mais que uma piscina, Ele é o oceano infinito da Graça de Deus.  Veio para um julgamento “a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos” (v. 39). Deus tem um projeto de salvação para todos nós. Que a nossa resposta seja uma atitude de fé, entrega e adoração. Reconhecendo-nos mendigos da sua misericórdia, mergulhemos mais e mais no oceano do seu amor. “Ele resiste aos soberbos, mas dá a graça aos humildes” (1Pd 5,5).
O Siloé é o encontro de oração semanal do DJC Extensional sempre aberto para todas as pessoas. Aos siloelitas que estão chegando, este encontro favorece a experiência da ressurreição e do amor de Deus que cura, salva e liberta. Aos discípulos perseverantes, ajuda-os ser plenamente cristãos e cheios das bênçãos divinas.
O Siloé é mistagógico, pois na sua essência, favorece o mergulho na Graça e no mistério salvífico de Deus. Portanto, tudo no Siloé deve favorecer este mergulho espiritual: acolhimento das pessoas, ambientação, som, cânticos, pregação e orações, etc
A Água Viva da Graça de Deus é o Espírito Santo. Mergulhar em Jesus significa, portanto, mergulhar no Espírito Santo, do qual Ele possui a plenitude e deseja que sejamos totalmente embebidos. O Siloé é por tudo isso, um mergulho trinitário com fé e na oração, e manifesta-se como um reavivamento semanal para todos os discípulos de Jesus.

6 - Seguir Jesus no meio da multidão

No Evangelho vemos que todos são chamados a seguir Jesus, sem exceção. Alguns foram chamados a seguir como apóstolos, outros, a grande maioria, como multidões de cristãos e cristãs. “Numerosas multidões da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do rio Jordão começaram a seguir Jesus.” (Mt 4,25)
Estas multidões de cristãos e cristãs também fizeram, de certa forma, a sua decisão fundamental por Jesus e o Reino de Deus. E esta decisão das multidões por Ele também é muito importante por isso, logo em seguida, Jesus ministrou o Sermão das Bem-aventuranças no alto da montanha, conforme está em Lucas 5,1-10:

1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os aflitos, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. 12 Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês.»

O Sermão da Montanha é a constituição do povo de Deus e deve direcionar a vida de todos cristãos. Todo cristão, sem exceção, deve viver unido a Cristo e ser sal da terra e luz do mundo.

Lc 5,13 «Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. 14 Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.»

Vemos no Evangelho que todos são chamados por Jesus a segui-lo no espírito das bem-aventuranças para que no final todos “sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.”
Este chamado à perfeição é para todos, não só para os apóstolos. Um chamado para todos seguidores e seguidoras de Jesus, não só para quem vai caminhar num pequeno grupo, mas para toda multidão. Por isso no DJC existe a opção de seguir Jesus no meio da multidão. São os siloelitas, que se encontram semanalmente para unidade, oração, escuta da Palavra e também podem ajudar no trabalho de evangelização.
Os siloelitas vão crescendo de mergulho em mergulho a cada Siloé, de graça em graça, de claridade em claridade, como o cego de nascença que foi curado por Jesus e depois saiu evangelizando e dando o seu testemunho de fé no meio da multidão (Jo 9).
É importante sempre considerar isso no DJC. Incentivamos todos a entrar em uma Fraternidade Cristã porque isto favorece o aprofundamento, o acompanhamento personalizado e a organização dos batalhões do Exército de Deus. Porém, se por conta do chamado ou circunstâncias da vida a pessoa quer seguir Jesus como siloelita, como um discípulo no meio da multidão, devemos acolher a decisão e continuar caminhando com esta pessoa no Grau de Participação de Siloelita.
Quando a pessoa formaliza a opção fundamental para seguir Jesus dentro de uma Fraternidade Cristã do DJC, aumentam os encontros e a pessoa será acompanhada por um Discipulador,  a quem deve amar e considerar como diretor espiritual. Se a pessoa não está consciente ou decidida a assumir esta nova forma de caminhar, será atropelada pelos novos compromissos e poderá deixar de caminhar totalmente, até como siloelita, o que seria muito ruim para sua vida espiritual.
Em tempo: Depois desse Temário da Irmanação / Opção Fundamental, você vai decidir se vai caminhar como siloelita no meio da multidão ou se vai formalizar a opção fundamental para caminhar e ser acompanhado em uma Fraternidade Cristã. Que Deus abençoe o seu discernimento.
O siloelita não formaliza a opção fundamental no papel, mas celebra esta decisão dentro do seu coração, para continuar crescendo de claridade em claridade dentro do Siloé até ser perfeito como o Pai Celeste é perfeito. No momento que o siloelita desejar entrar em um Fraternidade Cristã, o que sempre incentivamos, basta dizer que o DJC terá o prazer em acolher e orientar nesse novo caminho de desenvolvimento integral da vida cristã-batismal.

Em tempo: O Siloé é o encontro de oração semanal do DJC Extensional. As Missões não têm o Siloé pois se dedicam a uma obra própria dentro do DJC. Por isso os Discípulos das Missões procurem sempre participar do Siloé de um DJC Extensional mais próximo da sua casa. Isto favorece o reavivamento permanente e a unidade DJC.      

MOPD Lc 5,13-48







5ª Vivência ____/ ____/ ____

A vida fraterna


O Discípulo de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos no Espírito Santo e na Palavra de Deus. Dada a importância, durante esta semana vamos continuar meditando sobre a Fraternidade Cristã.

1 - Ombro amigo de Deus

Relembramos que a Igreja deve ser um ambiente de amor, fé e esperança aonde todos que nasceram de novo possam crescer e se desenvolver plenamente na sua vida cristã-batismal.
Já vimos que Deus não quis nos salvar sozinho, mas sempre com ma nossa cooperação. Refletimos também que Ele não quis nos salvar de forma isolada, mas como povo, como seu povo, como Igreja, como Discipulado de Jesus Cristo. Deus sabe o que faz e o homem não o que diz! Se Ele quis nos salvar assim, então é porque o melhor é sempre assim! 

- As pessoas evangelizadas são como sementes destinadas a crescer na vida nova em Jesus Cristo. Toda semente precisa de um clima favorável para desabrochar e se desenvolver até atingir a sua plena realização e dar novos frutos...

- A semente da Palavra de Deus semeada pelos evangelizadores no “chão” do coração das pessoas também precisa de um clima favorável para realizar com poder a sua missão. Numa palavra, este clima favorável só é possível onde reinam, em primeiro lugar, o Amor de Deus (Espírito Santo), depois o amor a Deus (oração) e o amor aos irmãos (fraternidade). Por isso, em sintonia com o plano salvífico de Deus, o Discipulado de Jesus Cristo possui as Fraternidades Cristãs.

Dada a importância do tema, convido para continuarmos refletindo durante esta semana sobre a vida em comunidade com um texto que adaptei da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Se os padres e as freiras que são consagrados precisam do amparo de uma comunidade, também os leigos e leigas precisam, pois a vida no corre-corre do dia a dia também é pesada, fragmenta e muitas vezes deixa a pessoa esfacelada, como vaso quebrado ou água derramada pelo chão.
O homem é um ser social. Sozinho o homem vira bicho, o homem fica louco. Deus quis que os discípulos de Jesus não vivessem isolados, mas formassem comunidade e vivessem em fraternidade. Dentro do plano salvífico de Deus visualizo muito a Virgem Maria como colo maternal de Deus e a comunidade como ombro amigo de Deus. A vida em comunidade é um ombro amigo de Deus, é um amparo de Deus para os seus filhos perseverarem até o fim, porque aquele que perseverar até o fim é que será salvo. É por isso que, mesmo sabendo da importância do Siloé para acolher e evangelizar o povo de um modo geral, incentivamos todos para, além do Siloé, caminhar em uma Fraternidade Cristã.

2 - O dom da comunhão
e da fraternidade

A Igreja ensina:

Antes de ser uma construção humana, a Fraternidade Cristã é um dom do Espírito. De fato, é do amor de Deus difundido nos corações por meio do Espírito que a Fraternidade Cristã se origina e por ele se constrói como uma verdadeira família reunida no nome do Senhor.
Não se pode compreender, portanto, a Fraternidade Cristã sem partir do fato de ela ser dom do Alto, de seu mistério e de seu radicar-se no coração mesmo da Trindade santa e santificante, que a quer como parte do mistério da Igreja, para a vida do mundo.
Criando o ser humano à própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus criador que se revelou como Amor, Trindade, comunhão, chamou o homem a entrar em íntima relação com Ele e à comunhão interpessoal, isto é, à fraternidade universal.
Essa é mais alta vocação do homem: entrar em comunhão com Deus e com os outros homens, seus irmãos.
Esse desígnio de Deus foi comprometido pelo pecado que quebrou todo o tipo de relação: entre o gênero humano e Deus, entre o homem e a mulher, entre irmão e irmã, entre os povos, entre a humanidade e a criação.
Em seu grande amor, o Pai mandou seu Filho para que, novo Adão, reconstituísse e levasse toda a criação à plena unidade. Ele, vindo entre nós, constituíu o início do novo povo de Deus chamando ao redor de si apóstolos e discípulos, homens e mulheres, parábola viva da família humana reunida em unidade. A eles anunciou a fraternidade universal no Pai que nos fez seus familiares, filhos seus e irmãos entre nós. Assim ensinou a igualdade na fraternidade e a reconciliação no perdão. Inverteu as relações de poder e de domínio, dando ele mesmo exemplo de como servir e colocar-se no último lugar. Durante a última ceia, confiou-lhes o mandamento novo do amor mútuo: « Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; como eu vos tenho amado, assim amai-vos também vós uns aos outros» (Jo 13, 34; Cf. 15, 12); instituíu a Eucaristia que, fazendo-nos comungar no único pão e no único cálice, alimenta o amor mútuo. Dirigiu-se então ao Pai pedindo, como sintese de seus desejos, a unidade de todos conforme o modelo da unidade trinitária: «Meu Pai, que es estejam em nós, assim como tu estás em mim e eu em ti; que eles sejam um!» (Jo 17, 21).
Entregando-se, depois, à vontade do Pai, no mistério pascal realizou aquela unidade que havia ensinado os discípulos viverem e que havia pedido ao Pai. Com sua morte de cruz destruíu o muro de separação entre povos, reconciliando todos na unidade (Cf. Ef 2, 14-16), ensinando-nos assim que a comunhão e a unidade são o fruto da condivisão de seu mistério de morte.
A vinda do Espírito Santo, primeiro dom aos que têm fé, realizou a unidade querida por Cristo. Efundido sobre os discípulos reunidos no cenáculo com Maria, deu visibilidade à Igreja que, desde o primeiro momento, se caracteriza como fraternidade e comunhão, na unidade de um só coração e de uma só alma (Cf. At 4, 32).
Essa comunhão é o vínculo da caridade que une entre si todos os membros do mesmo Corpo de Cristo, e o Corpo com sua Cabeça. A mesma presença vivificante do Espírito Santo constrói em Cristo a coesão orgânica: Ele unifica a Igreja na comunhão e no ministério; Ele a coordena e rege com diversos dons hierárquicos e carismáticos que se complementam entre si; Ele a embeleza com seus frutos.

3 - A Fraternidade Cristã,
lugar de fraternização

Do dom da comunhão nasce a tarefa da construção da fraternidade, isto é, do tornar-se irmãos e irmãs numa determinada comunidade onde se é chamado a viver juntos. Da aceitação admirada e agradecida da realidade da comunhão divina, que é comunicada a pobres criaturas, provém a convicção do esforço necessário para fazê-la sempre mais visível através da construção de comunidades « plenas de alegria e de Espírito Santo. » (At 13, 52).
Também em nosso tempo e para nosso tempo é necessário retomar essa obra «divino-humana» da edificação de comunidades de irmãos e de irmãs, tendo presente as condições típicas destes anos, nos quais a renovação teológica, canônica, social e estrutural, influíu fortemente na fisionomia e na vida da Fraternidade Cristã.
E a partir de algumas situações concretas que se deseja oferecer indicações úteis para sustentar o esforço por uma contínua renovação evangélica das comunidades.

4 - Espiritualidade e oração comum

Em seu primário componente místico toda a autêntica comunidade cristã aparece «em si mesma como uma realidade teologal, objeto de contemplação». Daí se segue que a Fraternidade Cristã é, antes de tudo, um mistério que deve ser contemplado e acolhido com coração agradecido numa límpida dimensão de fé.
Quando se esquece essa dimensão mística e teoIogal, que põe em contato com o mistério da comunhão divina presente e comunicada à comunidade, chega-se irremediavelmente a esquecer também as razões profundas do «fazer comunidade», da paciente construção da vida fraterna. Ela pode, às vezes, parecer superior às forças humanas, além de um inútil desperdício de energias, em especial para pessoas intensamente empenhadas na ação e condicionadas por uma cultura ativista e individualista.
O mesmo Cristo que os chamou convoca cada dia seus irmãos e suas irmãs para falar-lhes e para uni-los a Ele e entre si na Eucaristia, para torná-los sempre mais seu Corpo vivo e visível, animado pelo Espírito, em caminho para o Pai.
A oração em comum, que foi sempre considerada a base de toda a vida comunitária, parte da contemplação do Mistério de Deus, grande e sublime, da admiração por sua presença operante nos momentos mais significativos de nossas familias religiosas como também na humilde e cotidiana realidade de nossas comunidades.
Como uma resposta à advertência do Senhor: «Vigiai e orai» (Lc 21, 36), a Fraternidade Cristã deve ser vigilante e empregar o tempo necessário para cuidar da qualidade de sua vida. Por vezes os discípulos e discípulas «não têm tempo» e seu dia corre o risco de ser muito angustiado e ansioso e, portanto, de acabar por cansar e esgotar. De fato, a Fraternidade Cristã segue o ritmo de um horário para dar determinados tempos para a oração e, especialmente, para que se possa aprender a dar tempo para Deus (vacare Deo) .
A oração deve ser entendida também como tempo para estar com o Senhor a fim de que possa agir em nós e, entre as distrações e os trabalhos, possa invadir nossa vida, confortá-la e guiá-la. Para que, afinal, toda a nossa existência possa realmente pertencer-lhe.
Não deve faltar em ninguém a convicção de que a Fraternidade Cristã se constrói a partir da Liturgia, sobretudo da celebração da Eucaristia e de outros Sacramentos. Entre esses merece renovada atenção o Sacramento da Reconciliação, através do qual o Senhor reaviva nossa união com Ele e com os irmãos.
À imitação da primeira comunidade de Jerusalém (Cf. At 2, 42), a Palavra, a Eucaristia, a oração comum, a assiduidade e a fidelidade ao ensinamento dos Apóstolos e de seus sucessores põem em contato com as grandes obras de Deus. Nesse contexto, elas se tornam luminosas e geram louvor, ação de graças, alegria, união dos corações, apoio nas comuns dificuldades da convivência cotidiana, mútuo reforço na fé.
Infelizmente a diminuição dos presbíteros pode tornar, em alguns lugares, impossível a participação cotidiana na Santa Missa. Isso deve levar a compreender, sempre mais profundamente, o grande dom da Eucaristia e a colocar no centro da vida o Santo Mistério do Corpo e Sangue do Senhor, vivo e presente na comunidade para sustentá-la e animá-la em seu caminho para o Pai. Daí vem a necessidade de que cada casa  tenha como centro da Fraternidade Cristã seu oratório, onde seja possível alimentar a própria espiritualidade eucarística por meio da oração e da adoração.
É, de fato, em torno da Eucaristia, celebrada ou adorada, «cume e fonte» de toda a atividade da Igreja, que se constrói a comunhão dos corações, premissa para qualquer crescimento na fraternidade. «È aqui que deve encontrar sua origem qualquer tipo de educação para o espírito de comunidade».
A oração em comum alcança toda a sua eficácia quando está intimamente ligada à oração pessoal. Oração comum e oração pessoal, de fato, estão em estreita relação e são complementares entre si. Em toda a parte, mas especialmente em certas regiões e culturas, é necessário sublinhar mais a importância da interioridade, da relação filial com o Pai, do diálogo íntimo e esponsal com Cristo, do aprofundamento pessoal do que foi celebrado e vivido na oração comunitária, do silêncio interior e exterior que deixa espaço para que a Palavra e o Espírito possam regenerar as profundezas mais escondidas. O discípulo que vive em Fraternidade Cristã, alimenta sua vida, quer com o constante colóquio pessoal com Deus quer com o louvor e a intercessão comunitária.
A oração em comum tem sido enriquecida, nestes anos, por diversas formas de expressão e de participação.
Particularmente frutuosa para muitas Fraternidades Cristãs tem sido a partilha da Meditação Orante da Palavra de Deus e das reflexões sobre a Palavra de Deus, como também a comunicação das próprias experiências de fé e das preocupações apostólicas. A diferença de idade, de formação ou de caráter aconselham prudência em exigi-la indistintamente de toda a comunidade: é bom lembrar que não se podem apressar os tempos de realização.
Onde é praticada com espontaneidade e com o comum consenso, tal partilha nutre a fé e a esperança, assim como a estima e a confiança mútua, favorece a reconciliação e alimenta a solidariedade fraterna na oração.
Como para a oração pessoal, também para a oração comunitária valem as palavras do Senhor: «Orai sempre cessar» (Lc 18, 1; Cf. 1 Ts 5, 7) A Fraternidade Cristã vive, de fato, constantemente diante de seu Senhor, de cuja presença deve ter contínua consciência. Todavia, a oração em comum tem seus ritmos cuja frequência (cotidiana, semanal, mensal, anual) é fixada pelo direito próprio de cada instituto.
A oração em comum, que requer fidelidade a um horário, exige também e sobretudo a perseverança: «Para que pela perseverança e pela consolação que nos vem das Escrituras, conservemos viva nossa esperança (...), para que com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Rm 15, 4-6).
A fidelidade e a perseverança ajudarão também a superar criativamente e com sabedoria algumas dificuldades, típicas de algumas comunidades, tais como a diversidade de trabalhos e, portanto, de horário, a sobrecarga absorvente, as diversas fadigas.
A oração à Bem-aventurada Virgem Maria, animada pelo amor que nos leva a imitá-la, faz com que sua presença exemplar e materna seja de grande ajuda na fidelidade cotidiana à oração (Cf. At 1, 14), tornando-se vínculo de comunhão para a Fraternidade Cristã.
A Mãe do Senhor contribuirá para configurar as Fraternidades Cristãs ao modelo de «sua» família, a Família de Nazaré, lugar ao qual as Fraternidades Cristãs devem com frequência transportar-se espiritualmente, porque lá o Evangelho da comunhão e da fraternidade foi vivido de modo admirável.
Também o impulso apostólico é sustentado e alimentado pela oração comum. Por um lado, ela é uma força misteriosa transformante, que abraça todas as realidades para redimir e ordenar o mundo. Por outro lado, encontra seu estímulo no ministério apostólico: em suas alegrias e nas dificuldades cotidianas. Estas se transformam em ocasião para procurar e descobrir a presença e a ação do Senhor.
As Fraternidades Cristãs mais apostólicas e mais evangelicamente vivas são aquelas que têm uma rica experiência de oração.
Num momento como o nosso, em que se assiste a um novo despertar da busca do transcendente, as Fraternidades Cristãs podem se tornar lugares privilegiados onde se experimentam os caminhos que levam a Deus.
«Como família unida no nome do Senhor (Fraternidade Cristã) é, por sua natureza, o lugar onde a experiência de Deus deve particularmente poder se realizar em sua plenitude e poder se comunicar aos outros»: antes de tudo aos próprios irmãos de comunidade.
Os discípulos de Jesus, homens e mulheres, faltarão a esse encontro com a história, não respondendo à «busca de Deus» de nossos contemporâneos, induzindo-os talvez a buscar em outros lugares, por caminhos errados, como saciar sua fome de Absoluto?

5 – Liberdade pessoal e
construção da Fraternidade

«Carregai os fardos uns dos outros; assim cumprireis a lei de Cristo» (Gl 6, 2). Em toda a dinâmica comunitária, Cristo, em seu mistério pascal, permanece o modelo de como se constrói a unidade. O mandamento do amor mútuo tem, de fato, nele a fonte, o modelo e a medida: devemos amar-nos como Ele nos amou. E Ele nos amou até dar a vida. Nossa vida é participação na caridade de Cristo, em seu amor ao Pai e aos irmãos, um amor esquecido de si mesmo.
Mas tudo isso não é conforme à natureza do «homem velho» que deseja, sim, a comunhão e a unidade, mas não pretende nem está disposto a pagar-lhe o preço, em termos de esforço e de dedicação pessoal. O caminho que vai do homem velho, que tende a fechar-se em si mesmo, ao homem novo, que se doa aos outros, é longo e cansativo. Os santos fundadores insistiram realisticamente sobre as dificuldades e sobre as ciladas dessa passagem, conscientes como estavam de que a comunidade não se pode improvisar. Ela não é coisa espontânea nem realização que se consiga em breve tempo.
Para viver como irmãos e irmãs é necessário um verdadeiro caminho de libertação interior. Como Israel, libertado do Egito, tornou-se Povo de Deus depois de ter feito uma longa caminhada no deserto sob a guia de Moisés, assim a Fraternidade Cristã inserida na Igreja, povo de Deus, é construída por pessoas que Cristo libertou e fez capazes de amar de seu jeito, através do dom de seu Amor libertador e da aceitação cordial daqueles que Ele dá como seus guias.
O amor de Cristo, difundido em nossos corações, impele a amar os irmãos e as irmãs até o assumir suas fraquezas, seus problemas, suas dificuldades. Numa palavra: até a doar-nos a nós mesmos.
Cristo dá à pessoa duas fundamentais certezas: a de ser infinitamente amada e de poder amar sem limites. Nada como a cruz de Cristo pode dar, de modo pleno e definitivo, essas certezas e a liberdade que delas deriva. Graças a elas, o discípulo se liberta progressivamente da necessidade de colocar-se no centro de tudo e de possuir o outro e do medo de doar-se aos irmãos; aprende, ao contrário, a amar como Cristo a amou, com aquele amor que agora é derramado em seu coração e a faz capaz de esquecer-se e de doar-se como fez seu Senhor.
Em virtude desse amor nasce a Fraternidade Cristã como um conjunto de pessoas livres e libertadas pela cruz de Cristo.
Esse caminho de libertação que conduz à plena comunhão e à liberdade dos filhos de Deus exige, porém, a coragem da renuncia a si mesmo na aceitação e no acolhimento do outro, a partir da autoridade.
Notou-se, em mais de um lugar, que isso constituíu um dos pontos mais fracos do período de renovação destes anos. Aumentaram os conhecimentos, estudaram-se diversos aspectos da vida comum, mas cuidou-se menos do esforço ascético, necessário e insubstituível para qualquer libertação capaz de fazer de um grupo de pessoas uma fraternidade cristã.
A comunhão é um dom oferecido que exige também uma resposta, um paciente tirocínio e um combate para superar o espontaneismo e a instabilidade dos desejos. O altíssimo ideal comunitário comporta necessariamente a conversão de qualquer atitude que causasse obstáculo à comunhão.
A Fraternidade Cristã sem mística não tem alma, mas sem ascese não tem corpo. Exige-se «sinergia» (cooperação) entre o dom de Deus e o esforço pessoal para construir uma comunhão encarnada, isto é, para dar carne o consistência à graça e ao dom da comunhão fraterna.
É necessário admitir que esse assunto causa problema hoje, tanto junto aos jovens como junto aos adultos. Muitas vezes os jovens provêm de uma cultura que aprecia excessivamente a subjetividade e a busca da realização pessoal, enquanto os adultos ou estão ancorados em estruturas do passado ou vivem certo desencanto diante do «assembleismo» dos anos passados, fonte de verbalismo e de incerteza.
Se é verdade que a comunhão não existe sem a oblatividade de cada um, é necessário que se afastem desde o início as ilusões de que tudo deve vir dos outros; é necessário que se ajude a descobrir com gratidão quanto lá se recebeu e se está, de fato, recebendo dos outros. É bom preparar os jovens, desde o início, para serem construtores e não somente consumidores da Fraternidade Cristã; para serem responsáveis um pelo crescimento do outro; para estarem abertos e disponíveis a receber um o dom do outro, capazes de ajudar e ser ajudados, de substituir e ser substituídos.
Uma vida comum, fraterna e partilhada, tem um natural fascínio sobre os jovens, mas depois o perseverar nas reais condições de vida pode se tornar um pesado fardo. A formação inicial deve, pois, levar a uma tomada de consciência dos sacrifícios exigidos pelo viver em Fraternidade Cristã, a uma sua aceitação em vista de um relacionamento alegre e verdadeiramente fraterno e a todas as outras atitudes típicas de um homem interiormente livre. Quando alguém se perde pelos irmãos, se encontra a si mesmo.
É necessário, além disso, lembrar sempre que a realização dos discípulos e discípulas passa através de suas Fraternidades Cristãs. Quem procura viver uma vida independente, separada da Fraternidade Cristã, certamente não adentrou o caminho seguro da perfeição do próprio estado.
Enquanto a sociedade ocidental aplaude a pessoa independente que sabe realizar-se por si mesma, o individualista seguro de si mesmo, o Evangelho exige pessoas que, como o grão de trigo, sabem morrer a si mesmas para que renasça a vida fraterna.
Assim a Fraternidade Cristã se torna uma «Schola Amori » (escola de amor) para jovens e adultos, uma escola onde se aprende a amar a Deus, a amar os irmãos e as irmãs com quem se vive, a amar a humanidade necessitada da misericórdia de Deus e da solidariedade fraterna.

6 - Continuação

O ideal comunitário não deve fazer esquecer que toda a realidade cristã se edifica sobre a fraqueza humana. A «comunidade ideal», perfeita, ainda não existe: a perfeita comunhão dos santos é meta na Jerusalém celeste.
O nosso é o tempo da edificação e da construção contínua: sempre é possível melhorar e caminhar juntos para a Fraternidade Cristã que sabe viver o perdão e o amor. As comunidades, na verdade, não podem evitar todos os conflitos. A unidade que devem construir é uma unidade que se estabelece a preço da reconciliação. A situação de imperfeição da Fraternidade Cristã não deve desencorajar.
As comunidades retomam cotidianamente o caminho, sustentadas pelo ensinamento dos Apóstolos: «amai-vos uns aos outros com afeto fraterno, rivalizando em estimar-vos mutuamente» (Rm 12, 10); «tende os mesmos sentimentos uns para com os outros» (Rm 12, 16); «acolhei-vos, por isso, uns aos outros como Cristo vos acolheu» (Rm 15, 7); «corrigi-vos um ao outro» (Rm 15, 14); «esperai uns pelos outros» (1 Cor 11, 33); «por meio da caridade estejais a serviço uns dos outros» (Gl 5, 13); «confortai-vos mutuamente» (1 Ts 5, 11); «suportando-vos mutuamente com amor» (Ef 4,2); «sede, pelo contrário, benévolos uns para com os outros, misericordiosos, perdoando-vos mutuamente » (Ef 4, 32); «sede submissos uns aos outros no temor de Cristo» (Ef 5, 21); «orai uns pelos outros» (Tg 5, 16); «revesti-vos todos de humildade uns para com os outros» (1 Pd 5, 5); «estejamos em comunhão uns com os outros» ( 1 Jo 1, 7); «não nos cansemos a fazer o bem a todos, sobretudo aos nossos irmãos na fé» (Gl 6, 9-10).
Para favorecer a comunhão dos espíritos e dos corações daqueles que, são chamados a viver juntos numa Fraternidade Cristã, parece oportuno recordar a necessidade de cultivar as qualidades requeridas em todas as relações humanas: educação, gentileza, sinceridade, controle de si mesmo, delicadeza, senso de humorismo e espírito de partilha.
Os documentos do Magistério destes anos são ricos de sugestões e assinalações úteis para a convivência comunitária, como: a alegre simplicidade, a clareza e a confiança recíprocas, a capacidade de diálogo, a adesão sincera a uma benéfica disciplina comunitária.
Não se pode esquecer, enfim, que a paz e o gosto de estar juntos são um dos sinais do Reino de Deus. A alegria de viver, mesmo em meio às dificuldades do caminho humano e espiritual e aos aborrecimentos cotidianos, já faz parte do Reino. Essa alegria é fruto do Espírito e envolve a simplicidade da existência e o tecido monótono do cotidiano. Uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga. Muito rapidamente os membros serão tentados a procurar em outros lugares o que não podem encontrar em casa. Uma fraternidade rica de alegria é um verdadeiro dom do Alto aos irmãos que sabem pedi-lo e que sabem aceitar-se empenhando-se na vida fraterna com confiança na ação do Espírito. Realizam-se assim as palavras do Salmo: «como é bom, como é agradável os irmãos morarem juntos... Aí o Senhor dá sua benção e a vida para sempre» (Sl 133, 1-3), «porque quando vivem juntos fraternalmente, reúnem-se na assembléia da Igreja, sentem-se concordes na caridade e num só querer».
Esse testemunho de alegria constitui uma grandíssima atração para a vida religiosa, uma fonte de novas vocações e um sustentáculo para a perseverança. É muito importante cultivar essa alegria na comunidade religiosa: a sobrecarga de trabalho pode apagá-la, o zelo excessivo por algumas causas pode fazê-la cair no esquecimento, o contínuo interrogar-se sobre a própria identidade e sobre o próprio futuro pode ofuscá-la.
Mas o saber fazer festa juntos, o conceder-se momentos de distensão pessoal e comunitária, o tomar distância de quando em quando do próprio trabalho, o alegrar-se nas alegrias do irmão, a atenção solícita às necessidades dos irmãos e irmãs, o empenho confiante no trabalho apostólico, o afrontar com misericórdia as situações, o ir ao encontro do amanhã com a esperança de encontrar sempre, e em qualquer caso, o Senhor: tudo isso alimenta a serenidade, a paz, a alegria. E se torna força na ação apostólica.
A alegria é um esplêndido testemunho do caráter evangélico de uma Fraternidade Cristã, ponto de chegada de um caminho não isento de tribulação, mas possível, porque sustentado pela oração: «Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração» (Rm 12, 12).

Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, 1994

Adaptado à linguagem do DJC pelo Pe. Marcos Oliveira. Em vez de religiosos, colocamos discípulos. Em vez de comunidade religiosa, colocamos Fraternidade Cristã.




6ª Vivência ____/ ____/ ____

Pão da Verdade


Discipulado não é só o encontro semanal. O Discípulo de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos na Palavra de Deus todo dia, guiado pelo Espírito Santo, passo a passo, de temário em temário.
Refletimos bastante sobre a importância da vida fraterna. Nessas duas semanas vamos enfocar o alimento da caminhada, o Pão da Verdade e da Vida.

1 - No Caminho da Verdade e da Vida

Ninguém cresce com o tempo... O discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo Jesus com os irmãos, de passo a passo. Para tanto, ele deve ser animado por uma Espiritualidade da Caminhada.
O Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é, necessariamente, uma caminhada.
Muitos católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções, penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e mandamentos isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é seguir Jesus na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado adquire sentido se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu conjunto, constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por isso que, nos seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2), porque quem segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre animado por uma espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas atividades e passos no dia a dia.
Na Espiritualidade da Caminhada o primeiro alimento diário do cristão é a Meditação Orante da Palavra de Deus. O cristão só tem uma Verdade que o ilumina e liberta todas as dimensões da sua vida: o próprio Jesus e seu evangelho. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará!” (Jo 8,32) Por causa desta Verdade, ele renuncia a tudo o mais que entre em contradição com ela. Neste sentido, quem segue Jesus não caminha nas trevas porque possui a Luz da Vida.
Na sua oração sacerdotal em favor dos seus discípulos, erguendo os olhos ao céu, Jesus rezou: “Pai, consagra-os com a Verdade: a Verdade é a tua Palavra. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a Verdade” (Jo 17,17-19). Nossa decisão por Cristo inclui a fé e a adesão total ao seu Evangelho. Devemos ser consagrados na sua Verdade e não caminhar nas trevas da mentira e da ignorância. Aqui na terra, a Igreja Católica é o alicerce e a coluna da Verdade, pois está a serviço da Palavra de Deus e do seu Reino de amor e salvação (1Tm 3,16).
A Missa dominical é o centro da semana do discípulo de Jesus. Jesus mesmo é a Vida, a salvação, a cura, a libertação, a paz e a alegria que toda criatura humana anseia desde as profundezas do seu coração e veio justamente para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Escolher a Cristo significa sempre optar pela vida e nunca pela morte.
De um modo especial, é no sacramento da Eucaristia que Jesus, vida da humanidade, continua fazendo-nos a sua entrega de amor: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele. E como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim, aquele que me receber como alimento viverá por mim” (Jo 6,51ss).
Jesus confiou à sua Igreja o sublime sacramento do seu Corpo e do seu Sangue para que todas as gerações pudessem ter acesso a salvação. Toda vez que a Igreja celebra a Santa Missa, fazemos a memória da páscoa e o único sacrifico de Cristo na cruz é atualizado para remissão dos nossos pecados. Se o salário do pecado é a morte, a graça da Eucaristia é a vida em comunhão com Jesus. “Eu vivo nele e ele passa a viver em mim!”
O cristão não faz um monte de coisas ou fica dando passos desconcatenados entre si, sem rumo, sem objetivo, sem sentido e sem crescimento. O cristão elege Jesus como seu Senhor e Salvador, entra na comunidade dos discípulos que é a Igreja, segue Jesus na companhia dos irmãos e é sustentando pela Graça de Deus na Palavra da Verdade e no Sacramento da Eucaristia, o Pão da Vida.
É assim, caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do Espírito Santo e com a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a estatura do seu Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas soltas, sem rumo, sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida! “A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro.” (Ef 4,13-14)

2 - O Pão da Verdade

A caminhada discipular, para não ficar seca no chão batido dos passos concretos, às vezes em meio a dificuldades que normalmente aparecem na vida de qualquer pessoa, como provações, tentações e crises diversas, deve ser – a caminhada discipular – sempre animada por uma espiritualidade da caminhada.
Como se cultiva realmente tal espiritualidade da caminhada, tão necessária para manter no rumo do Evangelho e conceder força e luz? No episódio dos discípulos de Emaús temos um exemplo dado pelo próprio Jesus, que é o nosso mestre maior na evangelização e acompanhamento de discípulos.
Os dois discípulos de Emaús estavam tristes, abatidos e frustrados. Jesus, com quem tinham convivido durante três anos; de quem eram testemunhas de que por onde passara só tinha feito bem, milagres e sinais; Jesus que tinha se tornado a razão da existência deles, fora crucificado e sepultado.
A vida deles já não tinha sentido e muito menos força para continuar caminhando. Apesar de Jesus já ter objetivamente ressuscitado dos mortos, para eles ainda estava sepultado, pois ainda não haviam feito a experiência da páscoa da ressurreição. A fé deles ainda estava crucificada e por isso andavam se arrastando na caminhada.
Eis que Jesus Ressuscitado vai ao encontro deles e começa a pregar a Palavra de Deus com muita unção e parresia. E o coração dos dois, sem que se dessem conta, ia ardendo à medida que Jesus lhes falava. Sua fé ia sendo despertada, sua fé ia ressuscitando. Isto é fundamental. Logo de início, além de ajudar a pessoa a entrar de fato no seguimento de Jesus, temos que dar para ela a Palavra de Deus. Esta Palavra é que vai abrindo caminhos de vida nova, aquecendo, orientando, iluminando e ressuscitando, gerando a nova criatura cheia de esperança e amor.
No DJC, damos esta Palavra principalmente através das pregações do Siloé e nas Meditações Orante das Fraternidades. A pessoa vai para um local de acordo com o que aquele local oferece. Na Fraternidade do DJC não podemos trair a nossa missão. Ela é essencialmente um grupo de Meditação Orante da Palavra de Deus e acompanhamento de discípulos. As pessoas devem gostar de ir porque encontram a Palavra de Deus e acompanhamento. Se oferecermos tudo, mas não a Palavra, com o tempo o pessoal pode até ir por causa de outras coisas, mas não por causa da Palavra. E aqueles que gostariam de recebê-la, vão procurá-la em outros lugares. Isto não significa que não podemos ter várias maneiras criativas para pescar novas pessoas ou motivar quem já está na caminhada. Mas uma vez na caminhada discipular, o principal sempre será a pregação da Palavra com autoridade e unção, e a Meditação Orante da mesma tanto nos encontros de Fraternidades e Ministérios, como no próprio dia-a-dia do discípulos.
A Palavra de Deus pregada ou meditada, deve se transformar em luz para a nossa vida e lâmpada para os nossos passos. Ela deve ser sempre a base e o referencial da nossa formação cristã, bem como o combustível das nossas orações e a espada contra os demônios e suas obras. Isto faz com que nosso DJC não balance de um lado para o outro ao sabor dos ventos que sopram pra todos os lados na sociedade. E para melhorar, nossa vida com a Palavra dá-se dentro do grande horizonte doutrinário da Igreja de Jesus, ela que é sobre a face da terra a coluna e a base da verdade.
Por isso, com muita unção e parresia, temos que fazer o melhor para pregar e meditar a Palavra de Deus. Isto também inclui repassar para os discípulos nas Fraternidades os Temários do DJC.
Eu afirmo por experiência própria: a Palavra de Deus, se acolhida com mística, com predisposição interior para mastigá-la e saboreá-la, seja na pregação, seja na meditação orante, nunca se torna velha e cansativa, pois ela é sempre uma boa nova para as atuais circunstâncias da nossa vida. Por isso é necessário orientar os discípulos sobre o modo como deverão acolher a Palavra de Deus, e eles mesmos também vão experimentar que ela é sempre viva e eficaz.

São Bernardo de Claraval dizia:

Guarda a Palavra de Deus: são felizes os que a amam!

Guarda a Palavra de Deus, de modo que ela penetre no mais íntimo de tua alma.

Guarda a Palavra de Deus, de modo que ela penetre nos teus sentimentos e nos teus costumes.

Alimenta tua alma com a Palavra de Deus, e tua alma se deleitará com fartura.

Não esqueças de comer o teu pão, para que teu coração não perca o ânimo, mas sacia tua alma com este alimento saboroso: a Palavra de Deus.
Se guardares a Palavra de Deus, ela, certamente, te guardará!      

Em tempo:

Toda semana haja encontros sistemáticos para oração, irmandade, partilha, formação e acompanhamento personalizado. No DJC, o discípulo só não pode ficar perdido na massa ou só servindo, sem ser verdadeiramente acompanhado no rumo do seu pleno crescimento espiritual. Temos esta responsabilidade dentro da Igreja: ajudar os discípulos a serem verdadeiros católicos, seguidores de Jesus.

O encontro da Fraternidade Cristã na oração, no amor fraterno e na partilha da Palavra é um verdadeiro alimento espiritual para a caminhada discipular. A caminhada discipular não é só no encontro semanal. Mas este encontro semanal é muito importante para balizar e alimentar a própria caminhada.

Além do encontro da Fraternidade Cristã é muito importante o mergulho semanal no Siloé. Quem caminha na Fraternidade de uma Missão do DJC também procure participar do Siloé toda semana.

3 - Palavra de Deus, fonte de oração

A Igreja ensina:

A oração não se reduz ao brotar espontâneo dum impulso interior: para orar, é preciso querer. Tampouco basta saber o que a Escritura revela sobre a oração: é preciso também aprender a rezar. Ora, é através duma transmissão viva (a Tradição sagrada), que o Espírito Santo, na «Igreja crente e orante», ensina os filhos de Deus a orar.

O Espírito Santo é a «água viva» que, no coração orante, «jorra para a vida eterna». É Ele quem nos ensina a recolhê-la na própria Fonte: Jesus Cristo. Ora, há na vida cristã mananciais onde Cristo nos espera para nos dar a beber o Espírito Santo.

A Igreja «exorta com ardor e insistência todos os fiéis [...] a que aprendam "a sublime ciência de Jesus Cristo" (Fl 3, 8) pela leitura frequente das divinas Escrituras [...]. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem, porque "a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos"».

Os Padres espirituais, parafraseando Mt 7, 7, resumem assim as disposições do coração, alimentado pela Palavra de Deus na oração: «Procurai na leitura e achareis na meditação; batei à porta na oração e ela abrir-se-vos-á na contemplação».

A missão de Cristo e do Espírito Santo que, na liturgia sacramental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o mistério da salvação, prossegue no coração de quem ora. Os Padres espirituais comparam, por vezes, o coração a um altar. A oração interioriza e assimila a liturgia, durante e depois da sua celebração. Mesmo quando vivida «no segredo» (Mt 6, 6), a oração é sempre oração da Igreja; é comunhão com a Santíssima Trindade.

Entra-se na oração como se entra na liturgia: pela porta estreita da fé. Através dos sinais da sua presença, é a face do Senhor que nós buscamos e desejamos, é a sua Palavra que nós queremos escutar e guardar.

O Espírito Santo, que nos ensina a celebrar a liturgia na expectativa do regresso de Cristo, educa-nos para orar na esperança. E vice-versa, a oração da Igreja e a prece pessoal nutrem em nós a esperança. Particularmente os salmos, com a sua linguagem concreta e variada, ensinam-nos a fixar em Deus a nossa esperança: «Esperei no Senhor com toda a confiança, e Ele atendeu-me. Ouviu o meu clamor» (Sl 40, 2). «Que o Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pela força do Espírito Santo» (Rm 15, 13).

«A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). A oração, formada pela vida litúrgica, vai haurir tudo no amor com que fomos amados em Cristo e que nos dá a graça de Lhe corresponder, amando como Ele amou. O amor é a fonte da oração; quem bebe dessa fonte atinge os cumes da oração:

«Eu Vos amo, ó meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até ao último suspiro da minha vida. Amo-Vos, ó meu Deus infinitamente amável, e antes quero morrer a amar-Vos do que viver sem Vos amar. Amo-Vos, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente [...] Meu Deus: Se a minha língua não pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro» (Santa...

Aprendemos a orar em certos momentos, escutando a Palavra do Senhor e participando no seu mistério pascal. Mas a cada momento, nos acontecimentos de cada dia, o seu Espírito é-nos oferecido para fazer brotar a oração. O ensinamento de Jesus sobre a oração ao nosso Pai está na mesma linha que o ensino sobre a providência: o tempo está nas mãos do Pai; é no presente que nós O encontramos; não ontem nem amanhã, mas hoje: – «Quem dera ouvísseis hoje a sua voz; não endureçais os vossos corações» (Sl 95, 7-8).

Orar nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos do Reino, revelados aos «pequeninos», aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. É justo e bom orar para que a vinda do Reino da justiça e da paz influencie a marcha da história; mas também é importante levedar pela oração a massa das humildes situações quotidianas. Todas as formas de oração podem ser esse fermento a que o Senhor compara o Reino (9).

Resumindo:

É por meio duma transmissão viva, pela Tradição, que, na Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar.

A Palavra de Deus, a liturgia da Igreja, as virtudes da fé, da esperança e da caridade são fontes da oração.

(Catecismo da Igreja, 2650ss)

4 - Salmos, escola de oração

Somente pela oração fincamos as raízes da nossa existência em Deus, a Fonte da Vida.
O que sustenta o Discípulo no seguimento de Jesus é a Espiritualidade da Caminhada. É sob a moção do Espírito Santo que o discípulo persevera, mergulha nas profundezas do amor e da verdade de Deus e assim permanece na liberdade dos filhos e filhas de Deus.
A espiritualidade cristã não é feita de momentos estanques, mas de passos concatenados entre si que, no seu conjunto, fortalecem a vida interior e a comunhão com Cristo Jesus. A espiritualidade não é só quando reservamos tempo para a oração, mas é a vida toda vivida na Graça de Deus. Porém, justamente para vivermos a vida toda em comunhão com Deus, é que precisamos dos momentos de oração. Por isso a oração é o coração da Espiritualidade da Caminhada, de modo que é impossível viver no amor de Deus se não tivermos uma vida de oração.  
É sempre importante lembrar que a “oração não se reduz ao brotar espontâneo dum impulso interior: para orar, é preciso querer. Tão pouco basta saber o que a Escritura revela sobre a oração: é preciso também aprender a rezar... O Espírito Santo é a ‘água viva’ que, no coração orante, ´jorra para a vida eterna´. É Ele quem nos ensina a recolhê-la na própria Fonte: Jesus Cristo” (CIC, 2650s). 
O livro dos Salmos ou Saltério é um verdadeiro formulário de orações que nos ajuda a rezar com a Palavra de Deus. Bento XVI ensina:

Os Salmos ensinam a rezar. Neles, a Palavra de Deus transforma-se em palavra de oração — e são as palavras do Salmista inspirado — que se torna também palavra do orante que recita os Salmos. Estas são a beleza e a particularidade deste livro bíblico: as preces nele contidas, diversamente de outras orações que encontramos na Sagrada Escritura, não estão inseridas numa trama narrativa que especifica o seu sentido e a sua função.

Os Salmos são dados ao fiel precisamente como texto de oração, que tem como única finalidade tornar-se a oração daqueles que os assumem e com eles se dirigem a Deus. Dado que são uma Palavra de Deus, quem recita os Salmos fala a Deus com as palavras que o próprio Deus nos concedeu, dirige-se a Ele com as palavras que Ele mesmo nos doa. Deste modo, recitando os Salmos aprendemos a rezar. Eles constituem uma escola de oração.

Algo de análogo acontece quando a criança começa a falar, ou seja, a expressar as próprias sensações, emoções e necessidades, com palavras que não lhe pertencem de modo inato, mas que ela aprende dos seus pais e de quem vive ao seu redor. Aquilo que a criança quer manifestar é a sua própria vivência, mas o instrumento expressivo pertence a outros; e ela apropria-se do mesmo gradualmente, as palavras recebidas dos pais tornam-se as suas palavras e através destas palavras aprende também um modo de pensar e de sentir, acede a um inteiro mundo de conceitos, e nele cresce, relaciona-se com a realidade, com os homens e com Deus. Finalmente, a língua dos seus pais tornou-se a sua língua, ela fala com palavras recebidas de outros, que já se tornaram as suas palavras.

Assim acontece com a oração dos Salmos. Eles são-nos doados para que aprendamos a dirigir-nos a Deus, a comunicarmos com Ele, a falar-lhe de nós com as suas palavras, a encontrar uma linguagem para o encontro com Deus. E, através de tais palavras, será possível também conhecer e aceitar os critérios do seu agir, aproximar-se ao mistério dos seus pensamentos e dos seus caminhos (cf. Is 55, 8-9), de maneira a crescer cada vez mais na fé e no amor. Do mesmo modo como as nossas palavras não são apenas palavras, mas ensinam-nos um mundo real e conceitual, assim também estas preces nos ensinam o Coração de Deus, pelo que não só podemos falar com Deus, mas podemos aprender quem é Deus e, aprendendo a falar com Ele, aprendemos como ser homens, como sermos nós mesmos.

- Oração em meio à tormenta

Quem aqui já passou por aflições? Quem aqui já experimentou a tormenta? O Salmo 57 é uma oração no meio da aflição:

- “Piedade, Senhor, piedade, pois em vós se abriga a minh'alma! De vossas asas, à sombra, me achego, até que passe a tormenta, Senhor!”

Em meio à tormenta, tal qual como uma galinha com os seus pintinhos, Deus é nosso abrigo e proteção. Este bom hábito de correr para Deus nos livra dos demônios, vícios e falsos amigos.

- “Lanço um grito ao Senhor Deus Altíssimo, a este Deus que me dá todo o bem. Que me envie do céu sua ajuda e confunda os meus opressores! Deus me envie sua graça e verdade!”

Gritar a Deus, pedir ajuda aos céus, confundir os opressores... Só Deus, e mais ninguém, nos dá todo bem. Porque em meio às aflições aparecem outras alternativas que descartam ou distanciam do Deus Único e Verdadeiro. Por isso é necessário gritar a Ele e confundir os opressores que querem continuar oprimindo e desviando do caminho da vida.
O que pedir em meio às aflições? O salmista nos ensina: Pedir que Deus nos envie sua graça e verdade. Graça da salvação, bênção da divina providência, santidade, pão de cada dia. Verdade que nos ilumina e liberta, porque quem segue Jesus possui a luz da vida, por que quem conhece a verdade consegue enxergar uma luz no fim do túnel, o sentido da vida, a razão da esperança.

- “Eu me encontro em meio a leões, que, famintos, devoram os homens; os seus dentes são lanças e flechas, suas línguas, espadas cortantes. Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória refulja na terra!”

Estamos em meio a leões visíveis, os obreiros da maldade, gananciosos, falsos, fuxiqueiros e enganadores. Mas também em meio a leões invisíveis, os demônios de Satanás que tentam, confundem, infestam, destroem e oprimem.
Os seus dentes, tanto dos leões visíveis como dos leões invisíveis, são lanças e flechas, suas línguas, espadas cortantes. Não podemos ser ingênuos e deixar que lanças, flechas e espadas do mal nos firam e arrasem. Precisamos viver em Deus e ser envolvidos pela glória da sua Presença. Nada melhor do que todo rezar diante do Santíssimo ou ao menos com a Meditação Orante da Palavra de Deus.

- “Prepararam um laço a meus pés, e assim oprimiram minh'alma; uma cova me abriram à frente, mas na mesma acabaram caindo.”

Armadilhas são colocadas, os inimigos maquinam e oprimem a nossa alma com tristezas, angústias e decepções. Precisamos vigiar para não cair. Pedir força a Deus para não esmorecer. Com o tempo o mal por si mesmo se destrói. Assim nos ensina a experiência da vida. Assim nos ensina a Palavra de Deus: “Prepararam um laço a meus pés, e assim oprimiram minh'alma; uma cova me abriram à frente, mas na mesma acabaram caindo.” Quem escolhe o caminho da maldade sempre será um fracassado e cava a própria cova!

- “Meu coração está pronto, meu Deus, está pronto o meu coração! Vou cantar e tocar para vós: desperta, minh'alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora! Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos, dar-vos graças, por entre as nações! Vosso amor é mais alto que os céus, mais que as nuvens a vossa verdade! Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória refulja na terra!”

xxx

Por fim, meus irmãos, rezar sempre, louvar a Deus, adorá-lo, bendizer o seu Santo Nome. Dar glória somente a Ele e confiar no seu imenso amor. Orar nunca é demais. Porque a oração que brota do coração sempre nos coloca na presença d’Ele e nos une a Ele. Orando nos colocamos sob a proteção das asas de Deus como os pintinhos junto à galinha. Sem oração estamos expostos a todos os tipos de perigos (flechas, lanças e espadas) e com certeza iremos fracassar.
Repito: orar nunca é demais, nos conserva no bem e nos livra do mal! Devemos orar sempre, para quando a tormenta chegar, sejamos vitoriosos. É pela oração que fincamos a âncora da esperança em Deus. Sabendo que aquele que perseverar até o fim é que será salvo, a oração é fundamental para a vida cristã.

MOPD Salmo 57 _______________________________  _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 - Veneração da Palavra de Deus

“A Igreja sempre venerou as Sagradas Escrituras da mesma forma que o Corpo de Cristo” (Concílio Vaticano II).

O grande Salmo 119 demonstra de diversas maneiras como existe uma proximidade muito grande entre a Opção Fundamental, o respeito e a prática diária das Sagradas Escrituras. O Discípulo vive da Palavra e de acordo com a Palavra: “Como é doce ao meu paladar a tua promessa, é mais doce do que o mel em minha boca! Com teus preceitos sou capaz de discernir e detestar qualquer caminho mal. Quanto eu amo a tua vontade! Eu medito nela o dia todo. Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, e luz no meu caminho. Javé, aceita os votos que pronuncio, e ensina-me as tuas normas. Aplico o meu coração em praticar os teus estatutos; essa é a minha recompensa para sempre” (Sl 119,97ss).
Somos o Discipulado de Jesus Cristo. Nossa vocação e missão é SER e FORMAR discípulos (Jo 15). Por isso temos o carisma da Palavra de Deus tanto na nossa espiritualidade como no nosso trabalho de evangelização, por que a Bíblia Sagrada tem “o poder de nos comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo” e ela “é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2Tm 3,15-16).
A devoção pela Bíblia Sagrada se torna visível no modo como a guardamos e a transportamos com zelo, respeito e alegria no nosso cotidiano. O andar com a Bíblia nos ajuda a andar e viver de acordo com a Bíblia. A prática da Meditação Orante da Palavra de Deus e celebrações com leituras feitas diretamente da Bíblia Sagrada nos ajudam a criar toda uma espiritualidade bíblica e toda uma intimidade com o conjunto dos Livros Sagrados. Andar com a Bíblia, interpretando-a sempre no horizonte doutrinário da Igreja Católica, significa andar com o Poder de Deus, o grande auxílio de que necessitamos seja para sermos discípulos, seja para formarmos novos discípulos de Jesus no decorrer da caminhada.
A devoção pela Bíblia faz parte da Espiritualidade do DJC. Ela é o livro de cabeceira e de mochila do discípulo de Jesus.
Com a Bíblia (católica e completa) na mão e os pés na missão, é desta forma que Deus nos chama desde os inícios da nossa história como DJC. Portanto, o DJC é o movimento da Palavra de Deus.

6 - De temário em temário

Para Jesus Discipulado é formação. Mas não é formação só no sentido de aprender por aprender. É formação no sentido vivencial que gera desenvolvimento integral e a vida eterna mediante o conhecimento místico de Deus. Podemos ver esta compreensão de Jesus sobre o discipulado no Evangelho de João:

João 17,1 Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: «Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a ti, 2 pois lhe deste poder sobre todos os homens, para que ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe deste. 3 Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4 Eu te glorifiquei na terra, completei a obra que me deste para fazer. 5 E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.»

O conhecimento do discípulo é orante, intelectual, comunitário e vivencial ao mesmo tempo, unindo mística, teologia e experiência no decorrer da caminhada discipular. Tudo isso ajuda o discípulo a viver a vida eterna aqui na terra, pois a vida eterna é esta, é conhecer o Deus Verdadeiro e aquele que ele enviou para nos salvar, Jesus Cristo (Jo 17,3).  
Os Temários do DJC são um guia pra caminhada discipular, não são propriamente livros de sala de aula. Os Temários vão explanando temas, orientando a caminhada discipular de forma gradual, pro discípulo ir crescendo no Caminho da Palavra de Deus e começar a viver a vida eterna já aqui na terra. Aquilo que for meditado durante a semana, o discípulo irá partilhar no encontro semanal e pedir para Deus realizar a Graça na sua vida. O que Deus revela na sua Palavra ele deseja realizar na vida do Discípulo.
É assim, no Caminho da Palavra de Deus, movido pelo Espírito Santo e na companhia dos irmãos que o discípulo vai crescendo de forma integral e já vivendo a vida eterna. Por isso, independentemente do nível cultural, idade ou tempo de caminhada na Igreja... todos iniciam a Caminhada DJC no Temário do Reavivamento no Espírito Santo e seguem adiante passo a passo, de temário em temário, sem atropelar etapas e sem ficar estagnado nas mesmas.
É pra frente que se anda! Por isso o discípulo não pode queimar temários, mas também não pode ficar preso, atolado ou olhando para trás. Porque discipulado não é formação abstrata de aprender por aprender, é formação orante e vivencial no Caminho da Palavra de Deus, passo a passo, de temário em temário, sempre pra frente e para o alto!
Todos precisam desse crescimento. Por isso todos, sem exceção, seguem o ritmo dos mesmos temários, sem atropelar e sem estagnar. Se por acaso alguém der um tempo, respeita-se. Quando esta pessoa retornar, acolhe-se calorosamente, e ela continuará a caminhada do temário em que ficou, porque passo dado é passo dado, é pra frente que se anda!
Quando acontecer de alguém não souber ler ou ter alguma limitação, mesmo assim deverá adquirir o Temário, pois algum irmão poderá ajudar esta pessoa em casa. A aquisição do temário lembrará o ritmo da caminhada para esta pessoa e que ela tem o mesmo valor que os outros discípulos. Os seis Temários dão o ritmo da caminhada discipular, por isso são sempre obrigatórios para todos, sem exceção. É um pequeno investimento a cada três meses que concorrerá grandemente para o crescimento do discípulo ao longo da jornada.
Este é o sentido da obrigatoriedade geral dos temários para todos, sem exceção. De modo que, sem temário, a pessoa não pode caminhar no Cenáculo e na Fraternidade Cristã.
Discipulado é a escola de Jesus. Os temários são necessários pra todos entenderem e entrarem no ritmo da caminhada na Palavra de Deus. Além do mais os Temários não são reaproveitáveis, porque cada discípulo deverá escrever as anotações e remas nos mesmos, e guardá-los como diário espiritual no qual Deus vai orientado de forma processual no decorrer da caminhada. O responsável também irá fazer a vistoria semanal e assinar em cada Temário. Por isso eles sempre são de uso pessoal e não são reaproveitáveis por outra pessoa.

- Vistoria semanal

Em tempo:
Toda semana uma Vivência
Todo Discípulo um Temário
Todo dia uma MOPD

Durante a semana todos deverão ler as reflexões e meditar as leituras bíblicas indicadas para cada dia. No dia da vivência irão orar no Espírito, partilhar os remas e anotações da semana e assim, com a ajuda do responsável, aprofundarão o conhecimento de Deus que favorece a vida eterna, o reavivamento permanente e o desenvolvimento integral da vida cristã-batismal. Por isso, cada pessoa deve adquirir o seu temário pessoal, pois o mesmo será muito útil para o seu crescimento espiritual e para o acompanhamento personalizado.
O responsável não esqueça de fazer a vistoria semanal antes ou depois do encontro. Se a pessoa fez ao menos uma Meditação Orante da Palavra de Deus coloca "SIM" na tabela. Se não fez nada, coloca "NÃO". Este é um olhar semanal de acompanhamento que ajuda o discípulo a se manter crescendo no Caminho da Palavra de Deus. Mas também ajuda o responsável a lembrar e ver como está a caminhada de cada discípulo e aonde estão caminhando.
Como o nome já diz, é uma vistoria, não é um julgamento e nem mesmo uma interpretação do que o discípulo escreveu. Eu nem leio o que os meus discípulos escrevem. Apenas vejo se estão rezando o temário ou não. Tudo mais fica entre o discípulo e Jesus.
Vistoria parece simples, mas é muito importante pra dar ritmo, organização e rumo na caminhada discipular. Por isso o responsável também deverá enviar a tabela da vistoria toda semana para os articuladores, conselheiros e acompanhantes. DJC é escola, toda escola tem dessas coisas. Parece burocracia, mas não é. A vistoria é ferramenta de acompanhamento semanal simples, mas eficaz!



7ª Vivência ____/ ____/ ____

Pão da Vida


Discipulado não é só o encontro semanal. O Discípulo de Opção Fundamental só cresce caminhando com os irmãos na Palavra de Deus todo dia, guiado pelo Espírito Santo, passo a passo, de temário em temário.
Refletimos bastante sobre a importância da vida fraterna e o Pão da Verdade. Nessa semana vamos enfocar o Pão da Vida.

1 - No Caminho da Verdade e da Vida

Como refletimos semana passada...

Ninguém cresce com o tempo... O discípulo só cresce numa Caminhada Discipular, seguindo Jesus com os irmãos, de passo a passo. Para tanto, ele deve ser animado por uma Espiritualidade da Caminhada.
O Caminho-Jesus conduz ao Pai, e não há outro além dele. “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim!” (Jo 14,6) Porque Jesus é o Caminho, a vida cristã é, necessariamente, uma caminhada.
Muitos católicos fazem muitas coisas, vão a muitos shows, cumprem muitas devoções, penitências e obras de misericórdia, mandam até celebrar muitas missas particulares, mas vivem sem rumo, sem unção, sem perspectiva, sem crescimento e quando entram em crise a primeira coisa que fazem é deixar de ser católicos. E muitos se tornam ex-católicos revoltados contra a própria Igreja, julgando que viviam nas trevas e no erro por culpa da Igreja.
O cristianismo não é uma religião de meros preceitos, devoções, ritos e mandamentos isolados que levam a qualquer lugar. A essência do cristianismo é seguir Jesus na Graça do Espírito Santo e tudo o mais que deve ser realizado adquire sentido se for concebido como um passo seguido de outro que, no seu conjunto, constituem uma Caminhada Discipular no Caminho que é Jesus. É por isso que, nos seus inícios, a Igreja também era chamada de Caminho (At 9,2), porque quem segue a Jesus é Igreja e quem é Igreja segue a Jesus, sempre animado por uma espiritualidade da caminhada que dá sentido e coesão às muitas atividades e passos no dia a dia.
Na Espiritualidade da Caminhada o primeiro alimento diário do cristão é a Meditação Orante da Palavra de Deus. O cristão só tem uma Verdade que o ilumina e liberta todas as dimensões da sua vida: o próprio Jesus e seu evangelho. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará!” (Jo 8,32) Por causa desta Verdade, ele renuncia a tudo o mais que entre em contradição com ela. Neste sentido, quem segue Jesus não caminha nas trevas porque possui a Luz da Vida.
Na sua oração sacerdotal em favor dos seus discípulos, erguendo os olhos ao céu, Jesus rezou: “Pai, consagra-os com a Verdade: a Verdade é a tua Palavra. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a Verdade” (Jo 17,17-19). Nossa decisão por Cristo inclui a fé e a adesão total ao seu Evangelho. Devemos ser consagrados na sua Verdade e não caminhar nas trevas da mentira e da ignorância. Aqui na terra, a Igreja Católica é o alicerce e a coluna da Verdade, pois está a serviço da Palavra de Deus e do seu Reino de amor e salvação (1Tm 3,16).
A Missa dominical é o centro da semana do discípulo de Jesus. Jesus mesmo é a Vida, a salvação, a cura, a libertação, a paz e a alegria que toda criatura humana anseia desde as profundezas do seu coração e veio justamente para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Escolher a Cristo significa sempre optar pela vida e nunca pela morte.
De um modo especial, é no sacramento da Eucaristia que Jesus, vida da humanidade, continua fazendo-nos a sua entrega de amor: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele. E como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim, aquele que me receber como alimento viverá por mim” (Jo 6,51ss).
Jesus confiou à sua Igreja o sublime sacramento do seu Corpo e do seu Sangue para que todas as gerações pudessem ter acesso a salvação. Toda vez que a Igreja celebra a Santa Missa, fazemos a memória da páscoa e o único sacrifico de Cristo na cruz é atualizado para remissão dos nossos pecados. Se o salário do pecado é a morte, a graça da Eucaristia é a vida em comunhão com Jesus. “Eu vivo nele e ele passa a viver em mim!”
O cristão não faz um monte de coisas ou fica dando passos desconcatenados entre si, sem rumo, sem objetivo, sem sentido e sem crescimento. O cristão elege Jesus como seu Senhor e Salvador, entra na comunidade dos discípulos que é a Igreja, segue Jesus na companhia dos irmãos e é sustentando pela Graça de Deus na Palavra da Verdade e no Sacramento da Eucaristia, o Pão da Vida.
É assim, caminhando e convivendo com Jesus e os irmãos, na Graça do Espírito Santo e com a Santíssima Virgem Maria e a Igreja, que o cristão cresce em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, até atingir a estatura do seu Mestre e Senhor (Lc 2,52). Não é fazendo um monte de coisas soltas, sem rumo, sem sentido e sem coesão. É seguindo Jesus, Caminho, Verdade e Vida! “A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas ondas e levados para cá e para lá por qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com que eles nos induzem ao erro.” (Ef 4,13-14)

2 - Deus Conosco

A oração consiste fundamentalmente num relacionamento vivo e pessoal com Deus. Colocar-se na sua Presença, acatá-lo com reverência, acolher o seu reinado e, então, tudo de bom é acrescentado. Desta forma, é oportuno pararmos para meditar sobre a Presença Sacramental de Deus na Eucaristia. Foi Ele mesmo quem a instituiu. Se assim o fez, é claro que Ele tem um grande propósito e muitas bênçãos reservadas para nós no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Deus não dá murro em ponta de faca. No seu plano, tudo tem um sentido, tudo tem um propósito, tudo é providência, nada é por acaso,
Ao longo das reflexões estamos vendo que a oração cristã não é um palavrório, mas um relacionamento vivo, livre, consciente e amoroso com o Deus Bendito da Aliança, Pai, Filho e Espírito Santo. Nesta mística comunhão de amor, crescemos na amizade com Deus, Ele é glorificado e nós, abençoados. Nesta perspectiva, oração não é nem forçar a mente e tampouco forçar os sentimentos. Isto só nos cansa e o resultado é que passamos a fugir da oração como se fosse apenas um fardo a mais que temos a carregar. Jesus, ao contrário, nos convida a ir até Ele para descansarmos, pois Ele é manso e humilde de coração. Na vida temos uma cruz a carregar, a cruz da nossa missão e da nossa responsabilidade. Mas a oração não deve ser cruz, mas descanso. É o momento da gente refontizar a vida na Fonte da Vida, descansar um pouco para então podermos ir adiante na nossa vida e missão. Saco seco não se põe de pé.
O que caracteriza a religião cristã é que o homem não pode se salvar sozinho. Devemos fazer a nossa parte como se tudo só dependesse da gente. Mas no final, somos salvos mesmo é pela graça de Deus. O homem não tem como chegar até Deus com as suas próprias forças, então Deus vem até Ele cheio de amor e misericórdia. Compete ao homem sair do chiqueiro de porcos e voltar para casa. Mas, como na parábola do Filho Pródigo, antes mesmo de chegar, Deus o avista ao longe e corre para abraçá-lo e levá-lo para o aconchego do lar.
Os deuses pagãos viviam no panteão e se escondiam do homem, largados à sua própria miséria na terra. Até se divertiam entre si às custas disso. Na Revelação Divina desde os tempos de Abrão, o Deus Único e Verdadeiro vem ao encontro do homem e se manifesta, propondo-lhe um pacto de salvação, uma aliança de misericórdia e a sua bênção como herança. Por isso, Ele é o Deus Bendito da Aliança, o Deus Amigo e Salvador do homem, a quem Ele criou à sua imagem e semelhança precisamente para que pudesse viver em comunhão com Ele. Este é o nosso Deus que começou a se revelar a Abraão e se manifestou plenamente na pessoa de Jesus de Nazaré. O Deus que nos tempos de Moisés ouviu o clamor do seu povo que era escravo no Egito, viu o seu sofrimento e desceu para libertá-lo. O Deus dos Profetas e dos Sábios, de João Batista, Maria e de José que caminha com o seu povo e o ajuda a chegar à Terra Prometida.
Deus criou o homem na sua amizade. Foi o pecado quem tirou do coração do homem o Temor de Deus e por sua vez colocou o medo de Deus. O Diabo estava e continua por detrás de tudo aquilo que afasta a criatura do seu Criador. Mas Deus nunca se esqueceu do homem porque o pai nunca se esquece do filho amado, mesmo que ele tenha ido embora de forma ingrata e idolátrica. Por isso, apesar de tudo, Deus sempre quis conviver novamente com homem e ia manifestando esta sua vontade ao longo da história da salvação. Precisava de um tempo para vir pessoalmente ao homem, porque o homem precisava de um tempo para se arrepender e livre e consciente acolher o dom da salvação. Por Deus, tudo seria refeito em fração de segundos. Mas o homem precisa fazer a sua parte, precisa dar os seus passos, pois isto tem a ver com lei da liberdade. Para nos ter com Ele, Deus até interfere nas leis da natureza e faz milagres, sinais do seu amor e do seu poder, porém, jamais interfere na lei da liberdade, pois isto anularia a dignidade do próprio homem. Relacionamento de amor só existe na liberdade, e é precisamente este relacionamento que Deus quer estabelecer com o homem.
Já na primeira bênção que Deus ensinou para os seus sacerdotes ministrarem sobre o povo ele manifestava este seu desejo de novamente se relacionar com homem face a face, assim como era no paraíso antes do pecado original, assim como será na Pátria da Eternidade, após o arrebatamento final. “Vocês abençoarão os filhos de Israel assim: ‘Javé o abençoe e guarde! Javé lhe mostre seu ROSTO brilhante e tenha piedade de você! Javé lhe mostre seu ROSTO e lhe conceda a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6,22-27). Na plenitude dos tempos, quando Deus discerniu que o tempo chegara, que uma Virgem Imaculada estava totalmente preparada para recebê-lo em nome do seu povo, Deus enviou o seu Filho ao mundo na pessoa de Jesus de Nazaré (Gl 4,4). No mistério da encarnação, Deus arma a sua tenda e vem morar no meio de nós (Jo 1,14). Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23), o Rosto Humano de Deus, de modo que quem o vê, vê o Pai (Jo 14,9). A Salvação em pessoa vem ao encontro do homem porque o homem, mesmo que fizesse de tudo, jamais conseguiria chegar até Ele com as suas próprias forças.

3 - A Eucaristia

Jesus é Deus Conosco que veio nos salvar para que todos tenham vida em abundância e cheguem ao conhecimento da verdade. Ele dedicou toda a sua vida para realizar a obra do Pai, a nossa salvação.
Mas Deus quis mais... O amor sempre pensa em como permanecer presente na vida do amado. Foi então que Jesus, após cumprir a sua missão salvífica que veio realizar na terra, e antes de voltar para o Pai, instituiu o sacramento do seu Corpo e do seu Sangue para que desta forma, o homem peregrino na história, pudesse continuar tendo acesso a Ele. A instituição da Eucaristia é o prolongamento da Encarnação de Deus na história da humanidade, no tempo da Igreja. Na Eucaristia temos Jesus Cristo, o Salvador e Redentor do gênero humano.
Sobre o Sacramento da Eucaristia, Deus também já tinha manifestado este seu desejo ao longo da história da salvação. No Antigo testamento vemos tudo isso em forma de figura, porque a realidade seria somente quando Jesus viesse ao mundo. De modo especial, podemos nos lembrar do maná, o pão que caiu do céu e alimentava o povo de Israel na travessia do deserto rumo à terra prometida (Ex 16). O maná era uma figura da Eucaristia. Lembramo-nos também daquele pão misterioso que confortou e alimentou o profeta Elias quando Jesabel e seus soldados estavam à sua procura para prendê-lo e matá-lo. Na força daquele pão que o anjo trouxe do céu, Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a Montanha de Deus, foi salvo da morte , fez a experiência de Deus e continuou a sua missão profética (1Rs 19). O pão que alimentou Elias também era uma figura da Eucaristia.
No Novo Testamento Jesus vai falar com todo realismo que Ele é o Pão da Vida no grande capítulo 6 do seu Evangelho segundo João. Vale a pena ler todo capítulo de ponta a ponta com calma e devoção. Aí Jesus enfatiza que o Pão que Ele nos dá como alimento é a sua própria Carne. Que o Vinho Santo que Ele nos dá como bebida é o seu próprio Sangue. Ou seja, Jesus nos diz que no Pão e no Vinho consagrados temos o seu próprio Corpo e o seu próprio Sangue. Corpo e Sangue significa a totalidade da vida de uma pessoa. Jesus nos diz que na Eucaristia temos toda a sua vida que se dá para nós como alimento para que então possamos viver. A mãe se dá como alimento para o filho que amamenta. Jesus se dá como alimento para nós na Eucaristia, da mesma forma quando, uma vez por todas, se entregou para a nossa salvação no patíbulo da cruz. Jesus dizia que que come deste Pão e quem bebe deste Cálice permanece nele e Ele permanece em nós.
Tudo isto é muito profundo. Mas as palavras de Jesus são realistas em todo o capítulo 6 de São João. É tanto que os judeus, e até mesmo muitos dos seus discípulos, ficaram escandalizados com tanto realismo. Alguns foram embora, murmurando entre si, porque essas palavras de Jesus eram duras demais. Quem as podia compreender? De fato, ninguém pode compreender a Eucaristia. Mas sabemos que somente Aquele que transformou a água em vinho também pode mudar o pão no seu Corpo e o vinho no seu Sangue. Diante da Eucaristia, nossa atitude de fé seja a mesma de Pedro. Quando Jesus os interrogou se eles também queriam ir embora, Ele disse cheio de fé: “A quem iremos Senhor, somente tu tens Palavra de Vida Eterna?”

4 - Sacramento da Nova Aliança
Tudo que Jesus explicou na sinagoga de Cafarnaum (João 6), Ele colocou em prática no Cenáculo de Jerusalém, na noite que antecedeu a sua crucifixão no Calvário. Ele sabia que estava chegando a hora do seu sacrifício redentor da humanidade no patíbulo da Cruz. Então, para que o mesmo sacrifício, a partir da cruz, pudesse continuar sendo atualizado pelos seus sacerdotes em benefício de todos os homens, de todos os tempos e de todos lugares que se sucederiam ao longo da história, até o dia da sua segunda vinda, Ele reuniu os seus apóstolos no Cenáculo e celebrou a primeira missa. Naquela ocasião especial, tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, o partiu e disse: “Tomem e comam, isto é o meu corpo”. Em seguida, tomou um cálice, agradeceu e deu a eles, dizendo: “Bebam dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26,26ss).
Jesus concluiu aquele ritual de consagração do Pão e do Vinho dizendo por duas vezes: “Façam isto em memória de mim” (1Cor 11,24-26). Memória na Bíblia é anamnese, isto é, atualização daquilo que está sendo celebrado. O desejo de Jesus, portanto, era que os seus Apóstolos continuassem celebrando aquele ritual eucarístico para que desta forma a mesma graça do seu sacrifício de entrega na cruz continuasse alcançando todas as pessoas ao longo da história, e não se limitasse às pessoas vivas naquela época que estavam em Jerusalém. Uma graça tão grande, que custou o preço do seu Sangue derramado na Cruz, não podia se limitar a um pequeno espaço e tempo da história, mas deveria alcançar a terra inteira e se prolongar na história até a sua segunda vinda. Por isso São Paulo explicava aos cristãos de Corinto: “Todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte (redentora) do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,26).
Naquele dia Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia e também o Sacerdócio. Os seus Sacerdotes, por Ele ordenados, haveriam de poder continuar consagrando o Pão e o Vinho no seu Corpo e no seu Sangue. A Igreja, com exceção da Sexta-feira da Paixão, desde então, obediente à vontade do seu Mestre, celebra o Santo Sacrifício da Missa todos os dias, em todas as horas e minutos, em diversos lugares do mundo.
A Igreja vive da Eucaristia e a Eucaristia é a Salvação da humanidade. Até a segunda vinda do Salvador, é pela graça da Eucaristia que somos salvos e todos os outros sacramentos giram em torno dela. Por isso a Eucaristia é o Santíssimo Sacramento, o Sacramento dos Sacramentos, porque a Eucaristia é Jesus.
É fundamental o discípulo de Jesus participar da Missa todo domingo, como sem falta, sob pena de pecado mortal, como veremos amanhã.

5 - Obrigação do Domingo

O Catecismo da Igreja Católica ensina:

2180. O mandamento da Igreja determina e precisa a lei do Senhor: «No domingo e nos outros dias festivos de preceito, os fiéis têm obrigação de participar na missa». «Cumpre o preceito de participar na missa quem a ela assiste onde quer que se celebre em rito católico, quer no próprio dia festivo quer na tarde do antecedente».

2181. A Eucaristia dominical fundamenta e sanciona toda a prática cristã. É por isso que os fiéis têm obrigação de participar na Eucaristia nos dias de preceito, a menos que estejam justificados, por motivo sério (por exemplo, doença, obrigação de cuidar de crianças de peito) ou dispensados pelo seu pastor. Os que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem um pecado grave.

2182. A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Os fiéis atestam desse modo a sua comunhão na fé e na caridade. Juntos, dão testemunho da santidade de Deus e da sua esperança na salvação. E reconfortam-se mutuamente, sob a ação do Espírito Santo.

2183. «Se for impossível a participação na celebração eucarística por falta de ministro sagrado ou por outra causa grave, recomenda-se muito que os fiéis tomem parte na liturgia da Palavra, se a houver na igreja paroquial ou noutro lugar sagrado, celebrada segundo as prescrições do bispo diocesano, ou consagrem um tempo conveniente à oração pessoal ou em família ou em grupos de famílias, conforme a oportunidade».

2184. Tal como Deus «repousou no sétimo dia, depois de todo o trabalho que realizara» (Gn 2, 2), assim a vida humana é ritmada pelo trabalho e pelo repouso. A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente, que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa.

2185. Aos domingos e outros dias festivos de preceito, os fiéis abstenham-se de trabalhos e negócios que impeçam o culto devido a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor, a prática das obras de misericórdia ou o devido repouso do espírito e do corpo. As necessidades familiares ou uma grande utilidade social constituem justificações legítimas em relação ao preceito do descanso dominical. Mas os fiéis estarão atentos a que legítimas desculpas não introduzam hábitos prejudiciais à religião, à vida de família e à saúde. «O amor da verdade procura o ócio santo: a necessidade do amor aceita o negócio justo».

2186. Os cristãos que dispõem de tempos livres lembrem-se dos seus irmãos que têm as mesmas necessidades e os mesmos direitos, e não podem descansar por motivos de pobreza e de miséria. O domingo é tradicionalmente consagrado, pela piedade cristã, às boas obras e aos serviços humildes dos doentes, enfermos e pessoas de idade. Os cristãos também santificarão o domingo prestando à sua família e vizinhos tempo e cuidados difíceis de prestar nos outros dias da semana. O domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida interior e cristã.

2187. Santificar os domingos e festas de guarda exige um esforço comum. Todo o cristão deve evitar impor a outrem, sem necessidade, o que possa impedi-lo de guardar o Dia do Senhor. Quando os costumes (desporto, restaurantes, etc.) e as obrigações sociais (serviços públicos, etc.) reclamam de alguns um trabalho dominical, cada um fica com a responsabilidade de um tempo suficiente de descanso. Os fiéis estarão atentos, com moderação e caridade, para evitar os excessos e violências originados às vezes nas diversões de massa. Não obstante as pressões de ordem económica, os poderes públicos preocupar-se-ão em assegurar aos cidadãos um tempo destinado ao repouso e ao culto divino. Os patrões têm obrigação análoga para com os seus empregados.

6 - Adorar Jesus Eucarístico

A grande bênção de Deus é Jesus Salvador. E Jesus está no meio de nós no sacramento da Eucaristia. Então, a maior de todas as bênçãos é a Bênção do Santíssimo Sacramento. Cada comunhão que fazemos na Missa, por si mesma, já é a grande bênção cujas graças são incontáveis. Além disso, toda as vezes que nos colocamos diante do sacrário, é diante de Jesus mesmo que estamos nos colocando. Ele permanece prisioneiro por amor a nós. Ele é o Sol da Justiça que nos cura com os seus raios, como dizia o profeta Zacarias: “Para vocês que temem a Javé brilhará o Sol da Justiça, que cura com os seus raios!” (3,20)
Temer a Deus é diferente de ter medo de Deus. Temor é dom do Espírito Santo que nos faz acatar a Majestade de Deus com reverência, respeitar sua Presença, colocar-se humilde e agradecido diante dele como criatura diante do seu Criador. “Para vocês que temem a Javé brilhará o Sol da Justiça, que cura com os seus raios!” Diante da Revelação de Deus sobre a grandeza que é a Eucaristia, temer significa correr para os seus pés, recebê-la como alimento, adorar e contemplar. É importante cultivar esta dádiva.
Precisamos ter o bom hábito de sempre nos colocar na presença do Rei. Sem concentração. Sem forçar sentimentos. Apenas se colocar na presença dele com gratidão, atenção, respeito e reverência. Olhar para Ele, e deixar Ele olhar amorosamente para nós, assim como acontecia com aquele humilde camponês da Paróquia de Santo Cura D’Ars. Dar-lhe tempo. Colocar-se ao lado dele com Nossa Senhora. Meditar a sua Palavra diante da sua presença. Falar para Ele da nossa vida, apresentar-lhe nossos agradecimentos e pedidos. Como o sol bronzeia a pessoa que a ele se expõe, o Sol da Justiça também aquece, ilumina, conforta e cura aqueles que se colocam diante dele. Nossa parte é se colocar de corpo e alma na presença de Jesus. Ele mesmo, que é manso e humilde coração, nos acolhe e nos envolve no seu amor.
Nele está a Fonte da Vida, na sua luz contemplamos a Luz! Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida! Ele se dá em alimento para nós nas Sagradas Escrituras (Pão da Verdade) e na Eucaristia (Pão da Vida)







9ª Vivência ____/ ____/ ____

Opção Fundamental


Cada grau de participação no DJC é uma evolução humana e espiritual, rumo à santidade, porque esta é a vontade de Deus a nosso respeito: "Sede santos como eu sou Santo!"
Uma ascensão dos campos do corpo e da alma para viver cada vez mais em espírito, no Espírito. Mas tudo começa pra valer na Opção Fundamental. Às vezes pensamos que a Opção Fundamental é o passo mais simples na caminhada discipular enquanto que, na verdade, é o passo mais importante. Tudo mais depende dessa Opção Fundamental que Deus requer da nossa parte e que ele sempre respeita.

1 - O homem,
uma unidade pluridimensional

Queremos iniciar a reflexão sobre a Opção Fundamental a partir do sujeito que deverá fazê-la livre e consciente na Presença de Deus, porque sem estes dois atributos da liberdade e da consciência não existe Opção Fundamental verdadeira que redunde em crescimento espiritual.
O ponto de partida é sempre a Palavra de Deus. Por isso peço para você meditar 1 Tessalonicenses 5,23-24: “O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!”
Conforme está escrito, Deus nos chama à santidade. Ser plenamente humano. Ser tão bom como éramos antes do pecado original. Ser santo é ser bom. Ser santo é ser verdadeiramente feliz e realizado na Graça de Deus.
O homem chamado à santidade é uma UNIDADE PLURIDIMENSIONAL. Ou seja, a criatura humana possui três dimensões antropológicas constitutivas do seu ser:

Espírito – Pneuma

Alma – Psiqué

Corpo – Soma

O espírito (pneuma) é a primeira e principal dimensão do ser humano, que o faz ir além do aspecto físico e animal, ir além do mundo, transcendendo sempre na direção sobrenatural de Deus. É através do espírito que o homem se relaciona com Deus e é nas profundezas do espírito que Deus se relaciona com o homem.
Só Deus consegue ir às profundezas do nosso ser, só Deus pode conhecer e se relacionar com o nosso espírito no solo sagrado da consciência e da razão. O homem não tem espírito. O homem é espírito enquanto renasceu na Graça e vive em comunhão com Deus através da fé e do amor, da razão e da consciência.
A alma (psiqué) é a dimensão da inteligência, vontade e emoções. É ela que anima o nosso corpo, daí porque o homem é um animal, ou seja, um ser animado.
Porém, para o homem ser feliz de verdade, sua alma deve ser alimentada pelo espírito, pela Graça e pela Verdade de Deus. Caso contrário, ficaremos só no espaço da inteligência natural e dos sentimentos. O homem não deve ser só um ser animal racional. Para ser plenamente realizado, ele deve transcender a vida animal natural e viver a vida espiritual, que é sobrenatural.
Se o homem viver só das emoções naturais ele vai se animalizando até se corromper na carne (sarx). Mas se ele viver na comunhão com Deus, ele vai se tornando um ser espiritual plenamente realizado na Graça de Deus. A alma pode tender para a carne (sarx) ou para o espírito (pneuma). Dependendo da inclinação, seremos um ser carnal ou espiritual.
Quando a alma humana rejeita a Graça de Cristo e se fecha totalmente para ele, o homem se torna um ser carnal mundano, ignorante e egoísta. Vai atrofiando e se corrompendo cada vez mais nos seus instintos carnais, paixões desordenadas, baixarias e imundícies, até chegar à morte, pois o salário do pecado é a morte.
Quem nasce da carne é carne, mas quem nasce do Espírito é espírito (Jo 3). Por isso precisamos muito do Batismo no Espírito para não apodrecermos na carne, mas vivermos vida nova em Jesus, o nosso Salvador.
O corpo é o aspecto material e visível do homem, a sua personalidade, o seu rosto, o modo como ele existe no tempo e no espaço. É através do corpo que vemos, ouvimos, falamos, sentimos, agimos e nos relacionamos com as outras pessoas no cenário da história e da sociedade. O homem não tem um corpo. O homem é corpo, com uma personalidade própria e irrepetível para cada indivíduo, ao mesmo tempo que todos os homens têm a mesma dignidade humana.
Vivemos no corpo. Que o nosso corpo seja animado pela alma, no espírito. Se formos animados só pela inteligência do mundo, vontade humana e emoções, vamos nos corrompendo até apodrecermos na carne, porque feridos pelo pecado, nossa inteligência nem sempre alcança a verdade, a nossa vontade nem sempre é a melhor para a nossa verdadeira felicidade e nossas emoções nem sempre são equilibradas e ordenadas para o verdadeiro bem.
Precisamos viver esta vida presente no corpo não só na força da alma natural, na alma psíquica, mas no espírito, sempre transcendendo para o amor e a verdade de Deus, porque aí Deus nos alimenta com o pão do céu e nos ilumina. Então temos a força e a luz para sermos plenamente realizados na vocação para a qual Ele mesmo nos chamou, que é a santidade. Como dizia São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim!” (Gl 2,20)

MOPD 1 Tessalonicenses 5,23-24
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2 - Opção Fundamental
livre e consciente

Para ser feliz e plenamente realizado o homem deve ser conservado irrepreensível nessas três dimensões do seu ser, espírito, alma e corpo. Como está escrito, o Deus que nos chamou para a felicidade e a santidade é FIEL e realizará tudo isso (1Tes 5,23s). Porém, como ele nos criou à sua imagem e semelhança, ele mesmo é o primeiro a respeitar a nossa liberdade.
Cristo nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres. Que essa liberdade, porém, não se torne desculpa para vivermos servindo os instintos carnais (Gl 5,1.13s). É Deus quem nos dá a Graça para sermos plenamente realizados, mas devemos cooperar com ele, com toda nossa liberdade e consciência através da Opção Fundamental e atos concretos que testifiquem e fortaleçam esta Opção Fundamental por Ele no dia a dia da nossa existência corpórea.
Quando fazemos nossa Opção Fundamental por Deus, fazemos realmente a escolha fundamental de viver no princípio do espírito, em sintonia com o Espírito de Deus. Quando fazemos a Opção Fundamental pelo mundo e suas ilusões, decidimos viver na escravidão da carne e em sintonia com o príncipe deste mundo, que é Satanás.

Gl 5,16 Por isso é que lhes digo: vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos carnais desejam. 17 Porque os instintos carnais têm desejos que estão contra o Espírito, e o Espírito contra os instintos carnais; os dois estão em conflito, de modo que vocês não fazem o que querem. 18 Mas, se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei. 19 Além disso, as obras dos instintos carnais são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, 20 idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, 21 inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito o que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. 22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, 23 mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei. 24 Os que pertencem a Cristo crucificaram os instintos carnais junto com suas paixões e desejos. 25 Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito. 26 Não sejamos ambiciosos de glória, provocando-nos mutuamente e tendo inveja uns dos outros.

Tudo depende da Opção Fundamental que fazemos na vida. Se vivemos a vida no corpo animados pelo princípio do espírito humano em comunhão com o Espírito de Deus seremos plenamente realizados na Graça de Deus. Mas se decidimos viver a vida presente no corpo animados pelas ilusões desse mundo e fechados na carne, não teremos a vida.

MOPD Gálatas 5,16-26
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3 - Somos o que decidimos ser

Nós cooperamos com a Graça de Deus seguindo Jesus, sendo discípulo de Jesus. Discipulado é seguir Jesus de passo a passo e deixar-se ser modelado pelo Espírito de Jesus no corpo, na alma e no espírito.
Cada grau de participação no DJC é uma evolução humana e espiritual. Uma ascensão dos campos do corpo e da alma para viver cada vez mais em espírito, no Espírito. Mas tudo começa pra valer na Opção Fundamental. Às vezes pensamos que a opção fundamental é o passo mais simples na caminhada discipular enquanto que, na verdade, é o passo mais importante, porque tudo mais depende dessa Opção Fundamental que Deus requer da nossa parte e que ele sempre respeita.
Convido para relermos Mateus 9,9-13:

Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado na coletoria. Disse-lhe: Vem e segue-me! O homem levantou-se e o seguiu. Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?" Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."

O episódio do chamado de Mateus ilumina a Opção Fundamental. Jesus não chama quem já é santo, perfeito e formado. Ele chama pecadores: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." Porém, é necessário que o pecador escute o chamado de Cristo, seja tocado pelo seu amor e decida conviver com ele e seguir os seus passos. Jesus não chama o pecador para o pecado. Jesus chama para viver vida nova com ele, fora do mundo e do pecado.
Mateus escutou o chamado de Jesus, levantou-se e o seguiu. Mateus conheceu o amor de Deus e fez a sua Opção Fundamental por Jesus e seu evangelho.
Após o Reavivamento no Espírito Santo a pessoa é chamada por Jesus a fazer a sua Opção Fundamental. Sem o encontro pessoal com Jesus e o batismo no Espírito a opção fundamental nunca é bem feita. Só faz Opção Fundamental de verdade quem decide deixar o mundo e seguir Jesus. Mateus teve que se levantar para seguir Jesus Cristo. Mateus ainda não era santo e formado. Mas depois que encontrou Jesus teve que fazer a sua opção fundamental por Ele e segui-lo. Só assim ele foi evoluindo, crescendo em santidade e no conhecimento de Deus. É fundamental a pessoa encontrar Jesus e ser batizada no Espírito para fazer uma verdadeira Opção Fundamental.
Quanto a nós, não devemos julgar. Compete a nós convidar para o Reavivamento no Espírito Santo e Opção Fundamental. Compete a nós evangelizar. Sempre vamos confiar na opção da pessoa. Nunca vamos julgar se fez de verdade ou não. É sempre algo entre Mateus e Jesus!
A pessoa não faz a Opção Fundamental por que já é santa, perfeita e formada. A pessoa faz pra crescer em santidade no Caminho da Palavra de Deus. Porém, só faz Opção Fundamental de verdade quem encontrou Jesus e foi batizado no Espírito durante o Reavivamento no Espírito Santo.
A Opção Fundamental é o passo mais importante da Caminhada Discipular. Tudo mais que vem pela frente depende dessa Opção. Por isso quem vai fazer a Opção Fundamental deve rezar bastante para dar o grande passo com muita consciência e liberdade. Lá na frente quem desanimou, está na noite escura da acídia ou da tentação, o remédio é pedir o Espírito Santo e renovar a Opção Fundamental no sacrário do seu coração.

- Liberdade rima com maturidade

O Discípulo só cresce se for batizado no Espírito e fizer uma verdadeira Opção por Jesus e pelo Evangelho. Aqui vemos a rica colaboração entre a graça de Deus e liberdade humana.
A Opção Fundamental é a escolha primeira que direcionará a nossa vida por este ou aquele caminho, e que também subordinará todas as outras alternativas que aparecerão na trajetória da nossa existência. Ou seja, tudo o mais que vou decidir na minha vida, o próprio modo como vou viver, vai depender da Opção Fundamental que eu fiz. Desde coisas simples: se vou ou não a uma festa, se compro ou não uma revista. Até coisas mais importantes como o exercício da cidadania, permanecer no amor ou no ódio, o modo como vou criar os meus filhos, a maneira como devo namorar ou manter a vida conjugal, etc. A minha vida deve ser coerente com a Opção Fundamental que eu fiz!
A Opção Fundamental está no início de tudo e interfere em todas dimensões da nossa vida pessoal, familiar e comunitária. Por isso ela é tão importante. Ela molda o nosso estilo de vida e constrói a nossa personalidade. A pessoa é aquilo que optou ser... Em última análise, o homem não é produto do meio em que vive ou de um destino traçado antes mesmo de ser concebido, mas o resultado da sua Opção Fundamental.
O homem é essencialmente um ser de escolhas porque é livre e consciente. Responsável pelas suas decisões, pelo seu SIM ou pelo seu NÃO, o homem é um ser moral. No plano natural a moralidade é o que o diferencia dos outros animais.
A maturidade humana é alcançada quando a pessoa é responsável e coerente com as suas próprias decisões. Antes disso, temos uma criança, um adolescente, uma pessoa imatura que ainda precisa crescer e assumir a responsabilidade da sua própria vida e também pela vida dos seus dependentes. O animal não tem possibilidade de escolhas verdadeiras visto que é limitado por seus instintos. Já a pessoa humana consegue transcender as determinações naturais e culturais e fazer escolhas por isto ou por aquilo, seja certo ou errado. Por isso somente o homem é verdadeiramente livre e quanto mais maduro for, mais livre será. Liberdade não tem nada a ver com libertinagem, irresponsabilidade ou acomodação. Liberdade rima com maturidade, capacidade de fazer opções conscientes e ser responsável por elas.
A Opção Fundamental ajuda o homem a ser maduro, a sair do campo da carne para o campo do espírito, no Espírito de Deus, de forma gradual, livre, consciente e responsável!

MOPD Mateus, 9,9-13
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4 - Opção pelo Amor na Verdade

Deus se propõe. Deus não impõe e nem se impõe! O relacionamento que Ele deseja ter com a gente dá-se no horizonte da liberdade e no plano da consciência, até chegar ao nosso coração. O Amor respeita a liberdade do amado, sobretudo no que se refere no amor a Ele, porque não existe amor verdadeiro fora da liberdade.
No shemá (= Ouça, Israel!), está presente a Opção Fundamental que devemos fazer por Deus, a qual é uma opção de amor: “Ouça, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Portanto, ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo seu entendimento e com toda a sua força” (Dt 6,4-5). E Jesus acrescentou: “E ame ao seu próximo como a si mesmo!” (Mc 12,28-34;). Deus nos propõe uma aliança radical de amor com Ele (aliança vertical) e de amor fraterno com o próximo (aliança horizontal)... Amá-lo com todo coração, alma, entendimento e força. E ao próximo como a si mesmo!
Aquele que faz a Opção Fundamental por Jesus está decidindo realmente que vai amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. É uma opção radical e exclusiva para uma aliança de amor radical e exclusiva. “Vocês não sabem que amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus” (Tg 4,4).
Aquele que opta por Jesus decide encaminhar toda a sua existência no rumo da Verdade e da Vida (Jo 14,6). Significa que vai seguir os passos de Jesus e aprender com o seu exemplo de vida. É impossível percorrer dois caminhos ao mesmo tempo. Ou vai pela esquerda ou pela direita, ou vai por aqui ou por acolá. Você não pode optar por Cristo e seguir o caminho de Satanás. Isto seria uma incoerência terrível e desmiolada! “Quem diz que está com Deus deve comportar-se como Jesus se comportou” (1Jo 2,6).
A Opção Fundamental por Jesus Cristo é, por natureza, radical e exclusiva. Aquele que se faz discípulo de Jesus pertence única e exclusivamente a Jesus e só tem um caminho na vida: o próprio Jesus, o seu Evangelho e a sua Igreja. A imitação de Cristo vai plasmando uma vida nova na fé semelhante ao que o Apóstolo Paulo dizia: “Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim. Esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim!” (Gl 2,20)
O importante é acertar o alvo da glória de Deus e da nossa plena realização humana. Optar por Cristo e segui-lo! Pode até levar topada ou queda. Pode até se cansar, sentar um pouco e depois continuar. Mas o importante é que, um passo após outro, a caminhada no seguimento de Cristo está sendo feita e levará infalivelmente ao Reino de Deus. Disso resulta que o importante não é só caminhar, mas caminhar no Caminho que é Cristo, caminhar seguindo os seus passos. Depois, mesmo que a pessoa caia ou tropece, Deus vê que ela está caminhando, que ela optou verdadeiramente por Cristo e isto sempre será levado em conta. “Aquele que perseverar até o fim será salvo!”
Uma pessoa não chega ao céu ou ao inferno com apenas um passo. Vai depender do caminho que escolheu, da Opção Fundamental que fez durante a sua vida. Por exemplo: se a pessoa caminhou sempre no seguimento de Jesus e levar uma queda bem perto da morte, será que vai para o inferno? Tenho certeza de que o Pai das Misericórdias vai levar em conta mais a Opção Fundamental que fez e na qual deu passos durante toda a sua vida do que a fraqueza de última hora!
Da mesma forma, embora nunca devamos justificar os pecados, devemos sempre olhar mais a Opção Fundamental de uma pessoa do que este ou aquele passo tropo que tenha dado. Mas é claro: se eu insisto em sempre dar passos errados e até mesmo a me acostumar com o pecado, então, na verdade, já saí ou estou saindo da Opção Fundamental por Cristo e adentrando por outros caminhos... Posso dizer que fiz Opção por Cristo, mas o modo como estou vivendo está demonstrando justamente o contrário, que fiz a opção pelo pecado e pelo mundo.
Então, Opção Fundamental por Jesus não é só questão de intenção ou de palavra, mas algo bem concreto e real, que exige realmente passos concretos no Caminho do Evangelho. Deve ser uma Opção pelo Amor de verdade e na Verdade. “Não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e de verdade” (1Jo 3,18). “Vocês não sabem que amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus” (Tg 4,4). “Quem diz que está com Deus deve comportar-se como Jesus se comportou” (1Jo 2,6). "Ama (de verdade e na Verdade) e faze o que quiseres!" (Santo Agostinho) Amor sem verdade vira sentimentalismo.

MOPD Tiago 4,1-10
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5 - Opção fundamental
e os comportamentos concretos

A Igreja ensina sobre a opção fundamental e os comportamentos concretos que devem acompanhá-la na Encíclica Veritatis Splendor de São João Paulo II:

O interesse pela liberdade, hoje particularmente sentido, induz muitos estudiosos de ciências, quer humanas quer teológicas, a desenvolver uma análise mais profunda da sua natureza e dos seus dinamismos. Salienta-se acertadamente que a liberdade não é só a escolha desta ou daquela ação particular; mas é também, dentro duma tal escolha, decisão sobre si mesmo e determinação da própria vida a favor ou contra o Bem, a favor ou contra a Verdade, em última análise, a favor ou contra Deus. Justamente se destaca a elevada importância de algumas opções, que dão «forma» a toda a vida moral de um homem, configurando-se como o sulco dentro do qual poderão encontrar espaço e incremento as demais escolhas quotidianas particulares.
Alguns autores, porém, propõem uma revisão bem mais radical da relação entre pessoa e atos. Falam de uma «liberdade fundamental», mais profunda e diversa da liberdade de escolha, fora da qual não se poderiam compreender nem julgar corretamente os atos humanos. De acordo com esses autores, o papel chave na vida moral deveria ser atribuído a uma «opção fundamental», atuada por aquela liberdade fundamental, com que a pessoa decide globalmente de si própria, não através de uma escolha determinada e consciente a nível reflexo, mas de maneira «transcendental» e «atemática». Os atos particulares, derivados desta opção, constituiriam somente tentativas parciais e nunca decisivas de exprimi-la, seriam apenas «sinais» ou sintomas dela. Objeto imediato destes atos — diz-se — não é o Bem absoluto (diante do qual se exprimiria, a nível transcendental, a liberdade da pessoa), mas são os bens particulares (também chamados «categoriais»). Ora, segundo a opinião de alguns teólogos, nenhum destes bens, por sua natureza parciais, poderia determinar a liberdade do homem como pessoa na sua totalidade, mesmo que o homem só pudesse exprimir a própria opção fundamental, mediante a sua realização ou a sua recusa.
Deste modo, chega-se a introduzir uma distinção entre a opção fundamental e as escolhas deliberadas de um comportamento concreto, uma distinção que, nalguns autores, assume a forma de uma separação, já que eles restringem expressamente o «bem» e o «mal» moral à dimensão transcendental própria da opção fundamental, qualificando como «justas» ou «erradas» as escolhas de comportamentos particulares «intramundanos», isto é, referentes às relações do homem consigo próprio, com os outros e com o mundo das coisas. Parece assim delinear-se, no interior do agir humano, uma cisão entre dois níveis de moralidade: por um lado, a ordem do bem e do mal que depende da vontade, e, por outro, os comportamentos determinados, que são julgados como moralmente justos ou errados, somente em função de um cálculo técnico da proporção entre bens e males «pré-morais» ou «físicos», que efetivamente resultam da ação. E isto até ao ponto de um comportamento concreto, mesmo escolhido livremente, ser considerado como um processo simplesmente físico, e não segundo os critérios próprios de um ato humano. O resultado a que se chega, é reservar a qualificação propriamente moral da pessoa à opção fundamental, subtraindo-a total ou parcialmente à escolha dos atos particulares, dos comportamentos concretos.
Não há dúvida que a doutrina moral cristã, em suas mesmas raízes bíblicas, reconhece a importância específica de uma opção fundamental que qualifica a vida moral e que compromete radicalmente a liberdade diante de Deus. Trata-se da escolha da fé, da obediência da fé (cf. Rm 16,26), pela qual «o homem entrega-se total e livremente a Deus prestando "a Deus revelador o obséquio pleno da inteligência e da vontade"». Esta fé, que opera mediante a caridade (cf. Ga 5,6), provém do mais íntimo do homem, do seu «coração» (cf. Rm 10,10), e daí é chamada a frutificar nas obras (cf. Mt 12,33-35 Lc 6,43-45 Rm 8,5-8 Ga 5,22). No Decálogo ao início dos diversos mandamentos, aparece a cláusula fundamental: «Eu sou o Senhor, teu Deus...» (Ex 20,2), a qual, imprimindo o sentido original às múltiplas e variadas prescrições particulares, assegura à moral da Aliança uma fisionomia de globalidade, unidade e profundidade. A opção fundamental de Israel refere-se então ao mandamento fundamental (cf. Jos 24,14-25 Ex 19,3-8 Mi 6,8). Também a moral da Nova Aliança está dominada pelo apelo fundamental de Jesus para O «seguir» — assim diz Ele ao jovem: «Se queres ser perfeito (...) vem e segue-me» (Mt 19,21) —: a este apelo, o discípulo responde com uma decisão e escolha radical. As parábolas evangélicas do tesouro e da pérola preciosa, pela qual se vende tudo o que se possui, são imagens eloquentes e efetivas do carácter radical e incondicionado da opção exigida pelo Reino de Deus. A radicalidade da escolha de seguir Jesus está maravilhosamente expressa nas suas palavras: «O que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á» (Mc 8,35).
O apelo de Jesus «vem e segue-Me» indica a máxima exaltação possível da liberdade do homem e, ao mesmo tempo, atesta a verdade e a obrigação de atos de fé e de decisões que se podem designar como opção fundamental. Uma análoga exaltação da liberdade humana, encontramo-la nas palavras de S. Paulo: «Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade» (Ga 5,13). Mas o Apóstolo acrescenta imediatamente uma grave admoestação: «Não tomeis, porém, a liberdade como pretexto para servir a carne». Nesta advertência, ressoam as suas palavras precedentes: «Cristo nos libertou, para que permaneçamos livres. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão» (Ga 5,1).
O apóstolo Paulo convida-nos à vigilância: a liberdade está sempre ameaçada pela insídia da escravidão. E é precisamente este o caso de um ato de fé — no sentido de uma opção fundamental — que seja separado da escolha dos atos particulares, conforme opinavam as tendências acima recordadas.
Estas tendências são, pois, contrárias ao ensinamento bíblico, que concebe a opção fundamental como uma verdadeira e própria escolha da liberdade e une profundamente uma tal escolha com os atos particulares. Pela opção fundamental, o homem é capaz de orientar a sua vida e tender, com a ajuda da graça, para o seu fim, seguindo o apelo divino. Mas esta capacidade exercita-se, de facto, nas escolhas particulares de atos determinados, pelos quais o homem se conforma deliberadamente com a vontade, a sabedoria e a lei de Deus. Portanto, deve-se afirmar que a chamada opção fundamental, na medida em que se diferencia de uma intenção genérica e, por conseguinte, ainda não determinada numa forma vinculante da liberdade, realiza-se sempre através de escolhas conscientes e livres. Precisamente por isso, ela fica revogada quando o homem compromete a sua liberdade em escolhas conscientes de sentido contrário, relativas a matéria moral grave.
Separar a opção fundamental dos comportamentos concretos, significa contradizer a integridade substancial ou a unidade pessoal do agente moral no seu corpo e alma. Uma opção fundamental, que não considere explicitamente as potencialidades que põe em ato e as determinações que a exprimem, não se ajusta à finalidade racional imanente ao agir do homem e a cada uma das suas escolhas deliberadas. Na verdade, a moralidade dos atos humanos não se deduz somente da intenção, da orientação ou opção fundamental, interpretada no sentido de uma intenção vazia de conteúdos vinculantes bem determinados ou de uma intenção à qual não corresponda um esforço real nas distintas obrigações da vida moral. A moralidade não pode ser julgada, se se prescinde da conformidade ou oposição da escolha deliberada de um comportamento concreto relativamente à dignidade e à vocação integral da pessoa humana. Cada escolha implica sempre uma referência da vontade deliberada aos bens e aos males, indicados pela lei natural como bens a praticar e males a evitar. No caso dos preceitos morais positivos, a prudência tem sempre a função de verificar a sua oportunidade numa determinada situação, por exemplo tendo em conta outros deveres quem sabe mais importantes ou urgentes. Mas os preceitos morais negativos, ou seja, os que proíbem alguns atos ou comportamentos concretos como intrinsecamente maus, não admitem qualquer legítima excepção; eles não deixam nenhum espaço moralmente aceitável para a «criatividade» de qualquer determinação contrária. Uma vez reconhecida, em concreto, a espécie moral de uma ação proibida por uma regra universal, o único ato moralmente bom é o de obedecer à lei moral e abster-se da ação que ela proíbe.
Deve-se acrescentar aqui uma importante consideração pastoral. Pela lógica das posições acima descritas, o homem poderia, em virtude de uma opção fundamental, permanecer fiel a Deus, independentemente da conformidade ou não de algumas das suas escolhas e dos seus atos determinados com as normas ou regras morais específicas. Devido a uma opção originária pela caridade, o homem poderia manter-se moralmente bom, perseverar na graça de Deus, alcançar a própria salvação, mesmo se alguns dos seus comportamentos concretos fossem deliberada e gravemente contrários aos mandamentos de Deus, reafirmados pela Igreja.
Na verdade, o homem não se perde só pela infidelidade àquela opção fundamental, pela qual ele se entregou «total e deliberadamente a Deus». Em cada pecado mortal cometido deliberadamente, ele ofende a Deus que deu a lei e torna-se, portanto, culpável perante toda a lei (cf. Jc 2,8-11); mesmo conservando-se na fé, ele perde a «graça santificante», a «caridade» e a «bem-aventurança eterna». «A graça da justificação — ensina o Concílio de Trento —, uma vez recebida, pode ser perdida não só pela infidelidade que faz perder a mesma fé, mas também por qualquer outro pecado mortal».

MOPD Segunda Carta aos Coríntios 5,1-10 _________________________
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6 - Pecado mortal e venial

A Igreja continua ensinando sobre a opção fundamental e os comportamentos concretos que devem acompanhá-la na Encíclica Veritatis Splendor de São João Paulo II:

As considerações em torno da opção fundamental induziram, como acabamos de ver, alguns teólogos a submeterem também a profunda revisão a distinção tradicional entre pecados mortais e pecados veniais. Eles sublinham que a oposição à lei de Deus, que causa a perda da graça santificante — e, no caso de morte neste estado de pecado, a eterna condenação — pode ser somente o fruto de um ato que empenhe a pessoa na sua totalidade, isto é, um ato de opção fundamental. Segundo esses teólogos, o pecado mortal, que separa o homem de Deus, verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um nível da liberdade que não é identificável com um ato de escolha, nem alcançável com consciência reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil, pelos menos psicologicamente, aceitar o fato de que um cristão, que quer permanecer unido a Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma «matéria» dos seus atos. Seria igualmente difícil aceitar que o homem é capaz, num breve espaço de tempo, de romper radicalmente o ligame de comunhão com Deus e, sucessivamente, converter-se a Ele por uma sincera penitência. É necessário, portanto, — dizem — medir a gravidade do pecado mais pelo grau de empenho da liberdade da pessoa que realiza um ato do que pela matéria de tal ato.
A Exortação Apostólica pós-sinodal Reconciliatio et paenitentia reiterou a importância e a permanente atualidade da distinção entre pecados mortais e veniais, conforme a tradição da Igreja. E o Sínodo dos Bispos de 1983, donde procedia tal Exortação, «não só reafirmou tudo o que foi proclamado no Concílio de Trento sobre a existência e a natureza dos pecados mortais e veniais, mas quis ainda lembrar que é pecado mortal aquele que tem por objeto uma matéria grave e que, conjuntamente, é cometido com plena advertência e consentimento deliberado».
A afirmação do Concílio de Trento não considera só a «matéria grave» do pecado mortal, mas lembra também, como sua condição necessária, «a plena advertência e o consentimento deliberado». De resto, quer na teologia moral quer na prática pastoral, são bem conhecidos os casos onde um ato grave, por causa da sua matéria, não constitui pecado mortal devido à falta de plena advertência ou do consentimento deliberado de quem o realiza. Por outro lado, «há-de evitar-se reduzir o pecado mortal a um ato de "opção fundamental" — como hoje em dia se costuma dizer — contra Deus», entendendo com isso quer um desprezo explícito e formal de Deus e do próximo, quer uma recusa implícita e não reflexa do amor. «Dá-se, efetivamente, o pecado mortal também quando o homem, sabendo e querendo, por qualquer motivo escolhe alguma coisa gravemente desordenada. Com efeito, numa escolha assim já está incluído um desprezo do preceito divino, uma rejeição do amor de Deus para com a humanidade e para com toda a criação: o homem afasta-se de Deus e perde a caridade. A orientação fundamental pode, pois, ser radicalmente modificada por atos particulares. Podem, sem dúvida, verificar- -se situações muito complexas e obscuras sob o ponto de vista psicológico, que influem na imputabilidade subjetiva do pecador. Mas, da consideração da esfera psicológica, não se pode passar para a constituição de uma categoria teológica, como é precisamente a da "opção fundamental", entendendo-a de tal modo que, no plano objetivo, mudasse ou pusesse em dúvida a concepção tradicional de pecado mortal».
Deste modo, a separação entre opção fundamental e escolhas deliberadas de determinados comportamentos — desordenados em si próprios ou nas circunstâncias — que não a poriam em causa, supõe o desconhecimento da doutrina católica sobre o pecado mortal: «Com toda a tradição da Igreja, chamamos pecado mortal a este ato, pelo qual o homem, com liberdade e advertência rejeita Deus, a sua lei, a aliança de amor que Deus lhe propõe, preferindo voltar-se para si mesmo, para qualquer realidade criada e finita, para algo contrário ao querer divino (conversio ad creaturam). Isto pode acontecer de modo direto e formal, como nos pecados de idolatria, apostasia e ateísmo; ou de modo equivalente, como em qualquer desobediência aos mandamentos de Deus em matéria grave».
A relação entre a liberdade do homem e a lei de Deus, que encontra a sua sede íntima e viva na consciência moral, manifesta-se e realiza-se nos atos humanos. É precisamente através dos seus atos que o homem se aperfeiçoa como homem, como homem chamado a procurar espontaneamente o seu Criador e a chegar livremente, pela adesão a Ele, à perfeição total e beatífica.
Os atos humanos são atos morais, porque exprimem e decidem a bondade ou malícia do homem que realiza aqueles atos. Eles não produzem apenas uma mudança do estado das coisas externas ao homem, mas, enquanto escolhas deliberadas, qualificam moralmente a pessoa que os faz e determinam a sua profunda fisionomia espiritual, como sublinha sugestivamente S. Gregório de Nissa: «Todos os seres sujeitos a transformação nunca ficam idênticos a si próprios, mas passam continuamente de um estado a outro por uma mudança que sempre se dá, para o bem ou para o mal (...) Ora, estar sujeito a mudança é nascer continuamente (...) Mas aqui o nascimento não acontece por uma intervenção alheia, como se dá nos seres corpóreos (...) Aquele é o resultado de uma livre escolha e nós somos assim, de certo modo, os nossos próprios pais, ao criarmo-nos como queremos, e, pela nossa escolha, dotarmo-nos da forma que queremos».
A moralidade dos atos é definida pela relação da liberdade do homem com o bem autêntico. Um tal bem é estabelecido como lei eterna pela Sabedoria de Deus, que ordena cada ser para o seu fim: esta lei eterna é conhecida tanto pela razão natural do homem (e assim é «lei natural»), como — de modo integral e perfeito — através da revelação sobrenatural de Deus (sendo assim chamada «lei divina»). O agir é moralmente bom quando as escolhas da liberdade são conformes ao verdadeiro bem do homem e exprimem, desta forma, a ordenação voluntária da pessoa para o seu fim último, isto é, o próprio Deus: o bem supremo, no Qual o homem encontra a sua felicidade plena e perfeita.
A pergunta inicial da conversa do jovem com Jesus: «Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16), põe imediatamente em evidência o nexo essencial entre o valor moral de um ato e o fim último do homem. Na sua resposta, Jesus confirma a convicção do seu interlocutor: a realização de atos bons, mandados por Aquele que «só é bom», constitui a condição indispensável e o caminho para a bem-aventurança eterna: «Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos» (Mt 19,17). A resposta de Jesus com o apelo aos mandamentos manifesta também que o caminho para o fim último está assinalado pelo respeito das leis divinas que tutelam o bem humano. Só o ato conforme ao bem pode ser caminho que conduz à vida.
A ordenação racional do ato humano para o bem na sua verdade e a procura voluntária deste bem, conhecido pela razão, constituem a moralidade. Portanto, o agir humano não pode ser considerado como moralmente bom só porque destinado a alcançar este ou aquele objetivo que persegue, ou simplesmente porque a intenção do sujeito é boa. O agir é moralmente bom, quando atesta e exprime a ordenação voluntária da pessoa para o fim último e a conformidade da ação concreta com o bem humano, tal como é reconhecido na sua verdade pela razão. Se o objeto da ação concreta não está em sintonia com o verdadeiro bem da pessoa, a escolha de tal ação torna a nossa vontade e nós próprios moralmente maus e, portanto, põe-nos em contraste com o nosso fim último, o bem supremo, isto é, o próprio Deus.
O cristão, pela Revelação de Deus e pela fé, conhece a «novidade» que caracteriza a moralidade dos seus atos; estes são chamados a exprimir a coerência ou a sua falta relativamente àquela dignidade e vocação, que lhe foram dadas pela graça: em Jesus Cristo e no Seu Espírito, o cristão é «criatura nova», filho de Deus, e, mediante os seus atos, manifesta a sua conformidade ou discordância com a imagem do Filho que é o primogénito entre muitos irmãos (cf. Rm 8,29), vive a sua fidelidade ou infidelidade ao dom do Espírito e abre-se ou fecha-se à vida eterna, à comunhão de visão, de amor e de bem-aventurança com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. 123 Cristo «forma-nos à sua imagem — escreve S. Cirilo de Alexandria —, de modo a fazer brilhar em nós os traços da sua natureza divina mediante a santificação, a justiça, e a retidão de uma vida conforme à virtude (...) Assim, a beleza desta imagem incomparável resplandece em nós, que estamos em Cristo, e nos revelamos pessoas de bem pelas nossas obras».

Neste sentido, a vida moral possui um essencial carácter «teleológico», visto que consiste na ordenação deliberada dos atos humanos para Deus, sumo bem e fim (telos) último do homem. Comprova-o, mais uma vez, a pergunta do jovem a Jesus: «Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?». Mas esta ordenação ao fim último não é uma dimensão subjetivista, que depende só da intenção. Ela pressupõe que aqueles atos sejam em si próprios ordenáveis a um tal fim, enquanto conformes ao autêntico bem moral do homem, tutelado pelos mandamentos. É o que lembra Jesus na resposta ao jovem: «Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos» (Mt 19,17).

Evidentemente deve ser uma ordenação racional e livre, consciente e deliberada, baseado na qual o homem é «responsável» dos seus atos e está sujeito ao juízo de Deus, juiz justo e bom, que premeia o bem e castiga o mal, como nos lembra o apóstolo Paulo: «Todos, com efeito, havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito, enquanto estava no corpo» (2Co 5,10).

MOPD Mateus 19,16-26
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10ª Vivência ____/ ____/ ____

Coragem,
vem ser cristão!
São João Paulo II diz que “o esplendor da Verdade brilha em todas as obras do Criador, particularmente no homem criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26): a verdade ilumina a inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste modo, é levado a conhecer e amar o Senhor.”
Nessa semana queremos refletir sobre as condições para seguir Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus não engana o discípulo e é muito realista desde os inícios. Porém, ele garante que se Deus nos chama a uma altíssima vocação, Ele mesmo vem em nosso auxílio para podermos realizá-la. De fato, conforme a sua benevolência, Deus faz em nós o QUERER e o FAZER (Fl 2,12s). Por isso, continuemos confiando na Graça de Deus e seguindo os passos de Jesus sem nos desviarmos nem pela direita e nem pela esquerda. Coragem, vem ser cristão!
1 - Entrar pela porta do
Reino e perseverar

Vemos que só a intenção da Opção Fundamental não é suficiente para a salvação. Devemos dar passos concretos que levam a Deus, acolhendo a Graça, praticando o bem e renunciando o pecado. De modo que, no decorrer da caminhada, sempre devemos renovar a nossa opção fundamental por Deus, ao mesmo tempo que lutamos contra o pecado e pedimos perdão quando cairmos em matéria grave. A meditação orante da Palavra de Deus, o sacramento da confissão e a Eucaristia são costumeiros na vida de quem fez uma verdadeira opção por Jesus e seu Evangelho.
Deus criou o homem pluridimensional (espírito, alma e corpo) e livre. Sendo assim, o ser humano é responsável pelos seus atos e decisões, sobretudo pela Opção Fundamental que fizer na vida. É na opção fundamental que a liberdade humana se realiza de forma concreta e dá sentido à sua existência. Se decide para viver a vida em espírito, no Espírito de Deus, será feliz. Mas, se decide viver a vida na carne, fechado no seu mundo, será infeliz. A salvação é dom de Deus, mas passa por uma livre escolha do ser humano.
Jesus não engana ninguém e ensina que largo e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e são muitos que entram por ele. Enquanto que é estreito o caminho que conduz à verdadeira vida, e são poucos que por ele entram.
A decisão fundamental por Deus é chamada no Evangelho de porta estreita (Mt 7,13s), porque realmente o ser humano deverá renunciar muitas paixões carnais desordenadas e seduções do mundo para viver a vida em Deus, em espírito, no Espírito. Além de entrar pela porta estreita, também deverá sempre renovar a Opção Fundamental para se manter no caminho do Reino, porque há quem entre pela porta estreita e volte atrás. Aquele que perseverar até o fim é que será salvo!
Por isso, para que a nossa Opção Fundamental não fique no plano das intenções enquanto que nossa vida vai dando passos concretos para o “nada”, a Igreja ensina que esta mesma opção fundamental por Deus é seguida de passos concretos que conduzem a Deus, tirando a vida da carne para o espírito. Em outras palavras, se digo que fiz a Opção Fundamental por Jesus, mas os meus passos são no caminho do mundo, na verdade, não fiz Opção por ele, porque meus passos mundanos desmentem o que estou dizendo. Realmente, nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor” entrará no Reino do céu, mas aquele que escutar e praticar a Palavra de Deus! (Mt 7,21).
Nós somos o que optamos ser na Graça do Espírito Santo. A Opção Fundamental é ato supremo da liberdade humana auxiliada pela Graça de Deus que conduz o homem para a maturidade e verdadeira felicidade.
Não tenha medo de tudo que refletimos até agora. Realmente, importa ser batizado, entrar pela Porta do reino e perseverar. Batismo no Espírito e Opção Fundamental são im-pres-cin-dí-veis! "Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!” (1Tes 5,24)

MOPD Mateus 7,13-14
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2 - Seguir Jesus com alegria

Tendo criado o homem livre e consciente, Deus sempre se relaciona com cada um de nós no amor e na liberdade. São duas condições que Ele não abre mão, pois isto tem a ver com a nossa dignidade e plena realização humana e cristã.
Por isso, ao vir ao mundo realizar a vontade do Pai, que quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, Jesus sempre respeitou a dignidade de cada pessoa humana desde os inícios do relacionamento com Ele, desde o primeiro olhar, desde o primeiro chamado. Em Jesus Deus nunca impõe, sempre propõe, pois foi para a liberdade que Cristo no libertou e onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade.
O discipulado de Jesus propriamente dito começa na Opção Fundamental por Ele e o Reino de Deus. Jesus chama, “Vem e segue-me”, mas espera a resposta e a decisão de cada um e de cada uma para segui-lo, ou não.

Meditemos o Evangelho:

Mateus 4,18 Jesus andava à beira do mar da Galiléia, quando viu dois irmãos: Simão, também chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando a rede no mar, pois eram pescadores. 19 Jesus disse para eles: «Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de homens.» 20 Eles deixaram imediatamente as redes, e seguiram a Jesus. 21 Indo mais adiante, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca com seu pai Zebedeu, consertando as redes. E Jesus os chamou. 22 Eles deixaram imediatamente a barca e o pai, e seguiram a Jesus. 23 Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24 E a fama de Jesus espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes atingidos por diversos males e tormentos: endemoninhados, epiléticos e paralíticos. E Jesus os curou. 25 Numerosas multidões da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do rio Jordão começaram a seguir Jesus.

Neste Evangelho vemos que Jesus chama a todos, desde aqueles que serão apóstolos, como Pedro, Tiago e João, mas também as multidões: “Numerosas multidões da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e do outro lado do rio Jordão começaram a seguir Jesus" (Mt 4,25). Tudo isto é muito didático e significativo. O que faz a pessoa ser discípulo de Jesus é o chamado de Deus, pois Ele nos ama e nos chama por primeiro, e a decisão, a Opção Fundamental por Ele e o seu Reino de amor e de salvação. Com isto o discípulo entra em um caminho de crescimento. Irá crescer de passo em passo convivendo com Jesus e os irmãos, na escuta da Palavra e na graça do Espírito Santo. Mas no início de tudo está a Opção Fundamental livre, consciente e amorosa por Jesus, pois Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
A Opção Fundamental é, como o nome já diz, fundamental. É fundamental inclusive para Deus, pois Ele não pode fazer nada se não decidirmos por Ele. Deus poderia nos forçar a sermos dele, até nos seduz para isto, mas prefere esperar nossa resposta, pois o amor exige a liberdade, caso contrário, não é amor de verdade. Como dizia o profeta Jeremias: “Seduziste-me, Senhor, e EU ME DEIXEI SEDUZIR!”
Além de ser fundamental para Deus, esta Opção também é fundamental para nós. A pessoa só cresce se quiser crescer. Vamos evangelizar com parresia, semear muito para colher muito, pois quem semeia pouco colhe pouco, interceder pelas pessoas que evangelizamos pois os demônios entram em ação para confundir o discernimento do chamado, incentivar, motivar... Devemos fazer a nossa parte da melhor forma como se tudo dependesse só de nós, mas no final, temos que esperar e acolher a decisão da pessoa se ela quer seguir Jesus, ou não. Jesus e São Paulo faziam assim. Hoje não podemos fazer diferente, pois o discipulado começa de verdade é na Opção Fundamental.
O Batismo no Espírito reaviva, mas quem coloca a pessoa no Caminho de Cristo é a Opção Fundamental. “Vem e segue-me!”, dizia Jesus, porque tudo o mais depende da Opção Fundamental!
Hoje queremos reforçar o lembrete da alegria porque, como nos lembra o Papa Francisco, “A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria.” (Evangelii Gaudium,1)
O próprio Senhor Jesus também enfatizava esta alegria do Evangelho: “Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos. Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês: permaneçam no meu amor. Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15,7ss).
Seguir Jesus com alegria, sim, com murmuração, não! Como dizia São Paulo: “Continuem trabalhando com temor e tremor, para a salvação de vocês. De fato, é Deus que desperta em vocês a vontade e a ação, conforme a sua benevolência. Façam tudo sem murmurações e sem críticas, para serem inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde vocês brilham como astros no mundo, apegando-se firmemente à Palavra da vida... Eu fico contente e me alegro com todos vocês. Assim, também vocês fiquem contentes e se alegrem comigo” (Fl 2,12ss).

MOPD João 15,7-11
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3 - Recomeçar sempre
com humildade

Além da alegria, é muito importante seguir Jesus com humildade, porque só o humilde caminha de verdade (Santa Tereza). O humilde caminha de verdade porque caminha com os pés no chão da realidade, caminha na Verdade. Ele sabe dos seus valores mas também das suas limitações. Já o orgulhoso é cheio de ilusões e pensa que sabe tudo e já é perfeito. Isto lhe fecha no seu mundo de trevas e corrupção.
Deus eleva o humilde e derruba o orgulhoso da sua prepotência e soberba. Quem quer seguir Jesus deve ser muito humilde para acolher a Verdade e a Vida em Cristo Jesus e deixar-se ser modelado pela Graça de Deus no decorrer da caminhada. Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reno de Deus!
O humilde caminha na verdade e por isso sempre recomeça a caminhar após uma queda ou tropeço. No segundo livro de SAMUEL, capítulos 11 e 12, encontramos a história da queda de Davi. O mesmo ungido que venceu Golias e tornou-se o grande rei de Israel, agora cai pela força do seu próprio pecado. O que venceu Golias com cinco pedrinhas, agora tropeça na pedra do próprio pecado...
O pecado sempre começa pela mente, entra no coração, fermenta os pensamentos e sentimentos e só depois se torna um fato consumado. Uma vez consumado, gera a queda, gera a morte. Por isso precisamos vigiar sempre, porque por detrás do pecado estão nossa concupiscência, as seduções do mundo e tentações de Satanás e seus demônios.
Com Davi aconteceu assim. Numa tarde, levantando-se da cama, foi passear no terraço do palácio. Viu uma mulher muito bonita tomando banho. Era Betsabéia, esposa de Urias. Davi fez com que ela fosse levada ao seu encontro e adulterou com ela. O pecado endurece o coração e vai crescendo dentro do pecador que não se arrepende. Depois vamos ver Davi tramando um pecado muito maior do que o adultério, a morte de Urias, para então ficar com Betsabéia. E assim aconteceu.
Deus não aprovou o erro de Davi e a espada da morte entrou na sua família. O pecado sempre gera consequências negativas. O salário do pecado sempre é a morte. Por isso, Deus e a Igreja insistem na necessidade do arrependimento e da conversão permanente. Até Davi caiu. Nós também podemos cair e temos consciência de que já caímos muitas vezes.
Mas o projeto de Deus não pode parar nem em nós e nem através de nós. Por isso se faz necessário sempre recomeçar, reconhecendo o pecado, pedindo perdão e fazendo de tudo para não pecar mais. Sempre recomeçar crendo no amor de Deus e confiando na sua misericórdia!
Podemos recomeçar sempre após a queda porque Deus está disposto a nos perdoar. Se Deus não fosse misericordioso não tínhamos como ter esperança. Mas ele foi misericordioso com o Davi arrependido e também será misericordioso com cada um de nós, desde que nos arrependamos e coloquemos os nossos pés dentro do seu projeto de salvação.
Da linhagem de Davi nasceu Jesus, o Salvador da Humanidade e Rei Eterno, conforme Deus prometera. Permitamos que o projeto de Deus também não pare no nosso pecado. Peçamos perdão, isto é tudo, e Ele nos perdoará. Quando decidimos recomeçar após o pecado, Deus também recomeça a operar na nossa vida com a sua Graça.
Não deveríamos errar o alvo e pecar, mas quem diz que não tem pecado é mentiroso. Nessa terra ninguém consegue caminhar sem escorregar. Recomeçar com humildade faz parte da opção fundamental.

MOPD Segundo livro de Samuel 11,1-17______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 - Onde está o teu tesouro,
aí estará o teu coração!

No Sermão da Montanha Jesus continua orientando os seus discípulos e as multidões acerca de como deverão viver. Vemos que a Opção Fundamental está subjacente ao modo de vida que escolhemos viver, pois onde está o nosso tesouro aí está o nosso coração.
Coração significa o centro dos sentimentos mas também a sede da vontade e das decisões. O que elegemos como mais valioso para a nossa vida será portanto, aonde estará centrado o nosso coração, o nosso olhar, as nossas ações, pensamentos e investimentos. Direcionaremos todo nosso tempo e força para o que é mais valioso para nós. Se for Deus, o amaremos acima de todas as coisas com todo nosso coração, como toda nossa alma e com toda nossa vontade. Se for o dinheiro (mamom) ou outros ídolos que o mundo oferece também faremos o mesmo.

Mt 6,19 «Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. 20 Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam. 21 De fato, onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração. 22 A lâmpada do corpo é o olho. Se o olho é sadio, o corpo inteiro fica iluminado. 23 Se o olho está doente, o corpo inteiro fica na escuridão. Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será grande a escuridão! 24 Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.»

No Evangelho acima se fala mais da opção fundamental pelo dinheiro a quem o idólatra  passa a dedicar toda a sua vida numa verdadeira consagração de tudo que é, e de tudo o que tem, ao deus Mamon. Se preciso for, sacrifica a sua própria vida e a vida de outros pelo deus dinheiro. Isto acontece muito hoje em dia. Vemos pessoas muito ricas ou com muitos títulos, mas que não são felizes de verdade e nem constroem a verdadeira alegria da sua família e da sociedade. Pessoas que vivem para TER e esquecem de SER.
O sentido da vida não está nos bens materiais. Importante sempre vigiar contra a cobiça e a ganância pra não perder a sobriedade diante dos bens materiais porque a cobiça é ignorância e idolatria (Col 3,5).  Porém, existem outros tipos de opções fundamentais que também são verdadeiras ignorâncias e idolatrias e afastam do Deus Único e Verdadeiro, como o futebol, partido político, vícios, ideologias, artistas, o próprio eu ou outra pessoa. Só em Deus temos a vida e a liberdade. Fora de Deus o homem só encontra a morte e a escravidão. Por isso Jesus nos ensina a direcionarmos toda nossa existência para a vontade de Deus e confiarmos plenamente na sua Divina Providência.

Mt 6,25 «Por isso é que eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Afinal, a vida não vale mais do que a comida? E o corpo não vale mais do que a roupa? 26 Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Será que vocês não valem mais do que os pássaros? 27 Quem de vocês pode crescer um só centímetro, à custa de se preocupar com isso? 28 E por que vocês ficam preocupados com a roupa? Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29 Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30 Ora, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, muito mais ele fará por vocês, gente de pouca fé! 31 Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? 32 Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. 33 Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. 34 Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade.»

É isto a opção fundamental genuinamente cristã. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar e tudo o mais nos será acrescentado!  É o mesmo que São Paulo vai ensinar aos cristãos colossenses:

Col 3,1 “Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 2 Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. 3 Vocês estão mortos, e a vida de vocês está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo se manifestar, ele que é a nossa vida, então vocês também se manifestarão com ele na glória. 5 Façam morrer aquilo que em vocês pertence à terra: fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça de possuir, que é uma idolatria.”

O idólatra do dinheiro ou outros ídolos não vive, mas é possuído pelos ídolos. Trabalho, estudo, lazer, tudo isto é importante, desde que não se torne uma escravidão que tire do caminho da salvação. Quem só tem tempo para o trabalho, estudo e lazer já está dando passos no caminho da idolatria. Deve redirecionar a sua vida para o Deus Vivo antes que seja tarde demais. Também devem fazer morrer a fornicação, impureza, paixão, desejos maus e a cobiça, que é uma idolatria. Temos que fazer a nossa parte para vivermos com dignidade, inclusive reservando tempo para o trabalho, estudo e lazer. Mas de tal forma que isto não nos tire do Caminho de Deus e da convivência com os irmãos na comunidade.

MOPD Mateus 6,19-24
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5 - “Filhinhos, cuidado
com os ídolos...”

Estamos nos preparando para a opção fundamental por Jesus dentro do DJC. Isto nos coloca de frente com a questão da idolatria porque a adoração dos ídolos vazios também nos torna vazios, fere a nossa dignidade, escraviza, cega e corrompe. Voltamos ao tema da idolatria porque ela é muito sorrateira e presente no mundo em que vivemos. Se não vigiarmos, tornamo-nos idólatras sem nos darmos conta de tanta ignorância e escravidão. A idolatria atrofia nossa vida com Deus e dispersa a Opção Fundamental. Ela é a serpente sempre à espreita querendo dar o bote e nos envenenar. Por isso, "filhinhos, cuidado com os ídolos..." (1Jo 5,21)
A idolatria sempre foi combatida na Bíblia Sagrada e gerou muitos males para o povo de Deus, inclusive os exílios da Assíria e da Babilônia. Porque a essência da idolatria é trocar a glória do Deus Vivo pela glória dos ídolos imundos fabricados pelos homens e pelos demônios. Existe uma correlação muito grande entre a idolatria e os males que recaem sobre a sociedade, de tal modo que a idolatria é tida como fonte de toda corrupção e de todo mal. Porque você vive conforme a quem você adora. Se adoramos a Deus, cumprimos a sua Palavra e temos a vida. Se adoramos os ídolos, imitamos os seus exemplos, obedecemos ao que ensinam e temos a morte.
Meditemos a Palavra de Deus no Primeiro Livro dos Reis:

1Rs 17,6 No ano nove do reinado de Oséias, o rei da Assíria tomou Samaria e deportou os israelitas para a Assíria. 7 Tudo isso aconteceu porque os israelitas pecaram contra Javé seu Deus, que os havia tirado da terra do Egito e libertado da opressão do Faraó, rei do Egito. Eles adoraram outros deuses, 8 e seguiram os costumes das nações que Javé havia expulsado diante deles. 9 Os israelitas fizeram contra Javé seu Deus coisas que não deveriam ter feito: construíram para si lugares altos em todas as suas cidades, tanto nas torres de vigia como nas cidades fortificadas; 10 levantaram para si estelas e postes sagrados sobre todas as colinas altas e debaixo de toda árvore frondosa; 11 queimaram incenso em todos os lugares altos, como faziam as nações que Javé havia expulsado diante deles; cometeram ações más, provocando a ira de Javé; 12 adoraram os ídolos, embora Javé tivesse dito: «Não façam isso». 13 Javé tinha advertido Israel e Judá, por meio de todos os profetas e videntes, dizendo: «Convertam-se do seu mau comportamento, e obedeçam aos meus mandamentos e estatutos, de acordo com toda a Lei que dei a seus antepassados e que lhes transmiti através de meus servos, os profetas». 14 Eles, porém, não obedeceram e foram mais teimosos ainda que seus antepassados, que não tinham acreditado em Javé seu Deus. 15 Desprezaram os estatutos dele e a aliança que ele havia feito com seus antepassados, bem como as advertências que lhes havia feito. Correram atrás de ídolos vazios, e se esvaziaram, imitando as nações vizinhas, coisa que Javé lhes tinha proibido. 16 Rejeitaram todos os mandamentos de Javé seu Deus; fabricaram ídolos de metal fundido, os dois bezerros de ouro; fizeram um poste sagrado; adoraram todo o exército do céu e prestaram culto a Baal. 17 Sacrificaram no fogo seus filhos e filhas, praticaram a adivinhação e a magia, e se venderam para praticar o mal diante de Javé, provocando a ira dele. 18 Então Javé ficou irritado contra Israel, e o atirou para longe de si. Restou apenas a tribo de Judá..
Em Ezequiel capítulo 20 Deus continua mostrando que existe uma correlação muito grande entre a idolatria e os males que nos atormentam. Da mesma forma que o povo de Israel cometeu muitas idolatrias seguindo os maus costumes da sua época, hoje existem outros tipos de idolatrais que são tão ruins como aquelas de antigamente.
São João termina a sua primeira carta exortando-nos a vigiar contra todos tipos de idolatrias (1Jo 5,21). Para fazermos uma verdadeira Opção Fundamental por Jesus importa renunciar todos tipos de idolatrias, sejam elas quais forem, porque não podemos beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios, não podemos participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1Cor 10,14-22). Está escrito:

1Cor 10,14 Por isso, amados, fujam da idolatria. 15 Falo a vocês como a pessoas sensatas; julguem vocês mesmos o que estou dizendo. 16 O cálice da bênção que nós abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? 17 E como há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois participamos todos desse único pão. 18 Considerem o povo de Israel: quando comem as vítimas sacrificadas, não estão eles em comunhão com o altar? 19 E o que quero eu dizer com isso? Que a carne sacrificada aos ídolos seja alguma coisa? Ou que os próprios ídolos sejam alguma coisa? 20 Não! O que digo é o seguinte: aquilo que os pagãos sacrificam, eles o sacrificam aos demônios, e não a Deus. Ora, eu não quero que vocês entrem em comunhão com os demônios. 21 Vocês não podem beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podem participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. 22 Ou queremos provocar o ciúme do Senhor? Seríamos nós mais fortes do que ele?

Quando o Apóstolo Paulo nos exorta a fugir da idolatria, é fugir mesmo, é se colocar fora, pois não podemos pactuar com a idolatria, com nenhum tipo de idolatria (1Cor 10,14). Ele espera que sejamos sensatos, tenhamos discernimento e possamos julgar por nós mesmos quais são as idolatrias do mundo moderno que devemos repugnar para não manchar a nossa aliança única e exclusiva com o Senhor Jesus.
Procurei na internet uma notícia sobre grupos de pessoas que passam várias semanas apenas para garantir uma vaga no show do seu ídolo. Essas notícias vez por outra aparecem na mídia e as pessoas até se orgulham por tanto sacrifício pelo seu ídolo. Vemos como o mundo exalta e bate palmas para a idolatria. Existe toda uma construção, porque por detrás, o próprio ídolo, os seus empresários e os meios de comunicação ganham fortunas às custas dos idólatras. Na notícia que encontrei, os fãs fizeram uma grande movimentação pelas ruas e na internet para que a banda de ídolos fizesse uma apresentação extra, uma vez que nem todos conseguiram entrar no show. Sob “pressão” os empresários organizaram um show extra em consideração aos fãs tão "fiéis". Não importa o tempo que se gasta, nem quanto é o valor do ingresso e tampouco se vão voltar vivos pra casa ou não. O que importa é estar frente a frente com o ídolo, mesmo que seja um ídolo vazio e depois deixe a vida vazia e sem sentido.
Notícias semelhantes encontramos no que se refere ao mundo do futebol, artistas de novelas, partidos políticos, produtos do mercado, padres artistas, etc Existem muitos tipos de idolatrias. Essas que apontei acima estão muito presentes na vida do povo, só porque muitos nem se dão conta que são idólatras e como isso está gerando muito mal e corrupção a curto, médio e longo prazos. Porque o deus desse mundo obscureceu a inteligência deles a fim de que não vejam brilhar a luz do Evangelho (2Cor 4,4).
A idolatria troca a glória do Deus Verdadeiro pelos ídolos fabricados pelo mundo. É assim que as pessoas vão se desviando e o mal vai entrando nos corações, na família e na sociedade em geral, porque em vez de viver segundo Deus, passam a viver segundo os ídolos.
A idolatria fez Saul se rebelar contra Deus e desprezá-lo. Aí começou a sua ruína: «O que é que Javé prefere? Que lhe ofereçam holocaustos e sacrifícios, ou que obedeçam à sua palavra? Obedecer vale mais do que oferecer sacrifícios. Ser dócil é mais importante do que a gordura de carneiros. A rebelião é um pecado de feitiçaria, e a obstinação é um crime de idolatria. Você rejeita a palavra de Javé. Por isso, ele rejeita você como rei» (1Sm 15,22-23). Por isso, muito cuidado com todo tipo de idolatria!
A Opção Fundamental implica a sensatez, o discernimento e a renúncia de todo ídolo, seja ele qual for. Não dá pra fazer a opção fundamental por Jesus com ídolos no coração. Não dá pra ser Discípulo de Opção Fundamental se sacrificando pelos ídolos do mundo (artista, futebol, partido político, dinheiro etc) e não sendo capaz de oferecer a Jesus o próprio corpo como sacrifício vivo santo e agradável a Ele. Porque a Opção Fundamental exige a renúncia de todos os ídolos e não se amoldar ao mundo, mas transformar-se pela renovação da mente, “a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito” (Rm 12,1-2).


MOPD Primeiro livro dos Reis 17,6-18
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6 - Vivendo a radicalidade
do Evangelho com equilíbrio

A Opção Fundamental por Jesus não é algo romântico ou só intencional. Para ser verdadeira, tal opção meche com as nossas escolhas, com os nossos pensamentos e com as nossas práticas no decorrer da caminhada e em meio às mais diferentes circunstâncias da vida. Por isso ela nos coloca no caminho da cruz, porque não há outro caminho que conduza à ressurreição a não ser o caminho da cruz. Não se trata de masoquismo, de sofrer por sofrer. É a morte do homem velho para que nasça o homem novo. É a renúncia de tudo aquilo que nos impede de seguir os passos de Jesus, de viver na Verdade e de ter a bênção da Vida em plenitude. São Paulo dizia: “Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava como lucro, agora considero como perda. Esqueço-me do que fica para trás e avanço para o que está na frente. Lanço-me em direção à meta, em vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a receber em Cristo Jesus” (Fil 3,7.13s). E Santo Agostinho: “Ser cristão sempre foi e será um desafio à nossa coragem. Não é cristão quem é covarde!"
Jesus, por sua vez, disse a todos seus seguidores:

Mt 8,16 «Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. 18 Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. 19 Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. 20 Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês.

21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome. Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. 24 O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu o dono da casa, quanto mais os que são da casa dele!»

26 «Não tenham medo deles, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido. 27 O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. 28 Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno!

29 Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. 30 Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. 33 Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu.»

34 «Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.»

Mc 8,34 Então Jesus chamou a multidão e os discípulos. E disse: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. 36 Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37 Que é que um homem poderia dar em troca da própria vida? 38 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos.»

"Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me”, dizia Jesus no Evangelho. Mas cuidado, advertia o Apóstolo Paulo, porque “há muitos que são inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição; o deus deles é o ventre, sua glória está no que é vergonhoso, e seus pensamentos em coisas da terra” (Fil 3,18s).
"A linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1,18). Engana-se quem pensa que ser discípulo de Jesus é optar pela tristeza. Muito pelo contrário. Não existe alegria maior do que estar no Caminho da Verdade e da Vida. Um discípulo triste é um triste discípulo. A alegria é dom do Espírito Santo que supera toda falsa alegria de Satanás e do mundo. A alegria do Evangelho é uma alegria profunda que nunca acaba, porque gera um estado de paz e alegria. “Eu disse isso a vocês para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15,11). Quer ser feliz de verdade? Seja discípulo de Jesus!
O mundo não entende a linguagem do Evangelho e da Cruz. Mas o seguimento radical de Jesus é o único Caminho que conduz para a plena realização humana e cristã. Não tenha medo de seguir Jesus. Ele ama os que elege e capacita os que escolhe, porquê é Fiel aquele que nos chama pelo nome e nunca nos abandona nas estradas da vida e da missão.
Todo discípulo, sem exceção, deve ter a coragem de seguir o caminho da Cruz, porque não há outro caminho que conduza à salvação. Não é o caminho da tristeza e do masoquismo. É o caminho da alegria, da fé, da humildade, do amor, da renúncia do que é contrário ao projeto de Deus e da responsabilidade com a Missão que Ele nos confiou.
Devemos guardar o Evangelho com muita seriedade dentro do coração. Porém, é claro, isto não nos desobriga dos nossos deveres naturais e civis, de modo que devemos viver a radicalidade do Evangelho com equilíbrio. Ser radical como cristão não significa ser fanático ou desequilibrado. A radicalidade cristã consiste em fazer uma séria Opção Fundamental por Jesus e decidir realmente seguir os seus passos, guiado pelo mapa do Evangelho e Doutrina da Igreja. É uma radicalidade que consagra a vida a Deus como hóstia viva agradável a ele e liberta de toda idolatria.
Por exemplo, quem é consagrado no celibato vai viver a radicalidade do Evangelho de uma forma bem diferente de quem não é consagrado. Porque o consagrado, por natureza, deixou uma família particular para viver numa comunidade de consagração e toda a sua vida é regida por esta consagração de vida total no celibato. Quem vive no século, tem uma profissão, escola, filhos para cuidar etc Então, tem deveres naturais e civis para com os seus pais ou filhos, por exemplo, que um consagrado não tem. Por isso, vai viver a mesma radicalidade do Evangelho mas em harmonia com os seus deveres naturais e civis na família e na sociedade.
O cumprimento desses deveres naturais e civis justifica ausência ou até mesmo mudança de ministério, etc Uma mãe não pode deixar seu filho doente no hospital, ou o seu esposo, para se dedicar integralmente a missão evangelizadora, como se fosse uma consagrada no celibato. Um pai de família não poderá abdicar de todos os seus bens materiais uma vez que tem que pensar no sustento dos filhos, que Deus mesmo colocou sob a sua responsabilidade. Mas o que Jesus quer mesmo para todos aqui, quer sejam consagrados ou não, é a radicalidade de deixar o que é mundano para viver a graça do Evangelho, a radicalidade de optar por Ele mesmo que alguém seja contra. É esta a radicalidade que não pode faltar na vida de nenhum discípulo. Disso ele não abre mão, seja consagrado ou não. Agora, a forma de viver esta radicalidade da opção fundamental, vai ser diferente entre quem é consagrado no celibato e quem não é.
Essa radicalidade vai se manifestar, por exemplo, na forma como o discípulo se veste. Seja consagrado ou não, o discípulo de Jesus deve se vestir com modéstia, não abraçar os modismos do mundo. Vai se vestir com gala pra ir pra fraternidade e sobretudo pro Siloé e pra Missa, porque ele sabe da importância de estar presença do Senhor Jesus, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Quem é do mundo se veste com gala para o mundo. Já o discípulo de Jesus se asseia e se veste bem para ir ao encontro de oração. E assim por diante...
Falei da roupa porque a roupa é o cartão pelo qual uma pessoa se apresenta, e o discípulo deve apresentar-se bem, deve apresentar-se como discípulo de Jesus, pois vimos no Evangelho que ele é um embaixador de Cristo no meio dos homens. “Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou!” (Mt 10,40) Portanto nem deve envergonhar-se e nem deve envergonhar o Senhor Jesus. Mas existem muitas outras coisas importantes que o discípulo deverá viver, por causa de Jesus e do Evangelho, sem se preocupar com o que os outros acham. Para ele o mais importante é agradar ao Senhor Jesus e viver com Ele, porque tudo mais é esterco diante do bem superior que é o Cristo que nos amou e nos salvou.

MOPD Lucas 14,25-27
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11ª Vivência ____/ ____/ ____

Disciplina Cristã
A Opção Fundamental é fruto do Batismo no Espírito e culmina no Mandato Missionário. Ela coloca o discípulo de Jesus no caminho da maturidade cristã até atingir a estatura e a mentalidade de Jesus.
Meditamos ao longo de várias semanas que o Discípulo de Jesus só cresce caminhando com os irmãos no Espirito Santo e na Palavra de Deus. Para tanto, para que esta caminhada aconteça o discípulo deve acolher a disciplina pessoal e comunitária. Porque a graça supõe a natureza, Deus mesmo requer a nossa cooperação e sem disciplina a corda arrebenta.  

1 - Disciplina Pessoal

A Disciplina faz parte da essência do Discipulado de Jesus Cristo e deve fazer parte da vida de cada Discípulo.
Trata-se de ser Discípulo Orante e Piedoso, para depois ser um bom Discípulo Missionário, foi o que São Paulo escreveu ao jovem Timóteo, seu colaborador na missão:

“Você se comportará como bom servidor de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que você tem seguido. Rejeite, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas. Exercite-se na piedade. Vale pouco o exercício corporal, ao passo que a piedade é proveitosa para tudo, pois contém a promessa da vida presente e futura. Esta palavra é fiel e digna de toda aceitação. De fato, se nós trabalhamos e lutamos, é porque depositamos a nossa esperança no Deus vivo, salvador de todos os homens, principalmente dos que tem fé. Proclame e ensine essas coisas. Que ninguém o despreze por ser jovem. Quanto a você mesmo, seja para os fiéis um modelo na palavra, na conduta, no amor, na fé, na pureza. Esperando pela minha chegada, dedique-se à leitura, animação e ensinamento. Não descuide o dom da graça que há em você e que lhe foi dado através da profecia, juntamente com a imposição das mãos do grupo dos presbíteros. Cuide bem dessas coisas e persevere nelas, a fim de que o seu progresso fique manifesto diante de todos. Vigie a si mesmo e ao ensinamento, e seja perseverante. Desse modo você salvará a si mesmo e aos seus ouvintes.” (1Tm 4,6-16)

“Fortifique-se sempre na graça que está em Jesus Cristo. O que você ouviu de mim na presença de muitas testemunhas, transmita-o a homens de confiança que, por sua vez, estejam em grau de ensiná-lo a outros. Participe dos sofrimentos como bom soldado de Jesus Cristo. Ao se alistar no exército, ninguém se deixará envolver pelas questões da vida civil, se quiser satisfazer a que o alistou no regimento. Do mesmo modo, um atleta não receberá a coroa se não tiver lutado conforme as regras. O agricultou que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.” (2Tm 2,1-6)

Para colocar em prática os conselhos de São Paulo, crescer como cristão e ser um bom Discípulo Missionário, Timóteo precisou de disciplina e perseverança. O mesmo deve fazer cada Discípulo, para que não aconteça de ajudar na salvação dos outros, mas ele mesmo venha a perder a salvação e ser uma pessoa frustrada. Era o que São Paulo dizia a Timóteo: “O agricultou que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos!”
Subtende-se que Disciplina Cristã é mais do que um cronograma. É um projeto de vida com ideal, foco, compromissos estabelecidos. É um caminho a ser feito passo a passo, com rumo e mística no seguimento de Jesus.
Desta forma, em primeiro lugar, é importante que cada Discípulo de Jesus sempre cultive a sua Disciplina Pessoal.
A Disciplina Pessoal ajuda o Discípulo a ter um tempo para cada coisa, a cultivar as quatro dimensões da vida cristã-batismal, a ser uma pessoa de oração em meio ao corre-corre do dia a dia.
Sem disciplina, a corda arrebenta! Quanto mais compromisso o Discípulo tem, mas tempo ele deve reservar para a oração. Porque a oração é o coração da espiritualidade. E a espiritualidade é a dimensão que sustenta as outras três dimensões do testemunho, do apostolado e da eclesialidade.
O zelo do Discípulo nasce da oração. É rezando que a gente faz a experiência de Deus e o Espírito Santo toca fogo no nosso coração. A chama viva do amor de Deus é sarça ardente que nos aquece, purifica e afervora, mas sem destruir a nossa dignidade humana.
Logo de início, na sua Disciplina Pessoal é importante o Discípulo reservar tempo para o encontro da Fraternidade Cristã, Siloé, Missa dominical, confissão anual, Meditação Orante da Palavra de Deus diariamente, adoração a Jesus Eucarístico semanalmente, evangelização, leitura espiritual do temário, escola, profissão, família, namoro, casamento, lazer, exercício físico, descanso... Existe um tempo pra cada coisa e o tempo de Deus não pode ser sobejo!

2 - Casas do DJC,
aconchego do Coração de Jesus

A Disciplina Pessoal é vivida dentro da Disciplina Comunitária.
O DJC possui uma Disciplina Comunitária fixa pois isto ajuda a garantir a vivência da nossa vocação e missão: Ser e Fazer Discípulos Missionários no Caminho da Palavra de Deus.
A Disciplina Comunitária do DJC começa pela casa, a qual deve ser um aconchego do Coração de Jesus com a labareda do Espírito Santo sempre acesa:

Mt 11,28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.»

Cada casa do DJC é o local onde Jesus Palavra – Eucaristia mora com Maria e acolhe os seus irmãos, os discípulos e o povo em geral, no calor do Espírito Santo, para proteger, salvar, santificar e formar no decorrer da caminhada discipular.
É mais do que um prédio bonito e bem arrumado. É o Discipulado de Jesus Cristo e assim deve ser identificado com nossa logo, assim deve ser zelado, amado e conhecido. Portanto deve ser belo, simples, acolhedor e estruturado para bem cumprir com a sua finalidade de casa e escola de Jesus.
Cada casa do DJC é um centro de espiritualidade cristã, o lugar do discipulado permanente, aonde os irmãos de Jesus convivem com Ele e entre si, porque aí o Senhor derrama a sua bênção e a vida para sempre. 
Não esqueçam de manter casas do DJC abertas, com adoração eucarística e plantões de acolhida, aconselhamento, cura e libertação, confissões, cinema, lanchonete, livraria etc Além das atividades de evangelização como Siloé e Fraternidades.

3 - Horário comum
das Casas do DJC

Como meditamos ontem, cada casa do DJC deve ser aconchego do Coração amoroso de Jesus Salvador. “Aconchego é um abrigo, um amparo, um conforto. A palavra aconchego, ou conchego, é um substantivo masculino singular e deriva da palavra aconchegar. O termo se refere a um local confortável, acolhedor, agradável, que protege, que promove bem estar.”
Jesus formou os primeiros discípulos no aconchego da sua casa e do seu coração. Na verdade, a casa é a extensão do coração:

Jo 1,35 João aí estava de novo, com dois discípulos. 36 Vendo Jesus que ia passando, apontou: «Eis aí o Cordeiro de Deus.» 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram a Jesus. 38 Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: «O que é que vocês estão procurando?» Eles disseram: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?» 39 Jesus respondeu: «Venham, e vocês verão.» Então eles foram e viram onde Jesus morava. E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram a Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o seu próprio irmão Simão, e lhe disse: «Nós encontramos o Messias (que quer dizer Cristo).» 42 Então André apresentou Simão a Jesus. Jesus olhou bem para Simão e disse: «Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas (que quer dizer Pedra).»

A Disciplina do horário comum favorece que cada DJC seja um lugar de irmandade, acolhimento, oração e formação dos discípulos no dia a dia, não só nos encontros formais. Mas também garante que exista um tempo pra cada atividade, conforme veremos a seguir:

- Diariamente
05h às 07h, Silêncio / Contemplação / Laudes

12h, Hora Média

17h, Vésperas / Missa / Ângelus

18h, Terço Mariano (Quando não tem Missa)

22h, Encerramento das atividades

- Domingos
Dia de Espiritualidade, Santa Missa, etc

- Segundas-feiras
19h, Conselho Geral
(meses ímpares)

19h, Corpo de Apostolado
(segunda semana)

19h, Fraternidade de Aliança
(quarta semana)

- Terças-feiras
19h, Discipulado de Adultos

- Quartas-feiras
19h, Siloé

- Quintas-feiras
19h, Discipulado de Casais
19h, Missão Família em Oração

- Sextas-feiras
08h, Adoração Eucarística no silêncio de Maria

19h, Apostolados das Artes, Bênção e Infraestrutura

19h, Missão Musical

- Sábados
17h, Discipulado de Jovens
19h, Projeto Kairós

O horário comum das Casas do DJC preserva e indica a finalidade do DJC. É um horário flexível, mas indica que toda casa do DJC deve ser um aconchego favorável à vida e missão do DJC.

4 - Roteiro do Cenáculo, Fraternidade Cristã e Ministério

O roteiro da Fraternidade Cristã faz parte da Disciplina Comum do DJC. Dá rumo, garante o essencial e gera entendimento entre todos.

Dirigente:
Todos juntos: Articulador ou seu Delegado

Separados: Evangelista, Discipulador ou Coordenador

18:00h – Devoção Mariana para quem estiver na Casa do DJC

18:30h – Ambientação, ornamentação, som. A Cruz e a Bíblia devem estar no centro e em destaque.

Colocar a leitura bíblica do dia no grupo zap com antecedência.

Fazer vistoria dos Temários.

19:00h – Oração inicial
Adoração e súplica fervorosa ao Espírito Santo (Todos juntos)

19:30h – Graça e Paz / Oferta na cestinha quando o Organismo é Missão. Quando não é Missão essa oferta é no Siloé.
xxx

19:35h – Palavra de Deus e partilha do estudo da semana (separados)

20:30h – Oração final à luz da Palavra de Deus (separados)

xxx

21:00h – Pai Nosso / Ave Maria
Avios
Parabéns
Despedida
(todos juntos)

5 - Roteiro do Siloé

Dirigente: Acompanhante da Extensão ou seu Delegado  


6 - Vistoria e Inspeção

Vistoria dos discípulos e Inseção dos orgaõs arecem burocracia, mas são uma necessidade.

Gera disciplima e responsabioidade

Não é um jugamento, é uma vistoria

Cooca sim ou não

Osto ajuda no acompanhamento do disciuko e do orgços toda semana

Ajuda a lembrar de todos

Ajuda a ir orgagonzanado e sandendo quem e quem e aonde cada um se enbcontr e como está caminhando

Fuch da visrtruia

Fich do inspeção

Coocra aqui